Capítulo 71 - Perfect (Perfeito)
Pov Christian
Passaram-se 5 anos e os nossos filhos cresceram. Hoje Malu está com 10 anos, os gémeos com 6 e o nosso Tommy com 5 anos. Se ficamos por aqui? Sim, sem dúvida. Primeiro porque quatro filhos dão-mos já muito com que nos preocupar, e segundo por uma questão de saúde de Ana. Apesar de tanto Ana como Greene me assegurarem que tudo está controlado, não me sinto capaz de passar de novo pelo que passei na gravidez de Thomas.
Malu continua a não nos dar trabalho nenhum, é doce, comportada e adora a escola. É aplicada e raramente precisa de ajuda ou atenção. Os gémeos não podiam ser mais diferentes: Teddy continua aquele menino meigo e super apegado a Ana, é uma versão masculina da Malu, e normalmente é a vitima perfeita dos dois irmãos. Ray apesar de ter o seu lado doce é muito mais independente, adora aprontar junto com Tommy, são um perfeito terror quando estão juntos.
Tommy é um caso à parte, é o rebelde da família. Ana diz que ele sai às duas tias doidas: Paula e Mia. Já tivemos que ter uma conversa com as duas, porque sempre que ele apronta elas riem-se e defendem-no. A maioria das vezes as brincadeiras até são inofensivas, mas se não o corrigirmos agora vai ficar difícil de controlar o nosso pirata. Malu tem uma imensa paciência com os três e muitas vezes quando não estamos é ela que resolve as coisas entre eles.
- Mãe...mãe...o Tommy...olha o que ele fez...- diz um Teddy já com lágrimas no olhos, entrando no nosso quarto...com o livro do Principezinho na mão...- Ele riscou ele todo...
- A mãe está no banho, anda cá ao pai...- ele chega-se perto de mim e mostra-me o livro, era o preferido de Teddy, ele amava a historia...ele dizia que ele era o Principezinho e a Ana a Rosa, e que ele iria tratar da rosa sempre...
- Era o meu preferido papá...ele estragou...- e de novo as lágrimas caiem dos seus olhos.
- Ei calma príncipe...o papá compra-te outro. Não precisas de chorar...- abraço o meu pequeno, enquanto vejo Ana a sair da casa de banho já vestida e pronta.
- Na da cá à mamã príncipe...- e lá vai o pandinha agarrar-se à mãe...- Não chores, o papá compra-te outro...- abraça o nosso menino e olha para mim...- O papá vai ter uma conversa com o Tommy, muito séria. Os livros não são para estragar, agora vai acabar de arranjar a mochila tens que ir para a escola.- Assim que Teddy sai, Ana olha para mim...- Desta vez és tu que vais falar e dar o castigo ao Tommy, estou cansada de ser sempre eu a má da fita.
- Tudo bem eu vou ter uma conversa com ele...- vou-me aproximado da minha Rainha...- Podíamos aproveitar um pouco...dar uma rapidinha...
- Não há rapidinha para ninguém...os meninos precisam de ir para a escola, e eu preciso de ir trabalhar...- Ana se formou e agora trabalha ao lado do meu pai e de Ethan, é advogada e dedica-se essencialmente em ajudar mulheres e crianças vitimas de abuso.- Mas prometo que logo à noite te dou muito mais que uma rapidinha...
- Vou ficar ansioso por isso...e podes ter a certeza Rainha...que vou querer muito, mas muito mais que uma rapidinha...- aproximando-me dela começo a beijá-la na nuca, indo para as suas orelhas, sinto que Ana se entrega...
- Christian...à noite. Agora vamos que temos que deixar os quatro na escola...- mesmo não querendo separar-me da minha Rainha, tive que me resignar e concordar com ela.
Assim que descemos está um caos instalado na sala. Tommy está no chão com Ray por cima dele com uma Malu a tentar tirá-lo de cima...e Teddy chora no sofá. Nem preciso de pensar muito para saber que Tommy aprontou com Teddy e Ray está a defender o irmão. Ray adora aprontar mas tem os seus limites e o seu ponto fraco: ver Teddy a chorar.
- Raymond Steele Grey. - ele para de bater em Tommy e olha para mim...- Posso saber o que se passa aqui?...- nenhum deles me diz nada...enquanto eu vou falando com os dois Ana já está com Teddy ao colo e olha para o seu braço, eu não acredito...o nosso príncipe está com uma mordida no braço, daquelas bem feias...e na cabeça tem um galo muito feio também...- Eu não acredito! Thomas, foste tu que fizeste aquilo ao teu irmão?
- Não...foi o...o...cão da vizinha. Eu deixei-o entlal...ele moldeu o Teddy...o Ray bateu a mim...e eu bati no Ray...e..tu glitaste...e nós palamos...é foi isso papá.- Fico a olhar para Tommy, sem nem saber o que dizer, ele inventou um história mirabolante que se não conhecesse os meus filhos iria achar que era verdade e culpar o cão da vizinha.
- Thomas!?- aviso-o e ele sabe que se não me contar a verdade vai ser pior.
- Eu moldi o Teddy...polque ele foi fazel queixinhas a ti e à mamã do livro. E eu já lhe tinha pedido desculpa...e ele...bateu a mim...e eu empulei...e ele bateu com a cabeça ali...- diz apontando para o canto da mesa.
- Isso não é razão para fazeres isto ao teu irmão. Sabes bem que não podes estragar...- de repente ouço um grito de Ana.
- CHRIS...- olhos para trás e vejo Teddy a contorcer-se ao colo de Ana...- Teddy...Teddy...
Pego no meu filho e coloco-o no chão, viro-o de lado, e abro-lhe a boca de forma a que ele não se engasgue com a própria saliva. Chamo Nora, peço que fique com os outros três, que peça à minha mãe que os deixe na escola e que vá ter connosco ao hospital. Pego em Teddy, que entretanto já parara de convulsionar. Ana vem atrás de mim, entra no carro e eu passo-o para o seu colo...
- Christian...diz-me que ele está bem...diz-me que o nosso menino vai ficar bem...por favor...Teddy ouve a mamã, por favor...abre os olhos filho, abre...
Vejo pelo espelho retrovisor Ana aos prantos e Teddy a ficar com a respiração cada vez mais fraca, telefono a Ross, explicando o que aconteceu e peço que ela providencie tudo. Olho para Ana...
- Vai ficar tudo bem Ana, tem calma...- chegamos à porta do hospital, e vejo Ross à nossa espera, Ana não quer deixar Teddy ela está em pânico...- Ana...respira fundo por favor.- ela começa a respirar e a acalmar...- Vou te deixar aqui com a Greene, assim que souber de alguma coisa eu venho te dizer...mas preciso de ir ali dentro tratar do nosso filho sem estar preocupado contigo também.
- Eu fico bem. Christian, não deixes o nosso menino...eu não vou aguentar...por favor...não deixes..- dou-lhe um beijo e entro.
Teddy já está entubado, e respira com ajuda artificial. Ross está a prepara-lo para fazer todos os exames necessários. Assim que tudo está pronto começam...e ao saírem os resultados, consigo respirar de alívio: o exame não aponta nada de anormal. As convulsões podem ter sido apenas resultado da pancada. Agora é esperar que ele acorde. Quando chego à sala de espera vejo Ana com Greene e a minha mãe...logo ele está abraçada a mim e eu a ela.
- Tem calma, está tudo bem...o Teddy está bem, foi só um susto...
- Tens a certeza, o nosso menino está bem? Quero vê-lo...deixa-me ir para ao pé dele...por favor.
- Vamos sim...anda vamos os dois...- olho para a Dona Grace...- Os meninos? Levaste-os à escola?
- A Malu foi, mas nem o Tommy nem o Ray quiseram ir...levei-os para casa estão com o teu pai.
- Tudo bem, podem ficar com eles hoje? Nós vamos ficar por aqui...o Teddy mesmo que acorde é capaz de ter que ficar por aqui em observação.
-Claro que sim. Não te preocupes, vão lá ficar com o Teddy.- dou um abraço à minha mãe e sigo com Ana até ao quarto onde está o nosso príncipe. Ana não resiste e logo está ao seu lado...- Está tudo bem, ele está bem...- Ana olha para mim e abraça-me, as lágrimas logo lhe caiem...- Calma Rainha, o Teddy vai ficar bem, ele está só a dormir...logo, logo vai estar aí de novo a pedir-te mimos...
