Capítulo 39 - If You Say So (Se Tu Dizes)
Pov Ana
Eu ainda nem acredito no que aconteceu...acho que ainda estou em choque. No dia em que o Bob levou a Paulinha, foi o dia em que perdi o meu pontinho. A minha vida nunca foi fácil: perdi o meu pai quando ainda precisava dele; vivi anos e anos de terror com o Bob e a Leila, vi a minha mãe ser agredida várias vezes; sofri nas mãos da Leila todo o ciúme que ela sentia quando Bob estava com a minha mãe...
É a minha vida foi mesmo um drama, mas nada...mesmo nada me preparou para a dor que eu senti no dia em que a Dra. Greene nos disse, a mim e a Christian, que tinhamos perdido o nosso bebé. Eu sei que para muitos não passava de um "embrião" mas para mim, para nós, era algo que nos pertencia aos dois, um somatório lindo do nosso amor. E como eu já amava este bebé...como eu o queria.
Depois no dia seguinte por descuido da minha princesa, fiquei a saber do rapto da Paulinha...se fiquei zangada? Não, acho que nem tive tempo para isso, fiquei em pânico mesmo...a tal ponto que me colocaram de novo a dormir. Acordei ao fim do que eu achei que tivessem sido dias, mas que foram apenas algumas horas. Quando acordei tinha o Christian ao meu lado, e Grace sentada na poltrona com a Malu ao colo...tudo a olhar para mim. Eu nao queria aquela atenção, queria o oposto...queria estar sozinha...com a minha dor, a minha angustia...
15 Dias...foi o tempo que levou para haver algum sinal da Paula. 15 dias...de insónias, de ataques de panico, de pesadelos. 15 dias...até conseguirmos ver e ouvir o som que mais queríamos ouvir..."bip, bip, bip..." do GPS do colar que Tay deu à Paula, no dia em que oficialmente eles se tornaram pai e filha por escolha deles. Foi um dia que ainda hoje me relembro...
"Hoje era um dia especial...o dia em que Paula e Taylor escolheram para oficialmente se tornarem pai e filha, filha e pai. Paula nunca teve o nome do pai na certidão, tinha o nome da minha mãe de casada que era o do meu pai, mas nunca constou na verdade o nome dele na sua certidão. Quando soube disso Tay pediu num jantar o coração de Paula como filha e ele lhe entregou o dele como pai. Estávamos nós quatro, o Christiane a nossa Princesa Malu, Grace e Carrick, Elliot e Kate com a Ella, a Mia e por fim Luciana com a Gail.
- Eu sei que não é o meu sangue que te corre nas veias, sei que vamos ter as nossas discussões, como tenho com a Luciana...Mas não foi o sangue que nos uniu, nem nos vai unir...o que nos une é algo muito mais valioso que o sangue...é o amor, o amor que nós sentimos um pelo outro, o amor que nasceu daqui...do nosso coração. Por isso Paula, aceitas-me como teu pai, pai do coração, pai de alma, pai para tudo...ou quase tudo o que quiseres?
- Antes de te responder...quero dizer algumas palavras...- começa a Paula e fica tudo a olhar com algum receio do que possa sair daquela cabeça...-Calma, eu não vou fazer discurso...bom antes demais, quero agradecer a duas mulheres lindas que eu amo incondicionalmente, que me defendem e protegem e amam desde que nasci...Obrigado Mãe por seres a minha guerreira...Ana, a minha mana, sabes que és tão importante para mim como a mãe...és a minha heroína, o meu porto seguro quando preciso...Amo-te muito.- Abraça-nos deixando cair algumas lágrimas e continua o discurso.
- Nós também te amamos muito piratinha...mas vê lá se te despachas no drama...- digo-lhe e dou-lhe mais um beijo na bochecha.
- Chata...bem quero agradecer ao Christian, por fazer a minha mana feliz. Quero agradecer às duas melhores amigas que um dia já tive: Mia e Luh...vocês são meio maluquinhas, o que ajunta À minha doidice só pode dar muita confusão ainda... mas eu amo-vos do fundo do meu coração.
- Nós também te amamos muito maluquinha...- diz mia sorrindo...
- É ainda por cima vais virar minha irmã...ainda por cima és mais nova...ou seja vais ter que me obedecer...- diz a Luh rindo-se...estas três meninas vão ser uma tragédia juntas.
- E fnalmente e chegando ao assunto importante de hoje...- dá um suspiro, consigo perceber que está a tentar segurar o choro...mas é mais forte que ela..e uma ou outra lágrima caiem-lhe dos olhos...- Tay...entraste nas nossas vidas numa altura providencial, sabes que sempre gostei de ti desde aquele primeiro jantar...e não me enganei tu és o nosso cavaleiro andante, o nosso príncipe de cavalo branco. Tu sabes toda a história da minha vida, por isso não vou estar para aqui a contar de novo...então o que quero te dizer é que SIM eu aceito-te como meu PAI...e posso não ter o teu sangue a correr aqui dentro deste corpo...mas ser PAI é muito mais que sangue, genes, células...ser PAI é estar lá quando é preciso, é ralhar, mas saber ouvir também, é estar ao lado quando estamos doentes ou tristes, é alegrar-se quando estamos alegres...ser PAI não é apenas um cargo que se ocupa porque a sementinha germinou...não ser PAI é muito mais que isso. Tu és e sempre será o PAI que o meu coração escolheu, e como todos sabem o nosso coração nunca se engana..."
E assim naquele dia o nome da Paula passou a ser: Paula Adams Stelle Taylor...foi um dia maravilhoso, onde Taylor lhe ofereceu o que hoje nos pode ajudar a encontrá-la, e apesar de ter estado 15 longos dias em silêncio hoje pela primeira vez conseguimos rastrear o sinal. Taylo, Christian e Carrick assim que conseguiram perceber a localização saíram para o carro, apesar de querer ir Grace proibiu-me, segundo ela eu ainda estava em recuperação. Mas a minha mãe fez finca pé e quis ir...não sei porquê mas senti um calafrio a percorrer todo o meu corpo naquela altura, era como se algo me estivesse a avisar que algo iria acontecer.
As horas passavam e nada de ter notícias...ninguém nos dizia nada, e cá dentro eu sentia que algo se estava a passar. Era uma angustia, uma sensação ruim que eu não sabia explicar bem...eu só sei que algo correu mal, e nem me perguntei como sei: instinto, intuição. Chamem o que quiserem, sentia-me inquieta sem saber o que fazer, o que pensar...era como se estivesse enjaulada numa prisão, quisesse sair e me tivessem aprisionado a sete chaves. Era uma sensação impotência, de ter as mãos e os pés atados e simplesmente ter que esperar.
- Ana, por favor...tu ainda não estás completamente recuperada...vê se te acalmas...
- Eu não consigo...simplesmente não dá, estou a sentir-me sufocada com esta falta de notícias...porque é que o Christian não me liga...
- Querida as más notícias correm depressa, por isso não haver notícias é bom sinal...- diz Nora tentando miseralvelmente acalmar-me.
Finalmente o telefone de Grace toca, o meu olhar segue-a...não desprende...sinto de novo aquela sensação ruim a apoderar-se do meu corpo, de novo aquele calafrio. Grace tem lágrimas nos olhos, ela tenta disfarçar...começo a ver tudo a girar, mas os meu foco contiinua a ser a Grace, apesar de agora parecer que está num carrossel. Percebo alguém a agarrar-me e levar-me até ao sofá, eu simplesmente me deixo ser guiada...não tenho nem força, nem capacidade neste momento de discutir seja o que for. Grace desliga a chamada, e antes de se dirigir a mim, pede algo a Gail...
- Ana, eu...o Carrick ligou...eles encontraram-na, eles encontraram a Paula.- suspiro de alívio...mas quando olho para Grace percebo que se passa mais alguma coisa...- O Bob, conseguiu fugir...mas antes ele...parece que ele tinha...
- Grace fala logo...o que aconteceu...o que é que aconteceu à Paula? O que é a aconteceu à minha irmã?
- A Paula conseguiu libertar-se do Bob, mas acabou por ser empurrada pela tua mãe e caiu, ela bateu com a cabeça...o Carrick não sabe de muitos pormenores, ela foi para o hospital fazer exames.
- Espere...Grace a minha mãe? Ela...diga-me que...- eu não consigo nem dizer a palavra, nem pensar nisso eu consigo.
- Ela também foi para o hospital...o Carrick também não sabia nada dela, só que...ela colocou-se à frente da Paula...e acabou por ser ela a levar o tiro...
- Tiro...a minha mãe...ela levou um tiro...Grace...diz-me que ela está bem...diz-me que eu não a perdi...por favor...
E naquele momento eu sinto Grace abraçar-me, e depois tudo começa a ficar disforme...tudo se torna negro. A minha vida...a minha vida acaba se eu as perco. Como posso viver sem ter o Sol e a Lua comigo...como posso viver num mundo sem esse dois pilares da minha vida...eu não quero viver assim, eu não quero viver num mundo onde não exista a minha mãe e a Paula.
Pov Christian
Assim que lá chegámos ao Centro Comercial, enquanto o meu pai foi falar com a segurança, eu e Taylor seguimos com Welsh para o local de onde vinha o sinal. Carla foi proibida de vir, nós não sabíamos se o Bob estava armado e já era suficientemente difícil recuperar a Paula...não precisávamos de resgata a Carla no final também. Assim que chegámos à porta da dita loja, um dos seguranças que veio com o meu pai, foi à loja chamar a gerente, explicámos o que se passava, e enquanto discretamente fomos evacuando as lojas ao redor e os corredores a gerente em conjunto com as funcionárias da mesma foi pedindo aos poucos clientes para saírem sem muito alarme.
Quando todos já tinham saído Bob apercebe-se do que se passa...e é nessa altura que a polícia que entretanto chegou, intervém. Mas é claro que não ia ser fácil, ele nunca iria entregar-se assim, tão facilmente. Vejo-o a ir em direcção aos provadores, provavelmente é lá que está a Paula, passado algum tempo sai com ela agarrada...a piratita tenta a todo o custo libertar-se dele, mas o Bob é muito mais forte.
Até que de repente para...percebo que as lágrimas começam a cair-lhe, olha para o Taylor...e soletra-lhe algo como "Amo-te Pai...". Depois disto é tudo tão rápido que nem consigo descrever a cena que se passa à frente dos meus olhos: a Paula dá um pontapé na canela de Bob, fazendo-o largar-la, mas infelizmente para ela não é suficientemente forte para lhe fazer muita mossa. Porém o que mais me surpreende, ou não tendo em conta a família de mulheres que são, é ver Carla aparecer nem sei de onde e atirar-se para a frente de Bob, quando este estava pronto para atirar em Paula.
E enquanto Bob foge por onde Carla provavelmente entrou, eu e Tay dirigimo-nos até Paula e Carla...o meu pai grita para a policia para chamarem as ambulânicas...e é quando alguém surge não sei de onde e nos diz que é médico, e logo surge outro que também se identifica como tal. Taylor está em choque perto de Carla, eu peço que ambos se ocupem de Paula, e vou para junto de Carla.
- Taylor...Jason, por favor...eu tenho que estancar o sangue...tens que te afastar...- digo...
- Por favor...Carla...Carla, não me deixes...por favor...- Taylor chora como eu nunca o viu chorar antes...aquele homem que parece um muro perante a dor...está a chorar feito uma criança.
- Tay...amor...- Carla está mal, eu sei que vai ser difícil...muito provavelmente, não, eu não vou pensar nisso eu tenho que a salvar, eu preciso de a salvar pela Ana...- Cuida...delas...- Taylor chora, e acho que até os médicos que tratam de Paula têm lágrimas nos olhos...- Cuida...das...minhas...meninas...por favor...
- Não, Carla...não me podes deixar...por favor...- Carla dá um ultimo sorriso...- NÃO...Carla, por favor. Christian faz alguma coisa...por favor...Carla...
- Eu...eu...- não consigo ter palavras...não consigo ter reacção...e de repente ouço alguém dizer atrás de mim...
- Hora o Óbito: 16h45m.- um dos médicos dá voz de óbito, Taylor abraça-se a uma Carla já sem vida...- A menina, ela tem que ser levada para o hospital, está inconsciente...
- A Paula...- de repente acordo do meu transe...preciso de saber como ela está, não a podemos perder também...a Ana não iria suportar...vou até junto da piratinha, engraçado como este apelido ficou nas nossa mente, mas a verdade é que Paula era uma pirata quando queria.
- Ela tem pulso, mas a pancada na cabeça foi muito violenta...temos que a avaliar no hospital.
- Christian, o helicóptero já está à espera...podemos levar as duas...- nessa altura olho para Taylor que continua agarrado ao corpo de Carla...- podemos que levar a Paula primeiro...
- Desculpe..- diz um dos supostos médicos que nos ajudou a socorrer as duas...- Eu sou neurocirurgião, e não aconselho a levarem-na num helicóptero pelo menos enquanto não fizermos os primeiros exames...eu vou com vocês de ambulância...eu faço questão de tratar dela...
- Christian. A decisão é tua...- diz o meu pai...que olha de mim para o Taylor.
- Eu não...nós não a podemos perder também...a Ana não ia aguentar...- e pela primeira vez as lágrimas escorrem-me pela cara.
- Calma, vai tudo correr bem...confie em mim...eu vou fazer o possível e o impossível para que esta menina volte para vocês.
- Por favor, eu não posso voltar para casa e dizer à minha noiva que a mãe e a irmã morreram não posso...- e choro...choro de medo, medo do que possa acontecer, medo da reacção da Ana, medo...medo da morte...raiva por não ter conseguido prevenir nada disto, raiva pela polícia ter deixado o Bob fugir...
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