Capítulo 35 - Mean (Mau)
Pov Ana
Os dias foram passando e se Deus quiser vou sair hoje...sim finalmente vou para casa, já não aguentava mais este quarto, estas paredes, médicos e enfermeiras, eu não fui feita para estar parada. O que tem sido o meu maior desafio, isso e a minha má disposição que acompanha todo este drama de não poder fazer nada. Coloquem em cima o mau humor típico e normal de uma mulher grávida com as hormonas completamente em histeria...não é fácil.
Christian sofre com estas minhas mudanças de humor, e tem tido a paciência de um santo. Eu no lugar dele já tinha feito as malas e fugido...é que nem eu me aguento. Hoje ele não pode vir, então quem está comigo é a Nora, que já virou quase uma mãe para mim. Nora trabalha com os Grey desde que Grace adoptou Christian, ela nunca quis deixar os filhos para segundo plano e sempre foi daquelas médicas que defende que a família vem em primeiro lugar e só depois vem a carreira.
Por isso decidiu fazer menos horas no hospital, fazia apenas um plantão por semana. Porém sentiu necessidade de ter alguém para a ajudar a tratar dos dois rapazes e foi aí que entrou Nora...a melhor babá do mundo segundo o Christian. Malu está aconchegada a mim, ela não quer ficar em casa sem mim...então passa os dias comigo aqui no hospital, embora não goste da ideia, ela só para de chorar quando vê a porta do hospital.
- Estou muito feliz por vocês minha querida, e este bebé vai ser muito amado...para começar vai ter 4 avós babadas por ele...
- Quatro?- pergunto e começo a pensar na Grace, na minha mãe, em Nora e Gail...- Vocês vão estragar esta criança, não sei com quem vou ter mais trabalho, se com ele, se com vocês.
- Não seja assim, dar mimo não quer dizer estragar com mimo...há uma grande diferença, a Malu é amada por todos nós e não é mimada...pois não meu amor?
- Mamã? A Mahu é "mada"...?- pergunta a minha menina com os olhos muito esbugalhados...
-Não meu amor, a Malu não é mimada...a minha princesa é muito linda...- e aperto-a ainda mais...como eu amo esta menina...- Eu sei...desculpa Nora...mas é que não vejo a hora de sair daqui, voltar a fazer a minha vida...
- Ana...sabe que tem que continuar em repouso...- não a deixo terminar, eu pretendo convencer o médico a liberar-me desse "repouso", não posso, nem quero ficar meses fechada num quarto ou numa casa sentindo-me uma inútil.
- Gravidez não é doença...- Nora olha para mim, como a minha mãe olhava quando reclamava de algo...- eu sei...eu sei que tenho que ficar quieta.
- Ainda bem que sabe...é para seu bem e do bebé...E a Malu vai-me ajudar nessa tarefa, não é amor
- Sim...- e dá um sorriso maroto, juro que esta menina nasceu toda Christian...igual ao pai até nos seus jeitos, nas atitudes...
- Só acho que vou morrer antes do meu filho nascer...- e nisto alguém abra a porta...alguém que apenas a menção do seu nome me faz entrar em pânico...
- Eu acho que posso providenciar isso...- Bob entra e antes mesmo de Dora tentar alguma coisa, já ele a agarrou e lhe injectou algo que eu não percebi o que era.
- Mamã...- a minha menina está assustada, enquanto Bob está ocupado a pôr Nora no cadeirão coloco a minha filha no chão...- Vamos jogar um jogo...vais esconder-te e a mamã já te vai procurar? Vai amor...- e vejo a minha menina a esconder-se atrás dos grandes cortinados que existem na janela do quarto, não posso deixar Bob fazer-lhe mal...simplesmente não posso.
- Bob...por favor...eu...- vou apelando, quase sussurrando porque a minha voz parece que sumiu. ele vai-se aproximando e apesar de estar em pânico, concentro-me na minha respiração...eu tenho que me manter calma, pelo meu bebé. Sinto algo picar-me, sei muito antes de ver que ele me injectou algo também a mim...e de repente tudo está negro...acabou.
Pov Bob
Tudo perfeito, tenho estado a vigiar as rotinas daquele quarto, as visitas, quem fica a dormir com ela, quem a visita, a que horas. E é hoje...hoje vou tê-la nos meus braços. Sei que está à espera de um bastardo, não me importa até porque logo, logo já não vai haver bastardo vou-me encarregar disso.
Entro no hospital já com a farda de enfermeiro que foi relativamente fácil de arranjar, apesar de ser um Hospital Particular tem uma segurança que deixa muito a desejar, bastou um dia meter-me com uma enfermeira daquelas bem inocentes e gabar-me que tinha ido a uma entrevista, que estava ansioso por começar a trabalhar ali e outras banalidades...e consegui a informação que queria sobre os uniformes.
Vou em direcção ao elevador, e entro, está relativamente vazio. Vou ao local onde na véspera deixei uma maca para colocar Ana. Depois sigo para o quarto...quem está com ela é a empregada da casa daquele desgraçado do médico. Agarro-a muito antes de ela tentar abrir a boca, injecto-lhe o calmante que trouxe, aquela enfermeira foi-me útil até para isso...bem foi útil para outras coisas. Assim que ela desmaia coloco-a no cadeirão que está ao lado da cama da Ana. Quando me viro para a minha menina, vejo-a em perfeito pânico, ela me pede, imploro quase para que eu não lhe faça nada...mas desta vez ela é minha e ninguém me vai impedir de a ter só para mim. Aproximo-me e injecto-a com o calmante, nem sei se fará mal à gravidez, nem perguntei...mas com alguma sorte ela perde o bebé também.
Deito-a na cama, como se ela estivesse a dormir, tapo-a e saio do quarto, até agora não tenho problemas. Encaminho-me até ao elevador, carrego no botão, esta coisa é mais lenta que um caracol. Nunca percebi porque estes elevadores são tão lentos...assim que as portas se abrem entro com a maca, carrego no botão da cave onde tenho a maca e a ambulância que comprei, com matrícula falsa. Mas quando a porta se vai a fechar, vejo quem não quero...e ela também me vê. Sei neste momento que tudo pode sair errado...
- Bob!- diz Carla a olhar para mim...eu dou-lhe um sorriso...- Não...Bob...Taylor é ele...ele tem a Ana...aquela maca...é a Ana...- e finalmente o elevador começa a andar...
Não vou ter muito tempo sei que Carla e aquele outro lado vão dar o alerta, e é uma questão de tempo para chegaram à garagem, para me impedirem de sair dali. Mas tenho que tentar, estou tão perto, não vou parar. Assim que chego à garagem percebo que é tarde demais, o Grey e vários seguranças já estão perto da ambulância onde levaria a Ana. Olho para ela que dorme, eles ainda não perceberam que estou aqui, dou-lhe um beijo para ficar com algo para recordar, depois empurro a maca. Assim que ouvem a mesma, o doutorzinho entra em pânico...eu empurrei bem para a frente de um carro que estava a passar naquele momento. Subo um lance de escadas, e estou na recepção...a segurança aumentou, mas eles não me vão reconhecer...apenas tive azar de Carla ter aparecido naquela altura.
Entro no meu carro, ainda bem que pensei em tudo, e saio dali. Furioso, frustrado...é o que estou, nada deu como eu pensei. Quando estou a caminho de casa passo por uma escola...é isso...vou buscar a minha menina...a minha Ella. Com todos preocupados com a Ana, ninguém se vai lembrar daquela lá. Quando chego percebo que há apenas um segurança, o que quer dizer que não vou ter muito trabalho. Saio do carro e vou-me dirigindo a ele, deixo cair a carteira de propósito, contudo sigo caminho. Quando ele se baixa para a apanhar, provavelmente para me devolver injecto-lhe um calmante, o mesmo que injectei nas duas lá no hospital.
Ele cai rapidamente, e eu arrasto-o para trás de um contendor que existe ali perto. Agora é só esperar que a minha menina saia...depois...Ah depois...deliciar-me com ela...vou enche-la de mimos. Posso sentir todo o meu corpo tremer por antecipação. O tempo passa devagar, bem devagar a meu ver e contra mim, não posso arriscar que ninguém me reconheça aqui. Dá o sinal da saída...começo a ver um bando de miúdos a sair, pensei que fosse mais fácil...como é que a vou conseguir ver no meio desta multidão.
Mas é então que a vejo, está com as outras três: a Grey, a filha da empregada e com a pirralha que nasceu de Carla. Vejo-as parar perto do portão, provavelmente à procura do segurança, é agora....arranco com o carro que elas parecem reconhecer. Elas entram animadas: Ella, a Grey e pirralha entram no banco de trás, e a filha da empregada entra para o meu lado no banco do pendura. É parece que a ralé não se mistura com gente de cima...
- Vamos para casa Ryan...quero aproveitar bem esta tarde de piscina...porque hoje não há trabalhos para fazer...- diz a Grey...
- A minha professora mandou...-diz a minha menina com um ar triste...nem ela sabe que não vai haver nem trabalhos, nem piscina...- Eu queria ir para a piscina com vocês...
- E vai...porque ninguém vai para a piscina antes de tu acabares os teus trabalhos da escola...-diz a pirralhita.
- AH! Paula...não é justo.- a grey refila, mas logo está a concordar ao sentri os olhos das outras duas em cima dela...- Ok...só vamos para a piscina com a Ella.
- Eu temo que nenhuma de vocês vá disfrutar da piscina hoje...-eu digo e tiro os oculos e olho para Ella que logo me reconhece...
- Bob...não...não...eu não quero mais...- e começa a chorar...como eu gosto de a ouvir chorar...
- Mia...Paula...agarrem na Ella. No três...- vejo a filha da empregada a tirar o cinto e a colocar a mão na porta, e antes de ela começar a contar tranco as portas.
- Vamos lá ver se nos entendemos...eu até posso deixar algumas irem embora...mas a Ella é minha e vem comigo..
- NÃO. Por favor...leva-me a mim...deixa a Ella em paz.- a minha filha é corajosa, começo a gostar da ideia. Vingar-me de Ana e de Carla sempre foi o meu propósito...então porque não mexer no Calcanhar de Aquiles das duas...
- Tudo bem...- paro o carro e destranco as portas...- Saiam as três...vá...depressa não tenho o tempo todo...
- Paula...não podes fazer isto...por favor...- a Grey chora...não tenho tempo para isto...começo a andar com o carro...
- Para por favor, deixa-as sair. Mia, faz isto...por favor pela Ella. Eu vou ficar bem...eu juro. Vão...levem a Ella daqui
(começar a musica aqui)
Finalmente as três saem e fico sozinho com a coisinha que nasceu da Carla e que tem o meu sangue também. Será que ela sabe que eu sou o pai dela? Será que ela sabe como foi gerada...vou gostar de ser eu a contar-lhe...como vai.
- Sabes quem eu sou?- pergunto e vejo-a acenar com a cabeça...- Então tu sabes que eu sou teu pai?
- Tu não és o meu pai...o meu pai é o Tay...tu não és nada...não vales nada...- ela tem garra, começo a gostar desta miúda, ao contrário de Helena que nunca me enfrentou, esta miúda apesar de saber quem sou e o que sou não se limita a monossílabos...ela sabe enfrentar uma guerra.
- Bem, geneticamente tu tens o meu ADN, o meu sangue corre nas tuas veias...então tu és minha filha sim...mesmo que não o queiras.
- Eu nunca vou ser tua filha...porque tu nunca vais ser meu...não vais ser nada meu nunca.
- Hoje não discutir contigo, quero apenas conhecer-te. Fiquei vamos dizer "fascinado" contigo...vamos até para um lugarzinho especial. Assim que lá chegar envio uma mensagem à tua mãezinha avisando que hoje vais passar a noite a satisfazer o teu pai.
- És nojento...eu odeio-te...
Hoje não vou fazer nada com ela...quero conhece-la. Porque ao contrário de todas as outras miúdas que passaram por mim a Paula tem algo que me fascina, e me surpreende. Não sei explicar o quê. Assim que paramos na cabana que arranjei, mando-a sair do carro seguimos os dois para dentro da mesma...ela até bonitinha, se bem que não faz muito o meu género não. Levo-a para um quarto que tinha preparado para Ella, não tem janelas e a porta tem trinco por fora.
- Sei que não é o que está habituada, mas por agora vai ficar aqui. Vou resolver umas coisas, vou deixá-la presa aqui no seu quarto...me dê o seu telemóvel.- ela passa-me o mesmo, mas eu não confio nela, pego na mochila e procuro por mais alguma coisa com que ela possa ter contacto...tem um Tablet...mas aqui não há rede então ela pode ficar com ele pelo menos tem com que se entreter. Revisto a sua roupa também...e nada....não tem mais nada...- Agora vais ficar aqui...já, já volto para conversarmos um pouco.
Saio do quarto e fecho-o, vou lá para fora onde tenho alguma rede...é pensei em tudo. Ligo À Carla do telemóvel da Paula...tenho a certeza que ela vai atender...nunca uma mãe vai deixar de atender a filha.
- Paula, filha. Já estás em casa? Paula? Estás aí? Paula?-mantenho-me calado para que ela fique um pouco assustada.
- Ela está com o pai dela...e posso dizer que está muito bem instalada.- respondo...- Não te preocupes Carla, vou tomar conta da "nossa" filha...aliás ela até é bonitinha...
- Bob! Não por favor...a Paula não...por favor...eu faço tudo o que quiseres mas a Paula não.
- Vou pensar...adeus...
E desligo, não quero que me rastreiem até aqui...passo o numero de Carla para o meu telemóvel e destruo o de Paula...sei lá se aquela coisa tem GPS ou qualquer outro tipo de gerigonça para a localizar. Agora vou ter uma conversa bem animada com a "minha filha".
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