-- Capítulo 39: Time dos Restos --
Cicrous está caído em um estado lastimável, tendo tido sua mandíbula, dentes e nariz quebrados em um nível fora das proporções, e também rompido vários canais de sangue pelo rosto, o que dificulta sua respiração, o forçando a tossir sangue com frequência. Sem opções, só lhe resta ficar com os olhos virados para o céu artificial.
Klay fica paralisado com uma expressão de surpresa por alguns segundos, estourando de ânimo ao digerir tudo o que aconteceu. Cicrous foi completamente derrotado.
— INCRÍVEL!!! Você realmente acabou com ele!! — Klay levanta seu punho em comemoração, mas seu semblante logo perde a empolgação. — É mesmo! O seu braço!!
A areia movida pelo vento sujou boa parte da manopla do membro decepado. Klay fica incomodado com a visão, parecendo angustiado pelo tamanho do dano que a sua salvadora sofreu, mas certa estranheza o toma ao reparar que nenhum sangue está caindo mais do pouco que restou do braço da jovem.
— Relaxe, eu estanquei o sangramento com a aplicação de "densidade". — explica Sina, virando sua cabeça para o lado no final. — Mais importante… — Ela mexe seu braço restante, o suficiente para esbarrar com um dedo no anel vermelho preso em um bolso de sua calça. Um rolo de atadura é materializado. — ...por causa daquele cara, pude finalmente me livrar de um desses meus braços pesados que eu mesma não tinha coragem de cortar.
Sina se senta, Klay deixa o na armadura deitado por um tempo para amarrar as ataduras por volta do ponto amputado, as enrolando firme com o devido cuidado para não causar muita dor. Não que em qualquer caso a moça fosse se permitir demonstrar fraqueza, sendo talvez o único indicativo disso o suor em seu rosto. Ela encara o derrotado, que não esboçou mais nenhuma ação, tendo a companhia da sua loba que está entristecida e aguardando por alguma melhora da sua condição.
— Infelizmente, contra um faixa azul algo como um "sacrifício" ainda não é o suficiente. — diz Sina. — É melhor negociarmos e acabarmos de uma vez com isso… Ei, se levante! Eu sei que aquele tapa fraco não foi o suficiente para te nocautear!
Após alguns instantes, Cicrous surpreende Klay ao erguer subitamente a metade superior de seu corpo. Ele devolve o olhar afiado que Sina direciona para ele, segurando a sua mandíbula para manter a boca fechada. Um tensão toma o ar, escurecendo o mundo à volta em trevas.
— Se nossa luta continuar, nenhum dos lados será realmente beneficiado. Me envolvi por capricho aqui, suponho que você também. Estamos em uma corrida contra o tempo, se você se envolver muito com listra inferiores como nós, sua chance de alcançar os pilares de luz vai sumir. Com as coisas tendo chegado nesse ponto… se você nos deixar ir com metade dos anéis conquistados aqui, não iremos mais interferir em seu caminho.
Cicrous para de segurar sua mandíbula, agora recuperada ao ponto de se manter sozinha.
— E se eu recusar? — fala com um tom mais pesado.
— Já sabe a resposta… — Os olhos dourados da jovem se destacam no redor mais sombreado. — Vou te perturbar até a morte.
— Tch! Hahaha… Você é um tipo de mulher que eu nunca mais quero encontrar. Aceito seus termos… O acordo está feito.
Sina esboça um sorriso curto ao abaixar sua cabeça, suas mechas deslizam pelo contorno de seu rosto.
— Caramba, ele realmente aceitou! — pensa Klay. A felicidade da resolução das suas preocupações ficam claras em sua expressão. — Sucata, estamos salvos!
Tendo terminado de amarrar as ataduras em Sina, Klay corre animado para carregar o na armadura. Cicrous recolhe sua metade dos anéis sobre a vigia de Sina, pegando seu machado ao terminar. Ele vai embora desse local junto de sua loba, não causando mais nenhum problema.
— No final das contas não consegui nenhum item de cura… — considera Klay, à sua volta estão pilhas de tranqueiras materializadas de vários anéis. — Então é assim que vai ser, vou continuar tendo que lidar com esse estado…
— Ei! — chama Sina.
— Hã? Ela quer algo comigo? Ah! É verdade! Ela disse antes que veio até aqui por minha causa. — Klay se aproxima dela. — O que foi? — indaga.
— Qual contato você teve com Zesteri?
— Ah… Como você sabe que eu encontrei com ele?!
— Pelo cheiro, meu nariz é excelente. Agora me responda.
— Certo… Resumindo: eu lutei contra ele, e perdi.
— Entendo, imaginei. — comenta ao fechar os olhos junto de um suspiro. — O jovem mestre até disse seu nome para ele. — pensa. — Aquele cara só faz isso para quem respeita. E mais impressionante, ele o deixou vivo mesmo nas condições dessa competição, o que não é do feitio dele. Sinceramente, nunca o vi fazer algo semelhante, mas veja, tem uma exceção bem na minha frente…
— Será que ela é parceira dele ou algo assim? Espero que não queira lutar comigo, já fui ferrado o suficiente por hoje.
— Interessante… — Sina fica com um sorriso animado, Klay fica tenso com essa visão do rosto dela. — Ei, vamos formar um time? — pede.
— O QUÊ!!? — braveja de imediato, com os olhos quase saltando pelas órbitas.
— Sim, um time! Ha ha ha! Claro, eu não entrarei sem dar algum lucro para vocês! — Ela mostra os vários anéis de depósito em sua mão com dificuldade, erguendo a manopla com o apoio de sua perna. O rapaz, percebendo a dificuldade na posw dela, pega os anéis, a deixando voltar ao normal. — Já até pensei em um nome para nosso grupo! Seremos o "Time dos Restos! Ha ha ha!
Klay a observa com um sorriso nervoso.
— Essa ideia que tive parece bem promissora! Ah, se você recusar, nesse caso me tornarei sua inimiga, espero que esteja preparado para morrer se escolher essa opção.
— HEEEEEEEINN!!? — O grito de Klay alcança o céus.
Nesse inóspito deserto, uma oportunidade irradia para o rapaz. E assim, nesse momento crucial, o Time dos Restos se formou.
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O recém formado Time dos Restos se movimenta em corrida pela areia. Até mesmo o homem na armadura, antes bastante ferido, consegue acompanhar os outros no ritmo. Klay demonstra nervosismo com a situação.
— Sinceramente… — ele pensa. — Não achei que em um lugar como esse eu faria parceria com alguns estranhos… De toda forma, eu e a sucata fomos salvos por isso, então devo ser grato. Só é uma pena que não havia nos anéis nenhum item de cura de boa qualidade.
— E então? — pergunta Sina para Klay. — Aquele seu "estado" melhorou?
— Ah… sim! Obrigado por ter me cedido boa parte deles, aqueles remédios conseguiram amenizar os efeitos da "crise", mas ainda estou propenso a uma decaída às vezes que atrapalha bastante. É… — Ele coça sua bochecha enquanto olha para cima. — Pelo menos agora posso me movimentar com mais coragem!
— Isso é bom, para falar a verdade, você tem sorte. De onda eu vim, aconteceram algumas vezes casos semelhantes ao seu, porém os afetados nunca conseguiram melhorar. Cogitei que talvez não houvesse mais esperança para você, ha ha ha!
— E-entendo.
— E relaxe, o máximo que faremos se seu estado piorar é te deixar para trás nesse deserto! Ha ha ha!
— Hahaha… — Certo desânimo toma o rapaz. — Como vou relaxar depois dela ter dito dessa possibilidade de no "máximo" me abandonar no deserto?! — pensa.
— E você, cara na armadura, como estão seus ferimentos?
— Estou bem, minhas feridas fecharam.
— Entendo, entendo, está se fazendo de durão, não é? Tenho certeza que você ainda deve estar fraco devido a perda de sangue, fora que os medicamentos gastaram boa parte de sua aura para curá-lo.
O na armadura fica em silêncio por alguns segundos.
— Posso continuar.
— Esse é o espírito. — O semblante de Sina fica um pouco mais sério. — É realmente uma pena termos desistido do objetivo, mas nossas vidas são mais importantes do que isso. Apesar de que existe a chance de sermos mortos como penalidade por perdemos nessa competição, e isso não seria divertido.
Klay e o na armadura avançam em silêncio, estando concentrados no caminho.
Como Sina disse, o trio não tem mais chance de alcançar os pilares de luz, e o motivo disso é simples de compreender. Mesmo com a quantidade de anéis que conseguiram, o grupo calculou que não teria suprimentos o suficiente para viajar do deserto direto para o objetivo, a temperatura alta os mataria antes. É devido a isso que eles estão tomando uma curva, indo para outra zona, a da floresta. Notando que ao longe há tantas pessoas seguindo inabaláveis, eles notaram que a perda desse tempo na curva é fatal… e inevitável.
Isso tudo considerando apenas as pessoas no deserto, que no caso aparenta ser o pior território para viajar. Nas demais zonas os competidores estão longe e cada vez mais perto do campo da disputa final. Por mais persistentes que esses três pudessem ser, eles entenderam em seus interiores que essa não é uma situação reversível, que por culpa de pequenas decisões e da faltas de sorte o que lhes restou foi apenas uma derrota total.
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Na grande sala em que estiveram todos os participantes, antes da tal "Corrida da Vida" ser iniciada, acima do pilar ainda se encontra o chefe do andar. Ao redor do velho estão várias telas flutuantes, monstrando ao vivo os acontecimentos da cúpula de variados ângulos pelas zonas.
— "Isso é patético, todos são um lixo"! Ou pelo menos é o que eu diria se não fosse pelo rumo que a floresta está tomando. Hehehe! Promissor! Realmente promissor! E não é que alguém descobriu a verdadeira face desse jogo? — O velho observa a tela que capta os movimentos de Renve, que anda despreocupadamente pela grama. O idoso ri histericamente, olhando com seriedade para a projeção ao terminar. — Ei, garota… Por acaso… você é um "monstro"?
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