'17'
Mesmo com o pedido do seo para irem dormir, christopher não conseguiu pregar os olhos naquele início de manhã em um sábado frio. Changbin dormia como uma pedra assim que se deitou ao seu lado, jisung ainda dormia pesadamente encolhido nas cobertas. Aproveitou que estava no meio desta vez e puxou devagarinho o han para perto, o abraçando por trás, deitou o rosto próximo a nuca dele para se esconder da claridade que vinha junto com o sol. O tatuador que antes já dormia encostado nele, rodeou o corpo musculoso do bang com os braços, deitando o rosto em suas costas largas. Como se todo o cansaço do dia tivesse sido acomulado em seus ombros, deixou que seus olhos se fechassem por si só, pegando no sono em uma rapidez espantosa, o calor que emanava de ambos corpos grudados no seu como bichos preguiças só ajudou mais ainda seu sono chegar. Tinha que assumir que não era o maior fã em dormir daquela forma, mas não podia reclamar no momento, se sentia bem em dormir com aquele calor envolta do seu corpo.
Ao acordar horas mais tarde, christopher encontrará apenas jisung na cama, tateou o outro lado atrás do seo mas ele tinha deixado somente uma bagunça de lençóis para trás. Soltou devagar o loiro que ainda dormia grudado em seus braços e rolou pela cama a fim de se levantar, ficou alguns minutos deitado no travesseiro do moreno acariciando o rosto rechonchudo do garoto de fios dourados e lisos, tinha um bico enorme nos lábios, seu cabelo estavam uma zona mas ainda tinha o corpo quente por dormir agarrado em christopher. Antes de finalmente ficar de pé, deixou um singelo beijo em sua testa, suspirando pesadamente para enfim seguir caminho até o banheiro e logo após ir a cozinha.
Encontrou changbin tomando uma caneca de café em cima do balcão da pia, em sua outra mão estava o celular, por isso sua presença de primeira não foi notada pelo seo. Foi até ele devagar, tomando cuidado para seus passos não serem ouvidos.
— eu já te vi, idiota. — os olhos do seo entraram como uma lança em seu corpo, travando ele por alguns segundos. Chris retomou a postura para ir até o fogão a fim de preparar café para ele.
— bom dia. — sorriu sonolento para o menor. — dormiu bem?
— sim. — deixou o celular e a caneca de café de lado para se espreguiçar, bagunçando o próprio cabelo em seguida. — e você?
— também.
Depois de alguns minutos, jisung também se levantou, sua ressaca estava atacando no entanto ele não parecia tão mau humorado como da última vez. Tomaram café em silêncio, nenhum dos três tinham muito o que fazer. Aquilo estava se tornando algo cotidiano, quantas vezes já tinham dormido na casa do moreno baixinho? Changbin não podia dizer que odiava aquele novo monótono, na verdade, apreciava mais aquele silêncio confortável no meio dos dois do que ficar sozinho toda manhã. Nenhum dos três tinha o que fazer naquele sábado, deixando assim seu dia sem nenhum plano em mente.
Desceram para o estúdio de tatuagens do menor depois do almoço, no dia em questão o moreno não tinha nenhum cliente. Christopher puxou assuntos aleatórios com jisung enquanto changbin se isolava atrás do balcão da recepção, vez ou outra, o bang o olhava de soslaio, o pegando várias vezes encarando ambos sentados no sofá grande de coloração marrom com atenção. Curioso para o que o seo fazia de tão interessante ali, chamou o han em um manusear de cabeça para irem até o moreno, caminharam até ele tentando fazer o mínimo de barulho, changbin estava de cabeça baixo, a melodia de All I Wanted podia ser ouvida um tanto alto nos fones de ouvidos.
Cada um foi por um lado, jisung colocou o indicador sobre os lábios para christopher não fazer barulho agora que entravam na área da visão panorâmica do rapaz de fios negros e olhos pequenos, por trás, ambos tentavam espiar por cima do seo para saber o que ele tanto fazia sozinho e de cabeça baixa.