- Eu tive tanto medo...vê-lo daquela maneira...a...eu pensei que o fosse perder...
- Está tudo bem...- abraço-a de novo, eu sei o que a Ana sentiu porque eu também o senti. Como médico eu sabia o que estava a acontecer e o que poderia acontecer. Graças a Deus não aconteceu o pior, foi apenas um susto...um enorme susto...- Acho que a promessa de há pouco vai ter que esperar mais um pouco não é?
- Christian! O nosso filho deitado numa cama de hospital e tu só pensas nisso...por favor...
- Primeiro o nosso filho está bem, ele vai acordar logo, logo e pronto para outra. Segundo...a senhorita me prometeu, e promessas são para cumprir.
- Quando o nosso filho sair daqui e estiver em casa seguro e "pronto para outra" que espero nunca mais acontecer...eu cumpro a promessa.
- Tudo bem...eu posso esperar umas horas...- dou-lhe um beijo e logo aprofundamos o mesmo...toda a tensão de algumas horas atrás nos deu ainda mais vontade de estar juntos...paro antes de não conseguir segurar a vontade enorme que tenho de a tomar para mim...- Vou a casa ver os meninos e vou buscar uma roupa para nós. Vou pedir a Ross que te traga alguma coisa para comer...nós nem tomámos o pequeno almoço com isto tudo.
Ana assente, e saio do quarto. Passo pelo consultório de Ross, vejo os examos de Teddy e não aponta nada fora do normal. Peço a Ross que leve algo para Ana comer e saio a caminho de casa dos meus pais, sei que Ray deve estar a sentir-se mal, eles sempre sentem a dor um do outro. Quando um adoece, o outro logo adoece de seguida. Tommy apesar de ser mais novo e levado, percebeu a gravidade de tudo. Quando chego logo ouço o choro de Tommy...o que não é normal.
- Christian. Ainda bem que chegaste...- olho para Tommy e está com uma enorme mordida na mão...
- Raymond. Podes chegar aqui.- peço a Ray, nem preciso de perguntar à minha mãe, porque sei pela cara de Ray que foi ele...- Porque é que fizeste isto ao Tommy?
- Porque ele magoou o Teddy. Papá eu senti aqui...o Teddy ele...- e começa a chorar...- O Tommy foi muito mau...
- Papá...desculpa o Tommy. Eu não quelia magoar o Teddy...eu quelia...desculpa...- e começa a soluçar como nunca o tinha visto...Tommy estava a sentir-se culpado...e Raymond a sentir que tinha que ser o justiceiro do irmão.
- Venham cá os dois. Ray, não é batendo em Tommy que vais solucionar o problema, Tommy sei que não querias magoar o Teddy, mas magoaste. Agora vão pedir desculpa um ao outro...e depois vão brincar os dois, mas sem disparates.- Abraçam-se os dois, e depois sobem para o quarto que os
meus pais têm em casa para os netos.
- Como está o Teddy?- pergunta o meu pai
- Está bem, foi só um susto mesmo...vou a casa buscar umas roupas para os meninos, para mim e para a Ana. Não há problema em ficarem com os meninos?
- Não querido, depois de almoço vou buscar a Malu á escola, Kate pediu que fosse buscar a Eva e o Evan. Ela tinha uma consulta com a Ella...- diz a minha mãe...
- Casa cheia de netos Dona Grace...tal como gostas...- disse-lhe com um sorriso...
- E estou à espera de mais uns...quero esta casa cheia...- antes que ela acabasse eu despeço-me e saio. Desde há uns tempos que a minha mãe encasquetou que queria mais netos. Já lhe disse que Ana e eu já estávamos felizes com os quatro que tínhamos e Elliot também já lhe tinha dito que três era um numero muito bom.
Quando finalmente chego ao hospital, depois de deixar um saco de roupa e a mochilas dos meninos em casa do meus pais, sigo para o quarto do Teddy. Assim que abro a porta vejo Ana e Teddy a conversar, ele tinha acordado...e pelo que podia perceber estava tudo normal.
- Olha quem acordou...o meu Principezinho.- sigo para próximo dos dois e abraço o meu pequeno...- A Ross já cá esteve?- perguntei a Ana.
- Não mas já a chamaram...e em casa está tudo bem?- Ana parecia que tinha um radar para saber que algo se passava com algum deles...
- Sim, agora está tudo bem...- Ana olha para mim à espera que eu continue...- O Ray tentou fazer justiça com "as próprias mãos"...e o Tommy estava a sentir-se meio que culpado...
- O Tommy não teve culpa papá...-diz Teddy...olho para ele desconfiado, Teddy apesar de ser sempre vitima de Tommy, tentava constantemente que este não ficasse de castigo...- É sério papá...eu tropecei e caí.
- Teddy. O Tommy empurrou-te...por isso tu caíste...
- Não papá. Quando eu desci, o Tommy disse que eu era um queixinhas, eu estava farto que ele me estragasse as coisas, então pulei para cima dele e bati-lhe, a Malu tentou tirar-me de lá. O Tommy mordeu-me e foi nessa altura que ele conseguiu empurrar-me e levantou-se. Eu tentei ir bater-lhe de novo mas tropecei no tapete e caí.
- Teddy, olha para a mamã...isto foi mesmo verdade? Não estás a mentir?- o nosso pequeno abana a cabeça a dizer que não...- Tudo bem a mamã e o papá vão acreditar. E agora que tal contares o sonho lindo que tiveste ao papá?
- Não foi um sonho mamã. Foi verdade, elas estão aí...- diz Teddy apontando para a barriga de Ana.
- Que conversa é essa? Quem está ali na barriga da tua mãe Teddy?
- As minhas manas...-diz Teddy e eu olho para Ana que encolhe os ombros, neste momento entra Ross, que depois de alguma conversa examina Teddy, apesr de aparentemente estar tudo bem ela prefere que este passe a noite em observação.
Depois de Ross sair, Teddy conta-me o sonho que teve, e apesar de eu e Ana lhe assegurarmos que não havia ninguém na barriga da Ana, ele teimava que sim que as manas estavam lá. Logo a noite chegou e Teddy adormeceu, Ana deitou-se junto dele e eu fiquei no sofá ao lado de Teddy.
- Ana, achas possível...achas que podes...podes estar grávida?
- Não Christian, eu tomo a injeção. E sabes bem que tenho consultas periodicamente por causa do mioma, se estivesse eu tenho a certeza que iria saber.
- Mas Teddy fala "das irmãs" com tanta a certeza. Será que não podemos fazer um exame só para tirar as dúvidas.
- Christian, esquece. Eu não estou grávida...ainda na semana passada tive menstruada, ou será que não te lembras de ter ficado uma semana sem nada...
- Lembro...e odeio essas semanas todos os meses...Tudo bem. Eu...só quero que saibas que se o Teddy estivesse certo eu iria ser o homem mais feliz do mundo.- E depois de dizer isto adormecemos...
Na manhã seguinte Teddy teve alta e fomos diretos para casa dos meus pais, já que era sábado e a família iria reunir-se toda. Eu continuava a pensar no que Teddy dissera...aumentar a família não era algo que estivesse nos meus planos, mas agora que Teddy tinha colocado na cabeça que as "manas" estavam na barriga da mãe...a ideia de ter mais duas princesas soava-me bem.
Não éramos a família mais perfeita deste mundo, mas afinal o que é uma família perfeita: será que é aquela que nunca briga e nunca têm problemas, pelo contrário ela briga, ama, é implicativa, se irrita, dá gargalhadas, chora, faz cobranças sentimentais...mas no final se enche de beijo e abraços confortantes e cheios de aconchego.
Família é a razão de sermos quem somos e o caminho de para atingirmos o que queremos. Eu e Ana passámos por muito: abusos, mentiras, perdas, brigas, separações...porém demos a volta por cima. Conseguimos deixar todos os nossos fantasmas do passado no passado, começámos finalmente a viver o presente, e a saber esperar o futuro.
Sim...viver requer saber Reviver o Presente, mas o presente que nós criamos à medida que o vivemos e não pelo que foi vivido no passado. Hoje sei que tive que viver o que vivi, para conseguir viver o agora. Tentamos muitas vezes reviver momentos bons do passado, apenas porque não entendíamos que Deus nos dá todos dias a oportunidade de conquistar um futuro melhor através do Presente.
Agora que o sabemos podemos viver no presente sem amarras ao passado e esperar por um futuro maravilhoso, sem pressa, sem ansiedade...porque o que acontecer será bom.
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