007
˖࣪ ❛ ASSUSTADO
— O7 —
ALGO TINHA DADO ERRADO. Muito, muito, muito errado. E muito, muito, muito rápido.
Addison sentou-se entre Will e Mike com Joyce e seu namorado, Bob na frente. Bob olhou o mapa freneticamente enquanto Joyce dirigia.
— Nada! Não há nada aqui. — Mike balançou a cabeça, olhando para a escuridão do lado de fora da janela do carro.
— E-eu não sei, Will. Você tem certeza que esse é o... Uh... Jeito certo? — Addison sussurrou trêmula enquanto torcia as mãos.
— Estamos perto? — Joyce parecia em pânico enquanto falava.
— Nós... Estamos nas proximidades. — Bob respondeu.
— O que isso significa? A vizinhança?
— Significa que estamos perto! Não sei, não é preciso.
— Mas nós fizemos todo esse trabalho.
— Eu te disse, a proporção de escala não é exatamente um para um. Precisávamos tomar...
— Vire à direita! — Will de repente exclamou, surpreendendo Addison.
— O que?
— Eu vi ele. — Mike franziu as sobrancelhas.
— Tipo... Viu viu ou ouviu? — Addison perguntou lentamente.
— Onde?
— Não aqui. Em minhas memórias de agora.
— Então viu... Entendi. — Addison acenou para si mesma.
— No seu o quê? — Bob se virou, confuso.
— Basta virar à direita! — Will ignorou suas perguntas.
Joyce obedeceu, virando o veículo para a direita. Ela atropelou uma placa, fazendo com que Addison caísse para a frente.
— Ai... — ela choramingou, esfregando a testa enquanto o carro avançava.
— Vocês estão bem? — Joyce perguntou, virando-se.
— Superespião. — Mike disse, puxando Addison do chão do carro. — E, aperte na próxima vez, Addie. Os cintos de segurança foram feitos por uma razão.
— Tanto faz, você deveria ter me pegado.
— Você deveria estar amarrada.
— E você deveria ter me pegado.
— Por que eu deveria...
— O que Jim está fazendo aqui? Joyce?
— Pessoal, eu preciso que vocês fiquem aqui. — Joyce ignorou a pergunta e abriu a porta do carro.
— Não. Mãe, mãe, mãe. Não é seguro. — Will balançou a cabeça, estendendo a mão para sua mãe. — Mãe!
— É por isso que eu preciso que você fique aqui. Fique aqui! — Joyce fechou a porta e foi embora.
— E-eu deveria ter ficado em casa. — Addison murmurou, cruzando os braços e esfregando as mãos nos braços para se aquecer.
— Bem, muito tarde agora. — Mike tentou brincar, mas ele só fez com que a garota se preocupasse ainda mais. — Vamos lá.
Will assentiu, abrindo a porta do carro e saindo.
— E-Espere, o quê? — Addison perguntou, seguindo Will. — Will! Tenha cuidado!
Ela correu para alcançar os meninos que estavam na beira de algo.
— Você vê alguma coisa? — Mike perguntou: — Quero dizer... Em suas memórias de agora.
Will lentamente balançou a cabeça negativamente. Partículas flutuavam ao redor deles no túnel escuro, partículas P que pareciam estar de cabeça para baixo.
Ela não gostou. Nem um pouco. Addison odiava onde ela estava com todo o seu ser. Ela desejou estar em casa agora, jogando Monopólio com sua mãe e seu pai e Max esperando uma ligação de sua irmã da faculdade.
Os freios de um carro guinchando a tiraram de seus pensamentos. Addison virou-se para ver pelo menos cinco vans de laboratório parando.
— Oh, não. — Addison guinchou, agarrando as mangas de sua jaqueta. — Oh, não, não, não...
— Merda. Isso não é bom. — Mike balançou a cabeça.
Homens em trajes de proteção passaram pelas árvores adolescentes e entraram nos túneis. Tudo ficou em silêncio por alguns minutos até que um homem vestido de terno veio até eles e disse para eles deixarem a área. Addison lentamente seguiu Mike e Will de volta ao carro.
— Will! — Addison exclamou quando Will agarrou seu estômago e caiu no chão.
Addison caiu de joelhos e olhou para Mike enquanto ele fazia o mesmo.
— Will! Will, você está bem?
— O que está acontecendo?
