Capítulo 40 - Adeus...ou...Até Já
Pov Christian
Chegámos finalmente ao hospital, sigo com a Paula, até onde posso...não me deixam ir com ela, apesar de dizer que sou médico o tal de Dr. John Fletcher, que foi o que tratou da piratinha e que se apresentou na ambulância, não me deixou entrar afirmando que seria melhor eu esperar por notícias e ficar à espera da família. Nessa altura é que me lembrei que teríamos que avisar a Ana, volto para a sala de espera e vejo o meu pai e o Taylor abraçados. Chego-me perto deles, e mesmo não querendo lágrimas já me caiem dos olhos.
- Como é que está a Paula? Como é que está a minha filha?- pergunta Taylor tentando acalmar-se um pouco.
- Continuava desacordada, mas o ritmo cardíaco estava estável...- digo e olho para o meu pai...- Pai temos que avisar a Ana...mas...
- Eu já falei com a tua mãe...ela ficou de dar a notícia à Ana. E dei ordem ao Ryan para as trazer até cá...
- Não é justo Pai...não é...o que Ele quer de nós...porque é que a Ana tem que sofrer tanto nesta vida? Será que já não sofreu o suficiente para mil vidas?
- Christian...tens que te focar na Ana agora. Ela vai precisar de ti...tens que te recompor.
- Eu sei...eu sei...mas...ela..elas não mereciam nada disto.- naquele momento apenas me deixo ir pela dor, sei que tenho que ser o apoio de Ana daqui para a frente, porém neste momento apenas me permito sentir tudo o que tenho a sentir: dor, mágoa, angustia, culpa, medo, remorso...e um ódio, de mim mesmo que não consegui evitar nada disto e de Bob, daquele homem dos infernos.
Passado algum tempo, que a mim me pareceu apenas minutos, vejo entrar a minha mãe com Ana. Não penso em mais nada, levanto-me da cadeira onde estava sentado e vou ter com a minha rainha...abraço-a...e sinto-a abraçar-me com força como se estivesse com medo que em qualquer altura eu também desapareça da sua vida. Ela chora, soluça mesmo, e eu apenas a tento acalmar...passando-lhe as mãos pelas costas.
- Shiu...eu estou aqui contigo. Desculpa, desculpa...a culpa foi minha...eu nunca devia ter permitido que a tua mãe tivesse vindo...
- Como é que elas estão? Como está a minha mãe e a Paula?- pergunta-me Ana, e eu olho primeiro para a minha mãe e depois para o meu pai...Ana não sabe, ainda não lhe contaram que...- Christian? Como é que elas estão?
- Ana...- Taylor levanta-se e vem na nossa direcção...- A tua mãe...ela...ela não resistiu. A Carla...ela morreu querida.
- NÃO...Christian, diz que é mentira...por favor...- sinto a Ana a ficar mole nos meus braços...- Christian...
- Ana...eu sinto muito. Ela fê-lo para salvar a Paula...ela...
- Não...eu não vou conseguir viver sem ela...Christian, eu não vou...porque é que a deixaste vir...porquê?- e começa a bater-me...e eu deixo, deixo-a deitar toda a raiva, toda a dor que ela sente para fora...- Porquê? Porque é que a deixaste vir...- e depois de muito me bater, ela apenas me abraça...e chora...
- Eu sei...eu sei que me culpas Ana. Eu próprio me culpo...desculpa-me rainha, eu não queria nada disto...eu não queria...
- Christian. Ninguém aqui tem culpa...- diz Taylor...- Carla fê-lo para salvar a nossa menina, ela era mãe acima de tudo, e uma mãe faz tudo pelo seu filho. Morrer por ele...é a maior prova de amor que a Carla deixou à Paula...e a ti Ana. Ela amava-vos de uma forma que não se mede, porque o amor dos pais é imensurável. Antes de partir ela fez-me prometer que eu ia sempre cuidar de vocês duas. E eu pretendo fazê-lo Ana...não só da Paula mas de ti também.- Ana larga-me e abraça-se a Taylor, e assim ficam até que o tal Dr. Fletcher volta para dar notícias da Paula.
- Ana, Taylor este é o Dr. John Fletcher, foi ele que atendeu a Paula.- viro-me para o médico...- Esta são o pai e a irmã da Paula, Jason Taylor e Anastácia Steele.
- Boa Tarde, bem não sei o que lhes contaram então vou explicar de uma forma sucinta o que aconteceu. A Paula ao cair bateu com a cabeça com bastante força, ficando de imediato desacordada, por isso eu disse ao Dr. Grey que seria melhor trazê-la de imediato aqui para o hospital de Portland, não sabíamos a gravidade da pancada então para evitar algum problema mais grave...
- Doutor, como é que está a minha irmã? Por favor...eu...- Taylor continua abraçado a Ana...eu apenas me mantenho junto dela.
- A Paula chegou desacordada, e logo o que me ocorreu foi o perigo que um traumatismo crânio encefálico. Já fizemos todos os exames necessários, e não há sinal de hemorragia, por isso neste momento é com ela...
- Como assim...eu não estou a perceber?-a pergunta Taylor...- Como assim "é com ela"?
- O que o Dr. Fletcher quer dizer, é que a Paula pode acordar a qualquer altura, não há nada que a impeça de o fazer apenas temos que esperar.
- De uma forma resumida é isso mesmo. Os exames que fizemos à Paula não apresentam qualquer alteração, porém, ela ainda não acordou...por isso como disse o Dr. Grey, teremos que esperar o tempo dela...
- Ou seja, a Paula está em coma? É isso?- pergunta Ana com lágrimas nos olhos...
- Não, não é propriamente um coma. A Paula não está ligada a máquinas nem nada disso...ela apenas está a dormir, está a respirar por ela, os batimentos cardíacos estão regulares. Vejam isto como uma forma de cérebro da Paula precisar de um tempo para recuperar...
- E quanto tempo...quanto tempo ela vai ficar...
- Não vos consigo dizer. Infelizmente nós médicos não temos as respostas para todas as perguntas. E se existe algo que nós não conseguimos prever são estas situações...
- Existe algum risco de sequelas...consequente da queda?- pergunto, sei que ninguém se iria lembrar de perguntar, e nós temos que estar preparados para tudo.
- Sequelas? Como assim Christian?- Ana olha para mim com um olhar de pânico.
- Foi bom o Dr. Grey perguntar isto. Risco nestas situações existem sempre, mas apenas podemos verificar se existem sequelas quando a Paula acordar. E antes que perguntem podem ser diversas: físicas, cognitivas e emocionais. Diante do que aconteceu eu acredito que as emocionais ela as terá com toda a certeza. Em relação a tudo o resto temos que esperar...mas mantenham a fé, a esperança...sempre ouvi dizer que esta é a última a morrer.
E com isto o médico sai, dizendo que assim que fosse possível nos deixaria entrar para ver a Paula. Entretanto o meu pai e a minha mãe foram tratar de tudo para a "libertação" do corpo da Carla. Parecia tudo tão surreal...ainda há um mês estávamos todos a comemorar o meu namoro com a Ana...e agora...perdemos o nosso bebé, perdemos a Carla e a Paula está desacordada numa cama de hospital.
Fé e Esperança...pergunto-me muitas vezes de onde vêm estas duas palavras. A esperança dizem que é o que mantém os nossos sonhos vivos e nos dá força para lutarmos por eles, que é a confiança que nos está implícita de que algo bom acontecerá, que é a espera baseada na possibilidade de que um desejo se torne realidade. Que ter esperança é a melhor sensação do mundo, por sabermos que existem infinitas possibilidades de algo bom acontecer. Mas se a esperança nos foge? Se não conseguimos sentir todas essas boas sensações?
Então é aí que entra a Fé...aquela convicção intensa e persistente em algo superior e abstracto, que para quem acredita se torna verdadeiro e real. É uma força sem explicação, não é só o que nos move, é também o que nos faz ficar no mesmo lugar, acreditando que tudo vai melhorar. É quando tudo parece estar perdido e ouvimos bem perto dos nosso ouvidos aquela voz que não sabemos de onde vem que nos diz: "Não desistas, Não desistas. Ainda não.". A fé ilumina os nossos corações e nos faz ver o positivo, mesmo quando tudo parece estar a cair à nossa volta.
Por isso a Fé e a esperança andam de mãos dadas...porque tendo uma temos a outra e sem uma não podemos ter a outra.
Pov Ana
Assim que Grace atende o telefone percebo pelas suas feições que as notícias não são boas...sinto dentro de mim que algo se passa. Quando esta desliga, vira-se para Gail e diz-lhe algo que não percebo, depois dirige-se a mim. Ela começa a falar algo nervosa, sem saber muito bem como dizer o que tem a dizer. O meu desespero aumenta...e quando finalmente ela dia que a minha irmã está inconsciente e que a minha mãe levou um tiro, eu perco a noção de tudo. Eu sei que ela me está a esconder alguma coisa, eu sinto isso. Depois de Gail me dar um copo de água, vejo Kate entrar com Ella e Malu seguidas de Mia e a Luh. Grace chega-se perto de mim, e com calma me abraça...
- Ana, o carro está pronto...quando quiser podemos ir...
- Mamã...poque tás a cholar?- Malu corre para mim saindo do colo de Kate onde estava...
- A mamã só está um pouco triste minha princesa...-diz Grace tentando que Malu não se aperceba de nada...
- A Malu tá qui...naum chola mamã...po favol...a Malu fica tiste também...- Abraço a minha menina, neste momento é tudo o que mais quero é estar assim bem juntinho da minha princesa. Grace olha para mim, lembra-me que temos que ir andando...há uma parte de mim que quer ir...mas há a outra que diz que se não for nada disto será real...
- A mamã vai sair com a vovó Grace...vais ficar com a Tia Kate...promete que te portas bem minha princesa?
- Sim...eu sempe poto bem mamã...naum é Ti Tate...- e faz aquela carinha de sapeca linda que amo. Dou-lhe um beijo e deixo-a sentada no sofá assistindo um desenho. Caminho com Grace para o carro e partimos...
Assim que entro no hospital vejo o Christian levantar-se e vir ter comigo...abraça-me...e eu o faço também com todas as minhas forças como se a qualquer momento o pudesse perder a também, que também ele possa desaparecer da minha vida. Choro, soluço mesmo, e Christian apenas me tento acalmar...passando-me as mãos pelas costas. Falando baixinho nos meus ouvidos, pede desculpa constantemente...como se a culpa fosse dele...eu não o culpo, como é que ele se pode culpar.
Finalmente consigo falar e perguntar pela minha mãe e pela Paula, percebo que Christian olha do pai para a mãe...eu sabia que a Grace me estava a esconder alguma coisa. Vejo o Taylor a levantar-se e vir na minha direcção com lágrimas nos olhos.
- Ana, a tua mãe...ela...ela não resistiu. A Carla...ela morreu querida.
Num primeiro instinto a minha reacção é negar, negar com a maior convicção que consigo ter. A minha mãe não pode ter morrido, é impossível, eu preciso dela, a Paula precisa dela...ela não morreu...não, não é verdade. Depois da negação, vem a raiva...a necessidade de culpar alguém. Começo a bater em Christian...a culpa-lo a ele, ele simplesmente me deixa libertar toda a dor que tenho dentro de mim, aos poucos a minha força vai-se esgotando e simplesmente o abraço...e choro...
O médico aparece, um tal de John Fletcher, Christian apresenta-nos e começa-nos a explicar toda a situação clínica de Paula. Fico a saber que a Paula ao cair bateu com a cabeça com bastante força, ficando de imediato desacordada. Que foi o Dr. Fletcher que estava no Centro Comercial com a família que socorreu a minha piratinha enquanto Christian tratava da minha mãe. Que como neurocirurgião achou imprudente colocar a Paula num helicóptero sem antes saber a extensão da pancada que ela tinha sofrido.
Continua dizendo que ela chegou desacordada, e que fizeram todos os exames necessários para excluir uma serie de possíveis quadros clínicos, que sinceramente eu nem prestei atenção quais eram, no fim apenas disse que não havia nada que apontasse a algo grave e que a Paula poderia acordar a qualquer momento, mas que era com ela...eu olhei para o Christian sem perceber muito bem o que o tal Dr. Fletcher quis dizer com aquilo. Foi o Tay que acabou por fazer a pergunta que eu fiz sem a fazer a Christian.
- O que o Dr. Fletcher quer dizer, é que a Paula pode acordar a qualquer altura, não há nada que a impeça de o fazer apenas temos que esperar.
- De uma forma resumida é isso mesmo. Os exames que fizemos à Paula não apresentam qualquer alteração, porém, ela ainda não acordou...por isso como disse o Dr. Grey, teremos que esperar o tempo dela...
- Ou seja, a Paula está em coma? É isso?- pergunta Ana com lágrimas nos olhos...
- Não, não é propriamente um coma. A Paula não está ligada a máquinas nem nada disso...ela apenas está a dormir, está a respirar por ela, os batimentos cardíacos estão regulares. Vejam isto como uma forma de cérebro da Paula precisar de um tempo para recuperar...
- E quanto tempo...quanto tempo ela vai ficar...
- Não vos consigo dizer. Infelizmente nós médicos não temos as respostas para todas as perguntas. E se existe algo que nós não conseguimos prever são estas situações...
Depois de todas estas explicações ficamos a saber que ela pode ficar com algumas sequelas, olho para o Christian, depois para o Taylor e por fim para o médico da minha irmã, em pânico. Ele explica que poderão sim haver algumas sequelas, que podem ser físicas, cognitivas ou emocionais, se bem que só quando ela acordar podemos ter a certeza se as tem ou não. O médico sai, dizendo que assim que fosse possível nos deixaria entrar para ver a Paula.
Depois de o médico sair, Carrik e Grace falam com Taylor e com Christian dizendo que iram tratar de tudo para o funeral da minha mãe...eu olho para Christian e abraço-o. Ele leva-me até um sofá que existe ali na sala de espera e me senta ao seu colo, eu me aninho nele e choro.
Sinto-me pesada...mais pesada que o meu próprio corpo...as lágrimas que me caem mostram esse peso, essa fraqueza, essa dor que me assombra. Choro pois meu coração está partido, quebrado. Choro por tudo e por nada, choro por saber que nunca mais a vou ver, choro porque nunca mais vou ter os mimos dela na minha cabeça quando algo me aflige, choro porque nunca mais vou ver o seu sorriso que me aquecia todos os dias o coração. Choro porque não a quero perder, porque não aceito que a perdi...
Mãe nunca devia morrer, mãe devia ser eterna...
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