06. horas prolongadas
Antes de começarem a leitura, queria que vocês vissem e dessem amor ao trailer que a onixnegra fez para a fanfic 🥺😞
[...]
Passeava pela zona botânica que Nakamoto mandara construir somente para Sicheng, tocando cada planta que lhe convinha. Gostava bastante daquele lugar: era calmo, cheiroso, nostálgico — somente lembranças positivas —, lembrava-lhe das saudades que sentia daquela casa. Aquele lugar era único, perfeito para puder descansar e pôr os pensamentos no lugar correto, sem negatividade ou qualquer sensação que fosse-lhe estragar esse momento.
Aquele lugar era o seu favorito da casa; sempre passara a maior parte dos seus dias ali, quando era mais novo. Gritava, brincava, recebia conselhos sobre as plantas, como as cuidar, como fazê-las crescerem saudáveis para aguentarem uma vida longa, e entre muitas outras curiosidades que tinha quando via Winwin cuidar de suas crias. Sempre apreciara plantas, e Jaemin aprendeu a gostar delas.
Pegou num regador da cor azul e encheu com água. Sentia saudades de as cuidar, de as tratar com sabedoria como aprendera. Assim feito, caminhou até às variedades imensas de plantas que Winwin mantinha com todo o amor. Jaemin não era um especialista em plantas, não sabia nomes, espécies; nem do mês a que pertenciam. Somente Sicheng sabia, até porque ele era um fanático por plantas.
Regou uma rosa de cor clara, apreciando-a. Deixou o regador no chão do seu lado e cheirou-a, delirando com a saudade que sentia em cuidar delas.
— Vejo que continuas o mesmo de sempre. — Olhou para trás, acompanhando Sicheng com o olhar que caminhava até si. Agachou-se ao seu lado.
— Na Coreia não tratei de nenhuma. Por isso que vim aqui, para matar as saudades.
— Essa rosa chama-se Bara. É do mês de maio. Tenho ela faz algum tempo.
— Vejo que tens continuado a tratá-las perfeitamente bem. — Sorriu satisfeito.
— Eu tenho de fazer isso com ou sem o meu ajudante preferido. — Sorriu.
— Eu sou o único. Assim não vale. — Resmungou.
— E posso saber porque não trataste de plantas na Coreia? Eu estava para te enviar umas belas sementes, mas o Yuta não me deixou. — Emburrou a expressão.
Jaemin riu.
— Porque eu pedi para não te deixar. — Sorriu triste.
— Porquê? Sempre cuidaste delas, sempre as amaste, Jaemin.
— Porque eu só quero fazer isso quando estou contigo. — Olhou-o. — Não gosto de cuidar delas na Coreia, mas sim aqui. Assim o sentimento de saudade não me mata tão facilmente.
Sicheng riu anasalado. Sentiu-se tocado com tais palavras. Jaemin era um anjo, um anjo que o chinês trataria de continuar a cuidar até não puder mais.
— Enquanto estás aqui, vê-se tratas de as cuidar todos os dias! — Alertou.
— Não é como se eu tivesse escolha de ir embora quando quiser. — Brincou, e Sicheng pousou a mão no seu peito, fingindo-se ofendido.
— Que criança malcriada! Não foi assim que te criei. Culpa do Yuta... — Proferiu baixinho e ambos riram.
Decidiram terminar o assunto antes que Yuta aparecesse e ouvisse o que Sicheng acabara de dizer e começassem uma discussão desnecessária enquanto Jaemin suspirava e voltava para dentro de casa. Os seus pais nunca discutiram a sério, eles eram muito pacíficos, em todos os aspetos, e isso deixava Jaemin muito calmo e agradecido por não ter sido adotado por pais barulhentos.
Lembrando-se da existência da oficina no final do perímetro da casa, caminhou em direção à Neo V. Tal edifício que podia ser bem identificado pela parte debaixo como a oficina que tinha a porta da garagem toda aberta, e na parte de cima ficava um escritório, onde Yuta permanecia a maior parte do tempo.
Sendo uma oficina/empresa das mais famosas em todo o Japão, tinham trabalho a dobrar todos os dias, e Jaemin ficava extremamente preocupado pelo excesso de trabalho que todos os seus amigos — que trabalhavam lá desde novos — e os seus pais tinham somente em vinte e quatro horas. Nunca se imaginara dentro da empresa como um funcionário — ou qualquer outras posições existentes naquele cargo. Simplesmente achava que nunca seria o suficiente para aguentar tal pressão encima dos seus ombros, e como os seus pais eram donos do estabelecimento, não queria ser tratado como o "privilegiado". Era possível que Yuta e Sicheng não deixassem tanto trabalho sobre si, mesmo pedindo para não o fazerem, para tratá-lo como os outros que trabalhavam ali.
Estando perto o suficiente da entrada, Jaemin pôde ver os seus amigos de longa data que trabalhavam arduamente nos carros/motas de qualidade altíssima.
Lembrara-se do seu carro que neste momento estaria a caminho de Tóquio, provavelmente.
Entrou de vez na oficina e pôde sentir o cheiro a gasolina misturado com qualquer outro odor. As paredes tijolo branco eram cobertas por armários imensos, várias mesas e estantes com decorações e ferramentas estavam situadas em cada canto, carros e motas para lá e para cá, e, óbvio, os seus amigos chegados com o suor a escorrer pelo rosto.
Antes de ter a oportunidade de dizer um "olá" estrondoso, Jaehyun olhou na sua direção e arregalou os olhos, sorrindo de orelha-a-orelha, transparecendo a sua felicidade e surpresa por vê-lo ali, após um longo tempo.
— Jaemin, seu palhaço! — Correu rapidamente alcançando os braços do menor, apertando-lhe como se não houvesse um amanhã.
— Sai de cima de mim! Vais sujar a minha roupa. — Reclamou demonstrando nojo porque Jaehyun estava todo borratado de óleo.
— Deixa de ser cu doce e dá-me um abraço de jeito. — Pediu esfregando-se no corpo do mais novo.
— Que nojo. Sai! — Conseguiu afastá-lo com a expressão nojenta. — Porco.
— Também te amo. — Ironizou.
Ambos sorriram aliviados por estarem juntos novamente. Jaehyun era considerado como um irmão de sangue por Jaemin e seus pais. Quando o mais novo vinha para o Japão, Jaehyun estava sempre ali, ansioso para que o seu "irmão" chegasse e fosse logo abraçá-lo fortemente. Foram sempre muitíssimo próximos, sabiam de tudo sobre o outro, e não havia amizade igual como aquela.
Jaehyun tratou de limpar-se e pediu uma pausa para Johnny, o instrutor de tarefas da oficina, o que causou-lhe horas prolongadas para mais tarde, mas não se importou muito com isso. Aliás, sabia o que aquilo queria dizer.
— Sabes o que significa "horas prolongadas" do Johnny dirigidas para mim? — Começou sorrindo ladino.
— Não. — Franziu o cenho, só depois entendendo. — Espera aí...
— Ele quer me comer. De novo. — Sorriu vitorioso.
Jaemin não estava nada à espera.
— O instrutor?! Jaehyun! — Adverteu. — Alguém sabe?
— És o único. E como confio muito em ti... Aqui estamos nós. Na verdade, eu acho que é demasiado óbvio, por isso ninguém passa cartão. Às vezes quando nos olhamos, paramos totalmente o que estávamos a fazer e acabam por ver. Ninguém liga. — Deu de ombros.
Jaemin encarava-o incrédulo. Desde quando que Jaehyun dizia tais palavras da boca para fora sem sentir vergonha quando enrolava-se nas palavras, somente para se referir à palavra "sexo"? Jaehyun parecia ter mudado um pouco: estava mais maduro,
melhorara bastante o porte físico, o cabelo azul bem acentuado para a frente, dava-lhe imagem de um bebê — o que já não era, porque tornara-se numa pessoa mais aberta e safada.
Jaemin teria de se acostumar a esse "novo" Jung Jaehyun, mas, apesar das mudanças — achava necessárias, até porque também havia mudado bastante de uns anos para cá —, ele continuava o mesmo Jung Jaehyun que passara estes anos todos ao seu lado no Japão.
Jaehyun sempre foi do mundo da mecânica por causa do seu pai que era um mecânico aposentado atualmente, e nunca quis mudar o rumo do futuro que sonhara. Como o seu parente tinha ligações com a Neo V, teve a oportunidade de conseguir o seu lugar bem cedo, acabando por melhorar bastante as suas habilidades e capacidades. Tudo ali estava ao seu alcance, e nunca mudaria de emprego e/ou empresa. Era muito grato ao seu velhote e a Nakamoto Yuta; sem eles, nada que acontecera na sua vida tinha sido possível.
— Vou fingir que não estou abalado com a tua linguagem, Hyung. — O mais velho riu.
— As pessoas mudam com o tempo, é necessário. E também é necessário sair da minha zona de conforto, apesar de eu ser assim somente quando o assunto é retratado por Johnny Suh. — Sorriu abobado.
— Tu gostas bastante dele? — Perguntou sentando-se num banco qualquer na rua e Jaehyun tratou de acompanhá-lo; estava exausto.
— Bom, como amar ainda é demasiado extravagante para o nosso "relacionamento", se é que temos um, posso dizer com todas as minhas certezas que gosto muito dele. Nunca senti nada assim por alguém... Nem uma pitada de atração. — Pausou. — O Johnny, ele... É totalmente diferente das outras pessoas. É um ser que sabe o que quer, e quando tem certeza disso, luta para conseguir. Ele usou-me como exemplo. — Contou e corou logo em seguida. Tudo que interligava a Johnny Suh deixava-o fora dos carris.
— Só "gostar"? Tu falas como se estivesses apaixonado, Jaehyun. — Acrescentou, fazendo-o arregalar os olhos.
