Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo Três

Oie gente, voltei!!!

Eu pretendia postar mais cedo, mas como hoje teve jogo do Barça, (prioridades 😁) eu fui assistir ao jogo primeiro pra dps revisar o capítulo e postar. Falando em jogo, que jogão hein! Finalzinho tenso! 🥹

Hoje tem a visão da Babi sobre o que aconteceu durante o jogo (que na fic foi contra o Real Madrid) e o primeiro encontro com o Gavi, aquele encontro maravilhoso kkkkk

Uma última coisinha gente antes de vcs lerem, o título da história tem tudo a ver com a música de mesmo nome viu, Rewrite the Stars, tanto na versão cantada por Zendaya e Zac Efron (minha preferida 😍) ou por Anne-Marie e James Arthur, que aliás é a música tema da fanfic. Eu deveria ter colocado uma epígrafe antes do primeiro capítulo, citando um trecho da música, mas eu sou meio lerda e esqueci 🤦🏻‍♀️ então eu vou colocar neste capítulo.

É isso por enquanto, nos vemos lá embaixo, boa leitura! 

· · • • • ✤ • • • · ·

"Ninguém pode dizer o que nós podemos ser.
Então, por que não reescrevemos as estrelas?
E talvez o mundo poderia ser nosso..."

Rewrite the Stars - Zac Efron ft. Zendaya



Hoje era o jogo do Barcelona. A partida seria contra o atual segundo lugar da La Liga e também o maior rival do time catalão, o Real Madrid. Portanto, hoje é dia de El Clásico.

Raphael e Taia conseguiram me convencer a ir assistir ao jogo. A verdade é que nem precisou de muito, eu já tava com vontade.

Esses dias que passaram foram supertranquilos. Eu conversei com a Dani e disse que ficarei mais tempo em Barcelona, ainda não decidi se quero ter meu bebê aqui, mas a cada dia me convenço mais.

Barcelona me encanta de uma forma inexplicável, mal posso esperar para vê-la durante o verão novamente. Até porque 2023 acabou de começar e as coisas ainda estão calmas, voltando agora ao ritmo depois das festas de final de ano. Quando vim da última vez, estava na estação quente e as ruas ferviam de turistas e moradores aproveitando o sol e a brisa marítima do Mar das Baleares, que fazia parte do Mediterrâneo.

Esse é um motivo a mais que me fez apaixonar por Barcelona, toda essa aura de magia e mistério do Mediterrâneo e suas águas quentes por conta do deserto africano.

Me olhei mais uma vez no espelho e dei uma voltinha ficando enjoada novamente. Coloquei a mão sobre o estômago e inspirei fundo tentando controlar o enjoo, eu não queria colocar o almoço e o lanche que fiz a pouco para fora. Ainda bem que Taia conseguiu marcar uma consulta pra mim ainda essa semana com uma médica obstetra, preciso começar logo o acompanhamento da minha gravidez, e pedir a ela algum remédio para me ajudar com esses enjoos.

A náusea foi melhorando e terminei de me arrumar.

Fazia muito frio lá fora e optei por uma calça preta de moletom, tênis e uma blusa de lã bem quentinha por baixo da camisa do Barcelona que Rapha havia me dado de presente. Atrás tinha seu nome e o seu número, o vinte e dois. Vesti um casaco bem grosso por cima e peguei minha bolsa saindo do quarto.

Taia já estava na sala e ajeitava os cabelos se olhando no espelho que ficava perto da porta.
— Já está pronta? — ela perguntou quando me viu descer. Natália também estava devidamente trajada para enfrentar o frio, principalmente pelo fato de que ela estava um pouco resfriada.

Eu disse que estava tudo bem se ela não quisesse ir, mas como todo bom torcedor e fã de futebol, ela não quis desistir.
— Já sim. — respondi empolgada.
— Ótimo, vamos.

Saímos de casa e fomos até a garagem em direção ao seu carro, um Audi A4 na cor prata. Rapha foi de carona com um colega de time e na volta viria com a gente.

As ruas de Barcelona estavam movimentadas, principalmente as rotas que iam em direção ao Camp Nou. Acho que todos os catalães estavam indo assistir ao El Clásico.

Liguei o som do carro e coloquei em uma das minhas playlists. Love Yourself do Justin Bieber começou a tocar e cantarolei junto com ele. Taia fez o mesmo enquanto batia os dedos no volante do carro acompanhando os toques da música.

Em pouco tempo nós duas estávamos cantando em alto e bom som.
— Senti falta de fazermos isso. — ela disse quando a música acabou e concordei rindo abaixando um pouco o volume.
— Eu também.

A gente conhecia a Natália há anos, crescemos praticamente todos juntos. Então não foi surpresa nenhuma pra mim quando ela e Rapha começaram a namorar, ele sempre foi apaixonado por ela e ela por ele, só não tinham coragem de se declarar um ao outro. Eu fui madrinha de casamento dos dois e chorei que nem uma boba.

Além da Dani, ela era a minha outra melhor amiga. Depois que ela mudou o visual, adotando o loiro no cabelo, as vezes eu a chamo de minha loira e ela me chama de minha morena.
— Queria que você ficasse aqui em Barcelona.

Olhei para ela que fazia uma cara de pidona e balancei a cabeça dando risada.
— Eu ainda não decidi nada loira. — falei desviando meu olhar para a avenida movimentada.
— Eu sei, só estou tentando te convencer a ficar. Queria meu sobrinho perto de mim.

Natália era filha única, então eu sabia que para ela isso era um momento bastante especial.
— Eu não sei Taia, é tentadora essa proposta, mas não sei.
— O que te preocupa?
— Eu não quero ficar dependendo de você e do Rapha pra tudo.
— Ai garota deixa de ser chata. — ela me deu um empurrão de leve quando parou no farol fechado e eu dei risada. — Você adora Barcelona que eu sei, nada te prende lá no Brasil.
— Eu vou pensar com carinho Taia, eu prometo.

Ela revirou os olhos e voltou a se concentrar no trânsito.

O Camp Nou foi surgindo a nossa frente e fiquei impressionada com o tamanho daquele estádio. O maior que já fui até hoje foi a Arena do Grêmio que se não me engano tem por volta de cinquenta e cinco mil lugares. A casa do Barça, como ele era carinhosamente chamado pelos torcedores tinha noventa e nove mil lugares e mais um pouco. Era de deixar qualquer um admirado.
— Também fiquei impressionada quando vim aqui pela primeira vez. — Natália disse e olhei para ela, nós duas sorrimos.
— É surreal! — murmurei encantada.
— Espere até ver por dentro.

Natália seguiu por uma via lateral que dava em um estacionamento privado reservado aos jogadores, familiares e toda a comissão técnica e direção do Barcelona.
— Pronta para essa nova experiência? — ela perguntou me olhando antes de descer e assenti balançando a cabeça rapidamente.
— Com certeza!
— Então vamos lá.

Descemos do carro e ela travou o alarme. Taia enganchou o braço ao meu e fomos andando em direção a escadaria.

Aqui dos corredores já dava para ouvir os torcedores gritando. Taia ia cumprimentando conhecidos que ela encontrava pelo caminho e sorri para aqueles que também sorriam para mim.

O caminho por onde passamos tinha uma parede de vidro e por ela dava para ver uma parte da arquibancada que estava lotada, o campo e o pessoal que corria para terminar de organizar tudo. Passamos por alguns funcionários do Barcelona usando ternos pretos com o escudo do time no peito e subimos mais alguns lances de escada.
— Natália! — ouvimos alguém gritar e paramos olhando para trás.

Uma moça morena e muito bonita vinha subindo os degraus rapidamente e Taia também abriu um sorriso.
— Oi gente! — ela disse animada parando na nossa frente respirando ofegante e abraçou minha amiga.
— Oi Sira, como você está? — Taia perguntou ainda abraçada a ela.

Então ela era a Sira de quem o Rapha tinha falado, a namorada de um dos seus colegas de trabalho.

As duas se afastaram e a garota olhou pra mim em expectativa.
— Sira essa é a Babi, a irmã do Rapha. Babi essa é a Sira, uma amiga maravilhosa que fiz aqui em Barcelona. — Taia nos apresentou e a moça sorriu encabulada com o elogio. — Ela namora o Ferran que joga com o Rapha.
— Olá. — abri um sorriso enquanto lhe estendia a mão que ela não hesitou em aceitar.
— Oi! É um prazer Babi.
— O prazer é meu. — devolvi a gentileza já gostando dela imediatamente.
— Veio sozinha? — Taia perguntou e ela assentiu sorrindo.
— Sim, meu irmão não quis vir comigo aquele chato. — Sira fez uma careta engraçada e demos risada.
— Pode ficar com a gente pra assistir ao jogo, se você quiser. — ofereci e ela sorriu mais ainda.
— Quero sim, eu vou adorar.

Voltamos a subir a escada e descobri nesse meio tempo até chegarmos à área vip que Sira Martinez era uma celebridade aqui na Europa. Ela é filha do ex-técnico da seleção espanhola que jogou a copa no ano passado e compete em provas de hipismo, sendo campeã no concurso nacional da modalidade.

Além de ser divertida e gentil, é a simpatia em pessoa. Eu realmente gostei muito dela e me parecia ser recíproco já que ela sempre me incluía nas conversas.

Estávamos chegando a um dos camarotes destinados aos convidados vips quando notei uma garota loira se aproximando de Sira.
— Olha só quem apareceu hoje! — a espanhola disse animada abraçando a outra. — Por que não me avisou que vinha? A gente tinha combinado.
— Foi meio que em cima da hora, Gavi precisou que eu o trouxesse. Oi gente. — ela disse simpática.
— Gente essa é a Aurora, ela é irmã do Gavi. — Sira apresentou.
— Oi, muito prazer. Eu sou a Natália, esposa do Raphinha. Conheci seu irmão quando ele foi lá em casa, muito gente boa.
— É sim, só não pode ficar nervoso. — Aurora comentou divertida e elas deram risada. Eu fiquei tentando entender.
— Essa é a Bárbara, minha cunhada. — Taia me apresentou e ela sorriu estendendo a mão.
— Pode me chamar de Babi, é um prazer Aurora.
— O prazer é meu.

Sentamos lado a lado nas poltronas. Elas ficaram conversando e eu levantei deixando minha bolsa em cima do estofado e me aproximei do balaústre de vidro apoiando meus antebraços com cuidado. Era incrível a vista daqui de cima. Um mar de torcedores vestidos de azul e vermelho, as cores tradicionais do time.

Percebi que os jogadores dos dois times treinavam lá embaixo no campo e fiquei observando. Segundos depois, Sira e Aurora vieram se juntar a mim, uma de cada de lado. — Olha eles ali. — Sira disse apontando para um certo lugar do campo e segui meu olhar na direção, reconheci meu irmão naquele grupo.

No mesmo instante, eles olharam pra cá e Sira acenou. Raphinha se afastou e eles voltaram ao treino.
— Aquele correndo atrás da bola é o meu namorado, Ferran. — a garota explicou e notei seu sorriso bobo. Era nítido o quanto ela gostava dele.
— E aquele que acabou de receber é o nervosinho do meu irmão. — Aurora brincou e demos risada.
— Ele é estressado? — perguntei e ela me encarou.
— Digamos que o Pablo não tem muita paciência, quase todo jogo ele se envolve em uma discussão, você vai ver se isso acontecer hoje. O que eu espero que não. — ela acrescentou baixinho a última parte, mas eu consegui ouvir. Sira acho que não escutou por estar do meu outro lado.

Meu olhar foi até ele que chutou a bola acertando um dos colegas e se afastou indo correr um pouco pelo campo. Mesmo assim de longe, sua postura me parecia um pouco tensa.

As garotas engataram em um papo animado e voltamos para sentar junto com Natália.
— Quando é a sua próxima competição? — Aurora perguntou a Sira e olhei para ela esperando pela resposta.
— Ainda não foi marcado, mas já estou treinando com o meu bebê. — era assim que ela se referia ao seu cavalo. — E você Babi, gosta de montar?
— Gosto sim. O avô da minha melhor amiga tem um rancho e a gente sempre ia até lá nas férias, ele ensinou nós duas a montar.
— Ai que legal, você pode ir um dia comigo até o haras onde meu cavalo fica, vai adorar. — ela ofereceu toda animada e eu concordei sorrindo em silêncio.

Eu até poderia ir, mas montar não sei, não quero fazer nada que prejudique meu bebê. Em um gesto instintivo levei minhas mãos à barriga e fiquei acariciando de leve.

Os jogadores saíram do campo para vestir os uniformes e começar a partida.
— Gente vocês querem alguma coisa? Comer? Beber? — Aurora perguntou.
— Eu não quero nada. — respondi pegando meu celular. — Eu vou gravar um vídeo e mandar pra Dani, ela vai surtar. — comentei divertida e as meninas deram risada.

Voltei novamente até o balaústre e fiz o vídeo para enviar a ela.
— Olha só amiga onde eu tô! No Camp Nou! Dani você não tem noção do quanto isso aqui é incrível cara, é surreal!

Quando terminei de enviar o vídeo para ela, os jogadores entraram novamente em campo e fui me sentar de novo junto com as meninas. Elas comentavam sobre o fato de o Barcelona precisar ganhar de qualquer jeito aquela partida, perder não era uma opção.
— O Real Madrid é o maior rival do Barça, vai ser um confronto duro. — Sira comentou de olho no campo enquanto os jogadores se cumprimentavam.
— Espero que o meu irmão não apronte nada. — Aurora murmurou também de olho no gramado e eu confesso que estava curiosa em relação a esses comentários sobre ele.
— Ele costuma arrumar briga fácil assim nos jogos? — perguntei e ela me olhou por um instante.
— Quase todos, meu irmão tem o pavio curto.
— Curto até demais. — Sira disse dando risada. — Pablo Gavi é conhecido entre nós amigos pelo apelido de pinscher, por ser baixinho, marrento e encrenqueiro.
— Que horror gente! — falei também dando risada.
— Ele odeia esse apelido! — Aurora tentava segurar a vontade de rir.
— Por que será né? — Taia comentou também risonha. — Eu também odiaria.

Os jogadores se posicionaram e o juiz deu início ao jogo, o Barcelona deu o primeiro toque na bola. Nós estávamos focadas e fazíamos alguns comentários as vezes.

Acho que até agora o mais incrível para mim foi a entrega da torcida. Eles iam a loucura com cada toque ou passe do time dono da casa, empurravam os jogadores pra frente, apoiavam de toda forma e isso era muito bonito.

O Barcelona avançava e meu irmão recebeu a bola, mas não conseguiu segurá-la e o Real Madri veio com tudo. Eles conseguiram se livrar da marcação e o camisa nove deu um chute perfeito fazendo a torcida surtar, mas felizmente o goleiro pegou nos deixando aliviado.
— Eles não podem deixar isso acontecer! — Sira disse nervosa.

Após o susto, o Barcelona ficou mais defensivo e pelos próximos minutos a bola só ficava indo de um lado para o outro, sem grandes lances, o que esfriou um pouco a torcida.
— Caralho! Vão pra cima! — Aurora gritou e a gente deu risada.
— Não pode dar bobeira, mas precisa arriscar. — Sira estava quase roendo as unhas.

A bola estava com o camisa oito do Real Madri quando o também camisa oito do Barcelona conseguiu tomá-la em uma jogada perfeita.
— É o Pedri! — Sira gritou animada e me lembrei dele, quando foi ajudar Raphinha com as minhas malas. — Vai Pedrito!

Aquela garota era uma comédia, a gente dava muita risada com ela.

Pedri chutou a bola para Pablo Gavi, o irmão nervosinho de Aurora que vestia a camisa com o número trinta e ele conseguiu se livrar da marcação chutando para o camisa nove que fez o gol.

A torcida catalã foi à loucura junto com os jogadores e nós também comemoramos. Fiquei surpresa quando apareceu no telão que o camisa nove, autor do gol era Robert Lewandowski. Ele não jogava em um time alemão? Eu realmente tava por fora do futebol europeu, preciso me atualizar.

Depois do gol, os merengues, como era conhecido o Real Madrid se fechou, evitando dar qualquer brecha para o adversário. Mais alguns minutos e o primeiro tempo acabou.

Eu e Sira aproveitamos para ir ao banheiro.
— E aí Babi, tá gostando de Barcelona? — ela perguntou simpática e eu dei risada assentindo.
— Eu já tinha vindo antes visitar o Rapha e me apaixonei pela sua cidade.
— Sério?!
— Esse lugar é mágico, é meu segundo lugar favorito no mundo. Só perde pra minha Porto Alegre.
— A Taia me convidou pra ir até lá quando estivermos de férias.
— Você vai adorar, tenho certeza.
— Eu queria conhecer o Rio de Janeiro, Salvador, aquelas praias maravilhosas.
— Você pode fazer tudo, tipo um roteiro de viagem. Conhecer vários lugares no Brasil.
— Você me ajuda? Tipo indicando lugares? Eu tô animada e o Ferran vai comigo, é claro.
— Ajudo sim, com certeza.

Usamos o banheiro e voltamos ainda conversando sobre isso. Sira queria conhecer um pouco sobre a cultura brasileira e eu lhe explicava algumas coisas.
— Eu quero aprender a sambar, e dançar funk também.
— Eu não sou muito boa, mas sei algumas coisas e posso te ensinar.
— Eu vou adorar Babi! Vou fazer uma social lá em casa só para os mais chegados e você está mais que convidada, é obrigatório sua presença.
— Ok. — assenti rindo da empolgação de Sira Martinez.

Voltamos para os assentos e o jogo já estava recomeçando.

O Real Madrid voltou praticamente outro time para o segundo tempo fazendo a partida ferver. Estavam agressivos e não perdiam uma oportunidade. A cada falta marcada, a gente vaiava junto com a torcida.

Eu já me sentia praticamente uma culé, estava adorando essa experiência ao lado das meninas.

Ferran, o namorado de Sira chutou uma bola para Pedri e o camisa sete do Real Madri acertou uma joelhada em suas costas, derrubando-o no chão.
— HEI! — Sira gritou raivosa correndo para o balaústre e nós também fomos.
— Gente parece que machucou. — Taia comentou preocupada.
— Hazard seu filho da puta! — Sira xingou o jogador e faltava pouco pra ela entrar naquele campo e chutar a bunda dele.
— Ah não! — Aurora murmurou e entendi o motivo de sua preocupação.

Pablo Gavi tentou avançar no tal Hazard, mas os outros jogadores não deixaram.
— Soca a cara dele Gavi! — Sira berrou fazendo a gente olhar pra ela e dar risada.
— Sira! — Aurora disse indignada tentando segurar o riso.
— O que? — a espanhola deu de ombros. — O Hazard merece.

Os médicos atenderam Pedri e ele se levantou mancando um pouco, mas parecia estar bem.
— BEM-FEITO SEU CUZÃO! — Sira gritou quando Hazard tomou um cartão amarelo. — Merecia ser expulso.
— Merecia mesmo. — Taia concordou com ela.

O jogo recomeçou e eu percebi que Gavi estava perseguindo o jogador que derrubou seu amigo, para onde Hazard ia, ele tentava se aproximar. Tinha certeza de que ele estava pensando em descontar a agressão.

E isso aconteceu minutos depois.

Hazard recebeu a bola do camisa onze do Real e Gavi chegou o acertando por trás.
— GAVI SEU IDIOTA! — dessa vez foi Aurora que gritou raivosa. — Ele pode tomar um cartão por conta disso! Gente, eu vou esganar meu irmão, sério!

Gavi não foi punido, felizmente, mas o jogo estava tenso enquanto ia para os momentos finais. Lewandowski fez um chute a gol, mas o goleiro merengue pegou e chutou de volta para seus companheiros que foram tocando pelo campo do Barcelona.

O camisa onze estava em uma posição muito boa e Gavi foi tentar tomar a bola dele, mas acabou derrubando o jogador dentro da pequena área. Meu coração parou por um segundo, assim como de todos que estavam naquele estádio.
— MEU DEUS! — Sira exclamou levando as mãos à cabeça. — Porra Gavi, faz isso não!
— Vai dar pênalti. — Taia verbalizou nosso pensamento.

Fiquei olhando apreensiva enquanto todos os jogares iam pra cima do juiz. Gavi estava mais afastado e parecia aturdido, nesse momento eu senti pena dele. Deve estar se sentindo muito culpado, cometer um pênalti assim já quase acabando a partida.

O juiz marcou a penalidade máxima e os jogadores do Barcelona estavam inconformados enquanto os merengues vibraram.
— Quem será que vai bater? — Aurora indagou a Sira que estava de olho no campo.
— Deve ser o Benzema. — ela respondeu ainda com a atenção totalmente focada lá embaixo. — Se ele fizer gol, Gavi vai se odiar.

Pedri foi falar com Gavi, Sira disse que eles eram muito amigos, seu namorado Ferran fazia parte daquele trio.

O jogador que cobraria o pênalti realmente foi Benzema, o camisa nove. Ele se posicionou e chutou com força, mas o goleiro do Barça espalmou a bola mandando-a pra fora.
— Aê caralho! — gritei aliviada e as meninas deram risada enquanto a gente comemorava.

Percebi Gavi cair de joelhos no chão e imaginei que ele estava aliviado por esse gol não ter sido feito, Pedri e Ferran correram para abraçá-lo e achei bonito aquele apoio deles.

Seis minutos de acréscimos foram anunciados e o Barcelona segurou a bola enquanto pôde, evitando a todo custo que ela fosse parar nos pés de um jogador do Real Madrid.

A partida foi encerrada e os jogadores foram cumprimentar a torcida que gritava empolgada.
— Eu vou ao banheiro antes de a gente ir embora. — Taia disse levantando e pegando a bolsa.
— Eu tô com sede, vou pegar um suco.
— A gente espera vocês. — Sira avisou e fiz um joinha pra ela.

Fui em direção a um garçom que estava servindo as pessoas ali na área vip e pedi a ele um suco de laranja.

As pessoas começaram a sair do camarote pra ir embora e não vi nem sinal das garotas. Provavelmente elas desceram também e estão me esperando no estacionamento, peguei meu suco e fui pra lá.

Fui descendo a escada procurando por elas, mas nem sinal. Peguei o celular para ligar, mas chamou e ninguém atendeu. Eu só tinha o número da Taia, ela ainda devia estar no banheiro, eu acho.

Cheguei ao estacionamento e olhei ao redor. Fui sair do caminho pra uma mulher passar e esbarrei em alguém derrubando todo o suco na pessoa, era um homem. Não acredito na merda que eu fiz!
— Ai minha nossa! Me desculpa, por favor! — me enrolei um pouco no idioma catalão, mas acho que dava pra entender.

O cara me olhou com raiva contida e eu quis me enfiar em um buraco e nunca mais sair de lá. Ele me era vagamente familiar.
— Eu juro que não te vi! Mil perdões! — pedi de novo e passei a mão na frente do moletom dele tentando limpar.

Então ele empurrou minha mão com um gesto brusco e murmurou alguma coisa que eu não entendi, enquanto tirava o moletom sujo.
— O que você disse? — perguntei e ele me olhou de novo com cara de poucos amigos.
— Falei que era só o que me faltava! Meu dia já foi péssimo o suficiente e vem uma maluca e me dá um banho de suco de laranja! — ele praticamente gritou e eu senti meu sangue ferver nas veias.
— Me chamou do que? — perguntei tentando manter a calma.
— Além de desastrada, é surda. — ele debochou dando risada e eu quis socar a sua cara.

Tudo bem, ele quer partir pra ignorância? Eu vou mostrar como se faz!
— Escuta aqui seu molequezinho mal-educado, foi um acidente! Não derramei suco em você porque eu quis não tá!
— Eu tô pouco me lixando pra você garota, você derramou e ponto! Como eu fico agora, hein?
— Dane-se você seu riquinho mimado e metido à besta!

Todo mundo parava pra olhar a discussão e eu sabia que estava me excedendo, mas esse moleque conseguiu me tirar do sério. Esse arrogante, presunçoso do caralho!
— Escuta aqui garota...
— Hei! — Aurora surgiu não sei de onde junto com Taia e Sira. — Que gritaria é essa?! — ela perguntou olhando de um para o outro sem entender.
— Essa idiota derramou suco em mim! — o metidinho respondeu e eu tive vontade de comprar mais um copo de suco para derramar de propósito em sua cabeça dessa vez.
— Eu já disse que foi sem querer e pedi desculpas! E idiota e a senhora sua mãe!

O cara parecia querer pular no meu pescoço e Aurora também me encarou.
— Babi, a mãe dele também é a minha, ok. — ela disse e aí eu me toquei de onde achei aquele traste familiar.

Ele era o irmão nervosinho dela! Como eu não percebi antes?!

Me lembro de tê-lo visto também quando cheguei na casa do Rapha, ele estava na social dos seus colegas de time.
— Me desculpa Aurora, mil perdões, eu retiro o que eu disse sobre a sua mãe. — pedi sinceramente arrependida por ter citado a mulher que eu nem conheço. — Então você é o Pablo Gavi? — perguntei debochada o olhando e ele me encarou com raiva. — O esquentadinho que adora puxar briga com todo mundo, não é?

Gavi parecia ter entrado em combustão e tentou avançar em mim, mas sua irmã não deixou.
— VAI SE FERRAR GAROTA! VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE MIM! — ele gritou com puro ódio, mas eu não deixaria isso barato!
— Tá legal, agora já chega Pablo, vamos embora! — Aurora o empurrou em direção ao carro.
— VAI SE FERRAR VOCÊ, SEU MOLEQUE MIMADO! — berrei também e Taia segurou meu braço pedindo calma, mas eu só queria enfiar minhas unhas nos olhos daquele infeliz!
— JÁ CHEGA GAVI! — Aurora gritou autoritária e ele parou a encarando. — Entra na porra desse carro agora! Eu tô mandando, vai!

Pablo Gavi me encarou mais uma vez antes de entrar no carro e eu empinei o nariz demonstrando que ele não me intimidava de maneira nenhuma!
— Cara, o que houve? — Sira indagou chocada e eu inspirei fundo tentando me acalmar.
— Seu amiguinho que explodiu porque eu esbarrei nele sem querer e sujei seu precioso moletom de suco de laranja! — expliquei ainda furiosa e para a minha surpresa, a espanhola deu risada. — Aquele playboyzinho mimado de uma figa! Se eu encontrar ele na minha frente de novo...
— Você não vai fazer nada Bárbara. — Taia me interrompeu séria. — Se acalma, você não pode ficar nervosa assim.

Em seu olhar eu via a preocupação e me lembrei do meu bebê. Aquilo foi o suficiente para eu abaixar as armas e querer me acalmar.

Os jogadores foram saindo e Raphinha veio até nós junto com mais quatro colegas, dois deles eram Pedri e Araújo. Eles vinham conversando e rindo e meu irmão parou de rir ao me encarar e notar que eu ainda tava nervosa e tremendo.
— O que foi? — ele perguntou sério olhando de mim para Natália e os caras ficaram em silêncio percebendo o clima tenso.
— Digamos que Babi e Gavi não tiveram uma boa primeira impressão um do outro. — Sira disse divertida e tive vontade de mandá-la calar a boca porque eu não iria falar nada.
— Como assim? — meu irmão indagou sem entender, assim como seus colegas de time.

Dei um suspiro cansado e massageei minhas têmporas.
— Eu esbarrei sem querer e derramei suco nele, tentei pedir desculpas, mas acho que ele não tava em um bom dia hoje. — tentei amenizar a situação porque eu sabia que Raphinha não ia gostar nada disso.
— Não gostar é pouco né amiga? Quando a gente chegou, vocês estavam aos gritos e só faltava um pular no pescoço do outro.

Sira não percebeu a merda que ela tinha acabado de fazer.
— O Gavi gritou com você?! — Raphael perguntou irado e Natália foi tentar acalmá-lo. — Responde Bárbara! Ele gritou com você?

Sira ficou quieta percebendo que tinha falado demais e foi pra perto do namorado que a abraçou. Ele, Pedri e os outros ficaram quietos. — Responde Babi! — Raphael exigiu e eu bufei ainda irritada.
— Gritou sim! — respondi no mesmo tom. — Mas eu já resolvi!
— Quem aquele moleque acha que é pra sair gritando com a minha irmã?! Eu vou ensinar uma lição pra ele!
— Raphael para! — Natália tentava segurá-lo, mas não surtia muito efeito.

Os caras também pediam pra ele se acalmar e eu rolei os olhos impaciente.
— Já chega! — gritei fazendo todo mundo me olhar. — Você não vai fazer nada Raphael! Já te falei várias vezes que eu resolvo os meus problemas!
— Tá legal, já chega! — Taia ficou entre nós dois. — Ninguém mais vai gritar, a gente tá chamando atenção demais já. Vem amor, a gente vai pra casa.

Raphael me olhou mais uma vez e se afastou balançando a cabeça em negação. Fiz menção de ir atrás dele, mas Sira colocou a mão no meu ombro e olhei pra ela.
— Me desculpa Babi, eu falei demais. Devia ter ficado quieta. — pediu triste e vi que sua expressão de arrependimento e culpa era sincera.
— Tudo bem, ele ia saber de qualquer forma mesmo. Tá de boa.
— A gente vai pra uma pizzaria agora, quer vir com a gente?

Era nítido o quanto ela queria que eu fosse, assim como o seu namorado e os outros. Eu até poderia aceitar, mas não estava com vontade, não depois de toda aquela gritaria.
— Eu...
— Ela vai sim. — Taia disse antes que eu recusasse o convite e olhei pra ela. — Melhor você ir, dar um tempo pra fera ali se acalmar.

Natália apontou para o marido parado perto do Audi A4.
— A gente se vê em casa. — Taia deu um beijo em mim e outro em Sira. — Tchau gente.

Os meninos acenaram pra ela e eu fiquei olhando enquanto ela ia até o carro. Deve ter dito ao meu irmão que eu iria sair com Sira e os outros porque ele fez um joinha e eu fiz a mesma coisa sinalizando que estava tudo bem. Era sempre assim, a gente brigava, discutia, só faltava entrar na porrada, mas nunca deixávamos de nos preocupar um com o outro.

Os dois entraram no carro e saíram do estacionamento.
— Babi me perdoa, eu realmente tô me sentindo culpada! Eu deveria ter ficado calada! — Sira pediu quase implorando e eu dei risada.
— Tudo bem amiga, foi como eu disse, de qualquer forma ele ia saber.
— Verdade, o que mais tem no vestiário do Barcelona é gente fofoqueira.

Tenho certeza de que ela falou aquilo dando indireta aos que estavam próximos, porque eles começaram a reclamar.
— Você quer dizer o que com isso Sira Martinez? — Pedri perguntou a encarando e cruzando os braços.
— Eu? Nada Pedri González. — a garota fazia a sua melhor expressão de inocência e eu dei risada.
— Eu acho bom. — Pedri ainda olhou pra ela mais uma vez antes de vir até mim. — Oi Babi, finalmente a gente se vê de novo.
— Oi. Tava meio corrido, eu acompanhei a Taia no trabalho dela esses dias. Rapha me disse que vocês perguntaram de mim.
— Eu perguntei mesmo. — Araújo já veio me logo abraçando. — E aí gata, tudo bem?
— Tô bem, e você? — respondi divertida aceitando seu abraço.
— Bem, melhor agora vendo você.

Todo mundo deu risada e Pedri revirou os olhos o empurrando.
— Sai, minha vez de abraçar ela.

Aceitei o abraço dele também que era mais aconchegante que o do Araújo, mas acho que é melhor deixar isso quieto. Ele é mais cheiroso também, não que o Araújo não seja, mas o perfume do Pedri é mais gostoso.
— Ai vocês parecem dois cachorros abandonados querendo atenção, se contenham. — Sira provocou e eles olharam pra ela de cara feia. — Babi deixa eu te apresentar o resto do nosso grupo, esse é o Ferran, meu namorado.
— Oi Babi, prazer.
— Oi, o prazer é meu.

Ele também me abraçou e beijou meu rosto. Ferran era todo fofo.
— E esse é o Ansu. — Sira disse puxando o moreno pelo braço, ele estava mais distante.
— Oi, prazer. — ele estava todo tímido quando me abraçou.
— Oi Ansu, prazer também.

Ele sorriu e eu achei seu sorrido lindo.
— Pronto, apresentações feitas. — Sira disse divertida. — Agora vamos comer, eu tô cheia de fome.
— Novidade. — Pedri murmurou balançando a cabeça e ela mostrou a língua pra ele como se fosse uma criança.

Já percebi que o clima entre eles era assim, de provocações e risadas.
— Liga pra esse povo não Babi, tudo infantil. — Araújo disse ao meu lado fazendo Ferran e Pedri explodiram em gargalhadas.
— Olha só quem fala! — o namorado de Sira disse ainda dando risada e Araújo fez uma careta pra ele.
— A gente vai pra onde bando de esfomeado? — Pedri perguntou.
— Aquela pizzaria de sempre, o dono já conhece a gente e a pizza de lá é ótima, você vai adorar Babi. — Sira sugeriu e eu assenti rindo.
— Por mim tudo bem.
— Aí Babi, você vem comigo, eu te levo. — Araújo já foi me chamando, mas antes que eu falasse algo, Pedri foi mais rápido.
— Não sei como, você não veio com seu carro esqueceu? Tá de carona com o Ansu.

Novamente eles deram risada e fiquei com pena dele.
— Em uma próxima vez eu vou com você. — prometi e ele sorriu.
— Eu vou cobrar.
— Pode cobrar.
— Dá muita corda não Babi que ele fica abusado. — Sira provocou e já foi logo enganchando o braço ao meu. — Vem, a gente vai com os meninos.

Araújo e Ansu foram em outra direção porque o carro de Ansu estava do outro lado. Caminhamos lado a lado e eu só conseguia dar risada com aqueles malucos.
— Cara, eu ainda não acredito que o Gavi gritou com você por causa de um suco derramado. — Pedri comentou fazendo eu me lembrar de novo daquele episódio.
— Eu acredito. — Ferran disse dando de ombros.

Ele andava de mãos dadas com a namorada enquanto o outro braço dela estava preso ao meu. Pedri caminhava ao meu lado.
— Gavi é estourado por natureza e hoje ele não tava legal.
— É, mas isso não dá o direito a ele de distratar ninguém. — aleguei sentindo o olhar de todos eles sempre mim. — Eu pedi desculpas mil vezes, tentei ajudar a limpar e ele bateu na minha mão e foi super grosso.

Os três me encararam surpresos.
— Aí não, Gavira passou dos limites. — Pedri disse não gostando nada. — Se o Rapha quiser dar uns cascudos nele, eu vou ajudar.
— Nós vamos. — Ferran garantiu encarando o amigo e eu olhei de um para o outro.
— Não gente, não deixem o Rapha fazer isso. Ele vai se arrepender depois, tenho certeza. Deixem essa história pra lá.
— É, vamos deixar a poeira abaixar. — Sira concordou comigo. — Tava todo mundo nervoso por causa do jogo.

Chegamos ao carro que era de Ferran, um Toyota Corolla Cross branco. Ele já foi entrando no banco do motorista e Pedri abriu a porta pra mim.
— Obrigada. — agradeci sorrindo e entrando. Ele entrou atrás de mim.

Sira entrou no banco do passageiro e encarou o namorado, os dois dando risada. Eu confesso que não entendi essa.
— Agora você faz questão de ir atrás né Pedri? — ela zoou o garoto ao meu lado que ficou sem graça e tentei segurar a risada.
— Vão se ferrar vocês dois!

Uma Ferrari preta passou buzinando e Ferran buzinou de volta indo atrás.
— Ansu e Araújo. — Pedri explicou e sorri para ele. — Então Babi, fala um pouco sobre você. — ele pediu de um jeito fofo e encarei Sira rapidamente pelo espelho retrovisor. Ela tentava não dar risada e conversava com o namorado.
— O que você quer saber?
— O que você quiser me contar.
— Deixa eu ver, eu me chamo Bárbara, mas você já sabe disso. — comentei divertida e nós dois demos risada. — Tenho vinte e um anos, nasci em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sou filha única, tenho uma melhor amiga chamada Daniella e atualmente tô no sétimo semestre do curso de Arquitetura.

Meu coração se apertou um pouquinho ao me lembrar de que teria que trancar a faculdade esse ano e talvez só voltar no ano que vem, depois que tiver meu bebê, mas era por um bom motivo. Coloquei um sorriso no rosto pra disfarçar.
— Olha só, uma futura arquiteta. — Pedri brincou. — Vou te chamar pra fazer o projeto da minha casa.
— Pode chamar, tenho ótimas ideias. — não me fiz de rogada e peguei meu celular dentro da bolsa.

Coloquei em uma pasta que tinha com desenhos feitos por mim e entreguei a ele.
— Uau! — o jogador exclamou surpreso.
— São bons, não são. — Sira disse animada, eu já tinha mostrado pra ela.
— São ótimos! — Pedri elogiou e fiquei toda boba. — Caralho Babi, você manda muito bem mesmo.
— Obrigada. — agradeci sorrindo enquanto ele me entregava o celular de volta depois de ver as fotos.
— Eu quero ver também. — Ferran pediu e bati no ombro dele.
— Depois eu te mostro, me lembra.
— Pode deixar.
— Você veio de férias pra Barcelona né? — Pedri perguntou e olhei pra ele. — Tem a faculdade te esperando.

Eu realmente não sabia o que dizer. Tive vontade de falar a verdade, mas não sabia ainda se podia confiar totalmente neles, por isso optei por contar uma meia verdade.
— Eu vim descansar minha cabeça um pouco.

Eles aceitaram minha resposta e não tocaram mais no assunto, focando somente em assuntos triviais. Futebol, filmes, séries, músicas.

Minutos depois chegamos à pizzaria no centro da cidade.

Como Sira já havia dito, o dono os conhecia e nós fomos levados até uma mesa mais afastada das outras que nos dava privacidade.

A mesa era redonda e percebi que o funcionário colocou o número exato de cadeiras para todos nós e cumprimentou meus novos amigos. Como Sira havia dito que eles tinham o costume de vir sempre aqui, imagino que eu estava na "vaga" do marrentinho.

Ferran se sentou, Sira ao seu lado, em seguida Pedri, eu, Araújo que fez questão de sentar ao meu lado e Ansu que ficou do lado direito de Ferran.

Foi aquela gritaria na hora de escolher o sabor das pizzas e o garçom tentava controlar a vontade de dar risada. Optamos por pegar sabores variados, marguerita foi o mais pedido, era consenso entre todos nós.

Os meninos pediram cerveja já que amanhã eles não teriam treino puxado, era mais pra recuperação depois do jogo de hoje, enquanto eu e Sira ficamos no refrigerante.
— Então Babi... — Araújo me chamou e olhei para ele. — Como foi essa parada aí do Gavi gritar com você? A gente vai ter que ensinar uma lição ao nosso pinscher?

Os meninos deram risada e eu bebi um gole da minha coca.
— Cara, deixa isso pra lá, já foi. Ele tava estressado, eu também não levo desaforo pra casa, deixa esse assunto esfriar.
— Ele realmente não tava legal. — Ansu opinou e olhei para ele. — Ficou se culpando por aquele pênalti.
— Dentro de campo nós já estamos acostumados a ver o Gavi marrento, isso é normal. — Sira comentou dando de ombros. — Mas nunca vi ele discutir com ninguém.
— Depois a gente conversa com ele sobre isso, vamos mudar de assunto. — Pedri sugeriu e sorri para ele agradecida. Ele piscou pra mim também sorrindo.
— Lembrei, Babi eu quero ver as fotos. — Ferran pediu estendendo a mão e eu coloquei novamente nas pastas de fotos com os meus esboços e passei o celular pra ele.
— Que fotos? — Araújo perguntou olhando de um para o outro.
— Nós temos uma amiga arquiteta. — Pedri respondeu apontando pra mim e balancei a cabeça sorrindo.
— Ainda tô estudando pra isso.
— São bons Babi, você leva muito jeito.
— Obrigado Ferran.
— Também quero ver. — Araújo pediu e passei o celular pra ele.
— Falando nisso, passa seu número, pra gente conversar quando der vontade. — Pedri pediu dando um gole em sua cerveja.
— Me dá seu celular pra eu anotar meu número.

Pedri pegou o celular no bolso da calça e desbloqueou me entregando.
— Realmente Babi, você manda muito bem, tá no caminho certo.
— Valeu Araújo, passa pro Ansu.

Digitei meu número no celular de Pedri e coloquei meu apelido junto com um coraçãozinho roxo.
— Pode deixar assim? — perguntei rindo e mostrando a tela do celular a ele. Melhor perguntar, eu não sabia se ele tinha namorada e ela poderia não gostar da brincadeira.
— Pode sim. — ele respondeu também risada.
— Também quero seu número. — Araújo já foi me entregando o celular dele e salvei meu apelido junto com uma flor.
— Babi apareceu mensagem de uma Dani aqui. — Ansu disse me entregando o celular e peguei vendo pela barra de notificações.

Ela tava comentando sobre o vídeo que mandei no Camp Nou.
— É a Daniella? — Pedri perguntou e olhei pra ele assentindo enquanto digitava uma resposta para minha amiga.
— Quem é? — Araújo perguntou do meu outro lado.
— A melhor amiga dela. — Pedri respondeu.
— Melhor amiga no Brasil, porque aqui na Espanha sou eu tá. — Sira disse erguendo o dedo indicador pra cima e sem aceitar que alguém retrucasse fazendo a gente dar risada.

Salvei meu contato também no celular de Ansu e Ferran, no do primeiro coloquei uma borboleta ao lado do nome e no de Ferran, a bandeira brasileira.
— Vocês são todos espanhóis? — perguntei bebendo mais um gole da minha coca.
— Eu, Sira e Ferran sim. — Pedri respondeu. — Ansu tem cidadania espanhola, mas nasceu em Guiné-Bissau, e Araújo nasceu no Uruguai.

Olhei surpresa para o moreno sentado do meu lado esquerdo.
— Somos vizinhos, o Rio Grande do Sul faz fronteira com Uruguai.
— Bati aqui garota.

Fizemos um high five e Pedri resmungou algo fazendo a gente rir.
— De que cidade você é? — perguntei interessada.
— Rivera.

Arregalei os olhos completamente chocada, como esse mundo é pequeno!
— Gente, tô chocada. Rivera é ao lado de Sant'Ana do Livramento!
— Isso mesmo. — Araújo concordou rindo.
— Já fui algumas vezes até Sant'Ana do Livramento a passeio e passávamos perto da fronteira com o Uruguai.

As pizzas chegaram e continuamos conversando e dando risada na maioria das vezes. Araújo passou a me chamar de vizinha. O mais quieto deles era Ansu, mas ele interagia e de vez em quando eu o percebia me olhando.

Descobri que Pedri nasceu na Ilhas Canárias, Ferran em Foios, na província de Valência, Sira aqui mesmo em Barcelona e o marrentinho do Gavi e a Aurora em Los Palácios y Villafranca, na província de Sevilha.

Descobri também que todos estão solteiros, exceto o casal fofo Siran, como eles eram chamados pelos amigos. Segundo as palavras de Pedri, era difícil conhecer alguém verdadeiro nesse meio que eles viviam, as pessoas sempre se aproximavam por interesse, incluindo alguns familiares.
— Eu tenho um tio que se afastou de todo mundo da família. — Araújo contou, seu olhar fixo na mesa a nossa frente. — Quando ele soube que eu tinha sido contratado pelo Barcelona apareceu de surpresa na casa da minha mãe. Juro pra vocês que eu tive vontade de chutar ele pra fora.
— Eu acredito em você! — falei rindo junto com os outros. — Infelizmente a maioria das pessoas hoje em dia só enxerga a vida essa forma, tentando achar um jeito de se dar bem não importa como ou quem vai atropelar pelo caminho. Tenho nojo desse tipo de gente.

Era inevitável não me lembrar dos meus pais, tão mesquinhos e interesseiros assim como o tio do Araújo.
— E no fim, nada disso importa. — Sira murmurou visivelmente mexida. — Quando minha irmã se foi, não importava o dinheiro que a minha família tinha, nada vai trazê-la de volta.

Não sabia sobre isso, mas pude sentir a dor em suas palavras e me inclinei sobre Pedri estendendo a mão pra ela. Ela sorriu e aceitou.
— Eu sinto muito amiga, nada que eu disser vai amenizar a sua dor, mas saiba que eu estou aqui.
— Obrigada Babi, de verdade. Mas vamos deixar essa vibe triste pra lá. Gente tô querendo fazer uma social lá em casa no fim de semana, que acham?
— Não sei se vai dar não amor, vai ter jogo na quinta-feira, a semifinal da Supercopa e caso a gente ganhe, vamos jogar a final no domingo. E os jogos serão na Arábia Saudita. — Ferran explicou e ela sorriu.
— Caso a gente ganhe não, nós vamos ganhar. — Pedri decretou fazendo todo mundo dar risada.
— Sem problema. — Sira disse animada. — Podemos fazer no outro fim de semana, tem jogo?
— Tem sim, mas vai ser aqui mesmo no Camp Nou.
— Ótimo, então vai ser no domingo à noite. Babi você vai né?

Todos os olhares se voltaram pra mim enquanto eles esperavam pela minha resposta.
— Claro, vou sim.
— Isso! — a espanhola comemorou empolgada. — Meninos, avisem ao resto da galera. Eu cuido de tudo.

A julgar pelas expressões daqueles malucos, o que Sira Martinez estaria planejando estava longe de ser uma reuniãozinha de amigos.

Todo mundo se entupiu de pizza. Segundo os meninos, eles precisavam aproveitar essas escapadas, já que sua dieta era bastante rígida e controlada pelo nutricionista chefe do Barcelona.

Pedri pediu discretamente para que digitasse meu perfil no instagram em seu próprio perfil e começou a me seguir. Enquanto a gente conversava, notei que ele via minhas fotos e vídeos. Ainda bem que eu tinha apagado tudo que se referia ao meu ex, não queria ter que explicar nada caso ele perguntasse algo.

Sira e Araújo estavam em uma pequena discussão sobre quem fazia o melhor churrasco, espanhóis ou uruguaios. Eu tava quase me metendo no meio, mas preferi ficar quieta só dando risada.
— Tô vendo viu. — sussurrei para Pedri quando ele deu zoom em uma foto minha com a Dani. Ele me encarou sorrindo e voltou a atenção para a foto.
— Quem é? — perguntou dando zoom no rosto da minha amiga.
— A Daniella.

Pedri me encarou surpreso.
— Sério?
— Sim.

Peguei meu celular e fui no instagram, procurando o perfil da Dani, já que ele era fechado e Pedri não a seguia. Depois de achar o perfil dela, passei o celular para ele.
— Porra Babi, ela é muito gata.
— Eu sei. Eu a chamo de Lindinha e ela me chama de Florzinha.
— As Meninas Super Poderosas?
— Sim. 

A gente acabou rindo e Araújo olhou para nós dois.
— Qual é o assunto? — ele perguntou e a gente riu mais ainda.
— Nada que seja da sua conta seu curioso. — Pedri respondeu jogando uma azeitona nele e eu tomei o restante da minha coca que tava no copo.
— Gente olha a hora! — Sira disse checando seu relógio de pulso. — O povo querendo ir embora e a gente aqui dando trabalho!

O garçom veio trazer a conta e foi aquela gritaria, eu e Sira queríamos rachar a conta, mas os bonitos não aceitaram. Enquanto eles pagavam, nós duas fomos ao banheiro.

Saímos da pizzaria para a noite fria de Barcelona e fechei meu casaco.
— Gente era pra eu ter pedido um Uber quando ainda tava lá dentro.
— Uber pra que? — Pedri perguntou me olhando.
— Pra ir embora ué.
— Tá doida é? — ele perguntou de novo. — Até parece que a gente ia te deixar ir pra casa sozinha de Uber a essa hora.
— Só se for pro Raphinha querer socar a gente também, além do Gavi. — Araújo comentou e eu acabei rindo, tentando evitar pensar na cena do meu irmão indo tirar satisfações com o marrentinho.

Me despedi de Araújo e Ansu porque eles já iriam embora de lá mesmo. O uruguaio perguntou se poderia me mandar mensagens ou ligar e eu disse que sim fazendo ele sorrir. Entrei no carro novamente junto com Pedri, Sira e Ferran.
— Babi vamos marcar de almoçar juntas? — ela chamou animada e eu concordei de imediato.
— Vamos sim, que dia?
— Amanhã não dá porque eu já vou resolver umas coisas com a minha mãe no meu horário de almoço dos treinos. Pode ser na terça?

Terça-feira à tarde era minha primeira consulta com a obstetra, Taia iria comigo.
— Pode sim, tá marcado.
— Ótimo. — ela virou no banco me encarando com um sorriso no rosto. — Amanhã te mando mensagem pra confirmar.
— Beleza.
— Babi tá convidada pra ir lá em casa também viu. — Pedri disse divertido. — Vamos marcar de almoçar também, bora fortalecer essa amizade aí.
— Só marcar.
— Melhor você ir lá em casa antes do Gavi se mudar. — Ferran comentou rindo fazendo Pedri e Sira também darem risada. — Eu não quero vocês dois se estranhando lá não.
— Ele vai morar com vocês? — perguntei tentando não rir também.
— Provável que sim. — Pedri respondeu. — O clima com a família dele tá meio pesado.

Naquele momento, mesmo ainda com raiva do marrentinho, eu meio que sabia como ele se sentia em relação a isso, afinal, minha família também é complicada.
— Combinado. Eu vou ir lá antes de ele mudar, vocês me avisam. — entrei na brincadeira fazendo eles rirem mais ainda.

Ferran parou em frente a portaria do condomínio e me despedi dele e de Sira, Pedri desceu junto comigo.
— Gostei pra caramba de te conhecer viu.
— Eu também gostei de conhecer você Pedrito. — usei o apelido que Sira o chamava e ele riu balançando a cabeça enquanto me abraçava. — Tchau seu doido. — abracei ele apertado. Eu gostei muito de conhecer todos eles.
— Tchau morena. Manda mensagem a hora que você quiser.
— Pode deixar, você também.
— Ah isso com certeza. — Pedri disse já se afastando e acenei para ele que acenou de volta antes de entrar no carro.

O porteiro abriu o portão pra mim e Ferran buzinou antes de se afastar.
— Boa noite. — cumprimentei o homem que hoje não era o seu Iván.

Caminhei rapidamente até em casa, fazia um frio de congelar aqui fora.

Subi os degraus da varanda e me aproximei da porta. Digitei a senha na fechadura eletrônica que Taia tinha me passado por mensagem e ouvi o clique do trinco abrindo.

Entrei fazendo o mínimo de barulho possível e fechei a porta trancando novamente. Subi os degraus devagar usando a lanterna do celular. A porta da suíte de Rapha e Taia estava fechada e fui direto para o quarto que eu usava.

Fechei a porta e acendi a luz, deixando minha bolsa em cima da cômoda. Não queria comer mais nada, me enchi de pizza com refrigerante, e o enjoo parece estar voltando. Melhor tomar um banho e tentar dormir.   

· · • • • ✤ • • • · ·

Por hoje é só meus amores, espero que tenham gostado 😉
Eu vou tentar postar um capítulo por semana, mas minha vida é um poquinho corrida e eu
também tenho outros livros para atualizar, mas eu vou me ajeitar. 

Quem quiser conversar comigo, saber mais sobre a história, me conhecer um pouco, me segue lá no Insta, eu vou vou adorar conhecer vcs 💜

Beijinhos e até o próximo 😘😘


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro