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Capítulo Treze

VISCA BARÇA E SEGUE O LÍDER 🥳 mais uma vitória culers ❤💙

Esse capítulo tá mto fofo 🥰

· · • • • ✤ • • • · ·

As mãos carinhosas de Gavi percorriam meu corpo deixando-o em um estado quase febril. Seus beijos despertavam algo adormecido dentro de mim, algo que jurei não sentir nunca mais por homem nenhum.

Aquilo só podia ser um sonho, não podia ser real. E apesar de ter consciência disso, eu não queria acordar, queria continuar sentindo o calor gostoso que ele me despertava. Seu corpo forte colado ao meu, as mãos ansiosas me tocando e me fazendo suspirar de puro prazer.
— Babi.

Ouvi alguém me chamando como se estivesse longe, mas me recusei a sair daquele estado de sonolência. Queria voltar para o sonho maravilhoso que eu estava tendo.
— Babi.

Novamente me chamaram e a imagem do sonho se desfez, eu resmunguei alguma coisa desejando que o intruso fosse embora e me deixasse continuar dormindo.
— Babi levanta! — o edredom foi puxado interrompendo o meu casulo e mãos me balançaram. — Levanta, deixa de ser preguiçosa.
— O que foi... — resmunguei virando de costas na cama me espreguiçando.
— Babi ou você levanta, ou eu vou jogar um balde de água em você.

Abri os olhos e vi Natália me encarando irritada.
— Que foi que você já tá... assim tão cedo? — perguntei bocejando e virando para o lado querendo dormir de novo.
— Babi hoje você vai fazer os exames pra levar na consulta de sexta, levanta e se arruma.
— Merda. — resmunguei ainda com a cara enfiada no travesseiro. Eu tinha esquecido completamente disso.
— Isso que dá chegar em casa quase de manhã. Você tem quarenta minutos, no máximo. Eu volto aqui em dez minutos, se você ainda não tiver levantado, vou jogar o balde de água.

Ouvi os passos de Natália se afastando e logo depois o silêncio, que foi quebrado pelo seu grito chamando o meu nome em tom de aviso. Soltei um grunhido irritado e levantei, ela me acordou quando tava começando a ficar bom.

Cheguei muito tarde da festa ontem e só consegui dormir depois que Gavi me avisou que eles estavam em casa. Pedri bebeu demais e eu tava preocupada com aquele doido, vou mandar mensagem pra ele depois. Sorte dele que o treino de hoje era somente de recuperação.

Um sorriso surgiu em meus lábios ao me lembrar dos detalhes dessa festa. Nunca imaginei que seria tão bom assim ficar com o marrentinho, ele me surpreendeu muito. Foi carinhoso, fofo e intenso. O fato de ele provavelmente ser inexperiente em alguns quesitos da sua vida não saía da minha cabeça, tanto que cheguei a ter um sonho bem quente com ele antes de Taia me acordar. Isso é culpa dos hormônios doidos da gravidez, só pode.

Desci a escada olhando meu celular e sorri novamente ao ver a mensagem de bom dia que o jogador espanhol tinha deixado.

Pablo Gavi continua me surpreendendo e me deixando como uma boba. Entrei na cozinha ainda com um sorriso nos lábios e vi que Natália me encarava enquanto tomava seu suco.
— Que foi? — perguntei puxando uma cadeira e me sentando à mesa.
— Quem te trouxe pra casa ontem? — ela questionou sentando de frente pra mim.
— Gavi e Ferran, Sira e Pedri beberam demais. — respondi colocando um pouco de suco pra mim e pegando um pedaço de bolo.
— E você veio no carro de quem?

Encarei Natália enquanto comia meu bolo, ela tava xeretando pra descobrir alguma coisa. Estava desconfiada.
— Tá perguntando isso por quê?
— Porque eu quero saber, não posso?
— Gavi me trouxe, satisfeita a curiosidade?

Natália deu risada se aproximando de mim.
— Você acha que me engana cunhadinha, mas não engana. Eu vi a forma como ele tava te olhando ontem antes de eu, Anna e Coral arrastarmos você e Sira pra dançar. Me pergunto o que não terá acontecido depois que eu e Rapha viemos embora.

Natália me encarava e sustentei seu olhar bebendo um gole do suco. Eu que não ia falar nada sobre o Gavi. A gente ficou ontem, foi gostoso, mas não sei como vai ser, então prefiro deixar assim por enquanto.
— Ok, uma hora você vai me contar, ou eu vou descobrir.
— Eu acho que você anda assistindo muita série de suspense e investigação policial cunha, dá uma maneirada hein. Eu vou pegar minha bolsa.

Subi a escada de novo ouvindo a gargalhada dela.

Saímos de casa minutos depois para ir até a clínica onde eu faria os exames, o restante eu faria na hora da consulta com a doutora Rosell. Gavi sempre estava no meu pensamento e eu tinha que me controlar para não sorrir à toa cada vez que me lembrava dele ou de seus beijos maravilhosos, Natália já estava desconfiada.

Eu nunca fui de ficar com meninos mais novos, ele foi o primeiro. Eu sempre achei que não teria paciência para ficar com alguém mais novo por conta de talvez ter que "ensinar" alguma coisa, mas Gavi mudou minha cabeça. O fato de ele estar nervoso ontem por talvez ser inexperiente fez com que eu ficasse ainda mais encantada com o seu jeito fofo e carinhoso querendo me agradar, coisa que eu nunca esperei dele.

E isso me deixa com um enorme problema. Quando eu contar que estou grávida, se ele se afastar, eu tô vendo que não vai ser fácil. Vou seguir o conselho de Pedri e Dani e abrir logo o jogo com ele o quanto antes. Pelo menos se ele quiser se afastar, ainda tá no começo e o sofrimento vai ser menos.

Falando em Dani, eu queria muito conversar com ela, contar tudo que aconteceu. Ela vai surtar com toda certeza.

Fiz todos os exames necessários, alguns eu recebi o resultado na hora, os outros eles enviariam direto para a doutora Cecília e depois ela me entregava. Fiz também o de sexagem fetal para saber o sexo do bebê, eu estava mega ansiosa, mas só receberia o resultado dentro de duas semanas. Natália queria fazer um chá revelação, mas eu cortei a ideia na hora, nunca fui fã desse tipo de coisa.

Fomos liberadas já no horário de almoço e fomos almoçar no shopping onde Taia teria uma sessão de fotos mais tarde.

...

Enquanto Taia escolhia a mesa no restaurante, eu fui ao banheiro. Tive que beber um líquido para fazer um dos exames e toda hora me dava vontade de fazer xixi. A enfermeira me disse que era normal e em poucas horas o efeito passaria.

