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𝟎𝟏: ❛SEGREDOS MANTIDOS EM CARTAS❜

CAPÍTULO UM

SEGREDOS MANTIDOS EM CARTAS

PÁGINA 2 ( MÁS NOTÍCIAS )

NO BECO DIAGONAL NESSA

TERÇA-FEIRA, IRMÃOS DA FAMÍLIA

POLONESA MLYNARSKI SÃO

ATACADOS POR CARRINHO VOADOR

ENFEITIÇADO. . .

MATÉRIA POR
LUDOVICO SCHRAVELLO
PARA O PROFETA DIÁRIO

Kazimierz fez um som de desaprovação com a boca quando jogou o jornal pela mesa, parando nas mãos de Eulalia ── sua mãe ── quem leu a segunda página com os olhos curiosos vagando pelas letras. A cada palavra lida, sua expressão mudava. Ora ria das mentiras, ora se mantia séria por causa do mesmo fator que lhe fazia gargalhar. Ela passou a mão direita pelos longos cabelos amadeirados, os jogando sobre seu ombro para frente.

Enquanto a matriarca Mlynarski lia as linhas enganosas e claramente manipuladas do Profeta Diário desta quarta-feira, Kaz bebia Whisky trouxa num copo de vidro da família. O líquido descia rasgando por sua garganta, e chegava quente em seu estômago, mas era uma sensação indescritivelmente boa.

── Quem é Ludovico Schravello e quem lhe deu essas informações ardilosas? ── o rapaz perguntou a si próprio, batendo com a vidraça do recipiente contra a superfície de madeira de carvalho escuro ── Porque tudo que acontece conosco é motivo de aparecer na merda desse jornal charlatão? ── outro gole na bebida ácida.

── Bem, não é você quem diz que ama estar na alta elite do mundo bruxo? ── Wik solta a língua, seus braços ao redor de um prato de porcelana branca preenchido com sopa de legumes, enquanto em seguida leva uma colherada à boca ── Aguente as consequência. ── a garota faz questão de sugar o fluido fazendo um barulho horrível de sucção forçada.

Kaz revirou os olhos.

── Aí é que está, Wiktoria, eu gostaria de aparecer numa matéria que diz: “Veja o rosto mais lindo entre toda a elite bruxa!” ── disse, pronunciando o nome da irmã com destreza. Kaz levantou as mãos e mediu o tamanho da frase, como se ela estivesse sendo escrita no ar. Seu entusiasmo abaixou: ── não em uma onde diz que fui derrubado por um carrinho voador descontrolado e que saí do local com um galo na testa.

── Você saiu com um galo na testa.

── Não foi o carrinho que me deixou com um galo na testa ── cerrou os olhos em direção a jovem, que deu de ombros fingindo inocência ── E veja só, apenas nós dois fomos citados nessa história farsante, onde está o nome dos causadores disso tudo? Sirius Black, James Potter, argh! ── balançou a cabeça, dando outro gole no Whisky, terminando a primeira rodada da manhã. Kaz não demorou dois minutos de copo vazio, logo mais álcool estava preenchendo o recipiente de um segundo para o outro.

── Melhor assim, ── Wlady finalmente disse algo desde que se sentou à mesa junto à família ── vamos deixar os Black e os Potter fora disso, ou a próxima vez em que aparecermos no Profeta Diário será numa matéria que diz que uma guerra bruxa será causada por famílias de elite.

── Odeio essa passividade. ── Kaz comentou, baixinho.

Eulalia soltou um gritinho fino e desesperado.

── Que horror!

── Sim, mãe, eu sei ── Kaz murmurou, balançando o copo em sua mão e vendo o movimento de zig-zag do Whisky.

── Não, não. Estou falando dessas suas olheiras, Kazimierz ── afirmou, incrédula com o que seus olhos viam. Kaz como de costume, virou os olhos por baixo de suas pálpebras; e lá se vai outro gole de álcool guela abaixo. ── Há quanto tempo você não dorme direito?