— o que é isso? — jisung indagou segurando na cadeira e abaixando, seu rosto ficando a centímetros do seo. Changbin se assustou, colocando um caderno de capa dura azul em cima do papel que antes rabiscava algo.
— nada! Não é nada. — girou a cadeira de rodinhas e encarou ambos com um sorriso nervoso, esfregando as mãos que se mantinham no colo.
— você estava desenhando a gente? — christopher ergueu uma sobrancelha em diversão, sorrindo pela forma como os olhos de changbin pareciam tremer por ter sido pego no flagra.
— e se eu tivesse? O que vocês têm a ver? Saiam daqui. — os empurrou com o pé coberto por uma meia branca.
— você nunca mostrou seus desenhos pra gente. — mesmo com os avisos para se afastar, jisung não deu ouvidos, indo até o balcão coberto por vários papéis e rascunhos de desenhos.
Tateou suas mãos entre os desenhos de várias formas, ângulos e estilos, changbin tinha uma criatividade espantosa, seus desenhos passavam uma vibe arrepiante, mas ainda assim eram encantadoras. Envergonhado, o seo tentou esconder seus rascunhos para futuras tatuagens que colocaria em seu Instagram de ambos rapaz, mas foi tudo em vão, uma vez que christopher também se enfiou entre os braços do rapaz que tentava impedi-los de olhar.
— essa aqui é legal. — jisung apontou para um que estava sendo finalizado, era o desenho faca comum de cozinha, dentro da lâmina dela saia um monstro com chifres usando uma máscara assustadora. Ainda faltava cobrir algumas partes e dar alguns toques finais, mesmo constrangido por ter ambos pares de olhos analisando seus desenhos, changbin ficou feliz pelo comentário do han.
— você faria essa em mim? — christopher pegou um escondido entre outros papéis, o desenho em questão era A Criação De Adão, uma obra feita por Michelangelo em 1511. Changbin tinha retratado muito bem a mão de Deus e de Adão prestes a se tocar, mesmo que o traço do seo ainda fosse vivido naquele desenho.
— e você ainda tem lugar para colocar tatuagem? — jisung o olhou.
— claro que eu tenho. Aqui. — apontou para o pescoço. — aqui também. — levou as mãos até o cós da calça.
— já entendemos, você tem muito espaço para tatuagem ainda. — changbin empurrou christopher, pegando o desenho que ele havia escolhido. — posso fazer, mas não vai ser de graça. — na área do balcão tinha alguns armários pequenos, como mini estantes para a televisão de 40 polegadas que possuía em cima, o moreno abaixou rente a eles, abrindo de gaveta em gaveta atrás das luvas.
Jisung e christopher se entreolharam com sorrisos discretos, suas mentes conectadas por fios imaginários, compartilhavam do mesmo pensamento. Ao se levantar já com as luvas em mãos, changbin os encarou com a sobrancelha erguida.
— o que foi agora? — indagou desconfiado.
— nada. — christopher se adiantou. Jisung riu ao seu lado, saindo junto a eles de trás do balcão. Na parte dentro do estúdio havia o espaço onde changbin realizava seu trabalho, era pequeno mas bem arejado, as paredes laranjas possuía algumas pinturas, as janelas estavam fechadas por conta da chuva que cairá, mas ainda assim o espaço passava uma boa primeiro impressão.
Changbin passou o desenho original para outro papel, este que usará como molde para tatuagem, foram gastos alguns minutos até todo desenho ser feito no papel de decalque. O han se acomodou ao lado da maca estética onde christopher se encontrava à espera do menor.
— onde você vai fazer? — changbin indagou enquanto puxava a cadeira mocho branca para perto, o desenho já estava no papel de decalque pronta para ser aplicada. Christopher ponderou por alguns segundos até encarar jisung.
— onde ficaria legal? — jisung se espantou por estar sendo questionado, se levantou num pulo da cadeira para chegar até bang.
— na nuca. — após minutos olhando para o rosto do moreno atrás de locais onde a tatuagem ficaria boa, jisung se decidiu. Voltou para seu lugar depois que changbin e christopher entraram em um consenso com sua decisão.
