❛ CAPÍTULO TRÊS ❜
BAILE DE CONFRATERNIZAÇÃO DA
ELITE BRUXA ── PARTE I
Toda a atual população da Polônia provavelmente caberia dentro da suíte máster que é o quarto de Kazimierz. Você pode achar que é exagerado pensar dessa maneira, mas definitivamente não é hipérbole ou blefe quando o assunto é toda a extravagância no cômodo cromatizado em sua grande parte, em verde ── do mais claro para detalhes, até o mais escuro, que constituia maior parte das paredes e objetos ── e dourado, vindo de ouro maciço, e portanto, mais caro e reluzente.
Uma das paredes, possuía textura em relevos de serpentes, que se mexiam assim que eram tocadas graças à magia na casa. O lustre pendurado no teto era até mesmo da mesma grandeza que os que estavam espalhados pelo andar de baixo da residência. E isso é só uma das coisas muito valiosas que estavam amontoadas naquele aposento.
Então, mesmo que não houvesse espaço o suficiente para abrigar todos os habitantes da Polônia, cada mínima peça que constituia o dormitório do primogênito Mlynarski juntas, daria para comprar todo o território do país da Europa Central.
A razão de tamanha gula sobre tantos pertences de valor exorbitante? Bem, primeiramente: porque ele podia. Se tem dinheiro o suficiente para arcar com todos os gastos feitos na construção do recinto, por qual razão assim não faria? E segundo: pelo simples fato de que com um espaço tão vasto, Kazimierz poderia fazer com frequência o que fazia agora: andar de um lado para o outro sem motivos aparentes, apenas sendo impulsionado por seus diversos pensamentos que surgiam inevitavelmente.
Hoje era 26 de agosto, última sexta-feira de setembro, o que significava o Baile de Confraternização da Elite Bruxa, que este ano, seria feito na Mui antiga e nobre casa dos Blacks. No ano passado, a sede para essa festa tão esperada e comentada diariamente por todos os jornais bruxos, ter sido na casa de Kaz, e foi um sucesso completo. O tema fora Baile de Máscaras, e como em todos os demais dias dessa comemoração, a roupa de Kazimierz terá sido comentada por semanas: fora basicamente, um terno chique claro, anteriormente pertencido à realeza, que tinha particularidades douradas ── não de ouro puro, mas de pó solidificado vindo de ovos de dragões da Escócia ──, carregava em seu pescoço um colar de família, e além dos demais bens super estrambólicos com valores significativos e inestimáveis, sua máscara, tinha formato de um lobo, também colorida de branco e minuciosidades auríferas, com seu cabelo penteado para trás.
Tudo isso em conjunto com sua personalidade misteriosa e jeito galanteador natural, fora o combo perfeito para arrancar suspiros de jovens moças e de certos rapazes.
Bailes como esses, onde apenas pessoas bruxas de alto níveis são convidadas ── obrigatoriamente ricas com os bolsos caindo galões pelos cantos, e sangue-puro ── normalmente significavam nas entrelinhas, encontros marcados dos pais poderosos de primogênitos solteirões, para outros primogênitos solteirões vindos de linhagens importantes. Para pessoas como os Blacks, os Malfoys, e até mesmo os Everhart, é importante continuar sua geração com sujeitos tão bem sucedidos quanto eles. Os Mlynarski, contrariamente, por prezarem mais a lealdade que tudo, não eram ensinados a serem instigados pela ganância ou puritanos, contudo, mesmo assim, nenhum parente de Kaz nunca tentou casar-se com um pobre.
Há muito tempo atrás, porém, uma de sua família se apaixonou por um nascido-trouxa. Brigou com sua família que naquela época ainda prezavam a ideologia sangue-puro, mas acabou se unindo com o sangue-ruim, tendo dois gêmeos que após o nascimento, foram sequestrados, levando à mãe à loucura completa, e o pai, em uma tentativa de trazer os filhos de volta à vida ── por não conhecer muito bem a magia ainda ── fora manipulado por seguidores de Grindelwald, morto e deixado com a cabeça exposta no Caldeirão Furado. Mesmo com o paradeiro dos gêmeos desconhecido, conta Wladyslaw, que é por essa razão que os Mlynarski não são considerados da lista Famílias Sagradas Trinta ── como os Abbott, Gaunt, Fawley, Everhart, e assim por diante.
Kazimierz tinha em sua mão, um copo de vidro preenchido de Whisky, no qual dava goles de vez em quando. Tentou colocar em sua cabeça, que seu desmaio, definitivamente não terá sido causado unicamente pela bebida. O estresse estava mesclado com o álcool, e isso o levou à inconsciência. Dessarte, o plano para continuar usufruindo do álcool em suas veias, era o seguinte: tomar livremente, mas sem pensar sobre os assuntos que o deixavam aflito.
Mas, mesmo tentando não se aprofundar em observações ansiosas, era impossível quando até mesmo o baile desta noite lhe causava arrepios.
Como dito anteriormente, a cerimônia dada com o intuito de reunir casais, nunca tinha afetado Kazimierz, até porque era muito novo apenas para pensar sobre casar-se ── ainda bem, já que sequer queria isso ──, mas infelizmente, com a chegada dos dezessete anos, e por isso, o início da maioridade, tudo mudou, e agora, Kaz estava sendo pressionado à procurar por um partido antes que ficasse velho demais para isso.
“A juventude é um presente, Kazimierz, use isso ao seu favor” terá dito Eulalia, na primeira conversa em que tiveram sobre a esperança de Kaz se apaixonar por alguém, e assim, conjugar-se. “Prefiro usar minha juventude para outras coisas, como beber infinitamente com meu fígado novinho em folha!” responderá, em seguida, recebendo um tabefe de livro dado em sua nuca por Wiktoria.
O pensamento de se apaixonar genuinamente por alguém lhe dava ânsia. Não imaginava a possibilidade de algum dia compartilhar uma única cama com alguém, ou ter que dar satisfações de sua vida para outra pessoa só porque estão em um relacionamento. É algo que se conquista, claro, você se entrega aos poucos, mas Kazimierz não acha nem a ideia de beijar na boca atrativa, quem dirá a de fazer outras coisas à mais?
A solidão era sua companheira desde que se entendia por gente ── a rebeldia e a falta de compromisso eram sinônimos de Kazimierz Mlynarski. Entrar em algo tão sério como casamento, requeria muito de si, num nível qual ele não poderia dar.
Passos são ouvidos atrás da porta de seu dormitório, e em alerta, Kazimierz corre em direção à mesinha encostada na parede que além de variadas garrafas de bebidas, por um motivo específico, tinha uma jarra de leite ── estava tentando passar a imagem de quem não beberia hoje, ao menos até o horário do baile. E Wiktoria estava decididamente à pegar no seu pé para que assim fosse.
Batidas na entrada.
── Entra! ── Kaz berra, depois de encher seu copo com Whisky de leite, dando uma afastada da bancada para não levantar suspeitas.
O gosto do líquido branco misturado com cachaça não é dos seus favoritos, tanto que após degustar com apenas uma gota em sua língua, acabou fazendo uma careta imperdível.
Assim como pensado, quem coloca primeiramente a cabeça para dentro do quarto antes do corpo inteiro, é Wiktoria. Vasculhando todo o ambiente com seus olhos semicerrados e curiosamente, não dizendo sequer uma palavra.
── O que está bebendo? ── Kaz revira os olhos com a pergunta, sua irmã finalmente adentra o cômodo, fechando a porta atrás de si.
── Leite, não tá vendo?
── Da próxima vez pegue sua varinha e lance-me logo uma imperdoável!
── Não toque nisso! ── Kazimierz exclamou, quando sua irmã cogitou na ideia de encostar num crânio humano falso. ── Tá fazendo o que aqui, afinal?
── Te irritando, não tá vendo? ── fez uma voz fina e sarcástica juntamente à uma munganga formada em seu rosto, indicando que aquela seria uma representação de Kazimierz.
── Trabalho concluído, por favor saía e feche a porta ── revidou, grosseiro, dando outro gole no fluído em seu copo, esquecendo do que se tratava. Kazimierz sente vontade de cuspir de volta no recipiente (ou quem sabe na cara de Wiktoria), mas não o faz, apenas bebe silenciosamente da mesma maneira que torturante.
── Por que está tão irritado? ── Wiktoria ainda passa a mão em suas coisas, até que o encara e solta uma gargalhada ── Está nervoso porque provavelmente vai arrumar alguém essa noite!
