6. NÃO BRINQUE COMIGO
Virei-me rapidamente em direção a sua voz, quase tropeçando em meus saltos, uma mão voando para o meu peito, enquanto tentava acalmar as batidas desenfreadas do meu coração.
— Você quer me matar de susto?! — sibilei, observando-o melhor agora, tentando absorver a ideia de que ele estava realmente ali.
Ricardo estava encostado na parede, os braços cruzados sobre o peito e o casaco do terno aberto. Eu quase podia sentir a tensão emanando do seu corpo forte, o rosto duro cinzelado pelas sombras atrás dele. Tentei ganhar tempo para conter a agitação.
— E sobre o que você está falando?
Ele não disse nada por um momento, ficou apenas lá me encarando em silêncio, então, moveu-se lentamente e eu pude notar sua expressão quase ameaçadora, as suas sobrancelhas negras franzidas quando ele me encarou.
Uma pitada de nervosismo instalou-se em mim e eu engoli em seco, mantendo o meu olhar sobre ele enquanto Ricardo se aproximou mais e ficou a poucos passos de mim.
— Você mentiu quando eu te perguntei se estava tudo bem entre nós, sem ressentimentos, sem problemas, e aquela conversa toda. O que está acontecendo de verdade? — ele disparou, a voz áspera, ainda que baixa e controlada.
Respirei fundo, mas pus as mãos nos quadros, recusando-me a demonstrar o nervosismo crescendo nas minhas entranhas, ainda que o ritmo da minha respiração tenha sensivelmente se alterado com a sua proximidade e com a evidente irritação em sua voz.
Não era medo, era algo mais... profundo e obscuro do que isso. Era uma sensação de antecipação e inquietude que zunia pela minha pele, a impressão de que Ricardo, às vezes, me parecia sombrio demais, ameaçador demais, como se aquela aparência relaxada e sorridente fosse uma fachada muito bem construída em torno dele.
Isso deveria me causar medo, não deveria?
Que merda, pois me deixava mais atraída, curiosa e fascinada por ele.
Lembrei da primeira vez em que tive essa impressão, ao vê-lo socando furiosamente o saco de boxe como se quisesse esmagar o que quer que estivesse em seus pensamentos naquele momento, quando me toquei a noite pensando nisso...
— Eu não sei do que você está falando, por favor, me explique — rebati, tentando soar firme, afastando as lembranças perigosas com uma inspiração profunda.
— Eu te perguntei se estava tudo bem entre nós, e aí está você agindo como se fosse exatamente o contrário, lançando comentários impertinentes, me provocando na frente da sua família e me deixando louco. Agora, eu tenho que aturar o seu namoradinho sorridente vindo me fazer perguntas e confidências sobre você. Que porra de joguinho é esse, Iza?
— O quê? — murmurei, chocada. O que Erik teria dito?
Eu podia sentir a fúria mal contida em suas palavras, ainda que ele estivesse praticamente imóvel na minha frente.
— Se isso é um tipo de jogo, estou avisando que é perigoso e não vai dar certo, não comigo — Ricardo grunhiu, abaixando a cabeça na minha direção, sua mandíbula pressionada enquanto ele me fuzilava com o olhar.
— Mas do que você está falando, afinal? O Erik te procurou? Quando? — questionei, espantada, lutando para manter o tom de voz baixo. A alguns metros, um dos funcionários do buffet atravessou as portas do fundo, uma bandeja com copos vazios, mas não olhou na nossa direção.
Ricardo entrecerrou os olhos, como se me analisasse detidamente, sua própria respiração pesada e instável. Ele exalou e olhou de lado, antes de virar-se novamente pra mim com uma expressão fechada e a voz grave. Eu tinha que me concentrar no que ele estava dizendo, e não em como ele ficava gostoso quando estava zangado.
Quem era essa pessoa habitando meu corpo e o que tinha feito com a antiga Iza?
— Agora há pouco, depois que você entrou na casa. Não estou no meu humor para joguinhos de adolescentes, e se você não quiser que eu seja menos que educado com seu namoradinho, como eu fui agora, reforce o recado pra ele ficar fora da porra do meu caminho.
Perplexa, fiquei olhando pra ele, tentando fazer as conexões sobre o que ele estava me dizendo. Erik tinha ido procurar Ricardo por algum motivo, e isso não fazia o menor sentido... O que diabos Erik tinha dito? Minha mente girava com as perguntas, meu coração acelerando.