── Eu durmo direito, mãe.

── Sim, ele dorme, é o álcool, na verdade. ── Wiktoria se intromete, sempre parecendo querer o comprometer. Kaz a fuzila com o olhar. ── São dez da manhã e não dou dez minutos para ele estar se segurando nas paredes da casa. Talvez cinco.

── Não é o álcool.

─ Talvez seja. ── Eulalia supôs juntamente a filha mais nova.

── Não é.

─ É bom ter um equilíbrio com bebida, Kazimierz ── Wladyslaw entra para a equipe “Detone Kazimierz Mlynarski”, e todo esse show de preocupação exagerada faz Kaz soltar um suspiro com as mãos cobrindo o rosto.

── Parem de falar como se eu fosse um alcoólatra viciado, meu Salazar! ── suplicou com a voz arrastada, e levantou-se da cadeira em seguida, a empurrando para trás e sem perceber, acidentalmente batendo num dos elfos domésticos que passava com pratos limpos nas mãos.

── Oh, mil desculpas meu senhor, me perdoe, me perdoe! ── pediu, baixando as orelhas e com a voz esguia e submissa. Kaz sem paciência para nada, só lhe deu um tapinha na cabeça, fazendo o elfo voltar à caminhar pelo casarão.

── Algum dia desses, vou deixar meu guarda-roupa aberto e mandar todos esses bichos mágicos escolherem qual peça de roupa eles querem para dar o pé daqui. ── Kaz comunicou, não soando sarcástico por conta do álcool fazendo efeito em sua corrente sanguínea antes de deixar a cozinha em completo silêncio com os outros três familiares oscilando o olhar um para o outro.

── Alcoólatra viciado. ── Wiktoria declarou, por fim.

[...]

A mansão Mlynarski é uma das mais antigas residências de todo o mundo bruxo ── mesmo antes de pertencer à uma longa geração de poloneses, já se era casa de famílias tomadas por costumes e tradições que fugiam do padrão inglês. Fora de russos, por muito tempo, outrora, tomada por alemães. Cada devida ascendência deixando suas marcas e estilhaços de sua própria existência espalhados em cada canto do domicílio.

Portanto, por sua velha estrutura, é possível analisar a época em que fora construída: com torres altas e ameias que se destacam contra o céu, paredes adornadas com brasões de famílias e escudos de armas, testemunhando a grandeza das nobres linhagens que por ali já residiram.

Os Mlynarski tinham um lema: no idioma polonês, “Zjednoczeni w honorze, wykuci w tradycji”, que significava, “Unidos na honra, forjados pela tradição” ── mostrava o quão importante era guardarem a honra por seus originários, os que vinheram antes, aqueles que impuseram tradições, tendo como alto interpretação: orgulho e lealdade. E mesmo que hoje em dia nem todos fossem apenas poloneses ── como Eulalia, por exemplo, que carregava o sobrenome com dignidade, mas que nascera britânica ── era importante saber do valor em ser intitulado um Mlynarski.

Kazimierz sabe o quão privilegiado ele é. Só de estar contemplando o grande e vasto verde dos bosques por fora dos portões de sua casa, enquanto voa em sua vassoura de último lançamento, ele tem certeza que nunca sentiria o desgosto sobre sua família pairar em sua cabeça.

Seus parentes poderiam ser difíceis de lidar ── e sua avó louca, e seu tio Lech prisioneiro de Azkaban... E bem, também tinha seu avô supremacista... ── mas sua família de sangue lhe dava um orgulho tremendo. Wiktoria, Eulalia e Wladyslaw, não poderiam dar a Kazimierz um conforto maior.

Assim que deu meia-volta e pousou no campo de sua casa novamente, Kaz foi surpreendido por Moria, outra elfa doméstica, com seu vestidinho rosa com babados brancos na gola e nas pontas, que se aproximou devagarinho com as mãos na frente de seu corpo magro. Mesmo que trabalhasse ali desde que Kazimierz se entendesse como ser vivo, ainda sim, mantinha uma pose tímida ── como os demais de sua espécie.

── Senhor, Moria trouxe suas coisas e da senhora Wiktoria, senhor ── ela disse, e Kazimierz sentou-se na grama esverdeada, balançando a cabeça positivamente. Entretanto, a elfa não se mexeu.

── Mais alguma coisa, Moria?

── Senhor, Moria queria saber se o senhor... ── ela baixou o olhar, e entrelaçou os dedos de uma mão nas da outra, gaguejando e se atrapalhando nas palavras ── se... O senhor pode... Poderia... Ajudar Findraen, o elfo amigo de Moria, senhor.

── Quem é Findraen, Moria? ── perguntou, genuinamente. Os olhos da elfa cintilaram brilhantes pela curiosidade de seu dono.

── Findraen, senhor. O elfo que trabalha aqui com os outros de nós, senhor. Ele é um pouco mais velho que nós, senhor ── Moria diz, gesticulando as mãos à medida em que ganha estímulo para continuar falando sobre o problema. A memória de Kazimierz falha ao tentar buscar alguma lembrança de um Findraen: todos os elfos pareciam iguais, e ele sequer perguntava seus nomes, realmente não o interessava.

── E o que Findraen tem, Moria? ── suspirou, tentando buscar no fundo de sua alma algum pingo de empatia e paciência, levando em conta que seu pavio era muito curto, e qualquer extensão de conversa que poderia ser resolvida em um diálogo de duas palavras o incomodava profundamente. Fechou seus olhos, massageando as pálpebras.

── Moria não sabe, senhor. Não sabe, não sabe... Mas ele está doente, senhor. Muito, muito doente ── a repetição de palavras dando ênfase no desespero de seu pedido, e sua voz aguda e estridente trazendo a Kaz o sentimento de que realmente o elfo precisaria de ajuda.

── Você não pode usar sua magia para o ajudar, Moria?

── Oh, senhor, não! Moria não tem permissão para usar magia, não, não senhor! ── ela deu dois passos para trás, o que não fez muita diferença em consideração com o tamanico de suas pernas, mas que dramatizou a situação ainda mais ── Moria não está pedindo por liberdade, senhor, me desculpe. Perdão, senhor. Não foi isso. Moria vai se castigar, senhor!

── Moria, pare com isso! ── Kazimierz exclamou não muito alto para a elfa, que tomou um leve susto. Já sem condições de aturar surtos de quem quer que seja, Kaz levantou o dedo indicador e o pressionou contra o torso do ser à sua frente: ── Veja bem, você tem minha permissão para usar magia apenas para ajudar Findraen, Moria. Caso não resolva, peça ajuda a mamãe, ela saberá o que fazer.

── Oh, senhor. Senhor, muito obrigado, senhor. Moria está muito grata por sua ajuda, de verdade, senhor ── repetiu diversas vezes, seus olhos gigantes brilhando intensamente outra vez, mas agora, de uma forma que parecia não parar mais. ── O que Moria pode fazer para retribuir sua ajuda, senhor? Peça qualquer coisa, qualquer coisa!

Me deixe em paz!” quis dizer, de uma forma que soasse grosseiro. Mas então, olhou para a elfa, e outra vez, deixou um suspiro solto no ar. Sugou oxigênio pelo nariz e o expirou completamente pela boca, ato que lhe fez voltar à calma completa.

── Apenas deixe uma garrafa de tequila pura em cima do balcão da cozinha, Moria ── ordenou, e a elfa balançou a cabeça positivamente tantas vezes, que Kaz temeu que a mesma quebrasse o osso de seu próprio pescoço. ── Agora vá, vamos, ande!

