Capítulo 38 -Get It Rigth (Faça o Certo)
Pov Elena
Nem acredito que ela morreu...e por minha culpa...foi tudo por minha culpa. Eu nunca me devia ter metido na vida deles. Porque é que me fui meter...o que é que eu fui fazer. Se o fiz foi com as melhores das intenções, mas como dizem os mais velhos de boas intenções está o inferno cheio.
A minha Tia Bia tentou de novo falar a Tia Carla, não sei o que se passou entre elas mas foi algo grave disso tenho a certeza. Ela deu-lhe o numero lá de um primo para que pudéssemos falar com os meus avós maternos, eu nem sabia que os pais da minha mãe ainda eram vivos. Depois de falar com o tal primo, a minha tia diz-me que ele vai falar com os meus avós e que logo retorna a ligação.
Pelo que percebi os meus avós já não tinham qualquer contacto com nenhuma das filhas, o que não deixa de ser triste e estranho. Porque será que deixaram de se falar? De se ver? Tenho tantas perguntas, porém não tenho respostas para nenhuma. Passado algum tempo o telefone da minha tia toca, percebo que é o tal primo...vejo a Tia Bia a ficar com lágrimas nos olhos, e quando desliga apenas me estica os braços para que eu a abrace e eu assim o faço.
- Os teu avós não vêm ao enterro, mas querem vos conhecer. Parece que a Leila não era...
- A minha mãe pode ter errado...e muito, mas era minha mãe. Eu sei que o Jack também não vai ao funeral, que muito provavelmente só eu vou lá estar...
- Eu vou estar ao teu lado Helena. A Leila pode ter feito tudo errado, mas houve uma coisa certa que ela fez...que foi entregar-vos aos vossos avós.
Nessa altura deito-me no seu colo, como fazia quando era mais pequena e deixo as lágrimas correrem. Não por tristeza, mas porque ela não teve tempo para se redimir, talvez se ela tivesse tido mais tempo, talvez ela conseguisse o perdão de todos: do Jack, dos meus avós, da minha Tia Carla...é talvez. E enquanto estou neste meu mundo Jack entra com a Amélia...e para variar estão a discutir.
- Jack...não podes esta a falar a sério. Só porque aquela mulher morreu...tu vais deixar de fazer o que combinámos.
- Amélia, chega...- Jack olha para Amélia com um olhar de quem está a repreender alguém e Amélia cala-se...- Boa Tarde, Helena posso saber porque estás a chorar? Já te disse mil vezes que a culpa não foi tua, ela colheu o que plantou.
- Jack. Podias ser uma pouco mais sensível à dor dos outros...- ralha a minha Tia, é ela sempre foi a nossa mãe...muito mais que a Leila.
- Desculpa Tia, mas ela não pode continuar assim por causa de alguém que não merece, nem nunca mereceu...
- Podes parar...- digo e levanto-me do colo da Tia Bia...- Podes até fingir que não te interessas, que não te doí, que não estás nem aí com a morte dela. Mas eu sou tua irmã, eu conheço-te, talvez até mais que tu próprio te conheces a ti, e sei que lá no fundo te estás a sentir triste assim como eu.
- Estás errada Helena, eu não sinto, nem nunca senti nada por eles. Nem por Leila e muito menos pelo Bob. Para mim é-me igual eles estarem vivos ou mortos.
- Chega vocês dois. Jack se não queres ir tudo bem estás nos teu direito, assim como a Helena tem direito a querer ir, a querer despedir-se. Mas chega, chega de guerras por quem não está mais aqui e por quem não merece. Os vossos avós chegam amanhã depois do almoço...
- Quem? - pergunta Jack olhando para mim e e para a Tia Bia...
- Os pais da tua mãe Jack...eles não vêm para o enterro, mas querem vos conhecer.
- Não. Não me interessa...dispenso a sério...
- És capaz de ser um pouco mais humano. És capaz de ser menos igual a eles...-digo e sinto o que nunca senti na vida...Jack bateu-me, pela primeira vez na vida ele levantou-me a mão.- E dizes tu que não és nada deles...tu és igual a eles, pior até. Porque eles pelo menos nunca fingiram...
- Lena...lena, perdoa-me...por favor...- mas eu nem o quero ouvir, saio da sala e vou para o meu quarto. Não me interessa se fui longe demais, não me interessa se o magoei...o Jack nunca tinha perdido a cabeça desta forma comigo.
- Deixa a tua irmã Jack.- ainda consigo a ouvir a Tia Bia dizer...
Pov Jack
Que dia, que tarde...estou cansado, estou saturado...não aguento mais reuniões. E ainda tenho que ouvir a Amélia com a ladainha de sempre: quando é que vamos ter a criança connosco para tirar dinheiro do Grey...já estou cansado de a ouvir todos os dias com a mesma ladainha.
Não vou ser hipócrita, a morte de Leila me fez pensar em muita coisa sim...não que eu esteja inconsolável, estou triste sim...mas nunca a considerei minha mãe. Porque na verdade ela nunca o foi, contudo, se o que ela disse for verdade, se ela nos entregou aos meus avós para que Bob não fizesse nada à Helena, talvez...eu a consiga perceber um pouco.
- Jack...Jack...- estava tão bom...mas era pedir muito alguns minutos de sossego...- Jack...amor.
- Diz Amélia...- Deus me dê paciência porque eu sinceramente estou a ficar sem ela para esta mulher.
- Amor, estás bem? Ainda nem te vi chorar...e...- bom pelo menos mudou um pouco de tema...
- Eu estou bem. Eu posso até ter saído dela, mas nunca a considerei minha mãe...- bom e já que ela mudou um pouco de tema, até merece um prémio...eu preciso disto...preciso de me distrair de todas as merdas que estão a acontecer.- Agora vem cá...eu preciso de ti...preciso desesperadamente de ti.
Amélia sorri, e logo se rebola em mim...e como eu não sou de pedra o meu amigo lá em baixo logo dá sinal de vida. Começo a despir-lhe a camisa, e não sou nada doce ao fazê-lo, chupo os seus seios, e ouço-a gemer. Esta mulher pode ser muito cansativa, mas é fogosa demais...não demoro muito naqueles preliminares, com a minha mão abro as minhas calças, afasto as suas cuecas e logo a penetro com alguma força. Ela cavalga em mim com força, eu amo o fogo da Amélia, amo este lado dela...pena que depois tenha o lado chato de cobranças.
- E agora que já matamos a saudade um do outro...tem novidades lá do seu paizinho?
- Amélia eu não acredito...já te disse que isso agora está nas mãos dele. Eu não posso fazer nada...eu não posso meter-me nisso. Aliás acho até que nem me vou meter mais...
- Jack...tu prometeste-me...prometeste-me que iríamos tirar tudo do Christian.
- Chega Amélia...eu fiz o que te prometi, eu dei o toque àquele monstro, se ele ainda não fez o que era esperado eu não tenho culpa. Agora uma coisa te garanto eu não vou sujar as minhas mãos. Não vou mesmo...
E saio do escritório com ela atrás de mim, para mim chega de escritório hoje. Vim mesmo porque estava insuportável o clima em casa com a Helena a chorar pelos cantos...mas aqui também não está melhor. Entro no carro com Amélia atrás de mim, pela sua cara percebo que está zangada comigo...não me levem a mal, mas Amélia zangada é pior que...não há pior, pelo menos eu não me lembro de nada pior.
- Amélia, desculpa amor. Mas eu fiz o que falámos, eu falei com o Bob, eu pedi-lhe que raptasse a miúda para conseguirmos o dinheiro do Grey. Mas depois do que aconteceu a Leila ninguém sabe onde ele se meteu...
- Achas que foi ele que...?- pergunta-me ela. Se eu acho que foi ele que matou a Leila? Não tenho dúvida nenhuma que foi ele, e que desapareceu porque sabe que nós sabemos disso. Mas não sou eu que vai falar à polícia nem a ninguém sobre as minhas certezas.
- Não sei, e nem quero saber.- digo e dou-lhe um beijo, para que ela se esqueça da conversa.
Seguimos para casa e quando entro vejo Helena de novo a chorar...por Deus esta menina vai gastar toda a água que tem dentro dela. É claro que a Amélia voltou à carga...dou-lhe um grito para ver se ela para, até porque esta conversa não é para se ter com a minha Tia e a minha irmã presentes. Depois vou até à minha irmã para tentar de novo fazê-la ver que a culpa não era dela, que a Leila procurou o que semeou...mas ainda levo nas orelhas da minha Tia por estar a ser insensível.
Helena levanta-se olha para mim e começa a dizer que eu podia até fingir que não me interessava, que não me doía, que não estava nem aí com a morte dela. Que ela me conhecia muito melhor do que eu próprio me conhecia, que sabia que lá no fundo eu estava a sentir-me triste assim como ela. Claro que não sentia, nunca senti nada por eles. Nem por Leila e muito menos pelo Bob. Para mim era-me igual eles estarem vivos ou mortos. E nessa altura a minha Tia parou a discussão, disse que eu estava no meu direito de não ir ao enterro se não quisesse, e informou-me que os nossos avós chegavam amanhã depois do almoço...
Mas porque raio os meus avós viriam ao enterro de Leila, eles odiavam-na...depois percebi que não eram os meus avós, e sim os outros, aqueles que eu nunca nem soube da existência. Que nos queriam conhecer e por isso viriam a Seattle. Não, nem pensar. Não quero conhecer ninguém que nunca nem me quis...e foi aí que tudo começou...ou acabou.
A Helena passou-se, e disse algo que nunca pensei ouvir..."És capaz de ser menos igual a eles..." e pela primeira vez na vida eu levantei a mão à minha irmã. Eu nem acredito no que fiz...eu nunca, nunca lhe bati...nem nas nossas lutas e discussões mais acesas. "E dizes tu que não és nada deles...tu és igual a eles, pior até. Porque eles pelo menos nunca fingiram..."
- Lena...lena, perdoa-me...por favor...- mas ela nem me ouve, sai da sala e sobe para o quarto. Eu perdi completamente a cabeça...eu queria ir ter com ela, pedir-lhe perdão...mas alguém me impediu.
- Deixa a tua irmã Jack. Tu perdeste completamente a cabeça...
- Tia...eu...tenho que ir falar com ela...eu tenho que lhe pedir perdão...implorar se for preciso.
- Não tu vais ficar bem quieto...percebeste...vais pensar na merda que acabaste de fazer e dar tempo à tua irmã de pensar. E em relação aos teus avós quero-te aqui em casa ao 12h para o almoço.
- Tia, por favor...eu não quero conhecer alguém que nem nunca me quis conhecer...
- Porque eles nunca souberam da vossa existência, porque a Leila nunca lhes contou que tinha tido filhos. Não os podes julgar antes falares com eles, antes de ouvires a versão deles.
- Tudo bem vou dar o beneficio da dúvida. E em relação ao enterro, eu vou...sei que isso vai fazer a Lena ficar mais calma. Mas aviso já, só o faço por ela...
-Sabes de uma coisa, no fundo tu és muito melhor que eles...mas o que viveste na tua infância apenas te transformou em alguém por fora que não é o que és por dentro. Jack não te feches no teu mundo, não te escondas. Mostra aos outros o que eu sei que está aqui dentro.
Lembro-me da letra de uma música que ouvia quando era mais novo, sempre que me sentia que não pertencia a lado nenhum.
"O que foi que eu fiz?
Eu gostaria de poder correr
Para longe deste navio afundando
Apenas tentando ajudar,
Magoei outras pessoas
Agora eu sinto que o peso do mundo
Está sobre os meus ombros
O que você pode fazer, o que você pode fazer
Quando o seu melhor não é o bastante
E tudo que você toca desaba"
Pois minhas melhores intenções continuam confundindo as coisas. Eu quero apenas corrigi-las de alguma forma. Mas quanto tempo vai demorar ou quantas vezes será nessecario
Para que eu faça o certo....faça o certo.
Talvez a minha Tia Beatriz tenha razão, talvez eu só tenha que aprender a ser o eu verdadeiro, o eu que está cá dentro de mim. Mas esse eu está tão ferido, tão magoado...não sei se o vou recuperar...se o quero recuperar. São feridas antigas que apesar de não saradas, estão esquecidas, bem escondidas e insensíveis para não doer mais. Tudo o que fiz e faço é a pensar na minha família, mas acho que muitas vezes erro ao querer acertar...como diz o povo de boas intenções está o inferno cheio...
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