Pov Ana

Três meses se passaram desde o aparecimento do Bob e da Leila, contudo andam muito silenciosos. Sinceramente não sei se isso é bom ou mau, não gosto desta calma toda, desta tranquilidade. Não pensem que estou a reclamar, nada disso...mas que é muito estranho, é. Até porque o olhar que ele me deu antes de entrar naquele escritório, era de alguém que não ia estar quieto durante muito tempo.

Fiquei ainda mais preocupada quando Christian me contou o que se tinha passado dentro daquela sala. Ao ter conseguido a guarda de Maria Luísa pela justiça, Christian conseguiu também salvaguardar os seus bens. Teria que dar uma "pensão" para a Cobra Cascavél, não que fosse obrigado a isso, mas Christian tinha um bom coração e apesar de tudo o que aquela mulher lhe tinha feito e principalmente a Malu.

Mesmo assim o meu namorado, sim depois de muitos pedidos, de muitos "Eu Te Amo", "Eu nunca serei Ele", "Eu vou-te proteger para sempre" acabei por ceder aos encantos e ao amor que sentia e sinto por ele. Porém ainda não passámos a barreira das carícias, ainda não me sinto reparada para avançar mais, contei tudo o que se passou durante aqueles anos horríveis com Bob: as surras que eu apanhava de cinto, de chicote, com qualquer coisa que ele arranjasse. Contei sobre as vezes que assisti ele estuprar a minha mãe, e que Paulinha era fruto de um desses estupros, mas que apenas sabia que Bob era o seu pai e mais nada. 

Christian tem sido um príncipe e aceitou esperar. Tenho algum medo que ele me deixe ou que encontre outra que lhe dê o que eu neste momento não consigo, ele é homem, e homens têm as suas necessidades. Mas o meu namorado está constantemente a dizer-me que "Por Ti Ana, eu espero até na Eternidade...e mais ainda."

Malu, é a minha princesa. Amo aquela menina como se fosse minha, e felizmente ela está bem e ama o papá dela. Ela chama-me de Tia Ana, se bem que por vezes na empolgação de alguma brincadeira, ou quando está de manha já me chamou de mamã. Eu me emociono cada vez que isso acontece, mas tento desviar a atenção dela, porque embora eu adore quando ela me chama assim, sei que não posso confundir a sua cabecinha.

Outra que anda feliz da vida é a Ella, conseguiu o que sempre sonhou uma família, e como ela diz uma família gigante. Acabou por ser adoptada não por Grace e Carrick, mas por Kate e Elliot que se casaram no registo às presas para conseguirem ficar com a guarda provisória de Ella. Ao fim de um mês conseguiram, claro que o meu "sogrinho" e Ethan apressaram as coisas. Fiquei a saber por tudo o que aquela menina passou, e foi como se revivesse tudo de novo. Dói-me cada vez que a vejo, Ella não teve ninguém para a proteger como eu tive, porque apesar de tudo eu sempre tive a minha mãe e esta menina em vez de ser protegida...protegeu a Malu.

A minha mãe e o Jason, estão firmes e fortes, e embora oficialmente não possam casar uma vez que o divórcio com Bob ainda não saiu, eles resolveram aceitar a proposta maluca da Paula e ter uma cerimónia particular só nós, a família Grey, Gail e claro a Luh. Foi uma cerimónia linda, a minha mãe estava feliz de verdade, era bom vê-la assim. Quem levou as alianças foi Ella, que não podia em si de contente, ela dizia que este era o ensaio para entrar com as alianças no casamento dos seus pais: Elliot e Kate.

Enfim, eramos uma família feliz. Com traumas, medos, mas com muito, muito amor para dar e receber. Hoje é sexta feira, finalmente...ando cansada com o ritomo da minha vida, isto porque o meu namorado conseguiu convencer-me a entrar para a faculdade. No inicio tentei de todas as formas dizer que não, mas quando se tem a família Steele e a família Grey em peso a massacrar a cabeça, não há muito o que fazer. Depois foi outro drama para escolher o curso, eu não sabia bem o que escolher, andei dias nesta indecisão...contudo com a ajuda do meu amor consegui achar aquele que me faria feliz e realizada.

Estou a caminho do escritório, hoje só irei trabalhar da parte da manhã já que á tarde tenho aulas. Christian ficou de me vir buscar para almoçarmos juntos, eu amo quando ele faz estes mimos, e sei que muitas vezes ele faz um esforço enorme para conseguir sair do hospital a horas para vir ter comigo. E é por estas coisas, que podem parecer minimas para uns, mas, que para mim são sinal do amor que ele tem por mim e eu o amo cada dia mais por tudo o que ele faz por mim.

O dia corre normal, aliás está até bastante calmo até que um pouco antes de almoço recebo um estafeta que me entrea um envelope. Eu assino o papel que ele me entrega, para confirmar que recebi a encomenda, e ele sai. Quando vou ver para quem é, assuto-me...o envelope está endereçado a mim e não tem remetente. Eu tremo por todos os lados, apesar de não estar escrito eu tenho a certeza que era dele, eu sabia que um dia "Ele" iria aparecer, Bob não iria ficar parado e muito menos Leila. Com as mãos a tremer abro o envelope...são fotografias minhas com a Paula.

Neste momento aparece Hannah, eu sei que devo estar branca que nem cal, e sinceramente nem sei como ainda estou em pé. De repente tudo começa a girar, já nem consigo fixar um ponto que seja...e depois tudo escurece.

Pov Christian

Hoje vou almoçar com a Ana, ainda nem acredito que estamos a namorar. Demorou um tempo para que ela finalmente me desse a resposta que eu tanto ansiava. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ela finalmente aceitou ser minha.

(Ouvir a trilha sonora a partir deste momento)

"Fomos ao nosso jardim, sim aquele que ela me levou depois daquele beijo no elevador, o nosso primeiro beijo. Foi num sábado e estava um dia lindo, nesse dia fui busca-la para passearmos um pouco apesar de não sermos oficialmente namorados na época eramos amigos, bons amigos.

"- Bom Dia Ana...- abraço-a e dou-lhe um beijo bem no canto da boca..."

"- Bom Dia Christian, vamos. A minha mãe fez-nos um cesto para o nosso piquenque."

"- Comida da Dona Carla...já estou com água na boca..."

"- Deixe a sua mãe, Gail ou Nora saberem que as trocou pela minha mãe..."

"- Mas aí é que está eu não estou a trocar ninguem...porque todas elas têm um lugar no meu coração...se  bem que tem alguém com um lugar de destaque."

"- Para com isso Christian, e vamos embora...antes que eu dê meia volta e não vá mais a esse passeio."

"- Tudo bem...vamos...- e entramos no carro a caminho do nosso local preferido, o nosso refugio."

O dia foi correndo muito depressa, aliás depressa demais, nós conversamos, rimos, trocámos alguns beijos bem leves mas apenas isso. Quando começou a entardecer seguimos para o carro sempre rindo e trocando mimos. Mas ao contrário do que Ana pensa nós não iamos para casa, eu tinha preparado uma surpresa para ela.

"- Christian, este não é o caminho para minha casa. Para onde é que me estás a levar?"

"- Calma, confias em mim Ana?- ela assente...- Eu preparei uma surpresa para hoje, acho que vais gostar."

Ana olha para mim com um ar desconfiado, mas logo me dá um daqueles sorrisos que me faz ir aos céus, e nem preciso dizer como fica o resto do meu corpo, porque o fogo em mim se acende sempre que estou perto dela. Quando chego ao nosso destino Ana continua a olhar para mim sem perceber o porquê de estarmos aqui: Seattle Space Needle Observation Tower (Torre de Observção Obelisco Espacial).

"- Christian o que estamos a fazer aqui?"

"- Bem primeiro vamos jantar, depois vamos subir até lá acima...e deslumbrar-nos com a vista magnífica que temos sobre a cidade."

"- Christian...não que eu não admire o seu gesto...mas eu já estive aqui na torre várias vezes..."

"- Mas hoje te garanto que vai ser especial...vamos? O jantar deve estar pronto..."

"- Como assim? Christian náo acabámos de chegar..."

Mas não lhe digo  mais nada, porque quero que tudo seja surpresa. Na verdade não vamos jantar sozinhos...toda a nossa família vai lá estar. Se bem que a surpresa maior vamos estar apenas nós...com uma pequena espiã. Assim que chegamos lá acima, Ana olha para mim...

"-Christian...onde está toda a gente? Estamos em plena sexta feira e a torre está vazia?"

"- Eu sei...hoje a torre é nossa...sua, minha e ...- e de súbito entram os meus pais, Mia com Malu ao colo; Elliot, Kate e Ella; Carla, Ray e Paula. Todos sorriem e vejo Ana a ficar emocionada, eu sei que ela não estava à espera...- Surpresa meu amor.- digo-lhe bem pertinho do seu ouvido, e vejo que ela se arrepia."

"- Porquê tudo isto Christian? Eu...- a interrompo porque não quero estragar o resto da surpresa..."

"- Porque todos aqui te amamos, porque tu mereces Ana...porque eu posso e principalmente porque eu te quis fazer esta surpresa."

Recebo um abraço, e um beijo leve e depois cumprimentamos cada um dos presentes...claro que as mais entusiastas por estar naquele lugar é a minha filha e a minha mais recente sobrinha Ella. O jantar foi servido e foi correndo, quanto mais se aproximava da hora, mais nervoso ficava, e se ela depois de tudo isto continuasse a dizer que não? Mas eu tinha uma certa esperança que desta vez seria diferente, e assim quando chegámos à sobremesa eu segredei-lhe algo ao ouvido, e saímos os dois. Fomos para o piso do observatório, já tinha anoitecido e a vista era de cortar a respiração.

"-É lindo, não é?- digo abraçando a sua cintura por trás, ela instintivamente encosta a cabeça no meu ombro e eu dou-lhe um leve beijo no mesmo." 

"- É tão lindo visto daqui de cima...é simplesmente de cortar a respiração. A sensação que tenho é que estou tocando as nuvens.- diz Ana, e enchendo-me de toda a coragem que me falta viro-a para mim."

"- Ana. Nada disto, nada desta beleza que você diz que existe nesta vista se compara à beleza que eu vejo todos os dias em ti. Desde o dia em que te vi naquele escritório, e me perguntaste qual dos filhos Grey eu era que me fascinastes, nem com a minha resposta ríspida tu te assustastes..."

"- Fiquei foi com raiva de ti...- ela ri-se...- mas eras o filho do meu chefe, o que é que eu havia de fazer..."

"- Ana por favor deixa-me dizer tudo o que te tenho a dizer...- ela assente, e eu continuo...- Depois disso, naquele dia no elevador...o dia do nosso primeiro beijo...meu Deus Ana eu nunca tinha sentido aquilo, eu te amei no primeiro segundo daquele beijo. O tempo foi passando e eu fiquei a conhecer a pessoa maravilhosa que tu és: linda, trabalhadora, responsável, forte, guerreira...a minha pequena guerreira. Por isso aqui e agora com esta cidade maravilhosa: Ana Steele aceitas ser a minha namorada e quem sabe num futuro, espero que muito próximo, minha mulher?"- Vejo Ana, a olhar para mim com lágrimas nos olhos...será que me vai dizer que não de novo.

"- Christian eu...eu não sei...- ela joga-se para os meus braços e dá-me um beijo...quando o ar se faz necessário separamo-nos...- Desde aquele dia no escritório que sinto algo que não consegui decifrar naquele momento. Mas você foi-me conquistando, foi derrubando barreiras que eu coloquei ao meu redor por causa de tudo o que passei no passado. Eu te amo...desde aquele beijo que demos no elevador, o nosso primeiro beijo, eu sabia que era amor...mas eu tentei negar. Eu pensei que tinha fechado o meu coração para sempre e quando você chegou, foi como se a chave dele estivesse contigo, porque ele abriu-se. Por isso, meu amor, aqui neste lugar perfeito, eu entrego-te o meu coração porque só tu tens a chave; eu entrego-te a minha alma porque ela encontrou em ti o seu par, como uma peça de puzzle encontra a sua. De hoje em diante eu sou tua. Sim...a minha reposta é sim."

"- Ela disse que sim, a Tia Ana disse que sim...a Tia Ana disse que sim...- ouvimos alguém a gritar euforicamente, descendo as escadas que davam para o piso abaixo."

"- Desculpa, eles obrigaram-me a ter uma espia enquanto eu fazia o pedido...estavam todos ansiosos pela tua resposta."- e enquanto no piso debaixo as nossas famílias comemoravam eu e Ana continuamos na nossa bolha..."- Ana quero que saibas que eu vou esperar o teu tempo, eu quero-te por inteira: coração, alma e corpo."

"- Christian...eu não estou preparada para...- dou-lhe um leve beijo na boca, de forma a que ela não continue."

"-Hoje eu sei que tenho o teu coração e a tua alma, e quero que saibas que tu também tens o meu coração e a minha alma. Quanto ao restante, eu vou esperar...o tempo que for necessário, o tempo que tu achares necessário...Eu Amo-te.- e nos beijamos de novo, como se fosse o primeiro e o ultimo."

A noite depois do pedido de namoro correu como esperava, deixei-a em casa juntamente com Paula, que quis vir connosco no carro, e com Malu que dormia na sua cadeira no banco de trás. Combinamos que no dia seguinte eu iria almoçar com ela e que à tarde iriamos passear com Malu e Paula, que de um jeito meio que implicante se juntou."

-  Christian, Christian...- de repente ouço alguém chamar por mim...- Desculpa acordar-te desse teu sonho maravilhos, mas o teu pai está ao telefone e parece aflito, ele tentou ligar-te mas deves ter colocado no silêncio...- pego no telemóvel e de facto está sem som e tenho para cima de umas quatro chamadas perdidas do meu pai, pego no telemóvel de Kate.

-  Estou pai, desculpa o meu telemóvel está desligado...

- Christian, a Ana desmaiou, ela não acorda...eu estou a caminho do hospital.

- A Ana o quê? Mas o que raio é que aconteceu?

- Quando chegar aí falamos, já falei para a tua mãe para ela avisar a Carla, e pedi à Hannah para tentar falar com o Taylor.

- Eu vou esperar por voces...até já.- desligo a chamada, olho para Kate...- Eu vou esperar por eles tenho que tratar da Ana.

- Nem penses, tu sabes que não podes, estás emocionalmente envolvido. Eu vou chamar o Luke, ele é um optimo médico e é teu amigo.- tento protestar, mas Kate olha para mim com um olhar sério e profissional, sei que ela tem razão.

- Tudo bem, mas eu vou esperar por eles, vamos...- e enquanto caminhamos vejo Kate ligando para o Luke. Quando chegamos à porta das urgências ele também já está lá. Que não tenha sido nada grave, eu não posso perder a Ana, eu não posso perder o meu amor, a minha alma gémea.