𖤍𖡼↷ 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
VIII. ESTAVA NO MEIO DE ALGO MUITO IMPORTANTE!
Não sei dizer exatamente em que momento me apaixonei por Kenma. Nós passamos muito tempo juntos para que eu conseguisse me dar conta de qual havia sido o exato momento em que percebi que sentia por ele coisas demais. Coisas que não eram apenas sobre amizade. E desde que me dei conta que eu sentia por ele uma imensidão que eu não conseguia sequer colocar em palavras, tentei evitar a todo custo deixar que ele percebesse isso. Tudo o que eu menos queria, era dar motivos a Kenma para se afastar de mim e, se eu fosse ser mesmo honesta, nunca soube exatamente o que poderia fazer ele simplesmente ir embora da minha vida. Então, para mim, estava tudo bem fingir que não sentia nada disso.
Até que foi demais. Até que passou a não estar tudo bem guardar todos esses sentimentos para mim.
Ao mesmo tempo que dizer em voz alta tudo o que eu sentia e deixar claro o que eu queria foi um alívio, também foi um pouco desesperador. Porque era como se, pelo fato de eu ter exposto tudo e dito a verdade, eu tivesse admitido para mim mesma que eu realmente era apaixonada por Kenma.
E eu sabia que as chances de ser correspondida eram baixas. Extremamente baixas. Quer dizer, se envolver em um relacionamento assim nunca foi a prioridade de Kenma e, sendo sincera, ele sequer parecia ter interesse nessas coisas. Não, mais que isso; ele sequer parecia ter interesse em mim. E tudo bem! Para mim, estaria tudo bem, contanto que eu tivesse a amizade dele. Eu não era uma pessoa imbecil e egoísta, tudo o que queria era que meu melhor amigo fosse feliz. Seria muito injusto exigir que ele ficasse comigo apenas porque era o que eu queria. Na verdade, eu só queria que ele me dissesse algo. Qualquer coisa.
E Kenma não disse nada. Absolutamente nada. Mas quando dizem que ações dizem mais que mil palavras, não é exatamente uma mentira, e percebi isso claramente nesse exato momento.
Eu estava preparada para apenas desistir de tudo e seguir em frente. Sendo honesta, era o que soava mais razoável para mim. Se eu não tinha chances de ter algo com Kenma, porque eu sequer iria insistir em algo fadado a fracassar? Eu sabia que uma hora conseguiria esquecer e simplesmente deixar para lá. Mas sinceramente, nunca sequer imaginei que Kenma fosse tomar alguma atitude diante dessa situação.
Quando falei para ele o que eu verdadeiramente sentia, Kenma sequer tinha reagido. Foi impossível não pensar no pior, foi impossível não pensar que além de ser rejeitada, também perderia a amizade dele por algo tão imbecil assim. E também me senti estúpida; estúpida por ter aberto completamente meu coração para Kenma e, em resposta, não receber nem mesmo uma reação. Acho que iria preferir até mesmo um fora do que nada!
Mas agora, eu estava verdadeiramente e completamente confusa, porque nunca, nem mesmo em mil anos, imaginei que Kenma pudesse tomar esse tipo de atitude.
Acho que nem mesmo cheguei a pensar que em algum momento da minha vida, Kenma estaria me beijando. Nunca parei sequer para pensar no como deveria ser, ou qual seria a sensação de ter os lábios dele contra os meus. E talvez seja exatamente por isso que, no momento que isso aconteceu, eu travei. Travei completamente e totalmente, me perguntando se aquilo realmente estava acontecendo, se Kenma estava mesmo ali, me beijando, ou era apenas um sonho, delírio da minha mente. Porque parecia tão, tão surreal. Pra mim, era quase impossível que isso pudesse acontecer, mas lá estava Kenma, me provando o como eu estava totalmente errada.
Meu coração estava batendo acelerado dentro do peito, e eu sentia como se ele fosse sair de mim a qualquer instante. Meu estômago revirou de várias formas diferentes quando senti as mãos de Kenma na minha cintura, deslizando timidamente e me puxando para perto.
Parecia um sonho. Sinceramente, eu estava esperando acordar a qualquer instante. Então, se aquilo era um sonho, eu pelo menos deveria aproveitar, certo? Afinal, eu podia acordar a qualquer momento e me lembrar da realidade merda que me encontro, então...
Afundei meus dedos nos cabelos de Kenma, o puxando para mim e deslizando a língua na dele. Era um beijo meio tímido e meio desgovernado, como se nenhum de nós soubesse exatamente o como prosseguir mas, ainda assim, quiséssemos muito continuar com aquilo. E eu queria muito continuar com aquilo.
Passei muito tempo me perguntando se um dia isso iria acontecer entre Kenma e eu, de como era ter ele me abraçando e retribuindo tudo o que eu sentia. Mas nunca imaginei que fosse me sentir do jeito que estava me sentindo nesse exato momento, como se meu coração fosse parar de funcionar a qualquer instante. Ou como se eu fosse acordar desse sonho se pensasse demais a respeito.
A boca de Kenma era tão macia, tão quente, tão convidativa que eu apenas não conseguia parar de o beijar. Nem mesmo queria parar de fazer isso, empenhada demais em explorar cada canto que eu pudesse antes de perceber que aquilo era apenas um sonho ou um delírio meu.
Quando nenhum de nós tinha mais fôlego o suficiente para continuar com aquilo, Kenma se afastou apenas o suficiente para respirar. Sendo sincera, eu nem conseguia respirar. Era como se, caso eu fizesse isso, fosse voltar a uma outra realidade que não era aquela que eu estava naquele exato momento.
Mas eu sabia que precisava dizer algo; qualquer coisa que fosse. Pois também era muito provável que Kenma simplesmente fugisse e fingisse de novo que nada tinha acontecido, e, bem... Eu não queria fingir que isso nunca tinha acontecido.
Me afastei mais dele e Kenma apenas me olhou. Franzi o cenho por um instante; ele não parecia, exatamente, muito inclinado a fugir, e isso era o mais... Estranho.
-Kenma. - chamei e ele apenas piscou, esperando que eu continuasse. Mas o que eu deveria dizer, afinal? Sinceramente, nem mesmo eu sabia por onde começar! -Porque...
Minhas palavras morreram no instante que um grito irritado soou, fazendo tanto eu quanto Kenma darmos pulos assustado, meu coração indo parar na garganta mais uma vez, mas dessa vez com o puta susto que tomei com esse grito. Acho que preferia o outro jeito de fazer meu coração acelerar.
Me virei, apenas para me deparar com Yaku marchando na nossa direção e fiz uma careta, me escondendo, sabiamente, atrás de Kenma.
Irritar o Yaku estava em primeiro lugar no livro de coisas que não devem ser feitas jamais. E, aparentemente, eu tinha conseguido fazer exatamente isso, o que apenas me deixava com uma imensa vontade de sair correndo dali. Ou de morrer, o que for mais rápido, fácil e eficaz.
Eu sabia que estava bem perto de receber um belo sermão por ter deixado ele me esperando e não ter avisado nada, mas, bem, em minha humilde defesa, Kuroo desapareceu com meu celular e Kenma me distraiu. E foi uma linda e bela distração.
Claro que eu não ia contar para Yaku exatamente o porquê de eu não ter aparecido, na verdade, acho que sequer ia conseguir falar nesse exato momento, ainda meio em choque demais para conseguir formular uma frase que preste.
-Você está quase uma hora atrasada! - ele reclamou, e eu sabia que faltava bem, bem pouco para ele dar em mim um daqueles chutes que vivia dando em Lev.
Abri a boca algumas vezes, tentando formular uma frase ou uma desculpa qualquer, mas nada saiu. Nada parecia bom o suficiente e, sendo sincera, sentia como se uma parte do meu cérebro tivesse derretido depois desse beijo de Kenma. Na verdade, era como se eu tivesse dito "adeus" a todos os meus neurônios, como se eles todos tivessem fritado e morrido!
-Eu estava falando com ela, a culpa é minha.- Kenma murmurou e Yaku apenas franziu o cenho em confusão, olhando de Kenma para mim. Torci o nariz para a cara desconfiada de Yaku, afinal, todos perceberam o clima péssimo que Kenma e eu estávamos nos últimos dias, então...
-Certo. Ainda assim, podiam ter me avisado, né. - ele reclamou e eu apenas bufei, o que me rendeu um olhar cortante de Kenma e uma cutucada nas costelas que me fez chiar. Ele claramente estava me olhando com a típica expressão de "cala a boca e não caga mais o que já tá cagado", o que, não nego, me fez torcer o nariz. -Depois vocês resolvem essa merda aí. Agora, vamos, Akeri.
-Mas eu...- comecei, mas Yaku já tinha agarrado meu pulso e me puxado junto com ele, me fazendo fazer uma careta. -Yaku! Eu estava conversando aqui, estava no meio de algo muito importante!
Sim, ele claramente ignorou minha reclamação, fazendo um gesto de tanto faz. Se Yaku ao menos soubesse que não era uma simples conversa, mas sim uma questão de vida ou morte, tenho certeza que ele não iria ficar no meio do caminho! Afinal, não dá para perder uma oportunidade como aquela. E se Kenma simplesmente decidisse fingir que nada tinha acontecido entre nós, afinal? Acho que eu ia preferir a morte.
Me virei, olhando para Kenma, buscando por ajuda. No fim das contas, apesar de tudo, ele era meu melhor amigo, tinha que me livrar de enrascadas como essa!
Mas ele apenas deu de ombros, indicando que a gente conversaria depois, o que não me deixava nem um pouco tranquila! Ainda mais quando Kenma apenas enfiou a cara no celular, virou as costas, e foi embora, deixando que Yaku me arrastasse para uma quadra de vôlei.
Fiz uma careta, desejando apenas poder morrer.
Mas, apesar de todo o meu imenso drama, eu sorri. E pela primeira vez em muito, muito tempo, tive certeza de que tudo ficaria bem.
Data: 22/03/22
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