Pov Ana

Bip...Bip...Bip..Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...

Acordo com este barulho irritante nos meus ouvidos. Abro os olhos, vejo Greene e uma enfermeira. A primeira coisa que faço, quase como por instinto é ir com a mão à minha barriga. Sim...eles ainda estão aqui...não lhes aconteceu nada, espero. Greene finalmente percebe que acordei. Olha para mim com um sorriso que me acalma ainda mais.

- Olha quem acordou. Antes que perguntes, os bebés estão optimos. Mas, vamos te manter aqui pelo menos por esta noite.

- Porquê? Se está tudo bem, porque é que tenho que ficar aqui? E o Christian? Eu quero vê-lo.- e de repente sinto uma dor algo forte na barriga...

- Vamos por partes: primeiro vais te acalmar, segundo essa é a razão por ficares em observação aqui, todo este stress está a provocar contracções. Já te demos um remédio para as evitar, porém tens que cooperar ficando o mais calma possível.

- Eles vão nascer? Greene eles não podem ainda não está na hora...não está...

- O que foi que eu te disse Ana...sem te enervares. Sim é cedo, gostaria que aguentássemos até às 32 semanas para ser mais seguro. Tu estás de 26 semanas e uns dias...por isso vamos nos acalmar.

- Ainda não me disseste como está o Christian?- pergunto de novo desta vez mais calma...

- Não sei, ainda não saí daqui. Mas vamos fazer assim, vou deixar os teus sogros, a tua irmã e a tua cunhada entrarem. Fazerem-te um pouco de companhia. E vou tentar saber do Christian, pode ser?

Aceno com a cabeça dizendo que sim, e quando ela sai, fico a pensar na nossa ultima discussão. Será que a culpa de ele estar assim é minha? Será que fiz bem em sair de casa? Mas eu já não aguentava mais vê-lo a cair sem fazer nada. Eu precisava de abanar as suas estruturas, ele precisava desde choque para ver se abria os olhos. Só que acho que foi demais, fui drástica demais, fui dramática demais. Não, eu também não merecia ouvir o que ouvi...ele ofendeu-me também. Nunca iria renegar a Malu, ela é minha filha, sempre o foi. Muito antes daquele papel que ele me deu em Veneza, ela sempre foi minha. Ouço a porta a abrir, vejo a minha piratinha, a Mia e os meus sogros a entrarem.

- Manana. Como te sentes?

- Sinceramente. Assustada, com medo. Dos bebés nascerem antes do tempo, de Malu nunca aparecer de novo...mas tenho muito mais medo de perder o Christian.

- Calma Ana, o Christian é forte. Ele não nos vai deixar, principalmente ele não vais deixar a mulher da vida dele e os filhos.- diz Carrick.

- Carrick tem razão querida. E agora tens que pensar em ti e nestes bebés. O que te disse a Greene?

- Que toda esta situação estava a provocar contracções...e que era cedo para eles nascerem. Estou com medo, e se eu os perder? Como é que eu vou dizer ao Christian, que...

- Não vais dizer nada porque vai dar tudo certo. Sei que queres saber dele, a Greene encontrou-nos lá fora a conversar com a Ross e com o Luke.

- Como é que ele está? Como está o Christian?

- Ele está bem. Foi apenas uma bebedeira, não tinha nada nas análises que indicasse que ele tenha tomado algum remédio.

- Eu sabia que ele nunca iria fazer isso...o Christian pode estar a sofrer, mas ele nunca iria atentar contra a sua própria vida, por muito perdido que esteja.

- Essas são as boas notícias...- olho para Grace...estas são as boas notícias? então existem más notícias?...- Christian embebedou-se de tal forma que o que podemos adivinhar é que se sentiu mal, e caiu. Ao cair ele...bateu com a cabeça, fez um traumatismo craniano.

- Ana...- olho de Grace para Carrick...- ele entrou em coma. Ele está a respirar sozinho, ele simplesmente...

- Ele está a dormir...- interrompo Carrick...- mas ele vai acordar, eu sei que vai. Ele não me pode deixar...não pode.

- Ana olha os bebés, tu não te podes enervar. Eu vou ficar contigo hoje...-diz Grace...- O Carrick vai ficar com o Christian, amanhã logo vemos. Agora, Mia e Paula despeçam-se e vão ter com o Rayan ele vai levar-vos para casa. O Elliot e a Kate vão lá ficar com vocês. Paula o Taylor vai para lá também.

- Eu não quero, Manana deixa-me ficar contigo...por favor?

- Paula a tua irmã precisa de descansar. E tu também, e amanhã vocês têm escola.

- A Grace tem razão piratinha, já faltaste hoje...eu fico bem. A Grace vai tomar conta de mim...- abraço a Paulinha e Mia, e elas saem com Carrick que depois de as deixar com Rayan e Elliot que entretanto já chegara vai para junto de Christian, e eu fico com Grace.

Nunca os dias passaram tão devagar. Estou há três dias em casa, depois de ter passado dois dias no hospital. Entrei oficialmente nos sete meses de gravidez e estou em repouso absoluto, não posso nem dar um passo sozinha. Os meus sogros preferiram que eu ficasse em casa deles, e sinceramente acho que nem conseguiria ficar naquela casa enorme sozinha, mesma que tivesse lá Nora e Saywer. Se vi o Christian? Uma vez, no dia em que saí do hospital consegui ter autorização de Greene para o ir ver.

"Finalmente após dois dias vou para casa, os bebés estão bem, e as contracções cessaram. Vou ter que ficar em repouso, mas desde que esteja em casa já estou feliz. Claro que faltam duas pessoas para que essa felicidade ser plena: Christian e Malu. Tentei junto da minha sogra que ela me levasse a ver o Christian, mas ela se negou sempre. Hoje tenho que tentar, se eu não o vir hoje, não vou poder vir ao hospital pelo menos até os bebés nascerem.

- Greene, por favor, deixa-me ir ver o Christian. Eu prometo que me vou controlar...por favor.

- Ana...eu não sei se deva, tu sabes que qualquer emoção forte pode...

- Greene...se não me deixares ir vê-lo podes ter a certeza que as emoções vão ser bem piores. Por favor, só te peço dois minutos com Christian, depois vou para casa e prometo pelos meus bebés que não ponho os pés dentro do hospital a não ser no dia do parto.

- Bem tudo bem. Mas Ana são dois minutos...eu vou confiar em ti.

- Obrigado...obrigado...mil vezes obrigado.- e assim caminhamos, ou melhor eu rolei na cadeira de rodas, pelo corredor até chegarmos ao quarto do meu amor.

- Nós esperamos cá fora, vamos estar a ver-te pela janela algum sinal teu que me alerte eu entro por este quarto adentro.- aceno com a cabeça e a enfermeira que me empurrava entra comigo no quarto colocando-me junto da cama onde está o meu Christian.

- Christian. A Ross diz que tu nos consegues ouvir, então eu vou dizer-te o que eu queria dizer-te há mais de uma semana: Desculpa. Desculpa por te ter atacado daquela forma, desculpa por não conseguir ser o teu apoio, desculpa por não ter vindo mais cedo. O nossos bebés estão bem, pelo menos agora estão.- O batimento cardíaco de Christian começa a aumentar, Greene entra de rompante...

- Tens que o acalmar...não sei o que lhe disseste mas ele reagiu a ti...ele está a ouvir-te. Mas tens que o acalmar...

- Christian, por favor acalma-te...nós estamos bem...foi só um susto. Eu enervei-me ao ver-te entrar no hospital. Mas eles estão bem...acalma-te. Eu amo-te...muito...- o seu ritmo começa aos poucos a regularizar...Greene sai de novo dizendo que tenho que ir, que preciso de descansar...-Vou ter que  ir, não sei quando me deixam vir de novo, tenho que ficar em repouso para o parto não se adiantar, mas Christian...por favor volta...volta para nós. Para mim, para os  teus filhos...para a Malu. O que é que vou dizer à nossa Princesa quando ela voltar e te vir assim...volta meu amor. Eu amo-te."

E assim depois deste monólogo, fiz sinal que tinha acabado e a mesma enfermeira me veio buscar. Passado nem vinte minutos já estava em casa de Grace e de Carrick num quarto no piso inferior, pois segundo Grace seria mais fácil se eu quisesse sair um pouco do quarto e ir para a sala sempre carregada por Sawyer que virou minha sombra desde esse dia."

Christian ainda está em coma, mas quer Ross quer Luke nos disseram que o quadro dele é estável, o que quer dizer que só depende dele acordar. Só espero que seja logo, tenho saudades do meu marido, do meu amor. Saudades de olhar para aqueles olhos cinza, saudades das nossas noites quentes...como tenho saudades...fico molhada só de pensar nisso.

Os nossos bebés têm estado mais mexidos, principalmente à noite e tem sido difícil dormir com eles sempre a darem pontapés...acho que o espaço está a ficar cada vez mais pequeno. Começaram a reconhecer a voz de Grace e de Carrick, pelo menos eu acho que sim...cada vez que ouvem a voz de Grace começam a remexer-se dentro de mim, fazendo-me fazer algumas caretas, não de dor, mas de desconforto. Já com Carrick, ficam quietinhos a ouvir o avô.

E a nossa princesa? Tivemos uma pista, e parece que desta vez estamos mais perto. Amélia foi vista em Vancouver, e tudo aponta que esteja a caminho de Portland ou mesmo do estado da Califórnia. Carrick já fez o pedido ao estado do Oregon para fecharem as suas fronteiras para tentar que Amélia não passe para a Califórnia. Eu sinto, eu sei que Malu em breve vai estar connosco.

Pov Christian

Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...

Este som...eu reconheço...sim. Mas como vim aqui parar, porque este Bip Bip irritante só pode significar que estou no hospital, só não consigo lembrar-me de nada. Absolutamente de nada. Vamos Christian, tenta qual foi a ultima coisa que te lembras: a discussão que tive com Ana, ela foi-se embora, deixou-me...porque eu fui cruel mais uma vez. Depois disso a Doutora Grace mandou-me tomar banho e levou-me para casa dela. Isso tenho estado em casa dos meus pais, no quarto da minha princesa...a minha Malu...será que já a encontraram. Os Bip Bip começam a soar mais depressa, calma Christian, tens que te acalmar...e os Bip Bip começam de novo a regularizar.

As garrafas, eu bebi. Muito. Enchi a cara, lembro-me de me sentir mal disposto, que fui para a casa de banho, que vomitei no chão mesmo...depois escorreguei e tudo apagou, ficou tudo escuro. Foi isso, caí. Ouço vozes, quero abrir os meus olhos mas não consigo.

- Ei filho...- é o meu pai...eu estou aqui, eu consigo ouvir-te...mas porque é que não consigo abrir os olhos, nem mexer um dedo. Aliás eu não sinto nada...será que...não...- Estamos todos a torcer para que acordes depressa. A Ana está bem, não te preocupes nós estamos a tratar dela...- a Ana...a minha Ana...como eu queria ouvi-la...- Ela não pode vir aqui, sabes por causa da gravidez, não lhe ia fazer bem ver-te assim. Acorda depressa filho. Por favor.

E outra vez o silêncio...é sempre assim. Ouço o meu pai, outras vezes a minha mãe, até a Ross e o Luke, mas nunca quem eu quero, a minha Ana. Eu preciso saber se ela me perdoa...os meus pais dizem que sim, que ela está preocupada comigo, mas que não pode vir aqui...mas eu quero a minha Rainha.

- Christian.- finalmente, finalmente ela veio...- A Ross diz que tu nos consegues ouvir, então eu vou dizer-te o que eu queria dizer-te há mais de uma semana: Desculpa.- Não Ana, eu é que te tenho que pedir perdão...eu é que mais uma vez fiz asneira...- Desculpa por te ter atacado daquela forma, desculpa por não conseguir ser o teu apoio...- Minha Rainha...eu sei que para ti também não tem sido fácil...e eu...eu ainda...perdoa-me Rainha...como eu quero abrir os meus olhos Ana, como eu quero olhar para esses teus olhos azuis e perder-me neles...- Desculpa por não ter vindo mais cedo. O nossos bebés estão bem, pelo menos agora estão.- Como assim agora estão? Ana o que que é aconteceu...e lá vem de novo o BIP BIP irritante de novo...ouço a voz de Greene...

- Tens que o acalmar...não sei o que lhe disseste mas ele reagiu a ti...ele está a ouvir-te. Mas tens que o acalmar...

- Christian, por favor acalma-te...nós estamos bem...foi só um susto.- mesmo apagado eu consigo fazer-lhe mal...- Eu enervei-me ao ver-te entrar no hospital. Mas eles estão bem...acalma-te. Eu amo-te...muito...- ela ama-me, ela ama-me...apesar de tudo o que lhe disse, apesar de tudo o que lhe fiz...ela ama-me...o BIP BIP começa aos poucos a regularizar...ouço Greene sair de novo dizendo que Ana tem que ir, que precisa de descansar...não quero que ela vá...não quero...mas eu sei que se não fosse preciso ela  ficaria comigo...é pelos nossos bebés...-Vou ter que ir, não sei quando me deixam vir de novo, tenho que ficar em repouso para o parto não se adiantar, mas Christian...por favor volta...volta para nós. Para mim, para os teus filhos...para a Malu. O que é que vou dizer à nossa Princesa quando ela voltar e te vir assim...volta meu amor. Eu amo-te.

Eu volto eu quero voltar...mas está difícil...não consigo Ana, não consigo abrir a porra dos olhos. Ana...Ana não vás...fica...fica comigo. Sei que estou a ser egoísta, que devia pensar em ti e nossos filhos...mas eu preciso de ti, como preciso de ar para respirar. Não ouço mais nada...não ouço mais a sua voz...nem nunca mais a ouvi...até que...até um dia...