Will parecia estar tendo uma convulsão. — Mike! Ele-Ele poderia... Ele poderia engasgar com a língua! Mi...
— Isso não é uma convulsão, Addison! — Mike interrompeu de repente, empurrando Will de costas. Addison gritou e pulou para trás quando Will soltou um grito agudo.
— O que? Mik... Eu... — os olhos de Addison começaram a se encher de lágrimas enquanto ela observava seu melhor amigo convulsionar no chão frio.
Após este ponto, quase tudo se tornou um borrão para Addison. Houve gritos, choro e portas batendo.
Mas se você perguntar a ela dias depois o que exatamente aconteceu, o que foi dito ou quanto tempo ela ficou com eles depois do episódio de Will? Ela não teria uma resposta.
Ela se lembrou de Joyce e seus gritos... Ela se lembrou do rosto de Mike... Ele estava falando.
Ela não se lembrava do que ele estava dizendo, porém, ela pensou que poderia ter ficado surda durante aquelas horas.
Ela se lembrava deles levando Will embora. Ela se lembrou do prédio escuro que pairava sobre eles quando eles apressaram Will para dentro.
Ela se lembrava de andar de um lado para o outro enquanto ela e Mike esperavam na sala de espera. Ela se lembrava de chorar, muito choro.
— Mike... — ela disse, cobrindo o rosto com as mãos enquanto começava a chorar. — E-E...
Mike se levantou da cadeira e puxou Addison em seus braços. — Ele vai ficar bem.
— Estou com medo, Mike. — Addison chorou quando Mike a apertou com força.
— Eu também... Mas Will vai ficar bem.
Addison se afastou do abraço, apenas o suficiente para olhar para ele. Ela fungou antes de falar. — P-Promete?
Mike engoliu em seco e assentiu. — Eu prometo.
Addison não se lembrava de muito mais depois disso até que ela e Mike foram levados para o quarto onde Will estava.
Ela sentiu seu coração doer ao ver seu melhor amigo deitado em uma cama de hospital, incontáveis fios ligados a ele, teste após teste sendo realizado nele.
Addison estava ao lado de Mike na beirada da cama do hospital, observando com preocupação silenciosa.
— Você sabe o seu nome? — o médico perguntou, olhando de sua prancheta para Will.
— É Will. — ele respondeu, virando a cabeça dos dois que estavam na beira da cama para o médico.
— Seu nome completo. — o homem repetiu.
— William Byers.
— E eu? Você sabe quem eu sou? — ele continuou, rabiscando algo em sua prancheta.
— Você é um médico...
— Já nos encontramos antes?
Addison olhou para ele, preocupação clara em seu rosto. Ela se perguntou sobre Max, tentando se prevenir de qualquer ataque de pânico.
Ela se perguntou se ela tinha sido trazida para isso... Addison esperava que Max não tivesse. Que ela estava em casa, segura e lendo um de seus quadrinhos da Mulher Maravilha.
Mas ela sabia que provavelmente não era o caso. Ela podia sentir em sua alma que Max estava lá com eles agora.
Ela desejou que não fosse.
— Eu não sei... — Will respondeu após minutos de silêncio.
— Você não se lembra de mim? Hum... Tudo bem. — o homem rabiscou algo em sua prancheta: — E... esse cara? Quem é?
Ele apontou para Mike. Will lentamente virou os olhos para ele.
Addison podia sentir a dor irradiando de Mike quando Will não o reconheceu imediatamente.
— Está tudo bem, tome o seu tempo.
— Esse é meu amigo... Mike.
— E ela? Você sabe quem é?
Addison apertou a mão de Mike com mais força enquanto ele apontava para ela.
— Ela é... minha amiga também... — Will falou lentamente. — Addison.
— E eu, garoto? Você se lembra de mim? — Hopper perguntou, levantando-se de seu assento. — Eles me disseram que você ajudou a me salvar ontem à noite. Você se lembra disso? Você se lembra de alguma coisa sobre a noite passada?
— Eu lembro que eles me machucaram..
Eles o machucaram? Eles deveriam estar ajudando-os.
— Você quer dizer os médicos?
Will balançou a cabeça enquanto grunhia. — N-Não... Os soldados.
— Os soldados machucaram você? — Addison inclinou a cabeça para o lado.
— Eles não deveriam ter feito isso. — o olhar de Will ficou em branco quando ele olhou para frente. — Isso o aborreceu.
— Você diz que o aborreceu, é ele? — Ele perguntou, puxando uma foto de seus arquivos.
O devorador de mentes.
O sangue de Addison gelou e ela puxou a mão de Mike enquanto cruzava os braços. Will lentamente olhou da parede para o quadro. Ele trêmulo pegou a foto das mãos do homem e olhou para ela. — Sim...
O homem virou a cabeça para olhar para Mike, Addison, Bob e Joyce antes de falar. — Eu quero tentar algo. Vai parecer um pouco estranho no começo, mas acho que vai nos ajudar a entender o que está acontecendo aqui.
— Tudo bem? — ele perguntou depois de se virar para Will.
— O-Ok...
— O quê? V-Você... Você não é... Você não pode... Apenas... Não o machuque... P-Por favor. — Addison gaguejou para o homem muito mais velho.
— Nós não vamos. Eu posso garantir a você.
★
Cerca de vinte minutos depois, os cientistas retornaram. Eles rolaram em uma bandeja com um tentáculo cortado dentro, junto com o que parecia ser um lança-chamas.
— Tudo bem, Will, eu quero que você me diga quando sentir alguma coisa.
Will assentiu trêmulo enquanto agarrava os lençóis. Um cientista segurou o fogo bem acima da criatura.
— Você sente alguma coisa?
— Um pouco... Dói. — Will respondeu inquieto.
— Isso pica?
O homem baixou o fogo, fazendo Will pular. — Dói!
— V-você está machucando ele! — Addison disse em voz alta, sem obter resposta dos homens ao seu redor. — Pare!
Mike a puxou de volta pelo ombro e balançou a cabeça negativamente.
Ele não murmurou para ela.
— Que tal agora? — ele perguntou, abaixando o fogo mais perto do tentáculo.
— Queima! Queima! — Will chorou enquanto se levantava e saía da cama.
— Onde? — o médico perguntou, empurrando-o de volta para baixo.
— Ah! Em todos os lugares! — Will gritou de dor.
— Já chega! Já chega! — Joyce gritou, levantando os braços.
Quando eles não a ouviram, Hopper se levantou e empurrou o médico para longe.
— Ela disse que é o suficiente! — ele gritou, fazendo com que o médico apagasse o fogo.
Will visivelmente se acalmou quando ele afundou de volta na cama.
— Você disse que não iria machucá-lo! — ela disse com raiva: — E você fez. Você é um mentiroso!
★
Addison não tinha mais certeza do que estava acontecendo. O médico disse algo sobre investigações e depois foi embora.
Agora, aqui estava ela sentada, lendo uma revista em quadrinhos por cima do ombro de Mike, porque ela sabia que ele pensava que ela estava dormindo.
— Eu sinto muito. — Will de repente gritou, com lágrimas nos olhos.
— O-o quê? O que você quer dizer, querido? — Joyce perguntou preocupada, inclinando-se para frente e acariciando suavemente o rosto dele com a mão.
— Isso me fez fazer isso. — ele começou a chorar.
— Quem? Quem te fez fazer o quê?
— Eu te disse... Eles o chatearam. Eles não deveriam ter feito isso! Eles não deveriam tê-lo chateado!
Mike fechou sua revista em quadrinhos enquanto olhava para Addison.
— Puta merda! — ele sussurrou asperamente. — O espião!
— O que? — ela perguntou, confusa.
— Addie, pense por um minuto.
Ela pensou por um momento antes, de repente, isso a atingiu. — Oh meu...
— Temos que avisá-los. — Mike de repente se levantou e saiu correndo da sala.
Addison o seguiu segundos depois, incapaz de ver seu melhor amigo naquele estado por mais tempo.
Ela correu o mais rápido que pôde para alcançar Mike, assim que os guardas o pegaram e o derrubaram.
— É uma armadilha! — ele gritou: — Preciso avisá-los! É uma armadilha!
Bob apareceu, tirando Mike dos guardas.
— S-Senhor. Você... Você, uh, você... É... É um... — Addison murmurou, fazendo os guardas revirarem os olhos.
Bob a puxou pelo ombro e a acompanhou de volta ao quarto.
Addison se sentiu culpada... Porque ela sabia que teria que lidar com o fato de que todas aquelas pessoas um tanto inocentes morreram.
E a culpa foi dela.
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