Ricardo resmungou algo que eu não compreendi, por fim, apertando o nariz, antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa.
— Você não sabia.
— Mas é claro que eu não sabia! Por que eu iria pedir ao Erik que falasse algo sobre mim com você? E o que ele falou, afinal?
— Eu também estou me perguntando sobre isso, acredite em mim. Quanto ao que ele disse tenho certeza de que ele mesmo vai falar com você sobre isso.
— Ricardo, não sei por que razão o Erik te procurou...
— Eu sei. Para foder com a minha paciência, por que mais?
— Eu não sabia, então não me acuse de fazer jogos com você — eu disse, sentindo a minha própria irritação começar a vir à superfície. Por mais próxima que a acusação dele estivesse da verdade, eu não tinha realmente planejado nada daquilo.
O que Erik tinha na cabeça?!
Ricardo inalou o ar bruscamente, então, para minha surpresa, aproximou o rosto até estarmos a centímetros de distância um do outro, pairando sobre mim, completamente em meu espaço pessoal agora. Eu não recuei, mesmo que o meu coração estivesse prestes a sair pela boca e meu corpo estivesse em estado de alerta, reagindo a sua presença tão perto de mim.
— Pois não faça, você poderia se arrepender. Eu não sou um homem com quem as pessoas devem jogar, Iza, muito menos alguém como você — ele disse, duramente, seu olhar parecendo escurecer ainda mais, enquanto deslizava dos meus olhos para os meus lábios.
Respirar normalmente estava ficando muito complicado.
— Mais uma vez, você é quem está supondo que temos algum tipo de problema. Por que eu me importaria em tentar provocar você? — disfarcei, desafiadoramente, ignorando os sinais de que raramente tinha visto Ricardo tão tenso daquele jeito.
A única outra vez em que o vi daquela forma, foi justamente na noite em que invadi seu quarto e o resto, era história... Nós dois sabíamos.
No entanto, eu tinha consciência que o estava provocando naquele segundo mesmo, mas não consegui me impedir de rebater aquela acusação de uma forma que pudesse afetá-lo. Na verdade, eu não podia me impedir de fazê-lo reagir a mim, de alguma maneira.
A proximidade dele estava fazendo loucuras com os meus sentidos, mas eu permaneci encarando-o, imóvel, meu pulso disparando freneticamente enquanto ele olhava de volta pra mim em um silêncio tenso que parecia crepitar como fogo ao nosso redor.
Deus, eu não deixei de sentir nada do que eu sentia por esse homem. A quem eu queria enganar?
Ricardo então me surpreendeu estendendo a mão em um gesto rápido, segurando o meu pescoço por trás de modo firme, e antes que eu pudesse piscar de surpresa, ele estava com o rosto na lateral do meu, os pelos da sua barba roçando a minha bochecha, a minha mandíbula enquanto um som áspero saía da sua garganta. Sua respiração pesada e morna estava batendo no lóbulo da minha orelha.
Eu me arrepiei inteira. Fiquei sem fôlego. Minhas pernas ficaram fracas.
— Não brinque comigo, não faça joguinhos. Você não está preparada para as consequências de me provocar assim, menina.
As palavras tinham a intenção de ser ameaçadoras? Porque soaram como toques ardentes na minha pele, e eu engoli em seco, atordoada por tê-lo tão perto, mas ainda disposta a não correr covardemente. Não mais.
— Você está tentando o quê? Me assustar? Me fazer sair correndo como da primeira vez? — sussurrei, invadida pelo calor do seu corpo e pelo cheiro inebriante que se desprendia dele: algo sutil e muito masculino, que me envolvia — Você se tem em altíssima conta se acha que o centro do meu mundo gira em torno de você, Ricardo.
Eu poderia parabenizar-me por minha voz não tremer tanto. Ele inalou profundamente, e eu senti um frio na barriga e os meus mamilos endurecerem com o som. Ele estava me cheirando ou algo assim?
— Pela minha sanidade, eu espero conseguir te assustar o suficiente — ele disse, ainda me mantendo cativa sob o seu toque, mesmo que seu corpo não estivesse colado ao meu — Eu vou repetir, ouça bem: Não. Brinque. Comigo.
Desejo e raiva borbulharam no meu íntimo e eu tentei virar o rosto para confrontá-lo, mas ele afastou-se, olhando-me de frente, agora. A mão, grande e quente, permaneceu no meu pescoço, tocando os meus cabelos, mantendo-me imóvel. Ele tinha aquele aspecto intimidante, mas arrebatador, que eu pensei ser apenas fruto das minhas especulações. Não era.
Busquei por coragem para responder, mas minha voz tremia visivelmente. Ele estava me tocando, reagindo a mim como eu sempre sonhei que ele fizesse, e eu nunca me senti mais excitada em toda a minha vida. Limpei a garganta:
— E eu também vou repetir: quem parece ter um problema a ser superado é você, não eu.
Algum dia, eu iria ter bom senso e simplesmente não dizer coisas assim pra ele, mas... eu não iria começar hoje.
Ricardo franziu a testa, os olhos entrecerrados e a boca pressionada em uma linha rígida, então, usou a outra mão para segurar firmemente a minha cabeça no lugar e eu senti os meus músculos virarem gelatina. O som do meu coração parecia ensurdecedor nos meus ouvidos, e eu temia que ele pudesse ouvir.
— Preste atenção: lidar com um menino, como o que você tem lá fora, é diferente de lidar com um homem como eu, Izabel. Lembre-se disso quando estiver disposta a me provocar — ele avisou, olhou longamente para os meus lábios entreabertos de surpresa, até que eu pensei que pudesse desmaiar de antecipação, depois voltou aos meus olhos, então virou-se rapidamente e caminhou pra longe.
Eu soltei a respiração que nem percebi que estava prendendo, instável sobre as minhas pernas, trêmula e inebriada de tensão e desejo.
Eu precisava tomar uma atitude urgente. E precisaria começar por Erik.
Minutos antes
Era um teste: de paciência, de controle, de sanidade, de tudo.
Era isso que aquele maldito jantar era, concluí, girando o conteúdo do meu copo e bebendo de um gole só. Aproveitei a passagem de um garçom e depositei o copo vazio em sua bandeja, enquanto observava Teo afastar-se em busca de Malu. Ele perdia a mulher de vista por dois segundos, e já estava ficando louco.
De qualquer forma, era melhor que eu estivesse sozinho. Eu não me consideraria uma boa companhia para nenhum ser humano, hoje.
Meu olhar foi atraído para um ponto dourado do outro lado do jardim, exatamente como das outras dezenas de vezes antes. A conclusão de que, de alguma maneira, Iza estava propositalmente tentando me enlouquecer ainda estava queimando na minha mente, mesmo que, nos últimos minutos, ela nem mesmo estivesse dando a entender que sabia, ou importava-se, que eu ainda estivesse no jantar.
Iza e o namorado estavam agora sentados a alguns metros de distância, tendo por companhia um outro casal. Eles riam, descontraídos, e infelizmente pra mim, a cada vez que isso acontecia a porra da minha atenção era atraída para lá como um maldito peixe para uma isca.
Erik riu e segurou o queixo de Iza, e por um momento eu pensei que ele fosse beijá-la ali mesmo, e senti a minha respiração travar, seguida de uma inundação de raiva que me consumiu inteiro e me deixou paralisado.
Onde estava o caralho da bebida quando se precisava de uma, naquele lugar?
Lutei com a vontade imperiosa de desviar o olhar, mas não consegui, e como um maldito masoquista, fiquei observando enquanto ela abaixava a cabeça, sorria, e então, eles voltaram a conversar. Meu humor tinha acabado de despencar alguns níveis, e ele já estava péssimo antes.
Eu sabia que estava fodido, essa conclusão não foi difícil de chegar, a julgar pela forma que eu reagi ao ver Iza novamente. Todo aquele desejo reprimido e proibido de um ano antes voltou com força total, me consumindo, me desequilibrando, e ela não estava ajudando em nada a cada vez que eu a encontrava.
Reconhecer isso, no entanto, não significava fazer algo sobre.
Se o comportamento de Iza perto de mim fosse não intencional, eu poderia encontrar uma forma melhor de lidar com ela. As ceninhas românticas dos dois na minha frente, por exemplo, poderiam ser um combustível para que eu me concentrasse em mandar aquele desejo insano e perturbador para baixo do tapete. Mas se Iza resolvesse deliberadamente me ensandecer, eu estava literalmente ferrado, porque precisaria lutar com mais afinco para me afastar.
Isso, no entanto, me deixava com uma questão: qual o papel daquele fedelho na vida dela? Ela realmente gostava do cara, estava apaixonada, e apenas queria me torturar com alguns joguinhos de palavras e indiretas para me punir por aquela noite? Ou era apenas o meu ego e esse desejo desgraçado e inconveniente por ela que estava me fazendo ver coisas onde elas não existiam?
Qual o grau de intimidade emocional, e física, que Iza teria com ele?
Essa pergunta estava martelando o meu juízo, fodendo o meu senso de razoabilidade, fazendo os meus punhos cerrarem.
Eu deveria ter dificuldades em imaginá-la nua, dominada, em possuí-la inteiramente como eu queria. Aquele sorriso doce e as convinhas inocentes deveriam impedir o meu tesão desenfreado, mas porra, por que eu simplesmente não conseguia?
Girei o meu corpo na outra direção, para evitar a vontade violenta de ficar seguindo-os com o olhar, então, vi uma merda gigante acontecendo na beira da piscina: a modelo que Marcos já havia transado algumas vezes, ex esposa de um figurão amigo de Otávio, acabou de dar um beijo nele. Puta merda. Algo me dizia que aquela não era a mulher que ele queria beijar naquela noite, a julgar pela forma como ele a afastou, e logo depois olhou em torno, preocupado.
Bom, isso queria dizer que não era só a minha noite que estava oficialmente uma merda, pensei, lamentando por ele.
Como esperado, meus olhos pousaram em Iza quando ela levantou-se da mesa e saiu em direção a parte sul do jardim. Caralho, por que diabos aquela menina tinha que me afetar assim? Foi difícil ignorar quando ela ainda não estava utilizando todo um arsenal de sensualidade, aos dezenove anos, mas agora... Porra, agora era um martírio.
Eu poderia olhar em volta e encontrar algumas mulheres adequadas para mim. Solteiras, casadas, mais novas, mais velhas, isso nunca foi exatamente uma dificuldade pra mim. Ir para cama e ter um sexo intenso, quente e suado com uma mulher não deveria ser complicado. O problema era quando o meu pau já tinha escolhido pulsar por uma que nem mesmo deveria estar no meu radar, quanto mais ser o alvo das minhas fantasias sexuais alucinantes.
Eu realmente precisava seguir o seu conselho e superar.
Desejei uma bebida.
Desejei mais fortemente ainda uma bebida quando vi quem estava vindo na minha direção, calmamente, um sorriso hesitante colado no rosto.
Eu pensei, por um segundo, que ele fosse apenas passar por mim e seguir caminho para, não sei, o inferno? Mas não tive essa sorte, o fedelho parou bem ao meu lado, ainda mantendo uma expressão amistosa.
Um teste. Um maldito e desgraçado teste, realmente.
Aquele cara era a última pessoa que eu queria do meu lado, naquela noite, mas aqui estava ele, no entanto.
— Parece que a festa está apenas começando, não? — ele disse, olhando para frente. Eu permaneci em silêncio, os braços cruzados no peito. Ele esperava uma resposta para aquilo? Provavelmente não, então eu não lhe ofereci uma, de qualquer forma.
Erik olhou de lado pra mim, como se estivesse me analisando, esperando um retorno ao que ele disse, então abaixou a cabeça e deu um outro sorriso.
— Eu estou tentando me situar, Ricardo, desculpe por apenas abordar você assim.
Emiti um som que eu esperava ser entendido como algo civilizado o suficiente para ser uma resposta. Vi que Diego estava saindo pela parte da frente da casa, o celular grudado ao ouvido e parecendo agitado, e me perguntei se haveria algum problema. Trabalho? Diana? Minha curiosidade foi banida, infelizmente, com o som da voz ao meu lado.
— Eu ouvi bastante sobre a família Avellar, e hoje, posso perceber porque Iza é tão apegada a todos vocês.
— Não sou da família.
— Mas entendi que você, assim como seus familiares, tem um sentimento de carinho e proteção muito grande em relação a ela, estou certo? — ele questionou, como se estivesse mesmo muito curioso. Virei o rosto em sua direção e o encarei diretamente, friamente, tentando entender que porra ele queria comigo e o que estava tentando fazer.
Se ele soubesse o humor em que eu estava, e que grande parte disso era por conta da existência dele no universo, estaria correndo pra longe de mim agora mesmo. Bem rápido.
— Pode contar com isso — respondi, sucintamente.
— Quando Iza me contou que tinha irmãos e um pai que poderiam ser um pouco difíceis de lidar, eu imaginei que ela estivesse exagerando, afinal, eles não poderiam ser tão ruins se tinham deixado ela viajar sozinha para outro país — ele continuou, quando o meu silêncio fico firmemente estabelecido.
Apertei os dentes juntos, implorando a qualquer divindade que estivesse por perto que não fizesse aquilo comigo. Aquele cara queria discutir sobre Iza... comigo? De todo mundo naquele jantar, justo comigo, porra?
— Agora que estou aqui e os conheci, conheci a todos vocês, posso ver que ela não exagerou nem um pouco em relação a ser superprotegida — Erik continuou falando, como se estivesse dizendo algo engraçado. Como eu não achei engraçado, não sorri, apenas abri o botão do meu terno e afastei as lapelas, pondo as mãos no bolso para evitar ter que usá-las indevidamente.
— Mas por outro lado, eu estou chegando a algumas conclusões, e acho que ela tem sorte por ser amada assim, por ter pessoas que se importam, que a respeitam — Erik afirmou, lentamente.
— Não, ela não exagerou sobre isso. Na verdade, ela minimizou. Machuque-a, de alguma forma, e eu pessoalmente irei me certificar de que você descubra da pior forma possível o quanto eu posso ser protetor em relação a ela — avisei, entre os dentes, e na mesma hora me arrependi.
Não porque não fosse fazer exatamente o que disse a ele, porque faria, com prazer, estivesse ele onde estivesse, mas porque talvez eu tenha dado uma ênfase maior na minha promessa do que eu queria deixar alguém perceber.
Principalmente ele.
Fechei a cara e não desviei o olhar do dele, que então limpou a garganta e olhou pra longe, incomodado com o peso do meu olhar.
— Eu nunca machucaria a Iza, você tem a minha palavra sobre isso. Desde o início, quando nos conhecemos, quando decidimos ficar juntos... — ele fez uma pausa e eu cerrei minha mandíbula, respirando pausadamente para evitar pensar no que "ficar juntos" significava. Ele continuou, para o meu tormento: — Eu gosto dela. Muito. Impossível não gostar dela, na verdade, então, nunca faria algo para magoá-la deliberadamente, saiba disso.
— Bom — resmunguei, minha paciência chegando rapidamente perto do limite com aquela conversa.
— Acho... acho que ela não precisa ser magoada novamente, você não acha?
Meu corpo inteiro tensionou e eu virei a cabeça lentamente para olhar para ele. Nos encaramos de novo. Provavelmente Erik viu algo no meu olhar, e afastou-se um passo, um pouco de preocupação surgindo no seu rosto.
— De que porra você está falando? — grunhi. Todo o divertimento evaporou do seu rosto quando me ouviu, sua garganta movendo-se quando ele engoliu nervosamente.
— Sinto muito se isso não é algo sobre o qual você queira falar, eu apenas pensei...
— Pensou o quê?
— Estou pensando no bem da Iza e... Droga! — ele fez um gesto de desamparo com a mão, então, começou a afastar-se.
— Quer um conselho? Fique fora do meu caminho — adverti, em um murmúrio, mas ele ouviu, a julgar pela sua cara, antes de virar-se e sair rapidamente.
Ele não foi na direção em que Iza tinha ido, ao contrário, caminhou na direção oposta. Fiquei observando-o, tentando manter a calma enquanto pensava sobre o que diabos tinha acabado de acontecer bem ali. Que raios de conversa tinha sido aquela?
De repente, eu me questionei se o fato daquele rapaz estar falando comigo, foi algo realmente aleatório. O que significava aquilo tudo? Existiam duas formas de descobrir. A primeira era ir atrás dele e exigir que ele me explicasse o que aquele conjunto de frases aparentemente inocentes que trocou comigo significava, mas eu não estava confiando em mim mesmo no momento para estar próximo do namorado de Iza de novo.
Eu estava optando pela segunda forma, decidi, caminhando na direção em que ela foi.
Meninas, mais um capítulo! Lembrando que eu estou em fase de escrita dos outros capítulos, e esses que estão aqui estão sendo reajustados, corrigidos, ok? Beijos!
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