── Sim, senhor! ── e a criaturinha mágica correu desesperadamente, dando curtos pulos de felicidade enquanto levantava um braço de cada vez para o alto como uma dança esquisita e mal-interpretada. Kaz balançou a cabeça para os dois lados, e estalou a língua no céu da boca várias vezes.

Foi apenas Moria abandonar o espaço que um silêncio se instalou. A única coisa que era possível escutar, eram o som das folhas balançando a cada lufada de ar agressiva por dentro dos bosques. O céu estava limpo, e graças ao horário da tarde, o sol estava muito quente. Kazimierz preferia assim: com a estrela radiante, cuspindo seus raios solares e cálidos por todo canto.

Contudo, de repente, Kaz por um segundo, escutou um relincho afastado. Mesmo que seu pai fosse um Domador de Feras, definitivamente não tinham um cavalo ou algo do tipo ── Wladyslaw tinha receio de manter bichos em casa, Wiktoria provavelmente pegaria algum deles e fugiria ── mas mesmo assim, olhou ao redor para se certificar. Nada de nenhum tipo de mamífero vindo da ordem dos ungulados¹.

O ruído se fez presente novamente. Kaz buscou como da última vez, e da mesma maneira: nada. Já estava se sentindo frustrado, quando pela terceira vez que ouviu a zoada animalesca, também foi possível perceber um grito animado chamando por seu nome.

O sol se escondeu atrás de algo por um instante, e foi quando Kazimierz olhou para cima, dando de cara com uma carruagem sendo carregada por dois Abraxanos²: ambos com um par de asas brancas e gigantes batendo ao mesmo tempo, com a pelagem palomino suada refletindo na iluminação solar. A carruagem feita de madeira escura com detalhes em verde que resplandecia do mesmo jeito que dourado, só poderia pertencer à uma família tão extravagante quanto a sua: Os Everhart.

Ao ver a cabeça de Caspian Everhart II para fora do veículo, Kaz deixou um sorriso nascer entre seus lábios, e se pôs de pés instantaneamente. Ainda de lá de cima, Cas acenou com às duas mãos para o amigo.

Os Abraxanos chegaram em terra firme e pousaram a carruagem com cautela, Kazimierz foi correndo em direção ao lugar não muito longe de onde Caspian acabou pousando, ainda com um sorriso estampado em seu rosto.

Num passe de mágica, a porta da carruagem se abriu, e de dentro, saiu um Caspian com uma jaqueta de couro e seus olhos azuis olhando ao redor do local onde estava, como se nunca tivesse pisado os pés na residência dos Mlynarski. Everhart olhou para Kaz, deu duas batidinhas no pescoço de um dos Abraxas lhe dando ordem para voltar para casa, e formou um sorriso amarelo enquanto corria em direção ao melhor amigo e lhe derrubava no chão com um abraço.

── Ahá, Kazimierz! Você achou que tinha se livrado de mim, mas sou eu, o carrinho voador enfeitiçado! ── Caspian exclamou sarcástico, fazendo Kaz gargalhar enquanto recebia cócegas na barriga. ── Estou me vingando por não receber nenhuma carta nas férias!

Kaz conseguiu reunir forças e dar um empurrão em Caspian, que caiu para o outro lado.

── Você também não mandou nenhuma! ── retrucou, com um sorriso maior ainda enquanto olhava para o rosto do amigo ── E dá pra parar de reviver essa história do carrinho? Já me deu muita dor de cabeça hoje.

── Aposto que sim, irmão, aposto que sim... ── Caspian se levantou primeiro, e esticou a mão para puxar Kaz junto à si. ── Essa casa fica mais linda à cada vez que venho aqui.

── O que te trouxe aqui, afinal?

Caspian fingiu ter levado um soco na barriga, colocando a mão no lugar e gemendo falsamente.

── Ouch! Aí, que dor! E eu aqui achando que o pequeno Kazimierz estava feliz em me ver! ── atuou, como se Kaz estivesse realmente o batendo no estômago. O moreno riu.

