Capítulo 65 - Unconditionaly (Incondicioanalmente)
Pov Christian
Já se passou um mês desde que acordei no hospital. Um mês que estou de novo com os meus quatro amores. Apesar de Ana estar em repouso, o que é complicado fazer com que ela esteja quieta num lugar. Nunca vi mulher mais teimosa, mas eu amo-a assim mesmo. Ela é teimosa, rezingona, mandona, manhosa que só ela...mas, se não fosse assim não era a minha Ana.
A noite de hoje foi difícil. Malu tem tido pesadelos desde que tudo aconteceu, não conseguimos que ela durma no seu quarto. Assim que a noite chega e tentamos que ela fique no seu quarto é um tormento, para mim e para Ana. Ela chora de soluçar, uma das vezes que tentámos ela chegou a ficar roxa pois ficou sem ar. Desde esse dia ela tem vindo a dormir connosco, aos poucos e com a ajuda do Flynn estamos a tentar que ela adormeça connosco e depois passamo-la para a caminha dela que colocámos no nosso quarto. Daqui a um tempo, iremos começar a deixá-la na cama do quarto dela, até que um dia esperamos nós ela comece de novo a adormecer no seu quarto.
Nessa manhã acordo com a Ana a mexer-se. Abro os olhos e vejo que Nora está no quarto, posso ouvi-la a pedir desculpa por nos vir acordar. Levanto-me e sento-me perto de Ana, dou-lhe um selinho e pergunto a Nora o que se passa, ela não está com uma boa cara, e eu conheço o suficiente da minha Nora para saber que algo de bom é que não é. E foi aí que ela nos diz que está um casal na sala à espera da minha Rainha...que dizem ser os avós dela.
- O quê?- pergunta Ana meio incrédula. Vejo-a ficar pensativa, a olhar para a sua barriga e acariciá-la...sei que está a pensar em tudo o que passou com Bob e Leila. Olha para mim, e acho que está à espera que eu lhe diga o que deve fazer, até que Nora nos tira deste nosso mundo...
- Eles querem falar consigo Ana...o que é que eu faço? Mando-os embora?- pergunta Nora olhando quer para Ana, quer para mim.
- Talvez seja melhor marcares para outra altura essa conversa Ana. Tu não podes stressar-te.- digo passando a minha mão na barriga, fazendo com que os meus bebés se mexam...- Eu vou lá abaixo e falo com eles.
- Eu quero ir...- olho para ela com um olhar de surpresa, de irritação...nem acredito que ela nem fez caso do que lhe acabei de pedir.- Eu preciso de colocar um ponto final em todo o meu passado. E eles fazem parte dele...
- Não te estou a dizer para não teres esta conversa, só te estou a pedir que penses nos nossos filhos. Ana eles precisam de ti calma, serena, tranquila...não de...- tento argumentar, mas olhando para Ana sei que é uma batalha perdida.
- Christian...por favor, deixa-me acabar de vez com tudo isto. Como é que eu posso pensar em viver um futuro se não consigo nem resolver o meu passado?- levanta-me e ando de um lado para o outro do quarto, isto não vai acabar bem. Estou a sentir a mesma coisa que senti no dia que Bob e Amélia apareceram...olho para ela. Ela pode até ir, mas eu não vou desgrudar dela.
- Tudo bem. Mas eu vou estar contigo o tempo todo, e se achar que estás a ficar nervosa demais acabo com "a visita" em três tempos.
- Tudo bem amor.- damos um beijo leve, e olho para Nora que tem um sorriso na cara...- Podes dizer que eu já desço.- Diz Ana para Nora.
- Nora por favor leva-os para o escritório, não quero que Malu os veja por enquanto.- olho para Ana...- Enquanto não decidires o que fazer em relação a eles...Malu não vai ter contacto, é muito para a cabeça dela.- Ana assente...
- Tudo bem...eu vou preparar um café, porque acho que vocês ainda vão demorar um pouco, tem alguém que acabou de acordar.- E quando dou por mim, tenho dois braçinhos a agarrar-se a mim.
Malu agarra-se à mãe, dando-lhe um beijo, depois vai até à barriga e deixa dois sonoros beijos, ela ama os bebés. Sempre pensei que Malu tivesse ciúmes por não nos ter tido durante muito tempo, mas até agora tudo corre bem. A minha mãe já me disse que tudo isto pode mudar quando os bebés nascerem, porém, eu quero acreditar que Malu vai amar os bebés como ama agora. Depois de cumprimentar Ana e os bebés vem até mim e atira-se para os meus braços.
- Bom Dia Princesa. Que tal irmos tomar um banho, vestir-nos e depois de comeres ires passear com a Nora?
- Quelo naum...quelo fical com a mamã.- Malu anda muito apegada à Ana, não sei se é por tudo o que passou ou se por conta da Ana estar em repouso e não poder fazer nada com ela.
O problema é que eu não a quero em casa durante esta conversa que Ana vai ter com os avós. Ana felizmente lembra-se de Kate, e ao ouvir que vai poder brincar o dia todo com Ella e Eva, Malu esquece de tudo. Enquanto eu lhe vou dar um banho e arranjá-la deixo Ana a falar para Kate. Quando volto, deixei Malu a brincar um pouco no quarto, Ana diz que já falou com Kate, e que ela logo a vem buscar, até porque está em casa da minha mãe.
Ana tenta justificar o facto de querer falar com os avós, e apesar de eu achar que ela o poderia fazer num outra altura percebo a necessidade dela de colocar um pedra no assunto. Beijo-a apaixonadamente, não a deixando acabar a frase...
- Vamos logo arranjar-nos e descer. Quanto mais depressa isto acabar melhor para todos.- Assim que estamos prontos, descemos. Despedimo-nos de Malu e vamos para o escritório onde está o dito casal.- Bom Dia...- digo, entrando primeiro e atrás de mim Ana, encaminho-a para a minha cadeira...- Amor, podes sentar-te na minha cadeira...
- Obrigado...- responde-me Ana com um sorriso lindo, eu mantenho-me em pé mas ao seu lado como um bravo soldado.- Bom Dia...- diz Ana
- Ana...estás linda. Igual à Carla, mas com os olhos de Ray.- diz a senhora que deve ser a avó.
- Nós queríamos ter vindo mais cedo, mas o Jay sempre nos dizia que não era a altura certa...e fomos adiando.- Como assim o Taylor sabia que eles estavam a querer ver Ana? Porque é que ele nunca me disse a mim?
- O Tay...ele sabia que me tinham procurado? Ele nunca me disse nada.- Ana está tão incrédula como eu, vejo-a a respirar fundo, não estou a gostar disto, ainda nem começámos e ela já está a ficar ansiosa.
Eles explicam então que foram ao enterro de Carla, que tentaram entrar para se despedir da filha, no entanto, os seguranças que tinha contratado para aquele dia tinham feito o seu trabalho. Contudo, eles ficaram ali à porta do cemitério à espera de conseguir talvez falar com a Ana, e foi nessa altura que viram Jason Taylor, o primeiro grande amor da vida de Carla. Mas Taylor não os deixou aproximar-se de Ana, eles queriam ter a chance de lhe explicar o que aconteceu, de lhe pedir perdão por não terem percebido o que estava a acontecer.
Ana começa a exaltar-se, e era disto que eu tinha medo, começo a fazer-lhe festas nas costas de forma a acalmá-la. Vejo Ana a fechar os olhos, como se estivesse a recordar tudo de ruim que passou com Bob e Leila.
Começa a ficar sem ar, vejo-a a agarrar-se ao braço da cadeira, eu sei o que significa tudo isto que está a acontecer, lembro-me bem aquele dia em que Bob reapareceu na sua vida. Um ataque de ansiedade é tudo o que menos poderia acontecer com Ana grávida e com as condicionantes que tem. Percebo que ela está a tentar recuperar o ar, de repente vejo o seu olhar sobre mim, como que a pedir desculpa, ajuda...tudo ao mesmo tempo. Ana simplesmente veja os olhos e amolece.
- Ana...Ana...por favor...- pego em Ana ao colo e saio a correr, vejo Nora na sala e grito...- Nora, telefona à minha mãe, a Ana desmaiou, vou levá-la para o hospital...- Coloco Ana no carro, dou a volta e entro, e arranco sempre chamando a Ana. Eu não posso perde-los...não posso...- Ana, acorda Rainha...por favor...- coloco a minha mão na sua barriga e sinto os meus Bebés, pelo menos eles estão bem...- Fiquem comigo amores, o papá vai tratar de vocês e da mamã.
Ao fim de um tempo chego ao hospital, Greene já está à minha espera, a minha mãe deve ter-lhe telefonado, Ana começa a despertar. Coloco-a na maca...nunca tirando a minha mão da sua barriga, preciso de sentir os meus bebés...preciso deste contacto.
- Christian, eu vou levar a Ana. Agora precisas de ficar aqui...- eu aceno que não, eu não vou deixar a Ana, não vou deixar os meus bebés, não vou...- Christian...
- Não. Eu não os vou deixar, não vou. Eu não consigo...- digo e sinto as lágrimas a quererem sair...
- Eu sei que és meu chefe, mas neste momento tu és um pai que está a prejudicar o meu trabalho, por isso eu não vou hesitar em chamar a segurança se for preciso para te levar ali para fora. Christian eu preciso de tratar da Ana e dos teu filhos...
Olho para Greene, que está com uma cara séria, tão séria que assusta. Acabo por ceder, retirando a minha mão da barriga de Ana, e é nesse momento que sinto alguém a tocar o meu ombro. A Dona Grace, sempre presente na minha vida quando eu mais preciso. Viro-me e abraço-a, eu preciso deste abraço, abraço de mãe, o melhor do mundo para curar um coração, para curar a tristeza, afugentar o medo, e trazer paz numa alma ansiosa.
Passam-se minutos, horas...e nunca mais ninguém me diz nada. Greene ainda não veio ter connosco para nos dizer alguma coisa. A minha mãe não me deixou nem por um momento, o meu pai entretanto já tinha vindo ter ao hospital, bem como Taylor e Paula. De repente a porta abre-se e vejo Greene com o neonatologista...o que me faz logo estremecer, caminho até ela de coração apertado.
- Greene...o que se passa?- vejo-a olhar para o médico...e depois para mim...- Diz-me logo, o que se passa com a Ana e com os meus filhos?
- Calma Christian. A Ana está bem, ela já acordou. Mas nós vamos interná-la, ela perdeu mais liquido e...continua a perder. Estamos a mantê-la a soro, queríamos ver se conseguíamos que ela aguentasse mais um tempo com eles.
- Posso...posso vê-la? Por favor, preciso de estar com ela, de a ver...de sentir os meus bebés.
- Eu vim te chamar...a Ana tem perguntado por ti, acho que ela precisa de ti como tu precisas dela para se acalmarem os dois.- e virando-se para o médico que nem me recordo o nome...- Peter levas o Christian até à Ana. Eu já vou lá ter...- E assim vou até à minha Rainha, enquanto Greene fica a conversar com a minha mãe. Quando chego à porta entro e vejo-a com lágrimas nos olhos...
- Ei! Está tudo bem Rainha...eles estão bem...não fiques assim. Eu estou aqui, e não te vou deixar, não te deixo mais sozinha, nunca mais.
- Christian...estou com medo. Eu não os quero perder, não quero...- ela abraça-se a mim, levo e minha mão até à sua que está na sua barriga e ficamos ali durante um tempo, apenas sentindo os nossos filhos mexerem-se. De repente sinto um pontapé bem forte, mas pelo apito que o aparelho que mede o ritmo cardíaco fetal dá, eu como médico sei que aquilo não foi apenas um chute. Ana está com contracções...- Christian...
- Calma...eu estou contigo.- carrego no botão para chamar alguém, e logo aparece uma enfermeira. Peço que chame a Greene urgentemente, que Ana está com contracções. E assim que acabo de falar, Ana se contorce com nova contracção...- Calma, amor eu estou aqui...vai tudo correr bem.
- Christian...eles são muito pequenos...eles não podem nascer já...não podem é cedo demais...- e uma nova contracção, estão bem próximas. Assim que vejo a minha amiga e médica de Ana, sei que os meus filhos vão nascer. Não há volta a dar, as contracções começaram bem perto umas das outras. Greene faz uma ecografia, e olha para mim...Ana perdeu mais liquido, vão ter que fazer cesariana.
- Ana.- Diz Greene para Ana, calmamente...- Os bebés vão ter que nascer, continuas a perder liquido, mas para ser mais seguro para ti e para eles vamos fazer uma cesariana.- olho para Ana tentando passar alguma da pouca força que tenho. Logo chegam alguns enfermeiros para a levar para a sala de partos, mas Ana não me larga...- Ana, o Christian vai só vestir-se, ele vai lá estar contigo, agora tens que o deixar...
Ana olha para mim perdida, dou-lhe um beijo daqueles que nos tiram o folego e sussurro-lhe um "Amo-te" ao ouvido. Ela segue para a sala, e eu e Greene vamos-nos vestir. Ela diz que os bebés serão prematuros e que só após o nascimento poderemos ver qual a sua situação real a nível cardo-respiratório.
Não demoramos muito e quando entramos na sala, Ana já está preparada para a cesariana, sento-me ao seu lado. Ana chora, e eu tento acalmá-la...ela tem que se acalmar, a tensão dela não pode se alterar neste momento. Greene começa, e eu continuo a falar com Ana. Lembro-me que ela é que escolheu os nomes, não me deixou nem dar a minha opinião. Segundo ela eu ia adorar...
- Ana, tu nunca me disseste os nomes dos nossos filhos. Eu quero saber, por favor?- peço e consigo que ela sorria.
- Queres mesmo saber? Pensei em te dizer quando eles nascessem...e os tivéssemos connosco...
- Ana, por favor...não tarda já os vamos ter aqui...nos nossos braços...- e nessa altura ouvimos um choradinho...parece um gatinho a miar...mas forte e persistente.
- O nosso primeiro guerreiro...- digo beijando Ana...
- O nosso Teddy...- diz Ana...- Theodoro Stelle Grey.- Eu sorrio para Ana, Theodoro era o nome do meu avô.
Contei uma vez à Ana a minha história com o avô Teddy. Ele nunca foi um avô daqueles de mimar, dar festas, passear connosco...bem pelo menos com todos...porque com Mia ele era perfeito, era a menina dos seus olhos. Comigo e com Elliot era frio e muitas vezes rude, mas, no fundo nunca lhe levei a mal, era apenas a sua forma de ser. Como dizia a minha mãe não era defeito era feitio. Mas Elliot nunca levou essa forma dele ser a bem, e quando a minha avó adoeceu era eu que ia com eles ao médico, era eu que ficava com ele no hospital ou em casa enquanto ela esteve internada.
Fui eu que resolvi abrir mão de tudo naquela altura e ir para casa deles ajudar no que fosse preciso, quando infelizmente já nada havia a fazer e os médicos decidiram dar-lhe alta. E nessa altura consegui o que durante anos e anos nunca consegui. Aproximei-me de tal forma do Avô Teddy, que ficámos ligados como nunca.
Mas como nunca nada é tão perfeito, tivemos pouco tempo juntos, porque pouco tempo depois da minha avó falecer, eu adoeceu e acabou por vir a morrer também. Fez-me prometer no leito de morte, que eu ia lutar para ser feliz, que iria procurar a mulher dos meus sonhos e construir a minha família.
Quando me apaixonei e casei com Amélia, pensei que o tivesse conseguido. Só que tudo virou um pesadelo até que um lindo sonho começou quando encontrei Ana. Com ela veio a minha princesa e agora o meu Príncipe Teddy.
Olho para Ana e estamos os dois a chorar, olho para onde Teddy está e vejo que apesar de pequeno ele parece bem. Falta nascer o meu outro Príncipe...sim são dois rapazes, dois Príncipes. Quando soube fiquei nas nuvens...eu precisava de ajuda para tomar contas das minhas mulheres...e é enquanto penso em tudo isto que ouço um novo choro, diferente do de Teddy, este é bem mais forte...
- Apresento-te o nosso Raymond Stelle Grey...- olho para Ana...e vejo que está com lágrimas nos olhos, Ray...o nome do pai dela...o pai que ela perdeu ainda pequena. Beijo-a e sinto as nossas lágrimas misturarem-se. Olhamos os dois para onde estão os nossos Príncipes...sorrimos e choramos ao mesmo tempo.
- Eles são pequenos, mas parecem bem. Vão ficar pelo menos hoje na Neonatologia, mas se tudo correr bem amanhã ou depois já podem ir para a enfermaria.- diz-nos o médico que estava com os bebés até ao momento.
Assentimos os dois, e Ana fecha os olhos, abrindo-os de novo. Greene acaba todo o procedimento e a minha Rainha é levada para um quarto, onde irá ficar em recobro, até a passarem para um quarto. Tudo correu bem, afinal aquele sonho foi apenas isso...um sonho...Greene olha para mim, e não gosto daquele olhar, mas neste momento não quero pensar nisso, não é hora para isso.
Vou dar a novidade aos avós que devem estar ansiosos...finalmente posso gritar que tenho dois Príncipes Lindos Raymond e Theodore, os amores da minha vida. Porque eu já amor estes dois seres incondicionalmente...
Eu não sou pai de primeira viagem, ou sou. Porque, embora tenha a minha Princesa, eu nunca pude acompanhar nada da gravidez, nem o seu nascimento. Então o nascimento dos meus Príncipes foi algo novo para mim. Foi redescobrir o que é amor incondicional, que o amor que sentimos pelos filhos é o maior e o mais sincero de todos.
É olhar para eles e tentar procurar algo que seja nosso, seja o formato do nariz, da boca, a cor dos cabelos, dos olhos, nem que seja uma pinta em comum para afirmar que o bebé é nossa cara. É perceber que somos capazes de qualquer coisa por aquele pequeno ser.
Descobri hoje ao ver os meus filhos nascerem que ser pai é dificil, não é só "amor e uma cabana", ser pai é também sofrer com eles e por eles. Ser pai é algo muito maior do que apenas ter a capacidade de gerar uma vida, ser pai é para a vida toda, é amar a vida toda...é algo incondicional e imortal.
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