Quando já estava lavando as mãos, meu celular vibrou no meu bolso e após secá-las eu o peguei, vendo que era uma mensagem de Gavi perguntando se podia me ligar. 

Ele devia estar em seu horário de almoço. Eu poderia dizer que estava ocupada no momento, mas não consegui resistir e confirmei que sim. Em menos de um minuto meu celular tocou e inspirei fundo antes de atender.
— Oi. — falei baixinho me encostando a parede perto da porta.
Oi, tava ocupada?
— Não. Você não deveria estar almoçando?
Já terminei, tá suave. Eu vi que você postou um status que tá no shopping.

Eita! Como assim?!
— Tá me stalkeando Pablo Gavi? — perguntei rindo.
Talvez. — ele respondeu com uma voz divertida. — Eu não menti nem tava zoando quando disse que queria sair com você Babi, te conhecer melhor.

Assim ele não facilita pra mim.
— Gavi...
É tão difícil assim aceitar que eu gostei de ficar com você e não quero parar por aqui?

Talvez até descobrir que eu estou grávida. A voz da minha consciência me alertou. Eu não teria paz enquanto não resolvesse aquele assunto.
— Não, não é. — falei por fim.
Eu sei que provavelmente você já deve tá indo embora de volta para o Brasil por causa da sua faculdade, mas eu não quero parar aqui.

Meu coração se apertou ao ouvir aquilo.
— Não vamos falar disso agora. — consegui dizer mantendo o tom de voz alegre.
— Tem razão, vamos focar no presente. Amanhã o Xavi vai dar folga pra gente, você quer passar o dia comigo?

Foi pega completamente de surpresa por aquele convite.
— Passar o dia com você? — perguntei de volta ainda absorta.
É, só nós dois. A gente pode ficar no apartamento mesmo, Pedri e Ferran já tem planos. Podemos pedir almoço ou ir almoçar em algum lugar, você escolhe. Assistir aquele filme que você falou.

Eu conseguia notar a ansiedade em sua voz e apesar de saber que eu poderia estar me afundando mais naquela história, eu não consegui dizer não.
— Gostei da ideia, que horas eu chego lá?

Não sei como, mas eu conseguia imaginar perfeitamente ele sorrindo em minha mente. As covinhas acentuadas que o deixavam ainda mais lindo.
Você vem mesmo? — ele parecia não acreditar e eu dei risada.
— Ué, você não me chamou?
Chamei, claro que chamei. De manhã eu vou tomar café com a minha irmã, pode ser umas onze horas?
— Perfeito, as onze eu estarei lá.
Quer que eu vá te buscar?
— Não precisa, eu vou de Uber.
Eu vou te buscar, não precisa pegar um Uber.

Rolei os olhos já quase perdendo a paciência.
— Não começa você também, já basta Pedri e o meu irmão com esse excesso de proteção.
Não é excesso de proteção e eu concordo com eles totalmente. Eu vou te buscar e ponto.

Contive a vontade de mandá-lo ir para aquele lugar.
— Gavi eu detesto que tentem me controlar e me digam o que fazer, se você insistir em fazer isso não vai dar certo.
— Desculpa, eu não quero te controlar, eu só não gosto da ideia de você andando sozinha de Uber por Barcelona.

Eu tinha que admitir, era fofa a preocupação dele comigo e resolvi ceder um pouquinho, um meio-termo que fosse bom para nós dois.
— Se fosse a noite eu até aceitaria que você viesse me buscar, mas de dia, realmente não precisa. Façamos assim, eu te mando a localização pra você ir seguindo e te ligo assim que entrar no carro, pode ser?
Claro, pode sim. Eu fico mais tranquilo, mas não esquece de fazer isso.
— Não vou esquecer. Agora eu preciso ir, Taia tá me esperando e daqui a pouco vem atrás de mim.
Tudo bem, eu também preciso desligar. Mais tarde eu te mando mensagem, pode ser?
— Pode sim. Tchau.
Tchau linda.

A ligação foi encerrada e eu fiquei parada segurando meu celular que nem uma idiota. Ele me chamou mesmo de linda?

Voltei pra mesa ainda meio boba e Taia me olhou.
— Pensei que tinha se perdido, já ia atrás de você. Tá tudo bem? — ela perguntou notando meu ar distraído e sorri tentando disfarçar.
— Tá sim, é um amigo da faculdade que me ligou querendo saber como eu tava e me contando uma fofoca babadeira do povo lá. — respondi rindo e me surpreendi com a minha cara de pau em pensar rápido em uma desculpa.
— Eu conheço? — Taia perguntou também rindo.
— Não, não conhece. Já escolheu o prato?

...

Após o almoço, ela foi fazer as fotos eu fui andar pelo shopping. Entrei em uma loja oficial do Barcelona e vi os diversos artigos estampados com as cores e o escudo do clube. Tinham camisas de todos os jogadores e meus olhos foram diretamente na camisa número seis que Gavi usava. Algumas com número trinta ainda estavam disponíveis e em promoção.

Eu tinha camisas do Rapha e do Pedri, talvez eu compre uma do marrentinho, mas não hoje. Optei por comprar somente um cachecol azul e vermelho para as noites frias em que eu fosse assistir o Barça jogar.

Saí da loja levando a sacola de papel também decorada com o escudo do time e coloquei meus fones ouvindo música enquanto andava pelos corredores do shopping. O celular vibrou na minha mão e vi que era Dani mandando mensagem.

Ela mandou uma foto usando a camisa do Barcelona que havia comprado, segundo ela tinha acabado de chegar. Minha amiga optou por colocar o número dez e o seu nome nas costas.

Cliquei no contato de Dani e no primeiro toque ela já atendeu.
Oi amiga. — Dani disse alegre trazendo um sorriso em meu rosto. Eu tava com muitas saudades dela.
— Oi minha Lindinha.
E aí, me conta como foi a festa ontem? Tô curiosa!

Dei risada e Daniella também riu.
Babi do céu! O que foi?
— Amiga eu fiz merda! — falei já rindo.
O que tu fez cara?
— Amiga, eu fiquei com o Gavi.

Daniella soltou um grito quase me deixando surda.
EU SABIA CARALHO!
— Ai meu ouvido sua doida!
Me empolguei! Foi mal! — ela disse ainda rindo. — Eu sabia que ia acabar nisso! Bendita ideia da Sira de inventar essa aposta e fazer você usar a camisa da seleção espanhola.

Rimos que nem duas idiotas.
Mas e aí, foi bom ficar com o marrentinho?
— Amiga não vou mentir pra você. Não foi bom, foi ótimo.
Eita porra! Conta todos os detalhes.

O povo devia tá me achando uma doida, andando pelo shopping conversando e usando fones de ouvido. Decidi parar e sentar em um banco na praça decorativa no segundo andar. Pelo menos eu tava falando em português e ninguém iria entender nada.

Comecei a contar todos os detalhes para a Dani que dava risada e fazia alguns comentários.
Cara ele mandou na lata que queria ficar com você?! — Daniella perguntou surpresa. — Tadinho, devia tá muito nervoso.
— Tava sim. — respondi rindo. — Amiga eu percebi uma coisa.
O que?

Esperei um casal que estava próximo passar.
— Amiga, eu não tenho certeza. — falei abaixando meu tom de voz. — Mas eu acho que ele é virgem, ou então tem pouca experiência no assunto.
Babi você vai tirar o cabaço do menino! — Daniella gritou dando risada e eu teria batido nela se estivéssemos uma ao lado da outra.
— Para de gritar caralho! — falei um pouco mais alto e uma senhora que ia passando me encarou franzindo a testa. — Você tá me fazendo parecer uma doida, o povo tá passando aqui e me olhando.

Ela riu mais ainda e eu não aguentei caindo na gargalhada também.
Desculpa amiga, mas esse papo tá ótimo. Eu vou tentar me controlar, prometo. Você acha que ele é virgem mesmo?
— Eu cheguei a pensar nisso, mas acho que não. Ele só não tem muita experiência, notei isso pela forma de agir sabe?
Não amiga, eu não sei. Esqueceu que eu também nunca fiz nada? — ela lembrou e demos risada de novo.

Dani era virgem por opção, ela queria fazer com alguém que realmente valesse a pena e que a amasse na mesma intensidade que ela também o amasse. Eu também penso assim, minha primeira vez foi com o André quando fiz dezoito anos e achei que ficaríamos juntos pra sempre.
— Eu quero dizer que eu conseguia sentir que ele tava nervoso, tipo ficava me observando pra ver se eu tava gostando sabe? Esse tipo de coisa. As mãos dele tremiam quando tocavam em mim
Ai que fofo amiga, não esperava isso dele.
— Eu também não. Eu gostei de ficar com ele, foi muito bom.
Gavi com aquela carinha de neném! — Dani comentou rindo.
— Neném que é bom de pegada viu. — comentei sorrindo e mordendo meu lábio inferior enquanto relembrava seus beijos. — Ele ficou um pouco tímido no começo, mas depois que rolou o primeiro beijo, se soltou completamente.
Novinho surpreendendo.
— Completamente amiga. Amanhã ele tá de folga e advinha o que ele fez?
O que?! — Dani perguntou curiosa.
— Me chamou pra passar o dia com ele, almoçar, assistir filmes.
Babi você por acaso lembra que dia é amanhã? — ela indagou e tentei me lembrar.
— Dia catorze, eu acho. Por quê?
Não criatura, amanhã tem uma comemoração importante.

Tentei me lembrar e meu olhar focou na decoração de algumas lojas. Nos balões vermelhos e tive um estalo ao perceber.
— Puta merda! — falei alto atraindo a atenção das pessoas próximas.
Percebeu né? — Daniella disse rindo.
— Amanhã é dia de São Valentim!
Isso mesmo, comemorado também o Dia dos Namorados em vários países ao redor do mundo, inclusive aí na Espanha.

Não deixei de me sentir um pouco ansiosa ao me dar conta disso. Gavi havia me chamado para passar o Dia dos Namorados com ele!
Parece que não foi uma simples ficada pra ele hein, te convidando pra sair nessa data importante.
— Para Daniella, não tem nada a ver. Ele até me chamou pra sair, mas eu disse que ia pensar. — levantei do banco nervosa deixando minha sacola cair no chão e peguei rapidamente.
Amiga, para de tentar se enganar. — novamente ela deu risada. — Quanto antes você aceitar, melhor. E quando vai criar coragem e contar a ele sobre a gravidez?

Como se eu já não estivesse nervosa o suficiente!
Amiga você tem que contar logo pra ele.
— Eu sei Dani, eu sei! — percebi que tinha sido rude e soltei um suspiro frustrado passando a mão pelo rosto e esfregando minha testa na tentativa de aliviar aquela tensão. — Desculpa amiga, eu não quis ser grossa com você.
Não precisa se desculpar amiga, eu sei que a situação que você tá passando não é fácil, te entendo completamente. Amigas na alegria e na tristeza, lembra?
— Lembro. — sorri comigo mesma me recordando do nosso trato de amizade.
Você tá gostando do Gavi, e nem adianta negar. Por isso tá preocupada assim com o que ele vai pensar sobre a sua gravidez. Mas infelizmente não tem outra opção.
— Eu sei. — falei baixinho. — Eu só preciso de um pouquinho de tempo pra reunir a coragem necessária.
Eu sei, mas não demora muito tá, é um conselho que eu te dou.

As palavras de Daniella não saíram da minha cabeça.

Natália percebeu que eu estava distraída, tensa com algo e até tentou questionar, mas eu disse que estava com dor de cabeça e queria ficar sozinha, e passei o restante da noite no meu quarto remoendo esse assunto.

Gavi mandou mensagem e ficamos conversando um pouco, mas eu disse que ainda tava com sono por conta de ter chegado tarde da festa e queria dormir cedo. Ele não pareceu duvidar e disse que também estava cansado.

Conversei um pouco com Pedri e ele me deu o mesmo conselho que Dani, para contar logo.

...

Me olhei no espelho gostando do resultado. Sira tinha razão, aquele vestido caía como uma luva em mim. E nada melhor para a ocasião do que um vestido vermelho.

Hoje fazia um raro dia de sol em Barcelona, mas eu sabia que era temporário, a noite o frio voltava e por isso peguei um cardigan branco de tricô bem quentinho. Peguei minha bolsa também e desci. O Uber que eu tinha chamado já estava chegando.

Apesar de ter ficado bastante tensa ontem, eu consegui dormir bem durante a noite. Era efeito também do remédio para enjoo que eu tomava, sono era um dos efeitos colaterais e até que não era ruim, me ajudava a dormir.

Levantei, tomei café com Rapha e Taia e disse a eles que iria almoçar com Pedri. Eu ainda não queria falar nada sobre o Gavi.

Encontrei os dois na cozinha, rindo e brincando um com outro.
— Que cena linda. — falei sorrindo e interrompendo.
— Linda tá você, uau cunhadinha, arrasou.
— Valeu Taia.
— Tá linda mesmo maninha, tudo isso só para ir almoçar com o seu amigo? — Raphael perguntou rindo e mostrei o dedo do meio pra ele.
— Vai te catar. Vou esperar o Uber lá na portaria, já tá chegando. Tchau pra vocês, eu não sei que horas volto. — avisei já saindo pela porta e meu celular vibrou.

Era Gavi mandando mensagem perguntando se eu já tinha saído e respondi que estava indo pegar o Uber.

Cumprimentei o porteiro e vi que o carro indicado pelo aplicativo parou. Entrei cumprimentando o motorista e já enviei minha localização para Gavi.

Enquanto colocava o cinto, meu celular tocou.
— Oi.
Você disse que ia me ligar assim que entrasse no carro. — sorri ao ouvir a voz dele.
— Mas eu acabei de entrar garoto, tava colocando o cinto. — brinquei e ele deu risada.
Eu realmente não gosto da ideia de você andando de Uber sozinha, você costuma fazer isso lá no Brasil?
— Às vezes, geralmente eu pego carona com amigas. Eu tava querendo comprar um carro pra mim, um modelo mais barato.

Percebi que já estava falando demais e encerrei o assunto. Eu pretendia comprar meu carro com o dinheiro que iria receber no ótimo estágio que eu tinha conseguido, mas isso foi antes de descobrir sobre a minha gravidez.
Você já tem carteira de motorista? — Gavi perguntou.
— Já sim, tirei quando fiz dezoito anos. E aí como foi o café da manhã com a Aurora? — perguntei mudando de assunto.
Foi legal, mas eu achei que seria somente nós dois, ela resolveu levar o namorado baba-ovo junto.
— Ai tadinho! — falei rindo. — Não fala assim, ele é tão legal e bonzinho.

Gavi também deu risada.
Ele é gente boa, mas ela faz de gato e sapato. Tenho até pena.
— Você não presta garoto! — evitei falar o nome dele, pois o motorista estava escutando nossa conversa.
Só falei a verdade.

Conversamos mais um pouco e desligamos, pois eu já estava chegando. O trânsito em Barcelona estava tranquilo.

O motorista parou em frente ao condomínio luxuoso e desci. Minha entrada era liberada no prédio e apenas cumprimentei o porteiro indo direto para o elevador privativo que dava na cobertura. Os outros moradores não sabiam que tinham vizinhos tão ilustres morando em cima deles, apenas alguns funcionários sabiam e não podiam falar nada. As vagas dos meninos no estacionamento também eram privativas, o que dava total liberdade pra eles.

O elevador parou e saí de dentro da caixa metálica com o coração aos pulos. Alisei meu vestido e meus cabelos inspirando fundo. Levei um susto quando Gavi apareceu no meu campo de visão lindo como sempre e segurando uma rosa vermelha. Automaticamente minha mente me lembrou do sonho que tive com ele e fiquei parada apenas o olhando.
— Oi linda. — ele disse me entregando a rosa e tive vontade de sentir o cheiro, mas era melhor não, não queria ter uma crise de enjoo na frente dele que certamente ficaria preocupado.
— Oi. — murmurei encantada olhando em seus doces olhos castanhos. — Eu ia te perguntar se você sabia que dia era hoje, mas acho que isso já responde a minha pergunta. — falei indicando a rosa e ele sorriu enlaçando minha cintura com carinho.
— Claro que sei, dia de São Valentim e também Dia dos Namorados. Uma data importante para passar ao lado de quem a gente gosta.

Gavi me beijou com extremo carinho e não o senti tão nervoso quanto no dia da festa. A mão que enlaçava minha cintura me puxou de encontro ao seu corpo e a outra segurou meu pescoço gentilmente me mantendo totalmente rendida a ele.

Terminamos o beijo dando vários selinhos e ele me abraçou beijando meu pescoço.
— Desculpe não ser uma tulipa, sei que são as suas favoritas.
— Tudo bem, eu também gosto de rosas, são as minhas segundas flores favoritas. — falei piscando o olho para ele que sorriu.
— Tava com saudades de você. — Gavi murmurou e sorri gostando de ouvir aquilo.
— Eu também senti sua falta marrentinho.

Não adiantava negar, eu estava gostando demais dele e não queria me afastar.
— Hum, é bom ouvir isso.
— Seu bobo. — ele sorriu fofo, Gavi estava cheiroso demais. — Parece que a gente combinou na roupa. — brinquei, pois ele usava uma camisa vermelha no mesmo tom do meu vestido.
— É o destino. — ele sussurrou antes de me beijar de novo.

Meu coração disparou no peito feito um louco e senti as pernas bambas com ele me segurando daquele jeito. Gavi libertou minha boca e seus beijos foram descendo pelo meu pescoço até chegar à base da minha garganta. Não consegui controlar o gemido que escapou por meus lábios e minhas mãos agarraram seus cabelos.

Seus beijos continuaram descendo em direção ao decote do vestido enquanto suas mãos apertaram meus quadris de encontro a ele, e pude sentir que estava começando a ficar excitado. Por mais que estivesse gostoso, era melhor parar e irmos com calma.

Segurei em seus ombros e o afastei gentilmente, nós dois estávamos ofegantes. A expressão nos olhos de Gavi era muito clara, a fome e o desejo que ele sentia por mim estavam explícitos ali.
— Vamos devagar.

Como se tivesse acordado do transe, ele piscou os olhos algumas vezes. O desejo dando lugar a uma expressão de vergonha e culpa.
— Desculpa Babi, desculpa eu... — ele pediu nervoso e me apressei em acalmá-lo.
— Hei, tá tudo bem. Calma, não precisa ficar assim. Vem, senta aqui.

Sentamos no sofá, onde deixei minhas coisas e peguei sua mão, apertando-a carinhosamente entre as minhas.
— Eu nunca fiz isso. — Gavi confessou baixinho e tomei um susto. Nunca fez o que?!
— Como assim? — perguntei mantendo o tom de voz suave.

Ele me olhou tristonho e sorri passando a mão nos cabelos que caíam em sua testa. Se existia alguém mais fofo que Pablo Gavi eu desconhecia.
— Nunca fiquei com ninguém assim.
— Assim como?
— Eu posso ser sincero com você?
— Sempre.

Gavi pareceu um pouco aliviado e recostei no sofá puxando-o junto comigo.
— Eu não marco encontros pra sair, conversar, eu...

Me toquei do que ele tava falando e sorri de leve ainda o olhando.
— Você sai com garotas pra ir transar?
— Isso. — Gavi assentiu envergonhado e achei aquela atitude muito fofa.
— Não precisa ficar assim, isso é normal na sua idade.
— Sabe Babi, as vezes você fala como se fosse muito mais velha do que eu, e não é.

Dei risada com aquilo e ele acabou rindo também.
— Eu realmente te peço desculpas e quero deixar claro que não te chamei aqui pra transar. É que a gente começou a se beijar e...
— Gavi, tá tudo bem, relaxa.
— Eu só não quero que você fique com uma impressão errada a meu respeito.

Como eu já tinha dito, maduro para a sua idade e pensamentos bem diferentes.
— Não se preocupe, não estou. Eu só me afastei porque vi que nós dois estávamos indo muito rápido. Vamos deixar as coisas acontecerem com calma, sem pressão, que tal?

Ele sorriu levando minha mão até seus lábios e beijando.
— Eu acho ótimo. Eu nunca fiz isso com ninguém, ter um encontro, fazer coisas juntos.
— Gavi você nunca namorou? — perguntei surpresa e ele balançou a cabeça em negação ainda um pouco envergonhado. — Nem ficou sério com ninguém?
— Não.
— Por que não queria ou não teve oportunidades? — indaguei realmente curiosa para saber mais sobre ele.
— Acho que foi por escolha mesmo. Eu comecei no futebol desde criança e foquei minha atenção completamente nisso, não tinha espaço para relacionamentos.
— Entendi. Não sente falta de não ter vivido mais essa época? Tipo ficar com meninas, sair com amigos.
— Eu saía com meus amigos, mas dificilmente ficava com alguém, eu sempre fui tímido e isso não ajudava muito. Comecei a me soltar depois que entrei no Barcelona e conheci aqueles malucos. — ele concluiu rindo e dei risada também.
— E o fato de ter garotas do mundo inteiro querendo ficar com você não conta? — provoquei e ele me encarou. — Até a futura rainha da Espanha.

Gavi soltou um gemido frustrado e deixou a cabeça pender pra trás até encostar no sofá.
— Você tá sabendo disso?
— Difícil não saber né.
— Eu nunca tive nada com aquela garota, nem conheço ela pessoalmente. Quase me deixaram louco com esse assunto na época da copa, tudo por causa de um autógrafo que o rei me pediu. Nem sei pra quem era, se pra ela ou pra irmã mais nova.

Pedri havia me dito a mesma coisa no dia que toquei no assunto com ele. Eu não tava desconfiando do marrentinho, só toquei no assunto para provocá-lo.
— Hei, você acredita em mim, não é?
— Eu deveria acreditar? — perguntei de volta e ele fez uma carinha triste.
— Porra Babi, eu aqui sendo sincero.

Dei risada e ele riu também. A verdade é que eu tava querendo descontrair o clima, porque quando ele me olhava daquele jeito, eu perdia até a postura.
— Eu acredito em você, relaxa. Então, a gente vai sair pra comer ou vamos pedir pra entregar?
— O que você quiser, por mim tá de boa.
— Pra mim tanto faz. O que você quer fazer?
— Pra ser sincero eu queria ficar aqui mesmo. Podemos comer assistindo alguma coisa e ter privacidade também, porque aonde eu vou, sempre tem uma câmera apontando pra mim. E acredite, isso é um saco.

Realmente a ideia de ser vista com ele em público e tendo minha vida revirada do avesso pela imprensa mundial, não me agradava. Não nesse momento.
— Então vamos ficar aqui mesmo e pedir pra entregar. — falei pegando meu celular. ­— O que vamos pedir?

Coloquei no aplicativo de entrega de comida analisando as opções. Gavi encostou a cabeça em meu ombro e passei o braço por trás dele que deitou em meu peito e abraçou minha cintura.
— Eu como de tudo, só não sou muito fã de comida japonesa.
— Eu também não sou chegada.
— Mais uma coisa em comum. — ele disse virando a cabeça para me olhar e beijou meus lábios, voltando à posição de antes em seguida.

Sorri comigo mesma ainda encarando a tela do celular.
— Que tal comida mexicana?
— Eu gosto, quais as opções?
— Podemos pedir Chilli com carne e Enchiladas, já provei os dois e são uma delícia.
Chilli eu já provei e gostei também, mas esse outro não conheço, mas você disse que é bom, pode pedir.
— Ótimo. Pra sobremesa podemos pedir churros.
— Ótima ideia, eu amo churros.
— Eu também. De acompanhamento vou pedir creme de avelãs.
— Beleza. E pra beber?
— Sucos, eu quero de laranja.
— Pede pra mim também. — ele pediu e incluí uma garrafa de suco de laranja natural sem açúcar.

Fechei o pedido e demoraria de meia hora a quarenta minutos para ser entregue.
— Pronto, agora é só esperar.

Deixei o celular em cima do sofá e abracei ele de volta, minhas mãos acariciando seus cabelos macios e cheirosos.
— É tão bom ficar assim com você. — Gavi sussurrou e não vou mentir dizendo que não gostei de ouvir aquilo.
— Posso te fazer uma pergunta? — perguntei baixinho.
— Quantas você quiser.
— Por que você é tão nervosinho em campo?

Ele deu risada, o som saindo abafado de encontro ao meu peito e acabei rindo também.
— Sei lá cara, as vezes quando eu percebo já fiz a merda. Igual naquele dia que gritei com você.
— Precisa aprender a trabalhar isso aí, controlar seus impulsos.
— Eu sei. Geralmente eu não sou assim, mas é só pisar em campo que meu sangue ferve.
— Você é o que meus amigos chamam de fominha por bola. — falei em português dando risada e ele levantou me olhando.
— O que?
— Tipo, alguém que briga pela bola, não quer perder de jeito nenhum. — expliquei em catalão e ele concordou rindo.
— Isso é verdade.
— Outra coisa que eu notei. Na grande maioria das vezes que você é filmado pelas câmeras, sejam das emissoras de TV ou celulares dos fãs, por que você tá de cara feia? Ou parecendo que tá tipo julgando alguém mentalmente. — indaguei rindo e ele fez uma careta divertida.
— Eu ainda não me acostumei com tudo isso, e sendo sincero, na maioria daquelas vezes eu tava com medo ou nervoso. E não consigo disfarçar.

Não aguentei caindo na gargalhada e ele me olhou tentando não rir também, mas falhando.
— O que foi?
— É muito engraçado a sua cara, eu assisti vídeos seus no TikTok e parece que você vai sair correndo a qualquer momento. — expliquei ainda dando risada e Gavi me olhou balançando a cabeça em negação.
— Você tá cheia de gracinha, vem, vamo pegar pratos e talheres pra gente usar.

Gavi levantou e estendeu as mãos pra mim, eu aceitei e ele me puxou abraçando minha cintura e me dando mais um beijo.

Decidimos comer na sala mesmo e arrumamos a mesinha de centro para perto do sofá, eu cobri com uma toalha para não sujar de comida.

Gavi estava doido para ver o filme que eu tinha citado pra ele na festa, Velocidade Máxima e já deixei pronto para dar play.
— Você tem falado com o Ansu esses dias? — perguntei me lembrando de algo que eu já queria ter comentado com ele.
— A gente se vê nos treinos, por quê? — Gavi respondeu me olhando e sentei no sofá de novo.
— Ele tá estranho.
— Estranho como? — ele questionou sentando ao meu lado.
— Eu mandei mensagem perguntando por que ele não foi pra festa do Sergi Roberto, se tava tudo bem e ele mal me respondeu. Ele nunca agiu assim, fiquei achando que o problema poderia ter sido comigo.
— O problema não é com você. — Gavi disse desviando o olhar para os próprios pés. — Sou eu.
— Como assim? — perguntei sem entender.
— Mesmo correndo o risco de você ficar chateada comigo, eu prefiro falar sempre a verdade.

Encarei Gavi em silêncio. Nesse momento eu não estava tão preocupada com o que havia acontecido entre ele e Ansu Fati, mas o que ele havia dito sobre preferir sempre falar a verdade pesou na minha consciência.
— Ansu me disse na festa da Sira que tava a fim de você e pretendia tentar se aproximar.

Encarei o garoto na minha frente sem esboçar reação. Eu já tinha percebido os olhares de Ansu pra mim, mas não imaginei que ele tava querendo se aproximar.
— Ele me perguntou inclusive se eu sabia o que rolava entre você e Pedri, se era sério.
— E o que aconteceu entre vocês dois?
— Ele percebeu o clima entre a gente quando estávamos em Tenerife, veio me perguntar e não neguei.

Eu estava chocada! Não fazia ideia de que isso tinha acontecido quando estávamos nas Ilhas Canárias.
— Ele ficou chateado com você. — não foi uma pergunta, mas Gavi assentiu mesmo assim.
— Sim. Eu acho que na cabeça dele, ele pensa que eu furei o olho dele.
— E foi isso que aconteceu? — perguntei tentando entender melhor tudo aquilo.

Gavi me encarou abraçando meus ombros e me puxando para perto dele.
— Não, eu nunca faria isso com um amigo. Antes de ele vir falar comigo na festa, eu já queria me aproximar de você, só não entendia direito ainda o que era.

Foi impossível não sorrir ao ouvi-lo confessando aquilo.
— E quando foi que você se deu conta?
— Quando a gente discutiu no clube e caímos os dois na piscina. — Gavi confessou e a gente deu risada. — Eu quis muito te beijar naquele momento, principalmente quando você me encarou olho no olho.
— Eu teria socado a sua cara se você tivesse feito isso.
— Eu não duvido. — ele disse antes de me beijar. — E você, quando se deu conta de que eu também mexia com você?

Encarei seus lindos olhos castanhos e fiz uma carícia em seus cabelos, isso estava virando um vício pra mim.
— Acho que ao mesmo tempo que você.

O carinho que estava em seu olhar ao me encarar fez meu coração disparar de uma forma intensa e senti como se um milhão de borboletas povoassem meu estômago. Uma sensação nova se apossou de mim, como uma chama acesa que queimaria sempre que eu estivesse perto dele. Infelizmente o que eu mais temia estava acontecendo, eu estava me apaixonando por ele e não conseguiria mais voltar atrás nesse sentimento.

Sorri de leve querendo disfarçar o pesar que me tomou e ele também sorriu.
— Acho que você ter chegado na minha casa trazendo um buquê de tulipas vermelhas, as minhas flores favoritas, me deixou bastante surpresa e amoleceu um pouco meu coração.
— Essa era a intenção. — ele sussurrou olhando para a minha boca e se aproximando para me beijar de novo, mas uma notificação em meu celular chamou nossa atenção.

Era o aplicativo avisando que nossa comida estava chegando e agradeci quando ele se afastou um pouco de mim, eu precisava pensar com clareza.

Ainda estava tão aérea que não protestei quando ele me entregou o seu cartão para pagar a conta.

Entrei no elevador inspirando fundo e encostei minha testa na superfície de metal fria e lisa. Eu precisava colocar a cabeça no lugar.

Foi exatamente por isso que eu queria evitar me aproximar de Pablo Gavi, porque eu sabia o quanto ele mexia comigo e o quão fácil seria eu me apaixonar. Ele não é nada do que a imprensa maldosa diz. É um garoto maravilhoso, com um coração puro e gentil, doce e carinhoso. E eu sei que eu tô muito ferrada.

Recebi nosso pedido na portaria e paguei, voltando em seguida para o elevador. O cheiro estava uma delícia.

Gavi veio me receber quando saí do elevador pegando as sacolas.
— Nossa o cheiro tá muito bom.
— Tá sim. — concordei olhando pra ele que ia tirando as porções de comida da sacola.

Eu quero esquecer o resto do mundo hoje, vou apenas aproveitar sua companhia maravilhosa e deixar para me preocupar depois.

Já tinha se passado meia hora do filme e Gavi estava concentrado na história, vidrado mesmo. Estava na parte em que Jack tentava a todo custo entrar no ônibus que estava com a bomba.
— Ele consegue entrar? — ele perguntou me olhando e dei de ombros sorrindo.
— Quer mesmo saber?

Gavi não era muito fã de spoilers, assim como eu.
— Só isso, só me fala se ele entra.
— Ele consegue sim, mas não vou falar como, assisti.

Ele deu risada e voltou a encarar a tela da TV.
— Puta que pariu! — Gavi soltou quando o motorista ultrapassou a velocidade de cinquenta por hora e ativou a bomba.

Eu já tinha assistido várias vezes, mas era tão fã que ainda sentia a mesma emoção de quando vi pela primeira vez. As cenas de ação ainda conseguiam me impactar.
— Ai caralho! — ele murmurou tenso quando o motorista conseguiu ler o papelzinho que estava escrito que tinha uma bomba no ônibus e começou a diminuir a velocidade. — Faz isso não cara!

Eu era exatamente igual a ele quando estava assistindo alguma coisa que me empolgava muito. Falava alto e agia como se estivesse conversando com os personagens e eles fossem me escutar.

Gavi estava tão entretido que esqueceu até da comida.

...

O filme terminou e Gavi ficou parado olhando para a tela enquanto Annie e Jack se beijavam e os créditos finais subiam.
— Cara, como eu nunca soube desse filme antes! — ele disse virando o rosto para me encarar e dei risada.
— Sei como é a sensação, pensei o mesmo quando assisti alguns filmes e séries antigos.
— Esse filme é sensacional! Tem continuação?
— Tem sim. — ele arregalou os olhos muito empolgado e ergui o dedo indicador dando risada. — Mas eu já adianto que não tem a mesma qualidade do primeiro.
— Por quê?
— O ator não é o mesmo.
— Não é o Keanu Reeves que faz o filme dois? — Gavi perguntou surpreso apontando o polegar em direção a TV.
— Não, é outro ator, eu nem lembro o nome. E dessa vez eles estão em um navio no meio do oceano, fazendo um cruzeiro.
— Nem vou assistir pra não estragar a experiência maravilhosa do primeiro filme.
— Não tá perdendo nada. Uma das melhores coisas desse filme é a química entre o Keanu Reeves e a Sandra Bullock.
— Concordo plenamente. Será que eles tiveram alguma coisa na época do filme? — Gavi perguntou e dei risada.
— Olha, eles dizem que não. Inclusive em uma entrevista que os dois tiveram naquele programa antigo da Ellen DeGeneres, em datas diferentes é claro, um assumiu que era a fim do outro na época do filme e achava que o outro não gostava, uma confusão.
— Sério?
— Sério. Eu tenho o vídeo salvo, espera aí.

Peguei meu celular e fui no instagram, na aba de vídeos salvos. Achei o vídeo em questão e entreguei o celular a Gavi.

No vídeo, o Keanu estava no programa com a Ellen e assistia a entrevista da Sandra que foi primeiro que a dele. Sandra dizia ter certeza de que havia algo nela que Keanu não gostava, então voltava para entrevista de Keanu que negava ter conhecimento que ela tinha uma quedinha por ele e revelava que ela obviamente não sabia que ele também era a fim dela deixando a plateia completamente surpresa. Era nítido o quanto ele estava nervoso na entrevista.
— Eles não tiveram coragem de se declarar um ao outro. — Gavi disse me devolvendo o celular.
— Não. — afirmei dando uma mordida em mais um churro.
— Eu acho que eu ficaria do mesmo jeito se não tivesse tentado com você.
— Sério? — perguntei surpresa olhando pra ele.
— Sério. — Gavi disse se aproximando e colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha em um gesto meigo. — Sempre ficaria aquela sensação de como teria sido, e eu não me arrependo nenhum pouco de ter insistido.

Sorri como uma boba e trocamos um beijo lento, romântico e muito intenso. Já percebi nesse pouco tempo em que estamos próximos que Gavi é fã de beijos assim.

...

Arrumamos a bagunça, jogando as embalagens vazias no lixo e lavando o que a gente tinha sujado.
— Quer fazer o que agora? — Gavi perguntou terminando de guardar tudo e eu sequei minhas mãos com o pano.
— Não sei, o que você quer fazer?
— Acho que vou te dar seu presente.

Encarei ele completamente surpresa que tinha um sorrisinho sem vergonha no rosto.
— Como assim presente Pablo Gavi?

Ele estendeu a mão pra mim em um convite silencioso.
— Que presente é esse? — perguntei indo até ele e aceitando o toque da sua mão na minha.

Gavi sorriu beijando minha mão e em seguida me girou me colocando ao seu lado e abraçando minha cintura.
— Se eu contasse o que é, deixaria de ser surpresa.

Saímos abraçados da cozinha e ele me conduziu pelas escadas. Gavi parou em frente a uma das três portas fechadas e percebi que era a do seu quarto. Encarei ele arqueando uma sobrancelha e o garoto rolou os olhos rindo.
— Relaxa Babi, eu não vou te agarrar. — disse antes de abrir a porta e entrar.

Dei risada também e entrei atras dele. Contrariando totalmente as minhas expectativas, o quarto dele até que era bem arrumado. Cama feita, cada coisa no lugar, tudo organizado. Gavi foi até o guarda-roupa enorme que tomava uma parede inteira e abriu pegando uma sacola vermelha.
— Feliz Dia de São Valentim. — disse me entregando e beijando meus lábios.
— Não é justo, eu não comprei nada pra você.
— Nada a ver, só o fato de você ter vindo já é o meu presente.
— Seu bobo. — sorri beijando seus lábios. — Obrigada.
— Eu espero que você goste.

Sentamos na cama e desamarrei o laço dourado. Abri a sacola e peguei três pacotes reconhecendo as camisas do Barcelona.
— Eu não quero que você pense que eu tô forçando alguma coisa.
— Por que eu pensaria isso? — perguntei rasgando um dos sacos de plástico e pegando a camisa azul e vermelha.

Era o uniforme titular do time, atrás tinha o nome e o número de Gavi, o seis. Olhei para Gavi esperando-o responder minha pergunta.
— Continua abrindo. — ele disse apontando para o outro saco que tinha uma camisa igual.

Realmente era igual a primeira, a diferença era o número atrás, ao invés do seis que ele usava agora, estava o trinta. O terceiro e último pacote tinha a camisa dourada que na minha opinião era a mais bonita. Atrás dessa também estava o número seis.
— Eu amei todas, mas por que essa tem o número trinta? Você não trocou?
— Quinta-feira eu vou jogar pela Liga Europa que é uma competição continental e eles não aceitam mudanças nas numerações de jogadores assim no meio da temporada. Meu registro com o número seis só vai valer pra eles na próxima temporada.
— Nossa, não sabia.

Percebi que Gavi estava um pouco nervoso e olhei pra ele.
— O que foi?
— Eu queria te pedir uma coisa.
— O que?
— Queria que você usasse a minha camisa nos jogos que for. — ele disse meio inseguro e achei muito fofo.
— Tudo bem, eu uso sim.
— Sério? — Gavi perguntou sorrindo e chegando perto de mim.

Assenti sorrindo e beijando seus lábios.
— Você é linda, sabia? — Gavi sussurrou de encontro a minha boca. — Linda demais.

Trocamos mais alguns beijos intensos e resolvemos voltar pra sala. Deixei a sacola com as camisas junto com a minha bolsa.
— A gente podia começar a assistir uma série juntos, que tal? — Gavi sugeriu e eu gostei da ideia.
— Acho legal, podemos sim. — respondi sentando no sofá e tirando minhas sandálias rasteiras. — Me mostra aí o que tem na sua lista.

Depois de muito debater e ele passar por três aplicativos diferentes, optamos por Red Rose da Netflix, uma série de suspense e terror. Segundo a indicação do aplicativo.

Encolhi as pernas em cima do sofá e Gavi veio sentar ao meu lado dando play no primeiro episódio.

...

Gavi insistiu tanto que conseguiu me convencer a deixá-lo me trazer em casa. Eu pegaria um Uber de boa, mas Pedri e Ferran se juntaram a ele dizendo que era uma péssima ideia pegar um carro com alguém desconhecido a essa hora da noite. Confesso que nesse momento eu pensei no meu bebê e resolvi aceitar.
— Eu amei passar o dia com você. — falei quando ele parou em frente a portaria do condomínio.
— Eu também gostei demais. — Gavi entrelaçou nossos dedos e beijou minha mão. — Quero fazer isso mais vezes.
— É só marcar. Obrigada pelo presente, eu gostei de todas e prometo usar.
— Eu vou cobrar viu. — ele disse rindo e me fazendo rir também. — Sua companhia é maravilhosa linda.

Me aproximei provando novamente da tentação que era o seu beijo e ele colocou a mão em minha cintura apertando com carinho.
— Eu preciso... ir... — falei entre os beijos e ele me abraçou.
— Queria que você não fosse. — ele sussurrou baixinho e me afastei para encará-lo.
— Gavi, Gavi.

Ele sorriu me olhando daquele jeito intenso que fazia meu coração disparar. Beijei seus lábios mais uma vez.
— Tchau Gavi.
— Tchau linda.

Eu gostava da forma como ele me chamava de linda, do tom doce e meigo da sua voz.

Desci do carro e antes de passar pela portaria, virei para trás e acenei para ele que acenou de volta. Entrei no condomínio cumprimentando o seu Iván e ouvi o carro se afastando.

Entrei em casa evitando fazer muito barulho e quase suspirei de alívio ao ver as luzes apagadas e fui em direção a escada. Mas levei o maior susto quando as luzes acenderam e me virei vendo meu irmão sentado no sofá me encarando sério.
— Que susto Raphael! Você quer me matar do coração?! — exclamei levando a mão ao meu peito tentando me acalmar.
— Tava esperando você chegar. — ele disse calmamente levantando e se aproximando.

A impressão que eu tinha era de que ele queria me intimidar, como um predador cercando uma presa.
— E precisava me dar um susto desses? Não podia esperar com as luzes acesas como uma pessoa normal? — falei indignada jogando minhas coisas no sofá e fui até a cozinha beber um pouco de água.
— Onde você tava Babi? — ele perguntou atrás de mim e tentei não demonstrar nervosismo.
— Você sabe onde eu tava, por que tá perguntando?
— Você não tava com o Pedri. Eu vi os status que ele postou, foi passar o dia com a família. Pensei em te ligar, mas deixei você se divertir, aproveitar e te pegar de surpresa quando chegasse em casa. Onde e com quem você tava?

Percebi que não ia adiantar nada eu tentar mentir, era melhor falar logo a verdade.
— Você já sabe onde e com quem eu estava. — rebati sem deixar de encará-lo e Raphael sorriu, mas eu percebi que era só fachada aquele sorriso.
— Você tava com o Gavi, não é?
— Tava com ele sim.
— Eu tava desconfiando. Essa proximidade toda, as fotos na viagem. O que tá rolando entre vocês?
— A gente ficou na festa do Sergi Roberto e passamos o dia juntos hoje.

Eu tava de saco cheio de ficar mentindo, não queria mais fazer isso.
— Ele sabe que você tá gravida?
— Não, eu ainda não contei.
— Maninha você sabe que eu só quero o seu bem, mas o que acha que vai acontecer quando ele souber que você tá grávida de um infeliz que te traiu e te abandonou?

Toda a alegria que eu estava sentindo por ter passado um dia perfeito ao lado de Gavi evaporou e senti o medo tomando conta de mim novamente.
— Ele só tem dezoito anos Babi, tá começando a vida agora. Não cria expectativas em cima dele.

Antes que eu falasse alguma coisa, Natália apareceu na cozinha.
— Eu ouvi vozes. — ela olhou pra mim percebendo meu estado. — O que foi Babi? O que aconteceu? — perguntou vindo me abraçar e meus olhos ficaram marejados.
— Maninha eu não quero que você fique assim, só tô te falando a verdade.
— Que verdade? — Taia perguntou olhando de um para o outro. — O que você disse a ela Raphael?
— Minhas suspeitas estavam certas, era com o Gavi que ela tava. Os dois tão ficando.
— E daí?
— Como e daí Natália? Gavi é um cara legal, mas tá começando a viver agora. O que acha que vai acontecer quando ele souber que a Babi tá grávida?
— Isso é um assunto que ela vai resolver com ele Raphael, eu e você não temos nada a ver com isso.
— Eu só não quero ver ela sofrer. Eu tô sabendo que ele vive saindo para festinhas clandestinas com o Ansu, todo mundo no clube tá sabendo disso.

Encarei meu irmão sentindo meu coração pesado. Que história de festinhas é essa?
— E daí? Ele tá sozinho, ou pelo menos tava antes de... — Natália me encarou na certa pensando que palavra usar para definir nós dois. — Enfim, você também vivia frequentando certas festinhas antes de a gente assumir alguma coisa.

Ela atacou deixando meu irmão sem argumento.
— Na boa Raphael, vai dormir, você já falou demais por hoje e amanhã tem treino cedo.

Ele me olhou mais uma vez e subiu em silêncio.
— Hei meu bem, não fica assim. — Taia me abraçou. — Você saiu daqui tão animada, eu imagino que tenha sido um dia tão divertido e você merece tanto. Não deixa as besteiras que seu irmão falou te afetarem tá.

Funguei baixinho ainda abraçada a ela.
— Não tire conclusões precipitadas, converse com ele primeiro. Vai tomar um banho quente e dormir, amanhã a gente conversa.
— Obrigada.
— De nada.

Dei um beijo em Taia e voltei para a sala pegando minhas coisas e indo para o meu quarto, me trancando lá dentro.

O fato de Gavi frequentar festinhas com o Ansu nem me incomoda muito, afinal como Taia mesmo disse ele é solteiro e pode fazer o que quiser. O que me deixou chateada foi o que Rapha disse em relação a reação dele quando souber sobre a minha gravidez. E isso infelizmente é a mais pura verdade.

Gavi acabou de fazer dezoito anos, tem uma vida inteira de descobertas pela frente, seu futebol está em ascensão e tem fãs no mundo inteiro que só faltam lamber o chão que ele pisa. Por que ele perderia tempo comigo que daqui a pouco terei que dedicar tempo integral ao meu filho?

Os momentos que vivemos hoje ficavam repassando como um filme romântico em minha mente, um que infelizmente não teria final feliz para nós dois juntos.

Meu celular vibrou em cima da cama, era uma mensagem dele me avisando que tinha chegado em casa. Decidi não responder e coloquei o aparelho em modo avião desativando todas as conexões e notificações. Eu queria ficar sozinha por enquanto, tentar organizar meus pensamentos. Essa com certeza seria uma longa noite, e eu dificilmente conseguiria dormir.

· · • • • ✤ • • • · ·

Tenso 😕

Eu espero que vcs tenham gostado meus amores 🤗
Comentários e opiniões deixam essa autora mto feliz 💖😘


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