Capítulo Nove
Pensando no CAPS AD e suas consequências, por um tempo quase esqueci a presença do nódulo em meu seio... São tantas as batalhas, os caminhos que terminam em um exame que não pode ser feito naquele momento, em mais um período que se passa..A essas alturas, a dona do cabaré fétido da beira do rio faleceu de câncer no útero... Umas das prostitutas conhecidas, faleceu também. Ha divergências...Uns dizem que foi de câncer, outros que foi de HIV. Se foi a segunda hipótese, o principal parceiro dela continua no pátio da churrascaria, contaminando outras que se arriscarem a um programa com ele. Segundo me contavam, ela não usava preservativo...E como é grande o número de pessoas que não usam. Dizem que existem programas dez vezes mais caros de for sem preservativo.
Certa vez eu estava no pátio de um posto e um caminhoneiro convidou de forma chucra pra "sujar o cara preta"... Falei que não sujava, pois usava camisinha... E ele respondeu que em trinta e seis anos de estrada, jamais usara. Eu não quis, as mulheres que estavam próximas a mim também não...Mas a Índia, uma que passava, aceitou. Da mesma forma, havia gays que saiam com bêbados de madrugada que mal se sustentavam em pé... Naquele sexo também não teria camisinha, com certeza.
Por causa da bebida que estava ficando constante, voltei ao CAPS AD, apesar de eu ter prometido nunca mais ir... Mas segurando a cabeça em desespero, pois parecia que a mesma estava sendo triturada por dentro, fui com minha irmã... E reiniciei o tratamento. O que lembro da psicóloga, que era a mesma que havia entregado a história com o técnico de enfermagem,é que ela já adorava as histórias que eu contava. Principalmente a que se referia a um belo exemplar do sexo masculino, caso raro entre os caminhoneiros.
Certo dia, a minha amiga havia viajado para a nossa cidade e sozinha no quartinho, resolvi ir para o cabaré do gay. Encontrei um caminhão branco, com um negro jovem como motorista. No meio do caminho, ele parou para fumar um cigarro de maconha. Ofereceu-me e eu quis... Esse foi o maior contato que tive com a droga. Meio tonta, com o cheiro da erva nas mãos, eu disse que um príncipe encantado num cavalo branco jamais as beijaria. Ao que ele respondeu que um príncipe não, mas se eu quisesse cavalgar um cavalo negro, ele estava pronto. O sexo que fizemos?Perdi peças íntimas no caminhão e não as encontrei.
A psicóloga se encantava quando eu contava...Esquecia até que sendo eu uma paciente de um centro de saúde que tratava da dependência de drogas, ela deveria me aconselhar a não usar novamente. Momentos bons eram raros... O pior momento, foi na noite em que eu estava com as costas voltadas para a BR116. A amiga me disse que alguém estava me chamando...E fui. Uma velha carreta vermelha me esperava...
Abrir a porta foi trágico. Tenho certeza que aquela cabine fedia aos piores cortumes e que aquele homem gordo não tomava banho a dias. Feita a negociação, claro que com desconto, me mostrou um pinto minúsculo e mandou eu fazer oral..O estômago revira ao lembrar...Disse que tinha fimose e que eu tomasse cuidado. Depois de alguns minutos, desesperada pedi pra descer... Nem me importava se ia me pagar...Eu queria vomitar.
Desci daquele caminhão e fui ao bebedouro do posto..Em vão eu esfregava o rosto ,os braços. Aquele fedor estava no meu cérebro e está, até hoje.
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