── Troglodita. Vem, vamos entrar, mamãe vai ficar feliz em te ver! ── Kaz chamou, correndo na frente.

── Claro que vai, mães me amam! E eu amo mães! ── berrou, seguindo o Mlynarski logo atrás.

As portas da grande casa se abriram sozinhas assim que os jovens se aproximaram, e como sempre ── como num ritual ──, Everhart suspirou um “Uau!” assim que colocou os pés para dentro. Como se sua casa não fosse grande do mesmo jeito, e até mesmo mais modernizada.

── Por que está de jaqueta de couro nesse calor?

── Porque eu fico um gato nela? ── respondeu irônico, soando óbvio. ── Na verdade, meu pai escreveu uma carta para o seu pai. Ele iria mandar pela coruja, mas eu quis vir entregar pessoalmente.

── Por quê?

── Bem, porque a gente ainda não tinha se visto nas férias, e também porque meu pai colocou mágica na carta e eu realmente espero que de alguma forma possamos ver o motivo de tanto mistério!

Aquilo causou em Kazimierz uma sensação estranha em suas entranhas. Seu pai por si só já andava estranho o suficiente nesses últimos dias, meio cabisbaixo e parecia entristecido ── foi hipócrita de Eulalia questionar das olheiras de Kaz, quando seu próprio marido tinha embaixo dos olhos algo tão profundo e sombrio quanto o Lago Negro. E infelizmente, mesmo que questionasse a razão de tanta melancolia, Kaz sabia que Wlady nunca falaria sobre o que sentia.

Homens Mlynarski: fiquem calados sobre o que sentem, ou morram engasgados com seus próprios sentimentos. Esse poderia ser outro lema.

Kaz e Caspian passaram por Wik que estava jogada no sofá da sala de estar enquanto lia outro de seus milhões de romances, e Cas a cumprimentou com um “Oi” estranho, e que levemente deixou o Mlynarski enciumado por ambas partes antes de chegar até a cozinha, onde Eulalia conversava com dois dos elfos domésticos.

── Caspian! ── a mulher exclamou, quando o jovem loiro se aproximou e pegou a mão direita da moça para deixar um selar de lábios atrás dela. Kaz revirou os olhos com o ato do amigo. ── Veja só você! Aposto que levou vários puxões de orelhas nessas férias para andar tão cavalheiro!

── Oh, vamos lá, Sra. Sempre fui um cavalheiro e galanteador nato! ── se gabou, estufando o peito para falar.

── E por que está de jaqueta de couro debaixo de um calor desses, Caspian?!

Caspian olhou para Kazimierz, que deu de ombros e levantou as sobrancelhas como se expressasse um: “Pois é”.

[...]

── Não foi assim que aconteceu, cara. O Profeta Diário que é um mentiroso! ── Kazimierz alegou, firmando o maxilar enquanto reclamava ferozmente.

Depois do jantar divertido que a família teve com a participação de Caspian e sua língua piadista ── que resultou em longos minutos de Cas tentando pronunciar algumas palavras polonesas e se engasgando com pão ── agora os dois adolescentes se encontravam encostados nos móveis na sala de estar, com a lareira ligada esquentando o clima agora gélido do cair da noite, transformando a atmosfera em algo aconchegante.

── Ludovico Schravello também não é muito bem o exemplo de pessoa honesta. ── Caspian disse.

── Conhece esse homem?

── Oh, se conheço! Um aborto³, coitado, acho que por isso inventa tanta coisa sobre os bruxos.

Kazimierz deu uma risada.

── Eu iria dizer que acabaria com a vida dele, mas ele já acabou consigo mesmo por conta própria! ── os dois compartilharam uma risada em harmonia, como sempre, rindo dos desastres dos outros.

Cas olhou de relance para uma das janelas e quando viu que o brilho do Sol havia sido tomado pelo da Lua, soltou uma lufada de ar e se levantou.

── Bem, Kaz, foi muito bom te ver ── disse, sorrindo. ── Até sexta-feira, então?

── Até sexta-feira. ── e sorriu de volta um pouco sentido com a ida do amigo.

Quando Caspian estava indo em direção à porta para ir embora, lembrou-se da principal razão pela qual lhe levou até ali, e rapidamente, voltou para Kazimierz.

── A carta, Kaz! ── disse, retirando do bolso de sua jaqueta de couro (que ele não removeu em nenhum momento desde quando chegou) um envelope lacrado com um selo verde e com um “E” no centro. Entregou nas mãos de Kazimierz, quando sorriu outra vez, e se despediu novamente: ── Agora sim, até sexta-feira!

Kaz balançou a cabeça, retribuindo o sorriso, mas sem mostrar os dentes.

Assim que Caspian sumiu de sua vista, Kazimierz inspirou ar, segurou por quatro segundos, e libertou o aperto em seus pulmões pela boca, sentindo até seus ossos relaxarem. Seus dedos tatearam o envelope muitas vezes, ele o balançou entre seus dedos e por curiosidade, removeu o selo para assim, ler a carta.

Entretanto, assim que pegou o papel amarelado, não tinha nada escrito. Sequer uma palavrinha. Apenas uma folha sem nada nela. E foi aí, que Kaz lembrou-se que o pai de Caspian havia posto magia no bilhete, para manter privacidade entre os dois, o que apenas instigou mais ainda o sistema de curiosidade de Kazimierz, que grunhiu frustrado antes de correr escadas acima.

Kaz bateu na porta do escritório de Wlady, e ouviu como resposta um “Entre” arrastado e sonolento.

── É hora de dormir, Kazimierz ── seu pai disse, soltando um bocejo em seguida.

── O senhor parece estar com mais sono que eu, pai ── Kaz se aproximou com o envelope e deixou na mesa do homem mais velho. ── Caspian trouxe isso com ele, é de seu pai para o senhor.

── Ah, sim, estava esperando por isso, obrigado ── assim que Wladyslaw pegou o cartão em suas mãos, Kazimierz percebeu que seu pai acabara por ficar mais tenso.

Ele começou a abrir. Primeiro removeu o selo, depois hesitou um pouco para puxar a carta para fora, removeu apenas a pontinha e...

── Kazimierz, vá dormir.

O moreno resmungou frustrado, batendo a mão contra a mesa de trabalho do pai sem muito alarme, apenas para descontar sua raiva em algo.

── Sim, sim. Boa noite, pai.

── Boa noite.

Kaz fechou a porta do escritório, e assim pôde dar uma batida no chão com seu pé. Não iria dormir agora, nem conseguiria. Seu coração provavelmente estava bombeando mais sangue por seu corpo agora, e o senso de bisbilhoteiro atingiu seu cérebro com muita força para que ele pudesse simplesmente ignorar algo tão grandioso quanto uma correspondência regida por magia.

Maldito seja!

Kazimierz desceu as escadas novamente, cada degrau um xingamento diferente. Logo, saudades de Caspian o fizeram relembrar dos momentos que passou hoje com o melhor amigo, e isso foi motivo para mais um insulto solto ao nada.

O moreno se direcionou até a cozinha, onde não havia resquício algum de nenhum elfo doméstico ── à essas horas, todos já estavam dormindo na masmorra do subsolo, que foi devidamente adaptada como dormitórios para tais ── mas que a luz luar de uma janela refletiu perfeitamente na garrafa de vidro de tequila que haverá pedido à Moria mais cedo.

Kaz sentou-se no chão, pegou a garrafa bruscamente, a destampou num barulho de plum e então deu seu primeiro gole da noite, sentindo o álcool do líquido novamente, descer ardendo por seu esôfago e abrindo caminho no estômago.

Graças a constante degustação de bebidas alcoólicas que destroem seu fígado da forma mais prazerosa possível, Kazimierz foi abençoado por uma tolerância muito grande a isso: por esse motivo, não percebeu o quanto já havia tomado em menos de trinta minutos. Mas foi o suficiente para servir como distração e não lhe deixar cair no sono antes que pudesse invadir a ala de trabalho do seu pai.

Quando estava na porta e a empurrou segurando na maçaneta, Kaz percebeu que ainda tinha uma vela acesa, mas que não duraria por muito tempo se não agisse rápido o suficiente. Ele correu em direção à mesa, procurou entre todos os papéis jogados em cima da escrivaninha, e embaixo de todos os outros papéis foi possível ler um “Caro Wladyslaw...”

Assim que Kaz pegou o papel em seus dedos, a ansiedade já tomou conta de si, e uma sensação de vômito subiu por sua garganta.

“Caro Wladyslaw,

Devo dizer que é uma pena o que

Está acontecendo com você, meu amigo

E quero dizer que...”

A vela apagou. Kazimierz xingou alto demais dessa vez, e até mesmo bateu o pé no chão com força inconscientemente. Não carregar uma varinha consigo essas horas era um desperdício de ser um bruxo.

Apenas as linhas lidas já tinham sido o suficiente para ricochotear várias sensações desagradáveis em seu interior, com a angústia dentro de si, seria impossível seguir a noite ── ou a vida ── sem terminar de ler o resto. Se Wladyslaw soubesse, ele estaria ferrado. Morto talvez. Por um monstro de dois metros de altura. Mas o que poderá fazer se era Wlady quem guardava segredos e ainda os deixavam como se fossem mistérios que necessitavam serem descobertos por Kaz como se ele fosse um grande detetive experiente?

Felizmente, entre os livros nas prateleiras encostadas nas paredes, Kaz conseguiu encontrar uma lamparina a gás, e pediu a Merlin que ainda tivesse ao menos um pouco de energia nos tubos do objeto. Kazimierz a ligou, e logo o quarto escuro ganhou uma fonte de luz novamente.

Agora com uma espécie de lanterna nas mãos, Kaz voltou à atenção a carta, entretanto, quando voltou a ler, ao invés de continuar da forma que estava, as palavras iam desaparecendo gradativamente. Linhas eram emaranhadas e letras trocadas enquanto as palavras sumiam. O desespero voltou a reinar na mente de Kazimierz.

Teria que dormir apenas com aqueles curtos rabiscos martelando em sua cabeça, mas não se daria por vencido. Fosse por efeito da cachaça ou não, além da escrita ter sumido do papel, Kaz se sentiu tonto e mole, além de uma ânsia de vômito surgir repentinamente.

Um provável segredo, a carta, o álcool em grande quantidade em seu sangue, e um estresse exagerado por nada que pudesse ao menos controlar, foram um conjunto de coisas que lhe levaram ao chão pela ── que ele conseguiu contar ── terceira vez só nessa semana. E ainda era quarta-feira.

Definitivamente mais baques ainda estavam por vir.

4000 PALAVRAS
NÃO REVISADO ── SUJEITO A ERROS!

﹙𝐧𝐨𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐚𝐮𝐭𝐨𝐫𝐚﹚

kwhdkwhdksjd eu nem sei o que exatamente falar sobre a loucura que é esse capítulo,

as únicas coisa que sabemos é que:

1. kazimierz é provavelmente um alcoólatra viciado (obg pela conclusão wik)
2. kazimierz é MUITO azarado.

mas além disso, preciso que me digam: o que vocês estão achando do nosso protagonista?

eu GENUINAMENTE acho o kaz meio chatinho no começo, mas eh pq ele tem essa pegada meio mimadinho e pá, sabe? ao decorrer da história ele muda esse jeito insuportável dele de ser, EU JURO!!

primeiras impressões sobre o caspian?

perguntas sobre algo?

enfim, é isso!! muito obrigado e até o próximo capítulo!!

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