Christopher virou de costas, com o recente corte de cabelo, mudando o estilo e ficando bem mais baixo atrás, a sua nuca estava bem aparente. Com o pedido do coreano, ajeitou sua postura para o desenho não ficar torto, ao seu lado, jisung puxou mais sua cadeira para perto de changbin para ter uma melhor visão. Ajeitou as luvas de látex pretas em suas mãos, pegou também seu óculos de grau que raramente usava por conta das lentes, limpou a pele do bang antes do processo, regulou a tinta, a velocidade que o traço seria feito, a profundidade e a força que a haste tocará na pele do australiano, pediu para ele relaxar os músculos, alegando que seria rápido.
Apenas o som da máquina contra a pele do bang era ouvida, uma vez que o moreno pedirá algumas vezes para jisung ficar calado, precisava se concentrar para não acabar machucando christopher por colocar muita força na mão. O han andará de um lado para o outro, transitando entre o moreno baixinho e o mais velho, christopher parecia bastante relaxado para alguém que estava levando uma sequência de agulhadas na nuca, tinha até mesmo um pequeno sorriso em lábios, o loiro pensou que ele já deveria estar acostumado. Possuía uma pequena curiosidade sobre as várias tatuagens que cobria o corpo do moreno, seu braço esquerdo era parcialmente fechado por uma tatuagem grande de um dragão com detalhes azuis claros e vermelhos. O outro braço era um misto de tatuagens pequenas com desenhos aleatórios e alguns medianos, como a árvore da vida em seu antebraço perto do cotovelo. Virá uma vez a tatuagem de um lobo em sua panturrilha, além das que estavam em suas mãos, desenhos aleatórios e mal feitos. Tinha curiosidade em saber onde mais ele teria aqueles rabiscos feitos por agulhas.
Particularmente jisung não tinha coragem de riscar sua pele e seu pai seria capaz de arrancar sua pele fora se um dia aparecesse daquele jeito em casa, já tinha pensando em fazer em algum lugar escondido, mas tinha medo que por algum deslize o mais velho visse. Já achava suficiente a implicância dele com seus piercings, sempre que era forçado a ir para Malásia, tirava seu piercing da sobrancelha direita, do septo, do smile e do lábio interior, deixando apenas o do nariz que ainda estava cicatrizando e os da orelha.
— já estou quase terminando. — changbin avisará.
Christopher tinha se perdido nos minutos que estava sentado ali, sua coluna doía pela postura, seu pescoço doía também por conta da pressão que recebia. Realmente não ligava para dor, a última tatuagem que havia feito e realmente ferido sua pele, foi a da costela, o tatuador não era experiente e muito distraído, tinha concluído a tatuagem mas nunca mais voltaria naquele lugar.
Jisung se sentou ao seu lado, se esticando para olhar melhor o trabalho do seo. Chris moveu seu mindinho até tocar no dele, o han ergueu seus olhos e riu envergonhado, entrelaçando seus mindinhos e voltando sua atenção para o tatuador. changbin fazia a finalização limpando os resquícios de tinta e tirando as luvas, deixou a máquina portátil na mesinha que estava seus outros utensílios, pegou um pedaço do celofane e cobriu a tatuagem recém feita.
— você sabe como cuidar de uma tatuagem, então não vou gastar meu tempo te explicando. — tirou as luvas e os óculos, limpando o suor da testa com o antebraço. — aqui. — o entregou um pequeno espelho de mão, ajudando ele a olhar a tatuagem.
— ficou muito bom. — sorriu para changbin pelo reflexo do espelho, o seo puxou a mão e se ergueu para guardar suas coisas.
Com ajuda do rapaz de cabelo loiro, changbin guardou todo material usado. Enquanto christopher e o han estavam distraídos conversando, andou apressado até o balcão da recepção, ajeitando sua bagunça de papéis e caderno, guardou alguns dentro das gavetas da estante, um em especial o moreno dobrou e colocou dentro do bolso do shorts, caminhando até o sofá após ser chamado várias vezes por ambos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro