Capítulo 31 - Love Me Again (Ama-me de Novo)
Pov Ana
O fim de semana passou e foi maravilhoso, mas era a hora de voltar para casa. E apesar de todos quererem que ficássemos naquela casa enorme, eu e a minha mãe queríamos a nossa casa, o nosso canto de volta. Nós não podíamos ficar eternamente escondidas naquela casa, Bob iria aparecer estivéssemos ou não protegidas, ele iria tentar alguma coisa. E o facto de eu querer voltar para casa gerou uma discussão com Christian, a primeira que tivemos.
"Quando eu e a minha mãe decidimos voltar para casa no domingo à noite depois do jantar, houve uma serie de vozes a levantarem-se. Uns contra a ideia de irmos as três para casa sozinhas, tendo um homem doente atrás de nós. Outras vozes mais histéricas que outra coisa pedindo desesperadamente para ficarmos naquela casa.
Mas nada do que eles disserem nos influenciou, a minha mãe queria voltar para o seu canto, para a casa que conseguiu contruir depois de tudo o que viveu com Bob. E eu...eu queria o meu lugar seguro, o meu cantinho...o meu quarto. Christian não falou nada até que todos se calaram percebendo que não haveria nada que nos fizesse mudar de ideias. Foi nessa altura que ele se levanta e me pede para ir com ele, eu sigo-o até ao "nosso" quarto.
- Posso saber em que estás a pensar? Ana tu não vais voltar para casa sozinha com a tua mãe e com a Paula...
- Christian...eu quero voltar para a minha casa...
- Ana, ele anda por aí sabe-se lá a planear o quê. Ele ameaçou-vos...porra Ana...
- Christian eu não vou deixar de viver a minha vida com medo de ele aparecer. Andei anos em terapia com o Flynn para perder este medo incontrolável que ele me aparecesse à frente...
- E ele apareceu...- Christian está zangado, e sei que tudo isto é medo, mas eu não posso nem quero voltar a ser aquela menina assustada com a própria sombra...chega, eu quero e tenho que enfrentar os meus medos de frente.
- Sim ele apareceu, mas eu não vou esconder-me. Chega, não vou nem quero viver o resto da minha vida com medo daquele homem.
- Aquele homem como tu dizes é um criminoso. Ana, eu não te vou deixar sair daqui...esquece.
- Estou a ouvir bem? Desde quando é que mandas em mim Christian. Nós podemos estar a namorar...mas namoro não é posse, não é subjugação.
- Não é só em ti que estou a pensar...estou a pensar no meu filho que pode estar aqui dentro.- ele se aproxima e coloca uma mão no meu ventre.
- Que nós nem sabemos se está...Christian eu não quero viver presa numa casa forte, eu não quero voltar a ser aquela menina que tremia com a própria sombra. Eu preciso de viver a minha vida.
- Vais mesmo para casa, mesmo contra a minha vontade...- eu apenas assinto com a cabeça...- Pelo menos deixa-me arranjar alguém que te possa proteger.
- Estás a falar de um guarda costas? Christian...eu não quero alguém me sufocando...
- Anastácia, eu estou a falar a serio. Ou aceitas o guarda costas ou não sais daqui.- olho para ele e percebo que ele está falando sério.
E se for analisar bem as coisas ele pode ter alguma razão. O Bob está por aí, eu quase que o consigo sentir. Depois se realmente eu estiver grávida, não é só a mim que ele poderá fazer mal. O meu bebe, se realmente existir, não tem culpa de nada. Olho de novo para Christian...
- Tudo bem. Mas se a gravidez não for confirmada acaba-se essa conversa de guarda costas, porque eu só o vou aceitar pelo meu filho...
- Pelo NOSSO filho Ana...e essa será uma outra conversa que teremos mais tarde. Obrigado por concordares comigo...
- Eu não concordei contigo Christian, eu simplesmente cedi porque te conheço o suficiente para saber que tu nunca irias ceder. Mas não estou a gostar nada disto, mesmo nada.
- Amor, por favor eu só não quero que nada te aconteça...vos aconteça...Ana eu não iria suportar se te acontecesse alguma coisa.
- A mim ou ao teu filho...se é que ele existe...nós ainda nem sabemos se eu estou grávida e tu já estás paranóico.
- Ana...
- Não chega, eu já concordei. Vou para casa...- e saio do quarto directa para a sala. Pego na minha mala despeço-me de todos e seguimos para casa no carro de Taylor."
Os dias foram passando e nada de Bob aparecer, a minha relação com Christian está esquisita não estamos zangados, mas também não estamos bem. O segurança que ele me arranjou até é discreto, porém irrita-me ter alguém sempre atrás de mim. Enquanto estou no escritório tenho sempre Ethan ou o Dr. Grey atrás de mim, sempre um deles me leva a almoçar.
A ida para a faculdade foi outro problema, depois de tanto me incentivar para entrar porque eu era capaz, e que tudo o que Bob um dia me disse era mentira...de uma hora para a outra já não posso porque não é seguro, mas desta vez eu não cedi, eu iria fazer a faculdade. A discussão desta vez foi feia.
"- Não Christian, desta vez eu não vou ceder. Já tenho um segurança atrás de mim, já para não falar do teu pai e do Ethan que passam o dia a ver se ainda respiro naquele escritório.
- Ana vê se és razoável...nós não sabemos o que anda aquele monstro a tramar. E se ele consegue apanhar-te...e se ele...
- Chega...eu não vou deixar de viver a MINHA VIDA...não vou. Eu estive muitos anos sem a viver com medo que ele aparecesse...mas não vou mais. NÃO VOU MESMO.
- Bolas Anastácia, eu quero proteger-te vê se entendes. Eu não posso perder-te...eu não posso...eu amo-te...
- Não tu não me amas Christian, tu queres controlar-me e isso não é amor. É obsessão...
- EU NÃO TE QUERO CONTROLAR...MAS NÃO VOU FICAR QUIETO SABENDO QUE HÁ UM TARADO ATRÁS DE TI...PORRA ANA...
- Chega, sai...vai-te embora Christian. Para mim acabou, se não me consegues entender então não quero mais nada.- tiro o anel e dou-lhe...- Quando perceberes o que é o amor eu vou estar à tua espera, mas isto que tu dizes sentir por mim não é amor.
- Ana por favor, não faças isto...eu amo-te...- Christian tem lágrimas nos olhos...mas eu não posso ceder, não desta vez."
Naquela noite chorei, chorei como há muito não chorava. Porém Christian tinha que perceber que eu queria viver...eu queria sentir. Bob tinha-me mantido presa durante muitos anos presa em mim mesma, estava na hora de eu me libertar. A minha mãe nessa noite dormiu comigo, eu precisava do seu colo, do seu mimo, dos seus conselhos.
Ao fim de um mês a minha rotina é sempre a mesma: trabalho de manha, almoço com Mr. Grey ou com Ethan, e depois vou para a faculdade com o meu "braço direito" Sawyer. Em relação ao curso decidi fazer o que sempre sonhei Advocacia, e estava a amar o curso. Vivia numa correria danada, mas como se costuma dizer "Quem corre por gosto, não se cansa..." então eu estava feliz. Bem feliz...não, mas ia vivendo
Christian continuava amuado e decidiu ignorar-me, sei que ele estava a sofrer porque o Carrick dizia-me todos os dias que ele não era o mesmo. Mas o que me partia o coração era saber que a minha menininha chamava por mim todos os dias. Decidi que naquela sexta feira iria fazer gazeta na faculdade, ia ver a minha menina, quem sabe trazê-la comigo para casa. Assim que terminei o trabalho da parte da manhã fui até ao escritório do Dr. Grey, ele dispensava-me para ir à faculdade e não para fazer gazeta, por isso decidi informá-lo do meu propósito, bato à porta e entro.
- Dr. Grey, posso?- ele olha para mim e levanta-se...- Desculpe incomodar mas...
- Não incomodas Ana, então vamos almoçar?- pergunta-me caminhando para mim...- Depois eu levo-te para a faculdade.
- É sobre isso que eu queria falar consigo...é que eu hoje não vou à Faculdade...
- Estás doente? Estás a sentir alguma coisa?- a preocupação dele me faz sorrir, faz-me lembrar do meu pai quendo eu ficava doente, ele virava paranoico.
- Não, eu estou bem. É que eu estava a pensar ir ver a Malu hoje e passar a tarde com ela...claro se a Grace não se opuser e Christian...
- É uma optima ideia, a minha neta tem saudades tuas. Vou falar à Grace a caminho e dizer que conte connosco dois para o almoço.
- Mas e o Christian, eu não quero...- falo com algum medo, até porque eu já não sei o que somos neste momento. Namorados? Amigos? Desconhecidos talvez...
- O Christian nunca vai almoçar a casa, e mesmo que vá ele não vai dizer nada, a casa é minha e eu levo quem eu quiser para almoçar nela. Agora vamos...
- Vamos. Eu estou a morrer de saudades da minha menina...- digo com um sorriso na cara, e a verdade é que Malu se transformou em pouco tempo em alguém especial.
Era a MINHA FILHA, podia não ter o meu sangue mas eu a amava como tal. Porque mãe e pai não são apenas os que geram, são os que cuidam, os perdem noites porque os filhos estão doentes, são os que cancelam seja o que for para ir a uma festa da escola, são os que estão ao lado nas alegrias e nas tristezas, que riem com eles e que limpam as lágrimas.
Quando chegámos Grace diz-me que Malu está no quarto, que teve um pouco de febre hoje de manhã mas que agora estava bem, diz que provavelmente é uma febre emocional pois ela aparece e desaparece. Peço licença e subo as escadas, tenho que ver a minha princesa, a culpa daquela febre é minha, ou melhor nossa, minha e do Christian. No meio das nossas disputas esquecemo-nos da Malu, e ela foi quem sofreu mais, aquela que não devia sofrer com toda a merda que estava acontecer ao nosso redor é a que está magoada.
Abro a porta devagar, ela não me ouve está de costas para a porta a brincar com uma das suas bonecas. Deixo-me estar ali bem quieta, ouvindo a sua conversa, e é inevitável as lágrimas não me caírem. Como magoámos esta criança...
- Di...a mamã foi bora...e a Malu tá tiste. O papá na fala pa Malu unde ta a mamã. Mas ó...naum fica tiste naum...a Malu tá qui. Ela naum vai daxar você...nunquinha...- a minha princesa está a chorar, eu não aguento mais...
- Será que a mamã pode brincar com a duas princesas?- eu pergunto e vejo-a virar-se...assim que me vê o choro torna-se mais desesperante, chego-me perto dela e abraço-a...- Perdoa-me princesa, perdoa a mamã. Eu amo-te muito, e nunca...nunca te vou deixar de novo prometo.
- Mamã...ama...eu...- ela diz soluçando...- não...vai...mais...bora...?
- Malu...- como é que eu vou explicar para uma menina de três anos que eu não vou morar na mesma casa que ela...que eu e o pai já não estamos juntos.- A mamã tem que te dizer uma coisa, e quero que escutes bem o que te vou dizer, está bem?
- Sim...mas naum vais bora outa vez, pois naum, pomete pa Malu?- e as lágrimas de novo lhe começam a cair.
- Filha, ouve a mãma. Eu prometo que vou vir mais vezes cá a casa da Avó Grace e do Avô Carrick, mas a mamã não vai morar aui nesta casa...
- Unde vais moar? A Malu pode tambem?- ela se abraça a mim com os seus bracinhos com toda a força que tem...- Leva eu junto...queo ta com a mia mamã...
Como é que explico a uma menina de três anos que ela não pode ir morar comigo, que apesar de ela me chamar de mãe, eu não sou ninguem na vida dela. E é nesta altura que sinto a presença de mais alguém, e sei perfeitamente quem é, o meu corpo sente-o muito antes do meu olfacto que já apanhou aquele aroma tão dele.
- Podes-me explicar o que se passa aqui? O que colocaste na cabeça da MINHA FILHA? Tu não a vais tirar desta casa, percebeste? ELA DEIXOU DE SER TUA FILHA NO MOMENTO EM QUE DEIXASTE ESTA CASA...- Malu assusta-se com os gritos de Christian e agarra-se mais ainda a mim, o que faz com que este se aproxime e a tente tirar dos meus braços.
- NÃO...- mas ele nem liga, tira Malu dos meus braços e ela grita por mim, eu sei que ela está com medo, os gritos de Christian devem te-la lembrado dos dias morando com Bob.- Christian, por favor dá-ma ela está com medo...por favor eu só a quero acalmar...
Christian continua com ela no colo, que continua a chorar e a gritar por mim, pela sua Mamã. De súbito vejo Grace e Carrick entrarem no quarto, ficando assustados com os berros da neta. Grace entra pelo quarto adentro e tenta retirar Malu do colo de Christian, porém ele continua agarrando a filha como se a própria mão fosse fugir com ela.
- Christian, dá-me a menina. Eu não sei o que se passou aqui, mas sei que ela está assustada, vou levá-la para o meu quarto e quando resolverem as coisas aqui, vamos todos almoçar em paz.
- ELA QUER LEVAR A MINHA FILHA...- ele grita de novo, eu apenas choro...Grace sai com Malu que continua a chamar por mim.
- Podes parar de gritar Christian.- diz Carrick...- A Ana veio apenas ver a minha neta, que caso não te lembres tem andado com febre dia sim dia sim porque sente a falta da mãe...
- Ela não é mãe da MINHA FILHA...- Christian continua a falar, a gritar...- Ela estava a tentar fazer a cabeça da minha filha para se ir embora cá de casa...
- Eu não estava a fazer isso...Christian eu estava a tentar explicar à nossa filha que eu posso não morar junto dela, na mesma casa, mas que nunca a vou deixar. Nunca vou deixar de amar minha filha...
- ELA É MINHA FILHA...NÃO TUA...- Christian está fora de si...ele deixou a mágoa encher o seu coração, ele não é o meu Christian, ele não é o homem por quem me apaixonei. Olho para ele, com as lágrimas a escorrerem-me pela cara e levanto-me.
Assim que o faço, tudo começa a girar, fecho os olhos e tento encontrar algo a que me segurar. Sinto alguém segurar a mão que estiquei procurando apoio...não sei quem é, só sei que não é o Christian...e a última coisa de que me lembro é de dizer um "Amo-te", que nem sei se ele ouviu.
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