'31'
Att duplo hoje pra recompensar o tempo sem capítulo novo 🙈
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Jisung estava realmente decidido a abandonar o curso de direito.
Entrou naquele conflito interno durante dias, e é óbvio, nesses dias fez questão de nem passar perto do portão da faculdade. Precisava pensar direito o que faria depois que comunicar a seus pais sobre tal decisão, sabia que sem dúvidas iria ser deserdado. Aquilo era o mínimo que poderia acontecer, apesar de nunca ter trabalhado, estava decidido a arrumar algo para fazer e se mudar do apartamento que morava já que não teria condição de pagar o aluguel daquele lugar. Toda sua vida atual era cara demais para seu orçamento futuro.
Se isolou em casa completamente, precisava pensar direito e sabia que ficar perambulando por aí não ia ajudar em nada. A maior questão que rondava sua cabeça era, o que faria depois de não ter mais a ajuda do seu pai para bancar suas coisas? Realmente nunca precisou trabalhar ou se esforçar para ter algo, sempre que precisava de dinheiro era apenas ligar para o mais velho e pedir a quantia que desejava, alegando que era para os livros da faculdade ou qualquer outra despesa da casa. E por incrível que pareça, sempre dava certo. Mas agora a situação era outra, teria que começar a se virar, e o medo de não conseguir arrumar um emprego e acabar morando debaixo da ponte estava tirando seu sono. Quer dizer, sabia que christopher e changbin iriam ajudá-lo no que precisasse, mas pelo menos uma vez na vida queria fazer algo por si só, mesmo que parecesse impossível de dar certo.
Durante os dias que passou em casa nem mesmo pensou em ignorar as ligações do bang ou as do seo, não queria deixá-los chateados novamente por seus sumiços repentinos, e agradecia por eles entenderem que o loiro precisava de um tempo.
Quando sentiu que tinha resolvido boa parte dos seus conflitos internos, chamou ambos rapazes para sua residência, afirmando que já estava se sentindo melhor e precisava informá-los sobre sua decisão. Após a confirmação que eles viriam pelo período da noite para dormir em sua casa, jisung tratou de dar uma limpada no apartamento, tirando o pó dos móveis e trocando os lençóis da cama, tudo parecia um chiqueiro mas depois de duas horas trabalhando arduamente, sua casa mais parecia um campo de flores cheirosas.
Até cogitou a ideia de cozinhar algo para eles, mas com certeza seus dotes culinários eram resumidos em café instantâneo, fazer torradas e esquentar comida enlatada, então optou por pedir comida em algum restaurante próximo e organizar tudo como se fosse um grande banquete sobre a mesa da cozinha, ficando satisfeito por seu trabalho. Estava ansioso para a chegada deles, andando pra lá e pra cá com o celular em mãos, mandando mensagens perguntando que hora eles iam chegar.
Assim que a campainha tocou, o han não pensou duas vezes antes de jogar o celular em cima do sofá e correr até a porta, abrindo sorridente para os dois mais velhos entrarem, mas seu sorriso morreu assim que viu que não era changbin nem christopher ali parado em frente a porta.
— por que você está com essa cara? Não está feliz em ver seu velho pai? — taehoon sorriu para o garoto, lhe dando um abraço rápido.
Jisung sentiu o chão sumir debaixo dos seus pés, tudo ao redor parecia cair e se estilhaçar como vidro quebrado. Suas mãos tremiam quando rodeou o corpo do maior para retribuir o abraço desconfortável, não era feitio do seu pai ser tão carinhoso e o han não conseguia evitar de pensar que aquilo não era um bom sinal.
— não vai me convidar para entrar? — jisung piscou algumas vezes tentando arrumar sua postura, abrindo espaço para o homem de fios pretos entrar. O loiro praticamente estava colado à parede quando o mais velho passou, tinha medo de encostá-lo novamente e ele notar suas pernas tremendo.
Ainda olhou o corredor do andar onde morava para checar se seus namorados estavam vindo, precisava avisá-los para que não viessem hoje, ou estaria completamente ferrado.
— sei que isso foi bem repentino, mas eu e sua mãe estamos aqui para visitá-lo.— tentou prestar atenção no que seu pai dizia enquanto digitava rapidamente para christopher não vir, sabia que ele era o único que veria a mensagem assim que ela fosse mandada, mas parecia que nem aquilo estava a seu favor hoje. — han jisung, eu estou falando, largue o celular. — apesar do tom calmo, o loiro estremeceu dos pés a cabeça, largando o aparelho sem nem pensar duas vezes e se virou na direção do maior.
— desculpe. — tinha esquecido do quão cotidiano eram seus pedidos de perdão por algo banal quando estava com o mais velho, era como um costume para tudo que ele falasse ou visse que era errado em jisung. O loiro sempre pedia desculpas mesmo quando não via necessidade.
— como eu ia falando, sua mãe e eu viemos aqui para ver se você estava bem e o que estava acontecendo. Infelizmente sohui não pode vir hoje, mas amanhã você irá jantar conosco para vê-la. — jisung assentiu automaticamente. — quero aproveitar que ela não está aqui para lhe perguntar, o que você pensa que está fazendo faltando a faculdade? — todo o sangue do han tinha fugido naquele momento, o obrigando a tossir de leve e limpar a garganta, tentando achar algo para se manter de pé.
Não estava em seus planos ter aquela conversa com seu pai tão cedo, na verdade, quando disse que estava com quase tudo pronto era aquela parte de conversar com o mais velho sobre sua desistência da faculdade que ele ainda não estava preparado para ter. Taehoon se manteve impassível em sua frente, aquela expressão de naturalidade que ele sempre teve assustava jisung desde criança, seu pai era rígido e parecia que a única emoção que podia imitar era o desgosto do seu único filho.
O han tinha noção que nunca foi o que seu pai esperava, sempre foi pequeno, franzino e sem grandes habilidades. Nunca se interessou por algo que seu pai parecia gostar, nunca demonstrou vontade de acompanhá-lo em jantares de negócios ou sequer um dia disse que queria administrar a empresa do mais velho. Desde que era apenas um pirralho de aparelho a única vontade que jisung tinha era de ser livre, de poder ser ele mesmo longe da confusão que era a sua casa. Longe da sua mãe submissa e distante, e longe do seu pai controlador e severo.
— pai, eu quero t-
Nem mesmo conseguiu terminar sua frase, a campainha novamente tocou, e desta vez parecia um sino ecoando por sua cabeça. Era eles. O coração de jisung estremeceu mais que suas pernas quando seu pai deu a entender que iria abrir a porta, o han estava completamente estático parado em frente ao sofá.
Só tinha uma solução e ele sabia que aquilo iria foder com o seu relacionamento.
— quem são vocês? — no mesmo instante que o han mais velho abriu a porta, o loiro se apressou em se colocar entre eles. — quem são esses marginais, jisung? — o garoto arregalou levemente os olhos, olhando na direção do seu progenitor espantado. Aquilo não iria acabar bem de jeito nenhum.
— você nos chamou do que? — changbin dissera se irritando, olhando para o homem de roupas formais de cima a baixo, pronto para entrar no apartamento e lhe dar um soco, mas jisung estava ali justamente para impedir que aquilo acontecesse.
— espera, me deixa explicar. — sentia que podia chorar a qualquer instante, não era para aquilo estar acontecendo, não era pra ser assim seu fim de noite. Deveria ter sido uma noite agradável e divertida, onde passaria a madrugada comendo besteira e conversando com christopher, ou irritando changbin com suas brincadeiras estúpidas, mas agora estava tudo do avesso. Jisung realmente queria se sentar no chão e chorar como uma criança tola.
— ji, quem é esse cara? — o bang indagou, olhando atentamente para o garoto. Ele era o único que parecia notar o comportamento estranho do loiro.
— olha o jeito que esse cara fala, parece um delinquente. — seu pai tornou a falar, olhando com desgosto para australiano, e ao notar as várias tatuagens por ambos braços do rapaz que vestia uma regata sua repudia apenas cresceu. — você está metido com gente desse nível, jisung? É por andar com gente assim que você está faltando na faculdade e arrumando confusão para mim? Você não cansa de me decepcionar, garoto. — jisung abaixou a cabeça por instantes, cada palavra caindo em cima do seu corpo como pedras sendo entulhadas.
— por favor, vão embora. — queria ter sido mais claro, ter falado um pouco mais alto, mas sua voz saiu como uma folha caída de uma árvore no início do outono, fraca e ruidosa.
— mas que merd-
— vamos embora. — christopher não tardou em segurar no braço do menor e afastá-lo da porta. O seo olhou para ele com uma careta, confuso com sua reação. — vamos embora, changbin. — desta vez foi mais firme, e o moreno parecia ter entendido o que ele queria e o seguiu até o elevador sem nem mesmo se despedir do han.
Jisung fechou a porta com pesar, mordia o cantinho do lábio onde seu piercing estava para controlar a vontade de chorar. Tinha fodido com tudo mais uma vez.
— você vai me dizer quem era aqueles caras e por que eles estavam na sua porta ou vai esperar que eu mesmo descubra? — e lá estava ele, o homem que jisung conhecia de verdade, o homem que tinha colocado metas enormes na sua vida e destruído ela lentamente. O loiro queria ter força para expulsar ele da sua casa, mandá-lo embora e logo depois ir atrás de changbin e christopher, pedir perdão a eles, implorar para não ser deixado sozinho, explicar que estava assustado e que não podia fazer nada, mas ainda era fraco e não conseguia fazer nada além de abaixar a cabeça. — eu estou falando com você, jisung! — ele segurou em seu rosto, erguendo sua cabeça até que os olhos pretos como buracos negros sugassem sua alma e o deixando abatido.
— eu não sei. — sussurrou mais uma vez, impacacitado de falar mais alto que aquilo.
— seja claro, han jisung! Não seja uma mulherzinha e me responda direito!
— eu…
Seu corpo foi bruscamente empurrado contra a parede, nem mesmo a dor alastrante que se espalhou por todo seu corpo parecia importante naquele momento e sim o fato que seu pai tinha agido daquela forma. Mais uma vez. Jisung quis desesperadamente fazer tudo sumir, como um passe de mágica.
— você não tem vergonha de me desrespeitar dessa forma? Me obrigando a sair de outro país e vir aqui resolver seus problemas, agindo como uma criança e se envolvendo com gente que não presta. Só falta me dizer que está novamente tendo relações com outros homens. — jisung abriu a boca, mas sua voz tinha sumido, então ele apenas virou o rosto e se manteve próximo a parede que tinha sido empurrado. — você não cansa de ser um estorvo na minha vida, não é? Olhe para si mesmo, com esse bando de piercing na cara, vestido como um qualquer e com essa porcaria de cabelo pintado. Você acha que é o que? Uma mulherzinha? Aja como um homem pelo menos uma vez na sua vida, seu ingrato inútil!
Apertou as mãos dentro da palma, sentindo que poderia marcá-la com as unhas se apertasse com mais força. Tentava controlar sua raiva, controlar sua vontade de chorar e explodir.
— você não vai dizer nada? — taehoon se aproximou, segurando no cabelo do menor com força e pressionando sua cabeça contra a parede.
— isso dói, pai! — jisung grunhiu de dor e segurou no pulso do mais velho.
— aproveite sua última noite de liberdade, han jisung, amanhã você irá voltar a morar comigo e a sua mãe na Malásia. — ditou ruidosamente perto do seu rosto, observando o menor fechar os olhos com força por conta do puxão em seu cabelo.
Apenas sentiu quando o aperto em seu cabelo sumiu e a porta da sala foi fechada num baque barulhento, seu corpo deslizou pela parede até estar sentado no chão, e de uma vez deixou que as lágrimas saíssem enquanto castigava a si, seja com puxões de cabelo ou tapas fracas em seu rosto. Sabia que o único culpado por aquilo estar acontecendo era ele mesmo, se não fosse tão estúpido e deixasse ser submetido as humilhações do seu pai com certeza nada daquilo estaria acontecendo.
Tapou os ouvidos quando bateram na porta, não teria forças para encarar seu pai novamente caso fosse ele, não queria que ninguém o visse naquele estado.
— jisung, somos nós. — era a voz de christopher, mas o han temeu que fosse sua cabeça lhe pregando peças, então apenas se encolheu mais no chão e fingiu não estar ouvindo. — pequeno, abre aqui, por favor.
— amor, deixa a gente entrar. — changbin proferiu, batendo na porta mais algumas vezes.
Lentamente o loiro ficou de pé, esfregando o rosto com força para se livrar dos vestígios das lágrimas, mesmo que soubesse que sua cara não estivesse tão agradável aos olhos. Abriu a porta devagar, se escondendo atrás dela no processo, vendo changbin ser o primeiro a entrar e avistá-lo encolhido atrás da porta.
— o que aconteceu com o seu rosto? Ele te bateu? Ele te fez algum mal? Eu disse que era pra gente ter ficado aqui com ele, seu imbecil! — o tatuador puxou o mais novo para os seus braços, tocando suas bochechas cuidadosamente e procurando mais algum traço de agressão pelo rosto do garoto.
— ji, o que aconteceu? — chris estava nitidamente tão preocupado com o estado do loiro quanto changbin, ele passou o polegar sobre as lágrimas que voltaram a cair sobre a pele leitosa do garoto quando nem mesmo ele teve noção que estava novamente caindo no choro.
— vocês me odeiam? Eu sou uma pessoa ruim? Me desculpa, de verdade, eu não sabia o que fazer. É tudo tão complicado dentro da minha cabeça, eu não queria ter deixado o meu pai ter chamado vocês daquele jeito, mas eu tava tão assustado. — no meio do caminho suas palavras se perderam e ele apenas chorou piedosamente contra o ombro de changbin, se agarrando a roupa do moreno com força, como se sua vida dependesse daquilo. — me desculpa, me desculpa, me desculpa. — repetiu várias e várias vezes enquanto seu choro não cessava um segundo sequer.
— a gente não te odeia, ji. — christopher acariciou os cabelos de jisung, tentando organizá-los naquela bagunça de fios dourados. Vê-lo daquele jeito estava sendo como levar um soco no estômago, queria fazer ele parar de chorar, dizer algo que estancasse seu choro. Queria vê-lo sorrir daquele jeito bobalhão e despreocupado, como se nenhum problema na vida pudesse atingi-lo.
— você não é uma pessoa ruim, hannie, e não precisa pedir desculpa por nada. — changbin deslizava a mão sobre as costas do garoto, deixando que ele molhasse sua camisa com lágrimas doloridas. — o que seu pai disse não afeta em nada na nossa vida. E quem se importa com o que ele disse? Com todo o respeito, mas eu quero que o seu pai vá pra casa do caralho. — foi inevitável para o bang não rir baixo pelo xingamento do moreno. — você fica feio chorando, idiota. — segurou no rosto vermelho de jisung, sorrindo pequeno para ele, limpando suas lágrimas que não paravam de rolar por seu rosto redondo. — não vamos te deixar por algo tão bobo assim, então trate de parar de chorar e de nos deixar preocupados.
Jisung sentiu os lábios de christopher contra sua testa, um selar simples e calmo, durando apenas poucos segundos, quando ele se afastou, estava sorrindo do jeito que deixava o han com as pernas bambas; entre a pele pálida de suas bochechas, aquelas adoráveis covinhas se faziam presente, e o han simplesmente as amava.
Parou de chorar e tentou controlar seus soluços, se aproveitando da oportunidade de abraçar changbin mais uma vez, já que não era do feitio do tatuador demonstrar tanto afeto numa noite só. Ficou abraçado com ele por bastante tempo, e o moreno não protestou um segundo sequer, como se entendesse que ele precisava de algo para ficar agarrado e se manter lúcido.
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