𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑
IV. FAZ O QUE QUISER, KENMA!
Minha cabeça estava explodindo de dor e isso tudo era culpa de Bokuto e Kuroo por serem uma coruja e um gato malditos, completamente sem um pingo de senso ou limite. Mesmo que Akaashi até tivesse tentado me livrar daqueles dois, não é como se tivesse surtido efeito. Quando eles enfiavam algo na cabeça, ninguém tirava, então tive que aguentar Kuroo querendo bancar de professor de bloqueios para cima de mim e de Tsukishima e de quebra ainda aguentar Bokuto tentando me ensinar a cortar uma bola. Como se eu já não soubesse nada disso! Mas eu não ia reclamar, afinal, eles realmente sabiam o que estavam fazendo. E eram extremamente bons.
E não posso negar que ter ficado até tarde da noite aguentando aqueles dois insuportáveis até que foi bom por um lado. Pelo menos assim não tive sequer tempo para pensar em um certo ser humano com olhos de gato que estava completamente e totalmente fingindo que eu não existia... E pelo menos assim eu consegui dormir sem ficar me revirando de um lado para o outro pensando em Kenma, já que estava exausta e acabada demais para sequer me lembrar do porque Kenma estava super me ignorando.
Ainda assim, não é como se eu pudesse esquecer disso para sempre, porque sabia que, hora ou outra, teria que lidar com toda aquela situação. Até mesmo Kenma teria que fazer isso, pois chegaria um momento que ele não iria mais conseguir fugir de mim!
O que eu realmente não entendia é porque apenas a ideia de que eu talvez tivesse algo com Kuroo o incomodava tanto ao ponto dele simplesmente ignorar anos de amizade e virar a cara para mim e para Kuroo. Talvez ele tivesse se sentindo traído por não termos falado nada, talvez ele realmente achasse que Kuroo e eu estávamos tendo algo, o que além de ser bizarro, era nojento!
Kuroo sempre foi e sempre seria como um irmão mais velho insuportável para mim; eu tinha bastante certeza que jamais conseguiria ver ele como algo além disso, e sequer entrava na minha cabeça o porque ou como Kenma podia pensar que um dia eu ficaria com Kuroo! Era tão, mas tão absurdo, que também fazia eu me perguntar se o motivo para a reação de Kenma não tivesse sido outro.
Deuses, como odeio essa situação toda! Odeio ainda mais Kenma por simplesmente não lidar com isso como uma pessoa normal faria, na base da conversa! Quanto mais ele me ignora, mais me sinto ansiosa, e quanto mais ansiosa fico, mais desesperada me sinto para resolver logo aquela situação toda. Era uma verdadeira droga, mas também não conseguia deixar de me sentir assim, o que nos leva a estaca zero mais uma vez.
Esse acampamento deveria estar sendo divertido! Apenas curtindo com as outras gerentes, vendo os idiotas dos meus amigos jogarem, dar risada das cagadas que Lev fazia... Nenhuma preocupação! Mas agora, me encontro no meio do maior furacão já existente, e simplesmente não sei o que fazer para conter os danos gerados por ele.
-Pelo menos finge que você está feliz!- Yaku gritou no meu ouvido sem mais ou menos, me fazendo dar um pulo com o susto. Primeiro, eu sequer tinha notado que ele estava bem do meu lado, já que eu estava totalmente e completamente perdida em pensamentos. Segundo, não esperava que fossem reparar na minha carinha de cú, mas aparentemente eu estava bem equivocada.
Me virei para Yaku, que apenas arqueou a sobrancelha para mim, apoiando as mãos na cintura e esperando que eu dissesse o porque da minha grandíssima felicidade, algo que eu certamente não iria fazer, já que se tem algo que corre solto entre esse bando de imbecis, é a fofoca. Claro, Yaku é o mais confiável e, ainda assim, não o suficiente para eu dizer o porque estou tão estressada.
-Eu apenas tive um péssimo sono, Morisuke, você bem que podia respeitar isso, né! - reclamei fazendo um bico emburrado que apenas serviu para fazer Yaku dar risada antes de jogar o braço ao redor dos meus ombros e me apertar de leve em um abraço.
-Isso teria algo relacionado ao fato de Kenma estar tão estranho nesses dias?- Yaku questionou, me olhando seriamente.
Quis morrer; será que toda a situação estava tão óbvia assim que Akaashi e Yaku tinham notado tudo sem nem mesmo precisarem se esforçar? Bem, mas eles eram inteligentes, então não contava... Acho que devo começar a me preocupar se Hinata, Lev ou Bokuto se darem conta desse caos todo. Aí sim vou saber que tudo tá na mais profunda bosta! Até lá posso continuar fingindo que tudo está no mais perfeito estado!
-Não faço nem ideia do que está falando, Yaku. - eu disse me esquivando dele e começando a caminhar para ir encher as garrafinhas de água deles. Escutei Yaku rir da minha cara e tive vontade de atirar uma das garrafinhas bem no meio da testa dele, mas me contive enquanto caminhava para fora do ginásio.
Calma; eu apenas precisava manter minha calma e o meu foco porque, uma hora, as coisas iriam se acertar. Sempre se acertavam no final, agora não seria diferente. Se eu ficasse me emocionando demais, tudo apenas iria ficar pior, e ainda teríamos algumas semanas pela frente por aqui, então não posso dar tão na cara assim que estou vivendo um verdadeiro inferno! Pelo menos preciso mentir de uma forma convincente, inferno!
Estava tão perdida em pensamentos que nem mesmo vi Hinata se aproximar até ele estar literalmente do meu lado. O susto que tomei com isso foi tão grande que deixei um grito escapar, derrubando todas as garrafinhas na minha mão, o que fez ele fazer uma careta engraçada.
-Shoyo, você quer me matar do coração? - falei, exasperada, colocando a mão no peito e ele teve a coragem de rir enquanto se abaixava para me ajudar a pegar as garrafinhas.
-Desculpa! Mas você tava tão estática que achei que tinha acontecido alguma coisa. - ele disse e eu fiz uma careta antes de o fitar nos olhos. Hinata franziu o cenho em confusão. -Tem certeza que tá tudo bem? Você parece péssima.
-Nossa, obrigada pelo elogio. - falei com sarcasmo e Hinata apenas me olhou com a maior cara de interrogação, o que me fez suspirar. Senhor, será que ele não entende o conceito de ser sarcástica?! -Estou bem, Hinata. Perfeitamente e totalmente bem. Porque todo mundo tá achando que não?!
-Ah, deve ter sido só impressão minha mesmo. - ele disse, pensativo. -Se bem que também achei Kenma estranho esses dias, mas deve ser coisa da minha cabeça.
Por um segundo, apenas olhei para Hinata, piscando os olhos. Ele me deu tchau e se afastou, mas continuei ali, parada, estatística, apenas pensando no que ele tinha dito. Kenma agindo de forma estranha; o que isso deveria significar, afinal? O que sequer era normal para Hinata?! Bem... É uma situação complicada cheia de probabilidades e variantes diferentes e sinceramente, estou cogitando a ideia de simplesmente desistir de tudo e aceitar que minha vida é patética e eu sou uma derrotada!
-Akeri?
Me virei, quase sem conseguir acreditar no que meus ouvidos estavam escutando. Kenma estava me olhando de um jeito estranho, mas estava ali, na minha frente, sem fugir, e tinha me chamado. Isso deveria ser um avanço, não é?! Claro que era!
-Ah. Oi. - falei me aproximando, mas Kenma apenas arqueou a sobrancelha para mim, e eu o conhecia bem o suficiente para saber o que aquilo significava. Fiz uma careta, por um momento querendo atirar uma das garrafinhas bem no meio da testa dele, apenas para que ele parasse de me olhar assim! Às vezes o deboche de Kenma era simplesmente revoltante. Claro, quando era direcionado a outras pessoas, era interessante, mas quando era pra mim, apenas me fazia querer deitar no chão e chorar pelo restante do dia.
-Você está demorando. - foi o que ele me disse antes de me dar as costas para se afastar.
É isso.
Já chega.
-Kozume Kenma! - gritei, com irritação, e ele parou de andar na hora, mas não fez sequer menção de se virar na minha direção. Que seja! -Se quer continuar me evitando e agindo que nem um idiota, vá em frente, problema seu! Mas saiba que não vou ficar correndo atrás de você pra sempre, tá entendendo?
Kenma apenas virou a cabeça para me fitar por cima do ombro, aquela expressão irritante de neutralidade, apesar de eu estar gritando com ele e estar claramente irritada.
-Tá. - ele retrucou e eu tive vontade de o agredir. Tipo, muito mesmo. Eu sei que esse "tá" é muito mais que um "tá", sei que Kenma quer me xingar agora, então porque simplesmente não me xinga, não briga comigo e depois se resolve?! Sempre foi assim! Sempre! O que mudou, o que mudou e eu não percebi? Porque sinto que nossa amizade está em declínio e não tem nada que eu possa fazer para evitar? Ah, Deus. Ah, Deus! Eu apenas queria que tudo isso acabasse de uma vez.
Seja sincera, eles dizem! Fale seus sentimentos, é o que querem! Mas isso sequer seria o suficiente?
-Faça o que quiser, Akeri. Você já faz de qualquer jeito, não é? - Kenma soltou e eu pisquei os olhos, confusa. Que merda isso sequer quer dizer?!
-Porque você é assim, Kenma? Diga com todas as letras, pelo amor de Deus! - falei, um pouco exasperada. Kenma apenas deu de ombros e voltou a andar.
Ah, mas é sério mesmo?
Sim, talvez tenha sido bem infantil da minha parte, mas eu não me importei com isso antes de atirar a única garrafinha vazia na cabeça dele. Não com força o suficiente pra machucar nem nada, apenas com toda a minha frustração! A garrafinha fez ploft atingindo a cabeça dele e caiu no chão. Por um tempo, o corredor pareceu muito, muito silencioso. Quase que ensurdecedor.
Kenma se virou pra mim de verdade daquela vez, me olhando completamente perplexo. Eu tive que segurar a vontade de rir que surgiu naquele momento, porque finalmente consegui arrancar a porra de uma expressão de verdade de Kenma! E teve que ser assim, atirando a droga de uma garrafinha nele!
-Quantos anos você tem mesmo?- Kenma disse semicerrando os olhos para mim e eu dei de ombros, me virando para fazer o caminho oposto.
-Aparentemente bem mais que você que simplesmente tá fugindo de mim. Mas o que foi que você disse mesmo? Ah, é. "Faça o que quiser". Então faz o que quiser, Kenma! - retruquei, começando a caminhar para longe dele.
Escutei Kenma suspirar de forma exagerada, mas o ignorei completamente, saindo dali sem esperar ele dizer mais alguma coisa.
Sim, era uma situação catastrófica.
Mas eu já sabia como era o humor de Kenma. Claro, não significava que não me irritava às vezes, tipo agora! Ainda assim...
Ai, Deus.
Porque essas coisas bosta só acontecem comigo?!
Data: 23/02/22
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro