Capítulo 67 - Wake Me Up (Acorde-me)
Pov Christian
Depois de dar a notícia aos meus pais, a Taylor e à Paulinha, vejo Greene chegar. Ela pede para que eu e a minha mãe a acompanhemos até à sua sala. Sinto um aperto no peito, será que aquele sonho vai virar o meu pior pesadelo? Porque será que não podemos apenas ter um pouco de paz de alegria...sem problemas, sem tristezas...
- Bem, eu vou ser directa.- começa Greene...- Christian, eu descobri um mioma intramural na Ana.
Não consigo manter-me sentado...eu posso não ser obstetra, nem ginecologista, mas sei o que isso representa. O meu sonho virou pesadelo...Ana não pode, ou não deve engravidar...não até sabermos mais sobre o mioma.
- Christian...- a minha mãe vira-me e faz-me olhar para ela...- A Ana ter o mioma não quer dizer que ela não possa voltar a engravidar. Só temos que ter mais atenção se isso acontecer.
- A tua mãe tem razão. O mioma não é muito grande, vou deixar passar o tempo de resguardo. Depois voltamos a analisar o mesmo...- Eu olho para elas, mas as lágrimas caiem-me...- Christian, nós fizemos uma serie de ecografias à Ana, nunca detectamos nada...
- A Ana já sabe?- olho para Greene que abana a cabeça dizendo que não...- Eu quero ir ver a Ana.
- Ela ainda não passou para o quarto, assim que se fizer a mudança eu aviso-te. Agora porque não aproveitas o facto de seres o chefe do hospital e vais ver os teus filhos?- diz Greene sorrindo.
- A Greene tem razão, anda eu vou contigo, estou ansiosa por conhecer os meus netos...- A dona Grace faz um sorriso lindo, ela é e sempre foi uma mãe maravilhosa assim como é uma avó maravilhosa.
Dirigimo-nos então à Unidade de Neonatologia onde ainda estavam os meus filhos, ficámos primeiro a olhar pelo vidro...e eles eram lindos. Apesar de pequenos, não estavam a precisar de ajuda para respirar, o que por si era um óptimo sinal. Estavam os dois juntos, a dar as mãozinhas um ao outro. A imagem era linda.
Entrámos e assim que a enfermeira de plantão me viu, cumprimentou-me dando os Parabéns. Fomos caminhando para junto dos meus meninos, a enfermeira veio atrás...as lágimas caiam-me pelos olhos, eram muitas emoções à flor da pele: o nascimento deles, o simples olhar para os meus filhos, e toda a situação da Ana.
- Eles são pequenos, mas fortes Dr. Grey. Ambos nasceram com quase 2kilos: Raymond com 1950kg e Theotore com 1850kg. Como vê a parte respiratória está boa, eles não estão a precisar de ajuda, só precisam mesmo de ganhar algum peso...
- Eles são lindos Christian...- diz a minha mãe...- Será que podemos mexer neles?
- Claro Dra. Grace. Como sabe, melhor que eu, é importante para estes bebés sentirem o contacto...- e assim a minha mãe começou por fazer uma festa na bochecha de Teddy, que apesar de se remexer um pouco não abriu os olhos. Já o Ray, assim que lhe toquei parece que percebeu que era eu...e abriu aquele olho azul igual ao de Ana.
- Olá meu Príncipe. Sabes que tens os olhos lindos iguais aos da mamã?- viro-me para a minha mãe com um sorriso na cara...- Será que o Teddy também tem os mesmos olhos de Ana?
- Talvez, eles não são gémeos idênticos, por isso acredito pode ser que tenha os teus olhos...mas ao que parece o Teddy gosta de dormir...- a minha mãe sorri...- Eu sei que estás assustado com tudo isto Christian, que estás apreensivo com a reacção da Ana, mas ela já nos provou que é forte. E vocês os dois...- a Dona Grace para de falar e olha para os netos...- os cinco, vocês vão superar mais esta dificuldade, eu sei que sim, porque o amor Christian vence tudo.
- Eu gostava de ter a tua confiança, a tua certeza mãe.- paro de falar e olho para Ray que me olha com aqueles olhos azuis lindos...- Eu tive um sonho, enquanto estava em "coma"...quer dizer eu nem sei se era um sonho na verdade.- desvio o olhar de Ray e começo a contar tudo o que tinha acontecido naquele sonho e que hoje talvez se tenha tornado real.
- Christian, isso foi apenas um sonho e nada mais que isso. A Ana vai poder engravidar sim...
- Sabes tão bem como eu os perigos que uma gravidez dessas acarreta mãe. Eu prefiro não ter mais filhos a perder a minha mulher. Mas ao mesmo tempo...
- Filho, ouve-me. Qualquer gravidez tem os seus riscos, e qualquer gravidez de um momento para o outro pode acabar...mal. O que a Ana tem é de alguma forma tanto inofensivo como grave. Ela terá que ser monitorizada mais de perto, principalmente se engravidar de novo, mas nada a impede...nada VOS impede de ter quantos filhos quiserem.
- Mãe...eu não...- e de repente ouvimos um choro bem baixinho...olhamos e vemos o Teddy a resmungar, sem acordar, e a dar um suspiro como se estivesse a sonhar com algum bom. Foi o som mais lindo que já ouvi...- Acho que o Teddy não nos vai dar muito trabalho...já o Ray...- e olho para o meu outro príncipe...- vai ser difícil fazer este menino dormir...
- Vai lá ver a tua esposa, e deixa-me aqui com os meus netos.- diz a minha mãe, que começa a fazer carícias no pequeno Ray e logo ele começa a fechar os seus olhinhos. É já estou mesmo a ver que a Dona Grace vai estragar estes meninos. Dou um ultimo carinho nos meus filhos e saio da "Neo" deixando uma avó babada a cuidar dos netos.
Quando estou a chegar vejo Greene a sair do quarto de Ana. Droga! Eu não queria que ela lhe tivesse contado nada, pelo menos sem mim ao seu lado. Eu queria estar ao lado dela, ser o apoio que ela iria precisar, ser o seu porto seguro, como ela já foi o meu inúmeras vezes.
- A Ana...ela...tu não lhe contaste? Eu queria estar com ela, ao lado dela...tu não...- Greene nem me deixa acabar a frase.
- Calma. A Ana ainda está a dormir, depois conhecendo-te como já te conheço, eu sabia que tu querias estar ao lado dela. Grey, por favor vê se acalmas esse coração...ainda vais ter um enfarte com toda essa ansiedade.
- Desculpa...desculpa Greene...mas têm sido tempos tão...tão...complicados, para não dizer outra coisa.
- Tudo bem, eu sei que não tem sido um ano fácil. E os teu filhos? Já os instruístes em como manteres os homens afastados da mamã e da mana?- eu sorrio...é bem capaz de eu ter que os ensinar desde pequenos a afastar os "marmanjos" que derem em cima da minha Princesa.
- Ainda não, acho que vou esperar pelo menos até eles saírem da "Neo". E agora se deres licença, vou ver a minha esposa, quero estar lá ao lado quando ela acordar.
- Vai lá...eu vou ver os bebés. Se bem que não é a minha área, quero conhecer os meus futuros chefes...- futuros chefes? Será que Ray e Teddy irão seguir medicina?
Entro no quarto a pensar no que Greene acabou de dizer. Claro que seria ideal se um dos meus filhos seguisse as pegadas da família, porém nunca irei forçar a que eles o façam se não quiserem. Acima de tudo quero que eles sejam felizes, que se realizem nos seus empregos. Olho para Ana, ela dorme serena. Pensar que mais uma vez ela irá sofrer, me corroí por dentro.
Fico ali pertinho dela, fazendo-lhe carinhos na mão, pensando na nossa família, nos nossos filhos. Temos três filhos lindos, maravilhosos. Podemos ser felizes assim. Mas e se Ana desejasse mais filhos? Não que eu não quisesse, mas o meu medo de a perder é muito maior do que a vontade de arriscar. Nada nos impede...apenas o meu egoísmo.
Pov Ana
A última coisa que me lembro foi de ver o sorriso lindo de Christian. Aquele sorriso que eu amo, que me faz derreter por dentro. Ouço a porta abrir-se devagar, alguém se aproxima...acho que é uma enfermeira para verificar se estou bem. Conhecendo um pouco Christian já deve ter colocado uma enfermeira 24horas perto de mim e outra junto dos filhos.
- Oi. Descansa à vontade, os teus bebés estão bem, Christian foi vê-los. Está um pai todo bobo com os filhos.- Greene, é ela...queria abrir os olhos, mas estou cansada...- Daqui a pouco ele já deve estar aí...descansa amiga, vais ter trabalho com aqueles dois lindos.
E com aquelas palavras de Greene, vou-me deixando ir de novo pelo cansaço. Os meus Príncipes estão bem, e só de saber isso fico em paz, eu posso dormir mais um pouco. Christian pode tomar conta deles...eu estou cansada...preciso de dormir. É só um pouco...só mais um pouco...
Sinto alguém a fazer-me carinhos na mão, sei que é Christian, vou abrindo os olhos devagar, bem devagar. Quando consigo finalmente habituar-me a luz, olho para o meu amor. Ele está com um olhar cansado, mas continua lindo. Mexo um pouco a minha mão, fazendo-lhe uma pequena carícia na mão que me faz carinho.
- Rainha. Já acordaste?- levanta-se e dá-me um beijo bem de leve...- Vou chamar a Greene...
- Christian.- Não percebi essa pressa de chamar a Greene, eu quero apenas mais carinho do meu amor, e ele foge...alguma coisa se passa, ele não é assim. Este não é o meu Christian.- Amor, o que se passa? Os bebés?
- Os nossos meninos estão óptimos.- respiro mais calmamente...e sinto Christian abraçar-me.
- Christian, o que se passa? Eu conheço-te, eu sei quando me escondes alguma coisa. Podes começar a falar...- ele olha para mim...e abraça-me de novo...- Amor, estás a assustar-me...
- Não precisas de ter medo eu vou estar sempre aqui, independentemente de tudo, eu sempre vou estar ao teu lado...- Bem, e com este discurso tenho a certeza que alguma coisa está a acontecer. Enquanto ele me abraça, vejo Greene e Grace a entrar.
- Olha quem acordou! A mais bela, Bela Adormecida...- ela diz aproximando-se de mim...- Como te sentes?
- Bem. Mas, quem é que me vai dizer o que se passa? E nem te atrevas a dizer que está tudo bem Chris, eu conheço-te bem demais...- Christian apenas dá um sorriso, e eu olhos para os três...- Então, quem fala?
- Eu falo.- diz Greene, sentando-se no pés da cama. Christian está sentado ao meu lado e Grace senta-se na cadeira...- Ana durante o procedimentos que sempre fazemos, depois dos bebés nascerem, encontrámos algo que não estávamos à espera...- sinto-me tremer, mas tenho que acabar de ouvir, não me vou entregar já...não vou...
- Ana, estás bem? Estás a tremer...Ana...- Christian assusta-se porque para além de eu estar a tremer de nervoso, estou sem conseguir dizer uma palavra, apenas continuo a olhar para Greene à espera. À espera nem eu sei de quê...simplesmente aguardo a minha sentença como se estivesse num tribunal.- Ana, pelo amor de Deus diz alguma coisa...ANA.
- Continua Greene...- é tudo o que sai depois do grito de Christian...
- Pode não ser nada Ana...- primeiro assustam-me, agora já não é nada...- Eu vou dizer-te sem rodeios...- não digo nada, mas não sei porque já não o fez...- Nós encontrámos um Mioma Intra-mural no teu utero. Não é algo grave, mas pode...
- Eu não vou poder engravidar? Eu não vou poder ter mais filhos? É isso que me estás a querer dizer?- eu posso não ser médica, mas eu não sou parva e já percebi...já percebi todo o cuidado com que Greene estar a falar, já percebi todo o receio de Christian...
- Não necessariamente Ana...- diz Grace que até ali se tinha mantido calada...- A Greene terá que te acompanhar mais regularmente, para saber se o mioma aumenta ou se se mantém do mesmo tamanho. Mas nada te impede de engravidar...
- Ana...- e agora é Greene a falar...- Fisicamente tu podes engravidar, não há nada que te impeça. Porém caso isso aconteça teremos que vigiar a gravidez muito mais de perto. Vai ser uma gravidez de risco elevado porque o mioma tende a crescer na gravidez e pode ser perigoso para ti e para o bebé. Mas pode não acontecer nada.
- O sonho...- e lembro-me do sonho que tive...eu, Christian, Malu e os Gémeos estávamos numa praia linda. Enquanto as crianças brincavam à beira mar, eu e Christian sentados, agarrados um no outro olhávamos para os nossos filhos encantados...- Eu tive um sonho há uns meses atrás..
- Ana...- Grace começa a falar mas eu não a deixo acabar de falar...olho para Christian...
- Perdoa-me, perdoa-me Christian...por não poder...não poder...
- Rainha, a Greene não disse que não podias engravidar. Só precisamos de monitorizar o mioma, e caso engravides...e tu vais, a Greene vai ter que te vigiar mais de perto.
- Eu...eu tenho medo. No meu sonho tu dizias que eu estava à espera de um bebé. Mas...
- Ana. Ouve-me Rainha, eu não sei como, mas eu tive o mesmo sonho que tu, ou pelo menos parece o mesmo. E eu tenho a certeza que independentemente de tudo nós iremos ser felizes...
Christian abraça-me, e nesse abraço eu sei que é ali que vou encontrar a minha força para superar tudo isto. É neste abraço que sempre vou encontrar o porto seguro, é nele que vou chorar, rir, amar...porque é o abraço do meu marido, do pai dos meus filhos, do meu amor...do meu Rei.
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