— Não, não, não, e não! Nós só temos uns momentos mais dezoito. Não temos sentimentos envolvidos... Tirando a parte de "gostar" dele e de sentir atração. — Tentou justificar-se, ou melhor, mentir para si mesmo. — Ambos somos livres para fazer o que queremos, com quem queremos. E, sinceramente, eu duvido que o Johnny goste de alguém um dia. — Deixou as suas mãos no seu colo abaixando a cabeça.
— Ai sim? Então porquê que ele está a olhar diretamente para aqui sem desprender o olhar? — Jaemin perguntou e Jaehyun levou o seu olhar para a oficina rapidamente. Viu o que Jaemin retratara, e sorriu fraco.
— Ele não te conhece, é normal ele...
— Não. Nem tentes passar "pano", querido. — Interrompeu-o. — Posso só ter chegado agora, mas os olhos dele transmitem o contrário. Nunca falaste de mim a ele?
— Porque o faria? Só temos sexo, nada mais. Não temos momentos softs para aquecer o nosso coração frio e conhecer mais sobre a vida um do outro e as pessoas que nos rodeiam. — Soou desanimado, mas tratou de se alegrar rapidamente. Não queria demonstrar o seu ponto fraco.
— Entendi. — Sentindo que era melhor encerrar aquele assunto por ali, assim o fez. Quando Jaehyun tiver certeza daquilo que disse, Jaemin vai apoia-lo e deixá-lo viver a sua vida. Contudo, o Jung não negou no quesito de "gostar" e atração, com isso, Jaemin tinha medo de que o seu amigo pudesse sair magoado daquele "relacionamento".
Deixaria Jaehyun cuidar da sua vida, até ele sentir necessidade de ajuda.
Trataram de voltar para dentro da oficina, visto que o tempo que o mais velho tinha estava ficando escasso. Jaemin conseguiu cumprimentar os seus amigos nem tão antigos: Doyoung, Yangyang e Hendery, pudendo conhecer melhor Johnny, que dava instruções de trabalho para os amigos.
Mentiria se dissesse que não sentia saudades de todos eles, mas sentia, demais. Tinha saudades do ar sério que Doyoung carregava sempre na sua face, mas na verdade, aquela faceta de meter medo era somente um escudo para os indivíduos — que ele chamava de macho escroto — que persistiam em chateá-lo quando passava na rua. A aura animada e alegre do Yangyang fazia-lhe bastante falta, juntamente à cabeça oca (sem noção) que Hendery carregava consigo para todo o lado. Acabara por saber que ambos estavam num relacionamento aberto, até porque Jaehyun não tinha medo de dar com a língua nos dentes, aliás, gostava de levar na cabeça por ser fofoqueiro.
Mas Jaemin não voltara para saber sobre a vida amorosa de cada um — mesmo sabendo que nunca escaparia de saber sobre umas coisinhas aqui e ali, porque Jaehyun era o maior fofoqueiro que ele poderia ter conhecido.
— Hm — Resmungou — Então, eu e Doyoung vamos cuidar do carro do irmão dele. Entendi. — Concluiu Jaehyun, terminando de beber a sua água para se hidratar.
— Nada de pausas. Ele precisa do carro para a próxima corrida que vai acontecer no final da semana, tal como o resto da equipa. — Advertiu Johnny, olhando-o como se fosse perfurá-lo. Jaemin sentia que o clima entre os dois estava carregado de ódio, mas decidiu não se pronunciar.
— Sim, Senhor. — Saiu com uma expressão de poucos amigos, voltando para o seu trabalho. Johnny fez o mesmo.
— Vai haver uma corrida no final da semana? — Jaemin perguntou curioso.
— Sim. Uma corrida das grandes... — Yangyang suspirou, esticando o seu corpo.
— Onde?
— No centro de Tóquio. — Respondeu Doyoung. — Vai haver uma festa antes disso, para as apostas. Queres ir dar uma olhada?
Jaemin pensou e pensou. Não iria concorrer, até porque ainda não tinha o seu carro e estava multado até ao pescoço, mas não faria mal ver a corrida para lembrar-se do verdadeiro sabor que Tóquio emanava pelas ruas bem iluminadas e cheias de aglomerações.
— Eu quero muito ir ver. Os Ridin' vão concorrer, e eles são perfeitos. Os melhores de Tóquio! — Desvendou Yangyang com os olhos brilhando, sendo acompanhado por Hendery.
— Queria sentir a poeira que sai debaixo dos seus carros na minha cara. Sentiria-me privilegiado — Sorriu sonhador, fazendo Jaemin encará-lo incrédulo.
Afinal, Hendery continuava o mesmo.
— Vens ou não? — Doyoung voltou a perguntar.
De início, Jaemin já havia topado, mas, depois de ouvir as palavras de Yangyang, o seu sangue ferveu, seu coração começou a bater forte no seu peito, fazendo-o sentir a adrenalina de conhecer os melhores condutores de Tóquio pelo seu corpo arrepiado.
Ficou eufórico. Parecia que havia renascido.
— Claro que eu vou.
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