Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo Dez

Hola culers ❤💙

· · • • • ✤ • • • · ·

Saí do treino junto com os outros me sentindo ansioso pra chegar logo em casa.
— Daqui a pouco eu tô chegando lá. — Ansu disse se despedindo indo em direção a sua Ferrari.

Ferran entrou no Corolla Cross dele e Pedri entrou no banco do carona. Eu entrei no banco de trás.
— Bora fazer alguma coisa nesses dois dias de folga? — Pedri sugeriu enquanto Ferran manobrava pra fora do estacionamento.
— Tipo o quê? — nosso amigo perguntou e eu dei atenção a conversa deles.
— Sei lá, viajar, sair um pouco da cidade.
— Pra ganhar essas duas folgas, a gente precisa ganhar o jogo de amanhã, melhor focar nisso. — falei e Pedri me encarou. — Que foi?
— Você tem alguma dúvida de que vamos ganhar? Pode anotar aí, amanhã fechamos cinquenta e três pontos na tabela.

Dei de ombros e ele deu risada olhando pra frente de novo. Realmente espero que ele esteja certo e a gente ganhe do Sevilha. Não é falta de confiança, eu só aprendi desde cedo que um jogo nunca está ganho, até que ele termine. Tudo pode acontecer em uma partida de futebol.

Babi e Sira mandaram mensagens no grupo há alguns minutos avisando que já estavam no nosso apartamento preparando tudo.

Eu não vi mais a marrentinha depois que fui até a casa do Raphinha lhe pedir desculpas, mas sempre trocávamos mensagens. Na verdade, eu que sempre mandava bom dia, boa tarde ou boa noite ou puxava assunto. Ela só me respondia.

Eu poderia muito bem esquecer essa história e deixar pra lá, mas ela tem algo que me atrai como um ímã. Tento ficar de boa, mas quando vejo já estou digitando e lhe enviando mensagens, desejando saber como foi o seu dia, o que ela está fazendo. Parece uma espécie de obsessão que eu não consigo controlar.

Paramos no estacionamento reservado do prédio e fomos para o elevador. Os dois conversavam animados, eu só ouvia. Meu pensamento estava focado em outro lugar.

Pedri e Ferran entraram no apartamento e foram direto até a cozinha falar com as meninas. Eu fui logo tomar banho, esperando que quando eu terminasse e descesse, Babi estivesse sozinha.

Tomei um banho morno me sentindo ansioso pra caralho! Derrubei várias coisas no banheiro e soltei alguns palavrões já irritado. Droga de garota que vai me deixar maluco!

Vesti um conjunto moletom preto da Nike e passei meu perfume favorito. Por último dei uma ajeitada no cabelo.

Abri a porta do meu quarto devagar e espiei o corredor. A porta do quarto de Ferran estava entreaberta e ouvi as vozes do casal conversando lá dentro. Na ponta dos pés, cheguei perto da porta do quarto de Pedri e ouvi um barulho baixinho de água corrente, ele tava no banho.

Sentindo o coração acelerado no peito voltei rapidamente indo para a escada. Aquela seria a minha única chance da noite de trocar algumas palavras com a garota somente nós dois.

Me aproximei devagar da cozinha sentindo o cheiro de algo doce sendo preparado, mais especificamente algo com chocolate. Aproveitei que Babi estava de costas para a porta e meus olhos varreram cada centímetro do seu corpo, ela conseguia ficar linda de qualquer jeito. Os cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, ela vestia uma calça legging preta, uma blusa também preta de mangas compridas e pantufas de panda. Não duvido nada de que ela tinha vindo usando elas quando Sira foi buscá-la. Minha atenção demorou mais em sua bunda e na cintura fina, difícil não pensar besteira vendo tudo isso. Ela é gostosa pra caralho!

Babi desligou a chama do fogão e virou-se segurando a panela com cuidado. Ela me viu e arqueou levemente as sobrancelhas demonstrando surpresa.
— Tá aí a muito tempo? — perguntou colocando a panela em cima da mesa e me aproximei colocando as mãos nos bolsos frontais da calça olhando-a de cima a baixo mais uma vez.
— Não, acabei de chegar. — menti observando atentamente seus movimentos.

Babi despejava o conteúdo da panela, que era chocolate e me toquei que era brigadeiro de panela, em uma travessa redonda e grande de vidro.
— Oi. — falei e ela me olhou arqueando uma sobrancelha e fazendo um biquinho com os lábios em uma expressão de deboche.
— Oi, tudo bem?
— Tô bem, e você?
— Muito bem.
— Legal. — ela colocou a panela na pia e lambeu o dedo que estava sujo de chocolate atraindo minha atenção. Eu queria ter feito aquilo.

Babi olhou para a mesa e segui seu olhar vendo tudo que elas tinham providenciado. Bolos, balas, salgadinhos e agora o chocolate. Fora sucos e refrigerantes. Nossos nutricionistas vão surtar se verem isso.
— Acha que preciso fazer mais? — seus olhos cor de mel me fitaram e por um momento mergulhei neles esquecendo completamente de raciocinar.
— Como assim? — me lembrei de perguntar e tentei soar normal ao invés de parecer um idiota.
— Eu faço mais um pouco de brigadeiro ou acha que já tá bom a quantidade de coisas? — ela indicou a mesa com a mão. — Ainda vamos pedir pizza.
— Eu acho que já tá bom. — falei rindo e ela sorriu também. — Quem mais come são o Ferran e o Araújo.
— A Sira disse.

Babi cobriu a travessa com um pedaço de plástico filme.
— Quer ajuda com algo? — ofereci e ela me olhou assentindo.
— Guarda o brigadeiro na geladeira, por favor. Eu vou lavar os utensílios que estão sujos.

Prontamente fiz o que ela me pediu e depois fui pegar o pano de prato pra secar o que ela estava lavando.
— Tenho a impressão de que você ainda não me perdoou direito.

Babi me encarou por um momento antes de voltar a atenção para o que estava fazendo.
— Pra mim tá tudo bem, pra você não?

Antes que eu respondesse, Pedri entrou na cozinha.
— Querem ajuda? — ele perguntou se aproximando e Babi sorriu para ele de um jeito fofo. Acho que o problema sou eu mesmo.
— Não, já terminei.

Deixei o pano em cima da pia e fui procurar alguma coisa pra comer enquanto os dois conversavam.
— O que vamos fazer na sala? — Babi perguntou e Pedri a olhou sem entender.
— Como assim?
— Cabe todo mundo nos sofás? — ela indagou rindo e meu amigo também deu risada. — Vocês homens são folgados.
— Olha só quem fala, você quase me derrubou da sua cama sua folgada!

Rolei os olhos com tanta melação e agradeci o fato de a campainha ter tocado.
— Eu atendo. — falei saindo da cozinha não me importando se eles escutaram ou não.

Abri a porta dando de cara com Ansu e Araújo, cada um com uma sacola. Tenho certeza que é mais comida.
— Cadê a Babi? — Araújo já foi logo perguntando e apontei pra trás com o polegar em direção a cozinha.

Eles foram pra lá e eu decidi ir para o meu quarto, melhor ficar lá do que ver essa melação em cima dela.

Fiquei jogando até que Pedri veio me chamar e também perguntar porque eu tinha subido e estava aqui trancado. Eu inventei uma desculpa dizendo que estava em uma boa fase do jogo e queria aproveitar. Ele pareceu acreditar e nós descemos, depois de eu pegar um cobertor e meu travesseiro.

A galera conversava animada e evitei encarar a marrentinha enquanto sentava na ponta do sofá ao lado de Ansu e me enrolava. Sira e Ferran entraram trazendo as pizzas e se acomodaram também.

Por um momento, meus olhos encontraram os seus e desviei rapidamente. Já que ela não quer papo comigo, eu não vou ficar insistindo.

Pedri deu play no filme e sentou ao lado dela, os dois dividiam um cobertor. Sira e Ferran estavam ao lado deles e também dividiam as cobertas. Ansu estava sentado ao meu lado e Araújo deitado em um colchão no chão.

Foquei minha atenção no filme querendo tirar ela um pouco da minha cabeça.

...

Estacionei o carro em frente à casa tão conhecida e desci olhando ao redor pra ver se eu seria abordado por alguém. Eu gosto dos meus fãs, do carinho que eles têm por mim e pelo meu trabalho, mas as vezes passa do limite.

Toquei a campainha e esperei que viessem atender. Instantes depois a porta foi aberta e minha irmã apareceu arqueando uma sobrancelha.
— E eu achando que era outra pessoa. Por que não entrou seu folgado?
— Oi pra você também irmãzinha. — falei entrando e dando um beijo nela. — Eu não moro mais aqui, agora sou visita e você tem que abrir a porta pra mim.

Aurora rolou os olhos e fechou a porta.
— Eu mereço! — ela resmungou passando por mim indo em direção a cozinha e dei risada seguindo ela. — O filho de vocês chegou. — ela anunciou e nossos pais que estavam sentados à mesa olharam pra nós dois.
— Mas já estão brigando? — meu pai indagou rindo e levantou para vir me abraçar. — Oi filho.
— Oi pai. Ela fala assim, mas eu sei que ela me ama.

Aurora fez uma expressão debochada me olhando de cima baixo.
— Eu deveria ter sido filha única.
— Aurora, não fale assim com o seu irmão. — minha mãe disse a repreendendo e minha irmã deu de ombros rindo. — Oi filho, como você está?
— Oi mãe, tô bem e você?

Também trocamos um abraço apertado.
— Eu estou bem querido. Muito melhor do que na última vez que nos vimos.

Ela estava sorridente e sua expressão tranquila. Vê-la assim tão serena acalmou meu coração preocupado. A abracei novamente e dei um beijo em sua testa.

Eu vim almoçar com os meus pais hoje porque eles queriam conversar comigo, mais tarde teria o jogo contra o Sevilha.
— Eu vi o comentário de que o Xavi vai dar duas folgas caso vocês ganhem hoje, é verdade? — Aurora indagou e olhei pra ela assentindo.
— É verdade sim.
— Que legal filho, vai fazer alguma coisa? — meu pai perguntou.
— Vou viajar com os caras.

Tínhamos decidido ontem após o filme. Iríamos para as Ilhas Canárias onde Pedri havia nascido e hoje tinha uma espécie de villa onde sua tia morava e criava cavalos. Só iríamos eu, Pedri, Ansu e a marrentinha. Sira e Ferran também queriam ir, mas ela teria treinos importantes e uma competição no próximo fim de semana. Araújo ia passar esses dois dias com a família que tinha vindo do Uruguai.

Minha mãe e Aurora terminavam de preparar o almoço e gostei muito de vê-la alegre assim.
— Ela tem ido com frequência na terapia. — meu pai sussurrou ao meu lado e olhei para ele surpreso. — E está seguindo o tratamento indicado.
— Isso é muito bom.
— É sim. — meu pai assentiu sorrindo. — É bom vê-la voltando a ser o que sempre foi.

A comida como sempre estava uma delícia, tudo muito bem temperado do jeito que eu gosto. As conversas eram divertidas e o clima não poderia ser melhor.

Depois que terminamos, eu e Aurora fomos lavar e secar a louça enquanto nosso pai ia guardando tudo nos armários. Mamãe estava sentada à mesa nos olhando com uma expressão feliz.
— Garoto, se você jogar água em mim de novo... — Aurora reclamou e fiz menção de espirrar água nela mais uma vez. Minha querida irmãzinha me olhou irada e ameaçou me bater com o pano de prato.
— São eternas crianças. — papai comentou terminando de guardar o último utensílio e indo sentar ao lado da nossa mãe. — Parem com isso os dois. Gavi termine de organizar a pia e venha se sentar, você também Aurora. Nós queremos conversar com vocês.

Joguei água nela mais uma vez e Aurora grunhiu irritada batendo o pano em minhas costas.

Deixei tudo organizado e fui sentar entre minha irmã e minha mãe.
— Como vocês sabem, nós estávamos planejando voltar para Los Palácios, mas eu e a mãe de vocês tivemos uma conversa essa semana, e decidimos ficar mais um pouco em Barcelona.

Olhei para a minha irmã que estava tão surpresa quanto eu. Aparentemente ela também não sabia de nada.
— Mas pai, eu já tinha assinado a papelada do aluguel do apartamento.
— Não se preocupe filha, você vai morar no seu cantinho assim como o seu irmão. Nós vamos ficar mais um pouco porque a terapeuta aconselhou sua mãe a ir se desgarrando aos poucos dos filhos. Faz parte do tratamento dela.

Eu realmente não sabia o que dizer naquele momento enquanto minha mãe me olhava em expectativa.
— Filho, será que nós podemos conversar um pouco?
— Claro mãe.
— Venha querida, vamos deixar sua mãe e seu irmão conversarem um pouco. — meu pai chamou Aurora e os dois saíram abraçados da cozinha.
— Pablo eu sei que não tenho sido uma boa mãe pra vocês nesses últimos meses.
— Tá tudo bem mãe...
— Não querido. — ela me interrompeu erguendo a mão. — Me deixe continuar, por favor. Também faz parte do meu tratamento reconhecer que estou errada e me desculpar. Já conversei com o seu pai e a Aurora.

Assenti em silêncio, me sentindo um pouco nervoso por estar naquela situação.
— A terapia me fez ver que meus atos foram horríveis com você e sua irmã. Eu tinha dificuldade em aceitar que vocês dois, principalmente você Pablo, tem uma vida adulta e independente agora. Queria estar no controle o tempo todo. Ainda é difícil lidar com isso, mas estou indo aos poucos.
— Eu fico feliz por isso mãe, de verdade. — falei emocionado tocando em sua mão que estava em cima da mesa.
— Você pode voltar pra casa se quiser, eu prometo que não vou mais interferir na sua vida.

Apesar de estar feliz com essa mudança da minha mãe, de ela estar bem, seguindo a terapia, um sinal de alerta se acendeu em mim.

Eu sempre fui um cara bastante observador, atento ao que acontecia a minha volta. Eu era novo quando minha tia foi traída, mas percebi que aquele relacionamento dela com seu ex-marido não era normal, era algo completamente tóxico e abusivo. Ele batia nela, humilhava e depois dizia que se arrependia e pedia para voltar, e ela sempre aceitava. No final as coisas acabavam se repetindo.

Claro que eu não estou comparando o relacionamento deles com o meu com a minha mãe, mas o que me restou de lição sobre isso é que as pessoas não se arrependem de seus atos assim tão fácil. Elas sempre querem ir pelo caminho mais fácil achando que tudo vai se resolver, mas não é bem assim.
— Eu sei mãe. — olhei pra ela que esperava pela minha resposta. — Sei que aonde você e meu pai estiverem, sempre vai ter lugar pra mim e pra Aurora, mas eu prefiro continuar onde eu tô.

Ela ficou decepcionada, mas era melhor assim.
— Eu gosto de morar com os meus amigos, e também já tô pensando em comprar um lugarzinho bacana pra mim.
— Tudo bem filho, eu entendo.

Levantei e fui abraçá-la. Eu desejava de coração que minha mãe ficasse bem, se recuperasse desse comportamento obsessivo e pudéssemos voltar a ser uma família unida e feliz.



Desci a escada levando minha mala enquanto digitava no celular. Pedri já estava a caminho.

Thor veio me encontrar subindo nas minhas pernas e fiz um malabarismo para não cair.
— Bom dia maninha. Quer ajuda? — Rapha perguntou vindo da cozinha e sorri agradecida.
— Bom dia mano, quero sim.

Raphael segurou a mala e fez uma careta.
— Cê não tá levando coisa demais somente pra dois dias?
— Não enche. Cadê a Taia?
— Tomando banho e se arrumando, a gente vai passar o dia fora.

Abri um sorriso malicioso e ele sorriu também.
— Aí sim, mandou bem. — fizemos um high five.

Meu celular vibrou, era Pedri avisando que já estava na portaria.
— Chegaram. Eu já vou indo. — fiz menção de abraçá-lo, mas Rapha desviou segurando firme minha mala.
— Eu vou com você até lá, quero ter uma conversinha com aquela cambada.
— Raphael eu sou adulta sabia? — reclamei enquanto a gente ia em direção a porta.
— E? Continua sendo minha irmã e tá grávida, preocupação em dobro.
— Vê se não comenta nada, Gavi e Ansu não sabem sobre a minha gravidez.
— Por que não contou? Vocês não são todos amigos?

Fomos andando até a portaria e fechei meu casaco por conta do vento frio.
— Mais ou menos, ainda não apareceu a oportunidade de contar.

Raphael me encarou arqueando uma sobrancelha.
— Você quem sabe, mas sua barriga vai crescer, não esquece disso.

Nos aproximamos do senhor Iván e as palavras de Raphael continuavam martelando minha mente.

Cumprimentamos o porteiro e saímos do condomínio. O Corolla de Ferran estava estacionado e Pedri desceu.
— Bom dia morena.
— Bom dia meu bem. — trocamos um abraço apertado.
— Pronta pra conhecer as Ilhas Canárias?
— Prontíssima! — respondi empolgada e sorrimos.
— Pedri cuidado com a minha irmã, toma conta dela. — Raphael disse autoritário enquanto os dois trocavam um abraço rápido e rolei os olhos de tédio.
— Nem precisa pedir, ela é como se fosse uma irmã pra mim.
— Viu seu chato? Eu estou em boas mãos. — provoquei e Pedri abraçou meus ombros dando risada. Raphael apenas balançou a cabeça.
— Pegou todos os seus remédios?
— Sim senhor. — respondi batendo continência e os dois gargalharam.
— Você não tem jeito Babi, divirta-se mana.

Trocamos um forte abraço.
— Valeu, divirta-se você também. — pisquei o olho sugestiva e ele fez uma careta.

Rapha me deu um beijo na testa enquanto Pedri ia guardar minha mala e quando voltou abriu a porta do carro pra mim. Eu entrei no banco da frente, ao lado de Ferran que iria nos levar até o hangar privado para pegarmos o jatinho e Pedri entrou atrás, onde já estavam Ansu e Gavi.
— Bom dia meninos. — cumprimentei e eles responderam.

Olhei rapidamente para trás encontrando os olhos castanhos do marrentinho.

A gente não se falou mais depois do filme no sábado. Ele evitava me encarar o tempo todo e não me mandou mais mensagens. Quando eu e Sira viemos embora ontem, ele ainda não tinha saído do quarto e desconfio que foi proposital.

Não vou negar dizendo que não sinto falta da sua atenção, mas talvez seja melhor assim.
— Toca essa bagaça aí Ferran! — Ansu gritou e o namorado de Sira olhou pra ele pelo retrovisor.
— Se você chamar meu carro de bagaça mais uma vez, vai descer e ir a pé.

Zoamos com o menino Ansu que ergueu as mãos em rendição.

...

Chegamos ao hangar vinte minutos depois. O jatinho particular de Pedri ficava aqui e voaríamos nele até Tenerife, a maior das ilhas do arquipélago. De lá iríamos de carro até Tegueste, onde meu amigo havia nascido.

Ferran nos ajudou com as malas e logo depois foi embora, ele iria assistir ao treino da namorada e depois almoçar com ela.

Fomos andando pelo lugar rindo uns com os outros. Pedri trazia sua mochila e puxava minha mala preta de rodinhas. Nós estávamos de braços dados.
— É uma pena que vai estar frio lá. — Pedri comentou. — Não vamos poder aproveitar as cachoeiras.
— Tem cachoeira lá? — perguntei animada. Eu adorava tomar banho de cachoeira.
— Tem sim, e são maravilhosas.

O piloto, o copiloto e uma comissária de bordo esperavam por nós. Nossas malas foram embarcadas e entramos logo depois.

Sentei em uma poltrona ao lado de Pedri enquanto Gavi e Ansu preferiram sentar sozinhos.
— Tá tudo bem com o nosso bebê? — Pedri perguntou baixinho ao meu lado quando o jatinho começou a decolar.
— Tá sim, tudo ótimo com ele, ou ela. — acrescentei e começamos a rir.
— Quando é a próxima consulta?
— Acho que na outra semana, eu preciso fazer alguns exames antes disso.
— E por que você ainda não foi fazer Babi? — Pedri indagou em tom de repreensão e rolei os olhos dando risada.
— Porque ainda não passou do prazo. Semana que vem eu faço.
— Eu vou ficar no seu pé.

Dei risada e ele balançou a cabeça em negação.

Nós saímos de Barcelona muito cedo e enquanto o jato sobrevoava o espaço aéreo espanhol, eu acabei adormecendo.

...

Acordei com Pedri me balançando suavemente e pisquei me espreguiçando.
— Acorda dorminhoca, já estamos chegando.

Olhei pela janela e o arquipélago ia se aproximando.

Sentei ereta na poltrona e encarei Pedri que parecia nervoso.
— Tudo bem? — perguntei notando que ele estava quase suando frio.
— Eu detesto essa parte. — Pedri murmurou e fiquei sem entender.
— Que parte?
— Quando o avião começa a descer pra pousar.
— Você tem medo de andar de avião? — perguntei pegando sua mão e entrelaçando nossos dedos, segurando firme.
— Não do voo em si, nem da decolagem, mas quando começa a descer para pousar eu fico nervoso.
— Você sempre teve esse medo ou aconteceu algo que te deixou assim traumatizado?

Pedri engoliu em seco quando sentimos o jatinho perdendo altitude e apertei mais ainda sua mão.
— Uma vez, antes de eu comprar o jatinho, vim visitar meus pais e quando voltei pra Barcelona, o piloto teve de arremeter o avião por conta do vento forte antes de conseguir pousar.
— Eu imagino que tenha sido assustador.
— Foi sim. — ele admitiu sorrindo de leve. — Na hora eu achei que não ia conseguir sair vivo daquela situação.
— Foi só um susto pra ver se o coração aguenta. — comentei divertida e ele sorriu mais ainda.

O jatinho pousou na pista tranquilamente e Pedri me encarou surpreso.
— Você maravilhosa Babi. — ele disse antes de me abraçar com força.

Eu simplesmente o deixei falar para que se distraísse e esquecesse do seu medo durante o pouso. Meu olhar caiu em Gavi que estava sentado um pouco mais atrás, ele estava sério e desviou logo depois. Ele realmente está chateado comigo.

O clima na ilha não era dos melhores. Chuvoso e frio, parece que ainda estávamos em Barcelona. O tio de Pedri esperava por nós, eram poucos minutos de distância entre o pequeno aeroporto em Santa Cruz de Tenerife e a villa em Tegueste.

Pedri ia no banco do carona da Ford Ranger preta conversando com o tio que dirigia, enquanto eu, Ansu e Gavi estávamos no banco de trás, exatamente nessa ordem.

Apesar do tempo nublado, percebi pelo pouco que vi que Tenerife era espetacular. Sendo a maior ilha do arquipélago das Canárias, ela também é a mais populosa e a mais procurada pelos turistas, em sua maioria os europeus. Vi em uma página do google que o motivo disso é a grande diferença ambiental existente entre o norte e o sul da ilha. A sensação era descrita como passear em dois climas distintos em um só lugar, o norte úmido e rico em vegetação e o sul ensolarado e árido.

Mandei uma mensagem para Rapha avisando que já tinha pousado na ilha e avisaria quando chegasse na villa.

Pedri e o tio que se chamava Héctor, discutiam sobre os cavalos criados na propriedade, a tia dele Jana era apaixonada pelos animais. Eles criavam e domavam cavalos para vendê-los a compradores portugueses, espanhóis, franceses e até ingleses. Segundo meu amigo, o negócio ainda era pequeno, mas crescendo e se tornando bastante rentável.

Passamos por um enorme portão de ferro que estava aberto e pude ler o nome que estava escrito na placa, acima do arco de pedra. Villa Oásis.

Era basicamente uma fazenda ou um rancho, porém um pouco mais sofisticado. Héctor parou o carro em frente à casa principal e descemos. Eu como uma boa arquiteta estava apaixonada por cada detalhe daquele lugar. As paredes imaculadamente brancas contrastavam com os telhados vermelhos que deveriam brilhar com os raios de sol.

Do lado direito, um pouco mais a frente ficavam os estábulos e currais. Uma mulher baixinha e morena vinha daquela direção e quando ela se aproximou, eu reconheci sendo Jana, a tia de Pedri. Ele já tinha me mostrado fotos dela.
— Sobrinho.
— Oi tia.

Os dois trocaram um abraço afetuoso.
— Como você está querido?
— Estou bem, e você? — era nítido o carinho entre eles.
— Muito bem, com saudades dos meus sobrinhos e da minha irmã, e do meu cunhado também é claro.

Jana era a única irmã da mãe de Pedri e madrinha do irmão dele.
— A gente também sente sua falta.
— Eu sei que sim querido. Me apresenta os seus amigos.
— Claro tia. — ele abraçou os ombros da mulher com evidente carinho quando se voltaram para nós. — Gavi e Ansu você já deve ter visto na TV.
— Ah com certeza, olá meninos, como vão?

Os dois cumprimentaram Jana com evidente alegria, em seguida ela olhou pra mim.
— E essa moça linda quem é? É namorada de algum de vocês? Porque se não for vocês estão sendo uns idiotas.

Todo mundo riu com comentário bem humorado, exceto o marrentinho.
— Essa é a Babi tia, uma grande amiga nossa.
— Oi, tudo bem? — perguntei simpática e ela me abraçou gentil.
— Estou bem e você?
— Muito bem, obrigada. E obrigada também pela gentileza em nos receber na villa.
— Ah meu bem, não precisa agradecer por isso. Sendo amigos do meu sobrinho, serão sempre bem recebidos aqui.

Subimos os degraus de pedra da escada e ao entrar na casa, eu fiquei ainda mais encantada com todos os detalhes.
— Vocês estão com fome? — Jana perguntou. — Ainda está cedo para o almoço, mas eu vou pedir a Célia que prepare um lanche bem gostoso. Pedri mostre os quartos para os seus amigos, depois desçam para comer o lanche.
— Pode deixar tia.

Pedri nos levou até o segundo andar, a cor branca ainda predominava, com detalhes em amarelo e vermelho. As cores da bandeira espanhola. Ele me deixou primeiro no meu quarto e foi mostrar os dos meninos.

A vista do meu quarto era para a mata nos fundos da casa e uma piscina rodeada por plantas exóticas, dando o aspecto de uma lagoa no meio da floresta. Em um dia de sol seria maravilhoso passar o dia naquela piscina, desfrutando de suas águas cristalinas e o verde ao redor. Avisei Raphael que já tinha chegado e fui revirar minha mala.

...

— Você tá roubando, não pode fazer isso. — falei apontando para o montante de cartas em cima da mesa e Ansu me olhou.
— Claro que pode, eu sempre joguei assim.
— Então você jogou errado a sua vida inteira. Não pode jogar uma carta +4 em cima de uma carta +2 ou de outra +4. — expliquei e os três me olharam surpresos.
— Ué, porque não? Eu sempre joguei assim. — Pedri disse rindo.
— Eu também. — Gavi concordou com ele e encarei o marrentinho por alguns segundos.

Depois do almoço, a chuva aumentou de intensidade e minha ideia e de Pedri de ir andar a cavalo não deu certo. Sem ter o que fazer, a gente inventou de jogar UNO.
— A carta +4 só pode ser jogada se você não tiver mais nenhuma outra carta na mão. Se a próxima pessoa que jogar depois de você, no caso o Pedri, pedir para ver a sua mão e comprovar que você tinha uma carta verde ou outra carta +2, você é quem vai pegar quatro cartas da pilha.
— Mas aí o Gavi jogou um +2, quer dizer que eu tinha que pegar mais duas cartas ao invés de jogar uma +4? — Ansu perguntou rindo.
— Exatamente.
— E quando é que a gente joga a +4? — Gavi questionou e olhei para ele.
— Se você não tiver mais nenhuma carta na mão a não ser ela, ou então em cima da carta coringa que permite o jogador escolher a cor da próxima rodada.

Eles começaram a falar ao mesmo tempo e foi difícil entender algo. Meu celular vibrou em cima da mesa, era a Dani em uma chamada de vídeo.
— Oi Lindinha. — falei atendendo e eles automaticamente calaram a boca.

Deixei as cartas em cima da mesinha de centro e levantei do tapete.
Oi minha Florzinha. — Dani sorriu e acenou. — Tá tudo bem? Eu ouvi barulho de muita gente conversando.
— Tudo ótimo, nada demais. Eu tô ensinando esse povo como jogar UNO do jeito certo.

Dani riu com gosto e olhei para os curiosos ainda sentados no chão antes de sair para a varanda.
Então, me conta, aproveitando muito as Ilhas Canárias?
— Quem me dera amiga, tá chovendo aqui desde a hora que a gente chegou. — falei rindo e ela também deu risada. — Íamos andar a cavalo agora tarde, mas nem deu.
É uma pena, pelas fotos que a gente vê na internet o lugar é tão bonito.
— Mas não esqueça que nem sempre essas fotos são completamente verdadeiras. Tudo com retoque.
Eu sei, eu sei. Mas e a viagem em si, como tá?
— Tá legal, a villa da família do Pedri é muito bonita, só por isso já vale a pena.

Sentei em uma das cadeiras de vime marrom que ficavam na varanda.
Eu imagino, adoro lugares idílicos assim.
— Você com certeza iria adorar.

Notei Pedri encostado à porta e fiz sinal de joinha de que estava tudo bem. Ele assentiu e voltou para dentro.



— Olha pra mim e tenta seguir os meus movimentos. — Babi tentou ensinar, mas Pedri errava todos os passos.

A marrentinha tentava ensinar meu amigo a dançar um estilo de música bem conhecido lá no Brasil, mas é claro que não dava muito certo. Enquanto ela executava os passos muito bem, Pedri só se atrapalhava fazendo eu e Ansu cair na gargalhada.
— Eu vou fazer mais uma vez e você só olha e tenta decorar os passos. — Babi disse e Pedri assentiu.

A música tocou do início na caixinha de som e observei atentamente enquanto ela se movimentava com um lindo sorriso no rosto. Aquela infeliz mexe comigo, mas sempre me evita, isso sem contar esse seu segredo que me deixa quase estourando de tanta curiosidade.

Inevitavelmente me lembrei de vê-la dançando e rebolando na festa. Depois daquilo eu passei alguns momentos das minhas noites imaginando como seria se ela estivesse dançando daquele jeito coladinha em mim, do quanto seria gostoso abraçar sua cintura e beijar seu pescoço sentindo seu cheiro maravilhoso.
— Agora faz junto comigo. — Babi disse segurando a mão de Pedri e novamente meu amigo errou.
— Eu desisto! — ele se jogou no sofá respirando ofegante. — Não tenho coordenação motora pra dançar desse jeito.

Babi deu risada e fez mais um passo com um sorriso nos lábios bem feitos. Linda, absurdamente linda de qualquer jeito.

...

Após o jantar, nós ficamos conversando um pouco com Jana e Héctor, eles adoraram saber que Babi era brasileira e a encheram de perguntas.

A energia elétrica começou a oscilar por conta da chuva e dos raios, e resolvemos ir deitar. Eu tentei dormir, mas fiquei um bom tempo virando de um lado para o outro. Estava frio pra caramba e o aquecedor tinha sido desligado por conta das quedas de energia. Somente o estábulo tinha um gerador reserva.

Apesar de estar cansado e ter levantado muito cedo, minha mente não conseguia relaxar e adormecer. Tantos pensamentos rodavam em minha mente que eu já tava ficando confuso.

Já de saco cheio de ficar virando de um lado para o outro, resolvi levantar e ir até a cozinha esquentar um pouco de leite. Um copo de leite morno com açúcar sempre me ajudou a relaxar, desde criança. Vesti um moletom mais grosso, calcei meus tênis e coloquei meu celular no bolso. Caso faltasse energia, eu poderia usar a lanterna do aparelho.

A casa estava silenciosa e a luz estava fraca, mas constante. Desci a escada devagar não querendo esbarrar em nada e acordar alguém. Porém, ao entrar na cozinha, eu levei o maior susto.

Babi estava na cozinha fazendo alguma coisa no fogão. Eu fiquei parado na porta sem saber o que fazer. Apesar de estar com vontade de entrar e conversar com ela, meu primeiro pensamento era voltar pro quarto. Ela estava me evitando, não queria papo comigo.

Antes que eu me movesse, Babi se virou e pude notar a surpresa estampada em seu lindo rosto ao me ver. Era difícil olhar pra ela e não me perder em seus encantos e mistérios. O que essa garota tem de tão especial que me deixa desse jeito? Pronto para abrir mão de qualquer limite ou sanidade apenas para poder encarar aquele olhar ou vê-la sorrir.

Meu coração disparou no peito como acontecia sempre que trocávamos olhares e minhas mãos suaram dentro dos bolsos da calça, apesar do frio que fazia.
— Também não conseguiu dormir? — ela perguntou em um tom de voz divertido e entrei na cozinha tentando parecer natural.
— Não. — respondi tentando controlar o tremor em minha voz. — Acho que você também não.
— Tempestades me deixam um pouco nervosa, principalmente em lugares que eu não conheço e se faltar luz.

Um relâmpago clareou tudo lá fora seguido por um estrondoso trovão e percebi Babi ficar um pouco tensa. Minha vontade naquele momento foi de abraçá-la.
— Por que não chamou ninguém?
— Eu não quis incomodar. E você, por que não conseguiu dormir? Tem medo de tempestades também?
— Não, não é isso. Eu só não consigo relaxar e adormecer. Quando fico assim, eu tomo um copo de leite morno com açúcar, me ajuda a relaxar.

Babi abriu um sorriso que fez meu coração disparar de novo. Ela ainda vai acabar me fazendo ter uma arritmia.
— Parece que temos o mesmo costume então. — ela indicou o copo de leite em cima da pia. — Senta aí, eu esquento pra você rapidinho.
— Não precisa, eu...
— Senta aí garoto.

Aquele sorriso conseguia me desarmar e sentei sem reclamar, de olho em cada movimento seu. Babi esquentou o leite no fogão porque o micro-ondas assim como todos os outros eletrodomésticos estavam fora da tomada por conta dos raios e trovões.
— Prontinho. — Babi disse colocando os dois copos em cima da mesa. — Tá aqui o açúcar e eu também achei esse pote de biscoitos. — ela sorriu cúmplice como se tivesse acabado de cometer uma travessura e foi inevitável não sorrir também.

Babi adoçou o seu leite e fiz o mesmo, dando um gole logo em seguida. A bebida quente e adocicada desceu por minha garganta me aquecendo.
— Isso é muito bom. — Babi murmurou depois de beber também.
— É sim. — concordei e demos risada.

Tomamos o leite acompanhado dos biscoitos de chocolate em um silêncio gostoso, ouvindo apenas o barulho da chuva que caía no telhado. Eu queria puxar assunto, mas estava com medo de falar alguma bobagem e ela se afastar de novo, por isso preferi ficar quieto, apenas aproveitando sua presença.
— Fico feliz de ver que você e o Rapha se acertaram e estão mandando bem em campo.
— Tudo que aconteceu pra mim é passado, importante que você e ele me perdoaram.
— Você mandou bem marrentinho, vindo me pedir desculpas.

Encarei Babi não acreditando na coincidência. Era exatamente assim que eu a chamava, de marrentinha.
— Que foi? Não posso te chamar assim?
— Pode sim, você pode fazer o que quiser.

Ela desviou o olhar dando risada e eu queria me socar por ter falado aquilo. Eu tava parecendo um moleque inexperiente gostando de alguém pela primeira vez. Pior que parando pra pensar, é exatamente isso que tá acontecendo. Ninguém nunca chamou tanto a minha atenção como ela está fazendo.
— Eu vi que o Pedri tá assistindo uma série que você indicou, ele comenta sobre ela o tempo todo. — tentei puxar assunto, não queria acabar com aquele clima legal entre a gente.
— Deve ser NCIS.
— É esse mesmo o nome, fala sobre espionagem né?
— Crimes envolvendo a marinha americana mais especificamente. É a minha série favorita, já maratonei várias vezes e também os spin-offs.
— Ah então deve ser boa, acho que vou começar a assistir.
— Ah se você gosta desse mundo de espionagem, agentes secretos, com certeza vai gostar.
— Eu gosto sim, já assisti todas as temporadas de CSI e Criminal Minds.
— Mentira! Sério?
— Sim. — respondi empolgado. — Também tô assistindo mais algumas. Tô assistindo aquela baseada no jogo de videogame, The Last of Us.
— Ouvi falar dessa, mas ainda não assisti.

Babi me olhou por um momento e fiquei esperando que ela falasse no que estava pensando.
— Então o marrentinho Pablo Gavi além de jogar bola, é fanático por séries de investigação criminal.
— E você, do que você gosta? — perguntei sem deixar de olhá-la.

Babi tomou mais um gole do leite e encarou um ponto qualquer à sua frente.
— Eu gostava de ter o controle sobre as coisas. Gostava de planejar tudo que acontecia na minha vida e ao meu redor. — ela soltou um suspiro profundo e me encarou de novo divertida. — Mas eu tô descobrindo que não dá pra ter o controle de nada na vida, é pura ilusão.

Eu tenho certeza de que aquilo que ela tinha dito, tem a ver com o segredo que ela esconde. Minha língua coçou pra perguntar sobre isso, mas acho que ainda era cedo demais. Se era um segredo ela tinha que confiar em mim para poder contar, assim como confia em Pedri, Sira e Ferran.
— Aprendi que tem coisas que estão fora do nosso alcance e tentar controlar essas coisas só vai te trazer estresse.

Babi me encarou surpresa e dei risada.
— Que foi?
— Pensamento maduro pra sua idade Gavi.

Encarei ela com uma expressão óbvia.
— Você não é tão mais velha que eu, nem vem. Você tem o que? Vinte anos? — tentei parecer natural, mas eu realmente queria saber a idade dela. Sabia que era mais velha do que eu, mas eu queria saber a idade exata.
— Vinte e um completos.
— Eu tenho dezoito, três anos só.

Babi deu risada e eu bebi o restante do leite em meu copo que já estava quase frio. Eu nunca fiquei com uma garota mais velha, mas sempre tive vontade. A maioria das meninas mais novas têm uma visão muito infantil do mundo, querem tudo do jeito delas e fazem drama por tudo. Digo isso pelos exemplos de garotas que já fiquei e também por um seleto grupo das minhas fãs, algumas me dão medo.
— Acho melhor a gente ir dormir, já tá tarde e amanhã Pedri vai acordar todo mundo cedo.
— Verdade. Deixa que eu lavo os copos. — me ofereci, mas me arrependi no exato momento que minhas mãos entraram em contato com a água gelada que saía da torneira.

Lavei rapidamente os dois copos querendo me livrar daquela tortura. Babi guardou o pote de biscoitos e limpou a mesa.
— Foi um papo legal. — Babi disse quando saímos juntos da cozinha.

Mas antes que eu pudesse responder, um trovão rugiu alto e todas as luzes se apagaram. Babi gritou assustada e me agarrou me pegando completamente de surpresa.

O cheiro gostoso que vinha dela foi a primeira coisa que notei. Automaticamente meus braços rodearam sua cintura aumentando ainda mais nosso contato e me deixando trêmulo.

A energia voltou e pude ver o rosto de Babi a pouquíssimos centímetros do meu. Por um instante mirei seus lábios entreabertos tão convidativos e voltei aos olhos ainda arregalados pelo susto. Por estarmos tão próximos, eu conseguia sentir seu coração acelerado e a respiração ofegante. Eu queria muito beijá-la, sentir seu gosto, ouvi-la suspirar baixinho.

· · • • • ✤ • • • · ·

Eu não citei nada sobre o filme Pantera Negra: Wakanda Pra Sempre pq acredito que como ele chegou agg ao Disney Plus tem gente que ainda não assistiu, então nçao quero dar spoilers. Quem não viu ainda, assistam, vale a pena 😉

Espero que tenham gostado 😘


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro