Capítulo 6- Teclas soltas
Revolurionary tips: Você não vai conseguir sozinho(a). É isso. Chame por ajuda... Olhe pra cima.
🔹✴🔹
-Não vai responder?- ele me pergunta.
Arqueio uma das sobrancelhas e me apoio no armário.
-Isso não importa mais não é? Você me fez quebrar.
Ele ri e se aproxima.
-Você é a desastrada e a culpa é minha?
Bufo e começo a catar os caquinhos, ele nem se dispõe a me ajudar, apenas fica me olhando.
-O que você quer Gabriel?- pergunto já sem paciência.
-Meu pai tem um pronunciamento a fazer- diz- seu pai pediu para eu te chamar.
O olho com sarcasmo e me levanto.
-E deste quando você é prestativo assim?- questiono.
-É que eu quero saber o que você os seus amiguinhos estão aprontando- diz- Tem algo que queira me contar? Algo com a qual eu deva me preocupar?
Ele me olha de um jeito tranquilo, mas ao mesmo tempo ameaçador.
-Se preocupe com a sua vida- dou um sorriso- tenha um bom dia.
Saio andando e de cabeça erguida, ele fica para trás e ouço uma risadinha irônica. Eu sei que ele não dá a mínima para o que eu penso.
[...]
Mark está no enorme auditório da Kestsy School. Como ele consegue ser tão elegante?
Meus amigos se sentam comigo, mas não deixo de pensar na mensagem que o @70×7 deixou. Eu não posso confiar tanto nas pessoas? Em quem?
-Que cara é essa? - Noah pergunta.
-Nada... - minto.
- Ata- Sol e Luna dizem juntos. É sério, que sincronia é essas que eles tem? Será que conseguem ler a mente um do outro?
-É sério... - digo, mentindo de novo.
-Você é uma péssima mentirosa- Júlia ri.
-Você está escondendo algo- Tyler me olha- O que aconteceu enquanto você saiu?
Todos me olham.
-O chato do Gabriel ficou me perturbando- digo uma meia-verdade, será que existem meias-verdades?
Eles fazem cara de tédio juntos, ninguém questiona, pois também não gostam do Gabriel.
De longe vejo meu pai, ele dá um sorriso para mim. Quando todos os alunos chegam, Mark começa:
-Olá queridos alunos da Ketsy School! - sorri- Sejam todos bem vindos ao nosso país. Sei que alguns chegaram hoje, outros chegaram à alguns dias e outros vivem aqui desde que nasceram... Porém, quero dizer que vocês estão em casa agora, daremos todas as oportunidades para que cresçam e se tornem pessoas brilhantes no futuro!- ele ajeita a gravata, parece um pouco tenso, porém sorri novamente- Eu vim aqui hoje para esclarecer algumas coisas...
-Lá vem... - Noah cochicha.
-Nos últimos dias, temos sofrido com os ataques cibernéticos de alguém chamado @70×7- diz- Ele (ou ela), está enviando mensagens sobre ensinamentos falsos e enganosos que deixamos no passado. Como vocês viram nas aulas, a história de Ketsy foi explicada, e eu e os meus descendentes sentimos na pele o que as crenças em bobagens podem fazer em mentes vazias... Tivemos que arrumar toda a bagunça depois...
Ele fala e então vários hologramas começam a percorrer o ambiente. Bombas caindo, pessoas correndo e gritando... Tudo isso faz meu coração apertar.
Sol e Luna seguram minhas duas mãos, eles também estão apreensivos. Mark continua:
-Para que isso tenha um fim, estamos desenvolvendo algo novo- ele sorri, o que me faz temer- em breve entenderão e saberão o que a tecnologia de Ketsy tem a oferecer...
Todos aplaudem bastante, eu dou alguns aplausos fracos. Os alunos se dirogem à saída e meu pai me chama.
Eu me aproximo dele para abraçá-lo, porém o poderoso chefão aparece por trás de mim, dizendo:
-Pequena Zoe!- diz animado, animado demais para quem prendeu a minha irmã na minha frente- Como você está?
-Estou muito bem, obrigada- dou um sorriso forçado.
-Não tem tido problemas com esse tal rebelde, não é?- me pergunta com um olhar misterioso.
Mantenho a postura e digo:
-Por que eu faria isso? Não devemos acreditar em besteiras não é?
Meu pai me olha como quem diz "Boa resposta" e Mark sorri.
Gente, será que o rosto dele doi? Porque ninguém sorri assim.
-Está criando sua filha muito bem, comandante Ross- ele dá duas batidinhas nas costas do meu pai sorrindo. Pede licença e se retira.
Eu e o meu pai nos encaramos e ele diz:
-Filha, por que eu acho que você está diferente?- pergunta.
-Do que está falando?- digo, com medo.
-Tem algo diferente, devo me preocupar? - diz- tem algo que queria me contar?
Acho que hoje é o dia de me perguntarem isso.
- Tem sim...- digo e ele me olha preocupado- Eu estou com fome.
Ele ri e comemos alguma coisa antes de eu voltar para a sala.
[...]
Agora a aula é de música, minha aula favorita. Eu evito tocar piano, mas amo tudo que envolve música.
-Eu achava que só precisava abrir a boca e cantar, mas precisa de desenhos para isso... - Tyler diz olhando uma partitura, frustrado.
Rimos dele.
Observo a sala, grande e espaçosa. Vários instrumentos diferentes e lindos. Olho os alunos e para a minha felicidade, Gabriel não está aqui.
-Cheguei pessoal!- ele diz entrando pela porta com uma menina loira.
Minha felicidade dura muito pouco.
-Senhor Denvers, posso saber o por que do atraso?- A professora pergunta.
Gabriel ri e a menina loira segura em seu braço sorrindo com um olhar malicioso.
- Ah, a senhora sabe, resolvendo negócios com o meu pai... - ele diz sorrindo.
Que mentiroso! Gabriel é insuportável, mas não sabia que agora ele ficava de gracinha com meninas nas aulas.
Espera, eu não ligo para isso, eu não ligo.
Ele se senta nas cadeiras do meio com a menina loira, a professora nem insiste, pois sabe que talvez perderia o emprego.
A professora designou cada aluno à um instrumento específico. Para o meu espanto, Noah toca guitarra muito bem e Tyler toca bateria de um jeito incrível!
Naimy fica apenas programando alguns efeitos especiais de som, ajudando quem está cantando.
Júlia vai para o violino e luta para aprender.
Sol e Luna pegam um violoncelo. Os dois são tão engraçados que um pega o arco e o outro faz os acordes, assim, tocam juntos o mesmo instrumento. Nunca vi irmãos tão inseparáveis.
Na verdade, já vi sim... Eu e a Faith. Com a Lays é ótimo, mas Faith era a minha irmã mais velha, que cuidava de mim. Ela estaria me pedindo para seguir em frente e não me prender ao passado, mas eu não consigo.
-Zoe?- a professora se aproxima devagar, com um sorriso amigável. Eu nem percebi que meus olhos estavam lacrimejados- Está tudo bem querida? Por que não foi para o piano? Só sobrou esse para você...
Eu dou um sorriso fraco.
-Eu posso ficar quietinha prestando atenção?- digo- não posso tocar...
Ela sorri, todos sabem da história e ela foi professora da Faith. Assim como eu, ela entende e sente.
-Tudo bem querida, mas pelo menos estude as partituras- diz sorrindo. Sorrio de volta em agradecimento.
Vou em direção às partituras que estão em cima do piano. No começo, eu consigo me concentrar, mas toda hora desvio o olhar em direção às teclas.
Ninguém está me notando, porém, mesmo assim eu não consigo. Não estou pronta.
Tento me concentrar mais uma vez, mas parece até que minhas mãos vão sozinhas.
Toco apenas uma tecla. Olho em volta e ninguém percebe. Depois, toco um acorde inteiro... E mais outro... Mais outro...
Até que já estou de olhos fechados deixando minhas mãos leves, tocando melodias que Faith gostava muito. Me empolgo de uma maneira tão grande, que meus dedos ganham agilidade nas teclas, me fazendo esquecer de tudo à minha volta. Recordo-me dos bons momentos em família quando minha mãe não era não mal humorada, de quando Faith estava comigo, de quando eu comia uvas com o meu pai na varanda e de quando eu assistia filmes com a Lays. Meus olhos tentam conter qualquer lágrima, mas meu coração anseia por deixá-las saírem.
Então, toco o último acorde. Quando toco na última tecla, o som dela está preso, como se ela estivesse quebrada.
Antes que eu descubra o que é, percebo o silêncio no ambiente. E estou certa. Todos da sala estão em silêncio, olhando para mim. Me apresso em enxugar as lágrimas.
A professora está com um sorriso enorme no rosto, e vejo que seus olhos estão marejados. Todos parecem admirados comigo, quando percebem que eu estou constrangida, eles voltam à fazer o que estavam fazendo antes.
Sol e Luna vem correndo até mim:
-Faz tanto tempo que não vejo você tocar assim!- Luna diz animada.
-Eu havia me esquecido do quanto você é incrível!- Sol diz.
Tyler, Naimy, Noah e Júlia se aproximam também.
-Quantos talentos você esconde?- Tyler diz- Se você lutar alguma arte marcial também, eu juro, eu saio correndo.
-Na verdade, ela é faixa preta Karatê sim- Sol diz rindo.
Tyler me olha espantado.
-O que foi?- digo rindo- Meu pai sempre quis que eu soubesse me defender!
Noah sorri, ele não diz nada, mas vejo em seus olhos que ele está admirado, assim como a Júlia e a Naimy.
Rimos e então eles voltam para onde estavam.
Me lembro então da tecla do piano que estava com um som ruim, analiso-a de perto.
- Está solta...- cochicho.
Olho em volta e ninguém está me olhando. Levanto a tecla solta e encontro mais uma "folha" de vidro encaixada em um espaço embaixo da tecla. Peço para ir ao banheiro e direciono o vidro ao primeiro raio de luz que vejo.
"Eu sabia que você acharia, não tive dúvidas. Mas, falando em dúvidas, eu quero que você seja sincera comigo. Pergunte qualquer coisa sobre Deus e eu te ajudarei se tiver interesse, sei que deve estar confusa e não queira aceitá-lo agora. Mas, pergunte qualquer coisa sobre Ele, eu te responderei até onde estiver ao meu alcance... Para falar comigo, deixe um bilhete no armário 7. Não tente me esperar, acredite, não vai conseguir me pegar de surpresa.
@70×7
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