── Cale a sua boca! ── Kazimierz grunhe.
── Oh, é isso mesmo! ── Wiktoria faz uma dancinha comemorativa: ── Kazimierz e sua primeira namorada, ou namorado! Imagine que narrativa maravilhosa para o Profeta Diário da próxima semana! Estampado na primeira página: “Quem é o novo parceiro de Kazimierz Mlynarski, primogênito dos Mlynarski?” ── ela ri, enquanto formula a frase no ar, igualzinho como Kazimierz terá feito dias atrás. O mais velho sente seu sangue ferver.
── Chega! Isso nem é engraçado, porra! ── grita novamente, já com os nervos em combustão. Wik, por sua vez, apenas levanta as mãos para o alto em forma de redenção. ── Se começar com suas brincadeirinhas sem graça, não lhe ajudo em seu plano contra Sirius e James, dou minha palavra!
── Oh, perdoe-me Sr. Anão Zangado! ── se referia ao filme de Branca de Neve, já que não poderia dizer nada sobre a altura de Kazimierz sendo milhões de vezes mais baixa. ── O.k, para ser sincera, vim aqui para lhe chamar lá para baixo, Lady Cholmondeley acabou de chegar com nossas roupas, e devo dizer: pelo que pude examinar nas brechas, estão impecáveis!
── Bisbilhoteira! ── Kazimierz diz, colocando o copo de leite em cima do baú que fica na frente de sua cama para que possa sair do quarto, esperando que Wiktoria o siga.
── Olha só quem fala!
Kaz sai primeiro que Wik, a garota antes que possa deixar o cômodo, observa o irmão se afastando aos poucos, e corre em direção ao recipiente abandonado que o rapaz deixou. Ela teme experimentar aquilo, que de longe, já mantém um cheiro mais forte de leite que o normal. Por isso, aproxima apenas o nariz, e inspira o odor para quase cair para trás cambaleando: a fragrância de álcool sobe por suas narinas e chegam ao cérebro drasticamente direto, fazendo-a xingar-se automaticamente e jogar múltiplas azarações mentais em Kazimierz, mitomaníaco sujo!
[...]
── Meu Merlin, veja só que coisas mais lindas e espalhafatosas! ── Eulalia disserta, eufórica com seu próprio vestido escuro.
Lady Cholmondeley não é muito conhecida no meio bruxo ── é uma trouxa de tataravós feiticeiros, que foram moradores dedicados da casa dos Texugos, a lufa-lufa ── mas é uma renomada estilista inglesa entre os mundanos. Tem um talento impressionante em planejar trajes bem pensados, e por ter contato com magia mesmo não a possuindo, acaba usufruindo disso para realizar obras talentosíssimas que além de dar muito dinheiro, só aumentam seu patamar de importância no universo da moda. Os Mlynarski são a única família que consomem seu trabalho, por isso, suas roupas costumam ter um toque de uniquidade.
A mulher, por si só, tem características singulares que falam muito bem sobre sua personalidade ── carrega sempre em sua feição, maquiagem em tons claríssimos e de cores vibrantes, o vestiário, do mesmo jeito, em formatos atípicos e matizes de doerem os olhos. Tinha cabelos e íris naturais lindas, mas preferia optar por perucas e lentes oculares porque poderia mudar a hora que quisesse, para a pigmentação que desejasse.
── Kazimierz, levante seu traseiro desse sofá e vá provar seu terno! ── sua mãe exclamou. O moreno estava apenas observando os gritos de felicidades dados ora por Eulalia, ora por Wiktoria. Sentiu falta de outra figura masculina para ficar tão perdido quanto ele, como seu pai, mas logo passou pois buscava não pensar muito sobre Wladyslaw, que só chegaria à noite para se dirigirem à casa dos Blacks juntos.
Mesmo contra sua vontade, ── o que deu para se perceber pelo bufo que soltou pela boca ── Kaz pegou a vestimenta dentro de um plástico transparente com o nome Kazvikier no lado direito e ignorou seu nome estar tão estupidamente errado, já que se tornou usual Cholmondeley escrever e pronunciar Kazimierz de maneira errônea. Não a culpava, claro, para ser sincero, nunca viu alguém que não fosse polonês dizer seu nome corretamente ── por isso, muitas das vezes apelavam para apelidos, levando em consideração que até o sobrenome era complicado.
