É claro que eu não voltei. Quem poderia viver com algo assim? Eu fui motivo de uma garota se matar por bullying. Eu causei tantos problemas em sua cabeça que ela se matou... por minha causa!

Eu saí do banheiro e fui direto para a ponte mais perto dali, sem nem olhar para Miki. Chegando na ponte, eu não me importei de passar no meio dos carros, que freavam para não me acertar e me xingavam, enquanto quase se acidentavam ali. Eu cheguei à ponta e abri meus braços. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti livre. Porque, por pior que fosse, agora eu me conhecia. Sabia o lixo que eu era e tinha que me aceitar dessa forma, nem que seja por míseros segundos que parecem uma eternidade na minha cabeça, enquanto os faróis dos carros passam por mim, ignorando minha presença fútil e idiota.

Eu fui atingido por algo. Algo que nem me deu o tempo de dar a sentença final à minha vida e fez isso por mim. Por um segundo, tudo parou. Era apenas eu, voando livremente pela imensidão que o universo poderia ser, mas eu era tão pequeno perto de tudo aquilo. Eu era insignificante e queria me transformar em alguém que nunca existiu de verdade. Eu fui apenas uma mentira, como todas que eu disse a minha vida toda.

A água me invadiu e eu boiei, sentindo-a entrar em todos os meus cantos. Não tentei lutar, pois eu sabia que era isso que deveria acontecer. Eu tinha que morrer. Aqui e agora.

Quando minha consciência se perde junto com toda aquela água me cercando, a única coisa que se passa em minha cabeça, é a imagem de Nishimiya segurando minha mão, me impedindo de me perder para sempre ali, como eu não fiz com ela, enquanto eu morro.