Volte!
Eu acordo tossindo, cuspindo a água da fonte da escola. Por um momento, a realidade para irreal aos meus olhos, até que tudo vai fazendo sentido. Eu estava realmente ali!
— Shoya, saia da fonte! — Naoka Ueno diz, fazendo todos rirem. Sua beleza ainda era incrível.
Seria possível? Aquilo era mesmo real? Eles estavam realmente ali ou eu estava tendo um coma? As coisas se passam na minha cabeça, me deixando ainda mais confuso. Mas tudo parecia tão real. A água, meus amigos...
— Vai ficar aí com essa cara? Vamos, saia daí! — Nagatsuka estende a mão e eu a pego com receio. Ele era mesmo real, eu estava sentindo-o!
— Você está bem? — Shimada pergunta, estranhando minha reação. Realmente, nessa época eu costumava brincar e xingar tudo ao meu redor. Um idiota.
— E-eu estou bem! — digo confuso, fazendo todos me olharem estranho.
— Bom. Vamos, temos que voltar para sala! — Nagatsuka me puxa. Eu não acredito que eu estava realmente vivendo aquilo.
Eu voltei para a sala. Se eu bem me lembrava, aquele era o dia que ela entrou na minha sala. O dia onde eu apenas despejei em cima dela o quanto eu era idiota.
Não era mentira, aquilo estava realmente acontecendo. Ela entrou na sala. Ela estava ali! Cabelos curtos, sorriso delicado e apenas uma garota indefesa, que apenas precisava de cuidado do mundo.
— Essa é nova aluna nova, a Nishimiya Shoko. Por favor, ajudem ela, ela é nova aqui e é muda. Preciso que façam o possível para que ela se sinta confortável. — o professor explica.
Ela levanta um papel escrito "Olá, eu sou nova. Espero que possamos ser amigos!". Ela era adorável. Eu me pergunto como fui capaz de fazer mal à alguém tão doce e inofensivo.
— O que acham de chamá-la para o nosso grupo? — Miki sugere. Eu sorrio.
— Com o Shoya no grupo? Não sei se isso vai dar certo. — Ueno brinca e ri. Eu me sinto mal e abaixo minha cabeça. Não dava para dizer que ela estava errada, mas isso ainda doía muito.
— Ele consegue se comportar, não é, Shoya? — Shimada me olha e eu assinto, envergonhado.
— Mas, gente, ela é surda. Podemos lidar com isso? — Nagatsuka pergunta. Sei que não era por mal, acho que ele estava com medo de ser desrespeitoso com ela, como eu fui.
— Eu sei linguagem de sinais, posso ajudá-la. — Kawai garante, a mais confiante à esse respeito do que todos nós.
— Tudo bem, vocês quem sabem. — Naoka dá de ombros. Ela era mesmo tão má quanto eu. Talvez ela se arrependesse também, se tivesse a oportunidade? Ou talvez a oportunidade só se dá para quem se arrepende? Isso tudo estava me deixando extremamente confuso.
— Pode se sentar na frente do Shoya, por favor. — o professor diz para ela em linguagem de sinais. Ela sorri e assente.
Ela se senta na minha frente e um arrepio sobe à minha espinha. Eu me lembro exatamente da cena, onde ela se sentava à minha frente eu a intimidava, puxando seu cabelo, tirando seu aparelho para ouvir e outras indizíveis coisas cruéis. Eu estava paralisado, sentindo minha respiração ofegante.
— Shoya, você está bem? — Shimada me olha, percebendo o quando eu estava abalado.
— Não se preocupe, daqui a pouco ele começa. — Ueno brinca e solta uma gargalhada, como se isso fosse uma situação sequer engraçada.
Kawai ignora todos nós e se inclina, chamando a atenção da garota na minha frente com um lápis.
— Olá! Tudo bem?
— Olá! Sim, estou bem! — Sorri. Eu me sinto desestabilizado novamente.
— Você gostaria de se juntar ao nosso grupo?
— Eu adoraria! — Seus olhos brilham. Eu agradeço à Miki em pensamento.
...
Quando o sinal tocou, nós saímos da sala com nossas mochilas, era tão estranho estar no ensino fundamental novamente, mas era inacreditável estar ao lado dela, sem saber como agir. Nossos amigos conversavam e eu decidi dizer alguma coisa.
— Nishimiya, você está bem? — pergunto, sabendo que ela ouviria pelo seu aparelho, e olho para a garota, que se assusta com a minha pergunta, mas assente. Eu me lembro dessa época, ela recém tinha entrado no grupo, então, eu não havia dito nada de ruim para ela.
— Por que isso tão de repente? — Ueno me estranha, olhando-me de cima à baixo para saber se tinha algo errado exteriormente.
Eu coro e olho para baixo. Não sabia como reagir diante dessa situação. Ontem, eu era um garoto no ensino médio, fazendo estágio em um escritório. De repente, eu volto a estar no ensino fundamental e ao lado da garota que se matou por minha causa. Eu não poderia garantir que aquilo era real, pois ela loucura! Mas apenas de sentir que Nishimiya estava viva e eu poderia consertar meus erros, tudo era mais calmo na minha mente.
— Bem, vamos nos encontrar no parque hoje de novo? Aquele dia foi incrível! — Nagatsuka diz, mais empolgado que o normal. Era fofo vê-lo assim de novo.
— Claro, já marcamos, lembra? — Miki responde. Vê-la novamente tão nova, me dá arrepios.
— Sim, eu to sonhando com o gosto da pipoca na minha boca! — ele responde, fazendo Nishimiya dar uma risada fofa. Era incrível como eu não conseguia tirar os olhos dela nem quando os outros falavam.
— Então, combinado! — ela responde, sorrindo para mim. Eu sorri de volta, mas eu estava completamente imerso em Shoko. Ela era mais linda do que eu me lembrava e eu me sentia ainda mais monstruoso do que antes, por machucar uma garota tão delicada e inocente.
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