Kaz estava com muita preguiça para subir degraus, por isso, se direcionou para a sala de estar, onde retirou o terno do plástico e jogou suas próprias roupas para cima da mesa de madeira.
Dessa vez, ao analisar a indumentária ainda fora do corpo, Kazimierz não viu nenhum traço de peculiaridade criativa, como era normal de deduzir nas artes feitas pela estilista. Era um terno de gala como qualquer outro, que já entrava para o tema desse ano, claro, mas que não tinha nada além disso: era completamente escuro, da camisa por baixo até a jaqueta, o tecido era dos bons, pelo que pôde notar, tinha oito botões e dois bolsos no blazer. E como detalhes em prata, vinha algo que parecia com uma estrela no peito esquerdo, e outra na calça, só que no lado contrário, e por baixo do paletó, um objeto que chegava na região da gola abaixada, como o osso da traquéia.
Se não fosse pelas minudências do metal esbranquiçado, seria apenas um terno repetitivo e pouco imaginativo qual muitos homens usariam no baile e se sentiriam donos do mundo. Kazimierz queria destaque, não convencionalismo.
Mesmo com esses pensamentos, Kaz vestiu tudo e sentiu a roupa se ajustando perfeitamente em seu corpo esguio, a calça na medida perfeita para suas pernas longas se apertando como se estivesse sobre feitiçaria ── o que não era impossível considerado o quadro de Cholmondeley ── não tinha um espelho para se ver, mas apostava que estava bonito. Ele era bonito, o induto é apenas um adicional.
Não foi preciso voltar totalmente à sala de estar para ver os vestidos de sua mãe e irmã: ambos eram escuros e longos, mas o de Eulalia era mais bordado, portanto, dava um aspecto de maior; o de Wik, tinha luvas cumpridas como complemento, além do laço da mesma cor amarrado atrás de seu cabelo. O vestido de Eulalia mostrava uma de suas pernas, enquanto o de Wiktoria cobriam ambas ── também, possuía uma espécie de lenço longo sobre um dos braços, que se encontrava com a parte debaixo no final.
── Pai vai odiar esse vestido! ── Kazimierz comenta, batendo palminhas quando chega à sala, se referindo ao fato da coxa de sua mãe estar exposta.
Os olhos de Cholmondeley ganham um novo brilho quando vêem Kazimierz.
── Meu Deus! ── ela exclama, se aproximando do rapaz com as mãos já estendidas. ── Veja só como ficou perfeito! Oh, meu querido Kachposkier, esta parecendo um membro da mais alta realeza! ── Lady continua a falar, escorrendo a mão por seus ombros e braços para sentir o terno. Ou talvez mais que isso. Toque físico vindo de fora não era bem o lance de Kaz, mas teve que suportar porque acreditava que Cholmondeley estava apenas tateando suas articulações para aprovar as próprias medidas feitas.
── Diga a verdade, Kazimierz, estamos ou não estamos deslumbrantes?! ── Eulalia pergunta orgulhosa de si mesma, passando a mão pelo vestido.
── Digamos que estejam radiantes, mas não faz muita diferença já que sou o mais lindo da família, claro ── diz, cínico, arrancando uma risada altamente forçada de Cholmondeley. Os três membros da família a encaram por um certo tempo, confusos.
── Esse garoto é tão engraçado!
── Tão convencido também! ── Wiktoria quem diz, e recebe um mostrar de língua de Kaz, mas revida do mesmo jeito.
Kazimierz limpa a garganta, antes de se pronunciar sobre suas opiniões.
── Lady Cholmondeley, devo dizer que as roupas estão incríveis como sempre, mas, sinto que está faltando algo... ── Kaz começou, tentando encontrar palavras para descrever o que sentia, mas não querendo soar rude mesmo que sua própria lerdeza lhe transtornasse profundamente.
── Shhh... Não diga mais nada! ── a mulher murmurou, levando seu dedo indicador até os lábios de Kazimierz e passando boa parte apenas o esfregando no bico formado do rapaz. ── Bem, vejam só...
Depois de se afastar, Kazimierz olha confuso e levemente assustado para Wiktoria, que segura uma risada e faz um movimento de vai e vem com sua mão deitada próxima a seu pescoço.
── ...Isso é só a primeira vestimenta. Estava com uma ideia nova para looks fabulosos como esses, mas não sabia como a pôr em prática! Logo, pensei: bem, magia resolve tudo. E com ajuda de bruxos amigos estilistas, consegui fazer algo maravilhoso! ── ela diz, entre cada duas palavras dando pulinhos contentes ── inicialmente, achei que seria uma falha, pois não tinha exatamente uma engrenagem que fizesse meu projeto ir pra frente. Entretanto, entrei em uma batalha com minha própria cabeça, modéstia à parte muito proativa, e aí pensei: ── ao mesmo tempo em que pula, ela gira ── rodopios!
Os Mlynarski ficam desordenados com tantas palavras ditas, mas nenhuma explicação dada. Por tanto, ficam em silêncio olhando para a estilista que tem um sorriso de ponta à ponta entre os lábios, mas que morre quando ela tem que dizer:
── Vamos, rodopiem!
Kazimierz provavelmente não deveria ter bebido álcool. Novamente, Wiktoria estava certa. Rodar agora seria pedir para estabanar-se no chão, mas precisava e colocou na cabeça que isso não aconteceria. Nem sentia mais o licor forte em seu tato, portanto, fechou os olhos e volteou seu corpo diversas vezes consecutivas.
De primeira, sentiu-se tonto, sem apoio em canto algum, depois, veio a sensação de mudança sobre seu corpo. Como se, o pano qual fazia a roupa que vestia, estivesse sendo alterado.
Quando abriu os olhos, demorou a se acostumar com a claridade do sol passando pela vidraça das janelas ── entretanto, não era só do astro que vinha tanto brilho, mas também, dos novos vestidos de Eulalia e de Wiktoria, que se entreolhavam maravilhadas.
O corpo de Wiktoria estava coberto por um renovado arranjo coberto de ouro em formato de asas na frente; tudo em si brilhava. O formato de penas vinham até a altura da coxa, onde para baixo, ganhavam o tecido padrão de vestido, não muito longo como o anterior, mas incontestavelmente mais fulgurante. Aquele material contra a luz de um lustre aceso como com certeza haveria de ter na casa dos Blacks, faria estrago nos olhos dos demais.
O de Eulalia tornará-se em sua grande parte, branco, e assim como o de Wik, diminuirá os babados que correm pelo chão, mas para a quebra da coloração, o ocre é a chave perfeita. O ouro tão puro surge inicialmente na cintura, em forma de raízes, que vão, consecutivamente subindo até o peito ── onde fazem um coração (não literal do corpo humano, o comumente conhecido) para contornar os seios ── e as mangas bufantes se estendem por todos ambos os braços. Continua mostrando uma das pernas, todavia.
Eulalia vê a filha e fica levemente emocionada.
── Olhe só para você, tão graciosa! ── ela agarra Wiktoria num abraço antes de lágrimas descerem por seu rosto. Um show familiar que faz com que Cholmondeley soluce. Kazimierz a encara.
── Desculpe, eu tive problemas com minha mãe na adolescência.
Kaz balança a cabeça, e a atenção das duas moças que ainda se agarram emotivas se vira para ele, que dá de ombros.
── Pelo sangue inocente que Salazar derramou, veja só isso! ── agora Eulalia exclama sobre Kazimierz, que baixa o olhar para si mesmo e a única coisa que pôde notar de diferença, é a cor branca.
Entretanto, de sua bolsa pequena, Cholmondeley retira um espelhinho que cabe em sua mão, mas o joga no chão, e ele aumenta de tamanho imediatamente vacilando com as pernas. Como ela pode não ser bruxa e usar mais magia que todos nós juntos? Questiona Kazimierz em sua mente, antes de prestar atenção em seu reflexo no espelho.
Absolutamente tudo ganha uma nova complexidade. O paletó e a calça que viraram cor neve, ganham uma estrutura em relevo de vários desenhos e linhas, como os das paredes de mármores em casas modernas ── mas a gola está em pé, e nela, combina-se uma capa longa em aspecto de penas, como as do vestido de Wiktoria. Nos ombros, a gravura realçada de um lince-euroasiático¹ com certos detalhes em dourado ── não sendo a matiz principal, mas ainda assim, estando em certos locais com delicadeza, embora, presente na bota que finaliza o vestuário.
── Assim que removerem a roupa do corpo, ela volta ao normal ── Cholmondeley continua, enquanto Kazimierz ainda se admira no espelho. ── Esse é o outifit para a hora da dança, portanto, tenham certeza de que irão girar muito! ── concluiu, com um sorriso no rosto. Mas lembra-se de dar um último adendo: ── como Wladyslaw não está presente aqui, o traje dele será um mistério para vocês, mas acreditem, é tão demasiado transbordando fervuoso quanto o de vocês!
── Kazimierz, ── Wik chama sua atenção, e ele resmunga não tirando o olhar de si próprio nem por um instante. ── Vestido dessa maneira, duvido que não saía do baile casado e, provavelmente, com um filho para nascer.
Kaz a fuzila com o olhar trovejante que carrega, enquanto Eulalia solta uma risadinha baixa junto com Cholmondeley, que já arruma suas coisas dentro da bolsa regida por encantos.
[...]
De Cambridge até Londres não se era muito tempo, mas por via das dúvidas, Kazimierz ingeriu um pouco de cachaça para que pudesse relaxar por todo o caminho e nem perceber quando tivesse chegado.
Na carruagem carregada por Testrálios² ── cujo bichos quais ele não podia ver ── Kaz estava sentado de frente para Wladyslaw, que tinha a roupa de entrada formada pela camiseta de baixo branca, o paletó dourado entre manchas pretas, e o blazer acima do mesmo jeito. Seus cabelos loiros estavam formados num topete, mas que certamente iria se desfazer pelo fato de que a cabeça do homem muitas vezes se encostava no teto da carroça.
Kazimierz muitas vezes desde que entrou ali, se viu encarando seu progenitor. Buscando encontrar qualquer resquício de sofrimento interno, que pudessem lhe explicar sobre coisas que tanto o interessava. Não encontrou nada. Por outro lado, agora, Wlady ria enquanto recebia sussurros de Eulalia no seu pé do ouvido.
── Odeio casais. ── Wiktoria disse, apenas para que o irmão pudesse ouvir.
Kaz molhou os lábios com a língua e mirou para as nuvens transparentes que sobrevoavam o céu noturno, com o intuito de se desvincular dessa curiosidade e desconfiança que rodeia ele sobre seu pai.
Deveria compartilhar com Wiktoria, eventualmente ela poderia o ajudar a descobrir se tivesse algo mais profundo por trás disso tudo, mas se não houvesse nada, estaria a colocando no meio de suas paranóias atoa. Era melhor continuar assim, apenas ele embriagado com suas próprias reflexões.
Quando os Testrálios começaram a descer, Kazimierz soube que havia chegado a hora. Ele deu uma última olhada para seus pais, onde sua mãe dava uma arrumada no nó da camiseta que simulava uma espécie de gravata e em Wiktoria, que batia os dedos na própria coxa.
O lado bom de festas como estas era que, Kazimierz encontraria seus melhores amigos ── Caspian e Regulus Black ── e Wiktoria provavelmente encontraria as suas. Ou seja: ambos se divertiriam a beça, mesmo sendo exageradamente introvertidos. Em contrapartida, era ruim demais ter que socializar com outras pessoas fora de seu círculo social. Como em todos os anos, novas famílias se aconchegariam pela residência, e Kazimierz seria levado até elas por seus pais e devidamente apresentado, tendo que forçar uma simpatia por estranhos que com certeza não tinha.
── Ei, Kazimierz, ── Wladyslaw o chamou, e o estômago de Kaz revirou ao encarar seu pai nos olhos. ── Wszystko będzie dobrze. (Tudo vai ficar bem) ── murmurou, em sua língua materna, e Kaz apenas concordou positivamente. Essas palavras em específico junto ao idioma falado, fizeram Kazimierz reconhecer sobre quem estava intrigado. Não era qualquer pessoa, era o velho e bom Wladyslaw. Seu genitor, escudeiro protetor, e à quem Kaz devia a vida caso fosse cobrado.
Oh, ele se culpava tanto por se sentir assim sobre alguém que o ama tanto, que tudo que queria era arrancar seu cérebro e deixar apenas o coração agir ── mesmo que fosse levado pela emoção, e não raciocínio lógico como deveria. Estar consciente ultimamente estava lhe dando uma hiperatividade descomunal.
Assim que seus pés encontraram solo firme, o grande portão de ferro à frente da família se abriu sozinho. Todos se entreolharam, e ao mesmo tempo, confirmaram que estavam prontos acenando um “sim”.
No momento exato em que passaram pela entrada, ouviram o ferrolho trancar-se novamente, por conta própria, outra vez. E quando pensaram em começar a andar em direção às luzes que vinham da casa em uma distância consideravelmente longe, rinchares junto ao barulho de cascos batendo contra o chão foram ouvidos se aproximando.
── Boa noite, família querida! ── fora Caspian quem vira dirigindo a carruagem dos Blacks, o que arrancou um riso contente de Kazimierz, ao saber que quem ele estava esperando, já estava ali. ── Tio Wlady, Eulalia querida, está linda! E olá, Wiktoria, tente melhor da próxima vez!
── Faça seu trabalho em silêncio, cocheiro boçal! ── a garota exclamou rangendo os dentes, subindo na carruagem por trás junto aos pais, Kazimierz doutro modo, se juntou a Caspian na parte dos condutores.
── Kaaazzzyyyy, meu amor! ── Caspian vociferou alegremente enquanto puxava o amigo para um abraço apertado, desajeitado, Kazimierz tentou retribuir, mas seus braços estavam sendo esmagados pelo loiro. ── Mwhua, Mwhua! ── deixou beijinhos pelo rosto de Kaz, que os limpou em seguida murmurando um “Que nojo” irônico. ── Veja só, é isso que recebo como agradecimento após ter vindo até aqui com esses cavalos estúpidos que não me obedecem e arriscando minha vida!
── Pare de chamar os cavalos de estúpidos quando o único tapado aqui é você, Caspian! ── Wiktoria brandou de dentro da carruagem, e a cada palavra dita pela mais nova, o Everhart abria a boca fazendo uma careta esquisita. ── E adiante!
── Kaz, podemos abandonar sua irmã do lado de fora da casa, por favor?!
── Eu ouvi isso! ── Wik ditou, fazendo Caspian revirar os olhos, colocando os animais para correr.
Caminhando do portão até a mansão daria alguns longos minutos, mas de carruagem, mesmo que as não voadoras, acabou sendo ligeiro. Kazimierz fora sentindo a brisa gélida do vento notívago contra sua face, lhe livrando do peso que sentia sobre seus ombros, e isso acabou sendo o suficiente para que soltasse um suspiro e relaxasse abandonando qualquer pensamento assustador ou coisa do tipo.
Passaram por uma fonte de água, e finalmente, estavam de frente aos degraus que levavam até a porta de entrada para a Mui Antiga e Nobre casa dos Blacks.
Todos desceram da carruagem ── incluindo Caspian, quem era o piloto ── e isso fez os Mlynarski encararem o Everhart confusos. Ele, por sua vez, apenas cantarolava enquanto desamassava seu terno de gala.
── Bom, vamos entrando? ── Caspian sugeriu, como se fosse o dono da casa.
── E os cavalos? ── Wladyslaw quem perguntou, e Cas olhou para trás se dando conta.
── Oh, ── Everhart berrou em direção aos animais: ── Xô! Psis, Psis! Xispem, vamos! ── e tais correram enlouquecidos em direção à algum lugar qual não puderam ver. Caspian, entretanto, voltou a sorrir para a família. ── Eles encontrarão algum lugar... Espero... ── e repetiu: ── Enfim, vamos agora?
4454 PALAVRAS
NÃO REVISADO ── SUJEITO A ERROS!
bOM,
tive que dividir esse capítulo em duas partes por motivos de: simplesmente ODIEI minha escrita nele e o quanto ficou arrastada,
além de que infelizmente, fora necessário um nível extremo de descrições, que ao meu ver, acabam cansando o leitor e não os dando força para continuar,
provavelmente o próximo será menor que esse, mas acreditem, terá uma fluidez melhor e darei um jeito para que seja mais gostosinho de ler do que foi esse, sério.
enfim, mesmo estando uma CAQUINHA gigante, espero que tenham curtido (de alguma forma skjfksflwjdoska)
até o próximo capítulo!! :)))))
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro