Capítulo 21 - Nunca Desistir
Ouçam a musica e leiam a tradução
Pov Christian
Depois de Ana se ter ido embora estava na hora de levar a minha filha e Ella ao hospital. A minha ideia quando pedi à minha mãe que viesse comigo era evitar precisamente o ter que levar a minha menina para um ambiente hospitalar, porque é sempre algo assustador para crianças pequenas. Mas tendo em conta tudo o que ficamos a saber sobre esse tal Bob, queríamos ter a certeza que tudo estava bem com as duas. Entrámos no escritório do meu pai e vi as duas a brincar com Mia, e não sei quem era mais criança no meio de tanta gargalhada.
- Já vi que a brincadeira aqui está muito boa...- digo e assim que Malu me vê corre para os meus braços e eu a pensar que seria muito mais difícil conquistar esta menina.
- Papá...meu papá...- e com aqueles bracinhos lindos, abraça-me com toda a força que tem.
-Meu amorzinho, e que tal irmos conhecer o trabalho do papá?- Malu dá um sorriso maroto e me abraça de novo..- Ella queres vir também?
- Tu não trabalhas aqui Tio?- pergunta Ella, e sei que vai ser difícil explicar o porquê de irmos ao hospital, mas temos mesmo que fazer alguns exames nas duas.
- Não, o tio não trabalha aqui.- e de repente lembro-me da Kate...- Lá onde eu trabalho vais poder conhecer outra tia, que tal vamos lá conhecer?
- Sim. Eu estou a adorar ter tantos tios e tias. Nunca tive nenhum e assim do nada tenho um montão.
E saímos em direcção ao hospital, só o meu pai e o Ethan ficaram porque tinham que trabalhar, já que tinham perdido a manhã toda. Mia sentou-se no banco de trás do carro com Ella e Malu, que tinha já uma cadeira própria para ela, que muito sabiamente a minha mãe tinha comprado no dia anterior. A bagunça naquele banco de trás era imensa, assim como as gargalhadas, porém a mim não me incomodava, aliás era música para os meus ouvidos. E assim com uma alegria que mal cabia no carro chegámos ao nosso destino
- Tio, isto é um hospital. Tu trabalhas aqui?
- Sim, eu sou médico mas também sou o dono. Vamos...- saio do carro, e enquanto a minha mãe pega em Malu, eu agarro a mão de Ella...- Vou-te contar uma história, há muitos, muitos anos, um senhor chamado Theodore Travelyan decidiu construir um posto médico para atender todos aqueles que quisessem, quer pobres quer ricos...e aos poucos esse posto médico transformou-se neste hospital.
-Quem era esse senhor? Tu conheceste?- pergunta Ella, e percebi ali que esta menina era muito curiosa.
- Sim, ele era meu avô. Pai da minha mãe Grace...ela também é médica, mas estava cansada...então decidiu abrir uma pequena clínica onde apenas atende os seus doentes. E eu como também sou médico, passei a mandar no Hospital.
- Então era este hospital onde o Bob queria trabalhar...acho que ele ficou furioso...- ela diz e sinto ela se encolhendo em mim
- Não te preocupes com isso, agora vamos procurar a Tia Kate?- Ella assente entusiasmada, fui para o meu consultório com as quatro e pedi que chamassem Kate. Assim que ela chegou fiz as apresentações, Kate amou as pequenas. Depois de lhe contar mais ou menos o que se tinha passado, e o que eu desconfiava Kate saiu à procura das duas médicas que lhe pedi.
- Tio, onde foi a Tia Kate? Ela não se despediu de nós? Porque é que ela não se despediu?
- Calma, ela foi só fazer algo que lhe pedi.- e agora vem talvez o mais difícil, explicar a uma menina que já sofreu muito mais do que devia na sua idade, a necessidade de fazer exames que não é suposto na sua idade.
Kate volta e avisa-me que as médicas que requisitei por saber que são para além de muito boas são também mães, logo vão estar mais sensíveis a toda a situaçao. Enquanto eu vou com Malu para a pediatria, a minha mãe vai com Ella e Mia para a ginecologia. Com elas vai estar também uma assistente social visto que se o que desconfiamos for verdade temos que tomar as devidas providências.
A consulta com Malu é bem rápida e graças a Deus está tudo bem com ela, apesar de estar um pouco abaixo do peso para o que deveria ter para a sua idade, mas nada de preocupante. Saí da pediatria e fui direto para a ginecologia, onde encontrei Mia sentada cá fora. Percebi que ela estava com algumas lágrimas nos olhos, e foi nessa altura que ouvi o grito de Ella, deixei a minha filha com Mia, e entrei. Kate e a minha mãe estavam a tentar segurar em Ella, enquanto a médica tentava fazer o exame.
- Parem.- grito...Ella assusta-se e olha para mim.- Kate traz um cateter e a anestesia...
- Dr. Grey...- a Dra. Greene tenta interromper mas eu não vou permitir que a massacrem mais. Kate aproxima-se com o que lhe pedi.
- Ella...- ela continua a chorar, por isso antes de fazer alguma coisa pego nela ao colo tentando acalma-la...- Vem cá princesa. Shiuu! Não precisas ter medo...ninguém te vai magoar.- Aos poucos ela vai sossegando ao meu colo, e percebo que Kate já lhe colocou o cateter onde também já administrou a anestesia.
Aos poucos Ella vai fechando os seus olhos, e assim que percebo que ela já está profundamente adormecida, deito-a de novo na maca, nunca largando a mão onde tem o cateter. Assim que tem a minha autorização a médica começa o exame. Vou olhando para Ella e para a médica, apesar de não ser a minha área percebo o suficiente para saber que o que mais temiamos tinha acontecido. Todos os que estamos naquela sala de exame estamos sem conseguir controlar as nossas emoções: uns choram, outros mordem os lábios, outros como eu estão com raiva, muita raiva.
- Bom não sei se era isto o que procuravam, mas não dúvida que ela sofreu um estupro, ou vários. Algumas das lesões ainda são recentes...
- Isso quer dizer que...eu vou matar aquele degraçado, nem que seja a ultima coisa que eu faça.
- Christian tem calma, vamos pensar primeiro na Ella. Neste momento o primeiro passo é conseguir ter a guarda dela connosco.
- Bom Dra. Grey, isso vai ser fácil. Pelo que já consegui apurar antes de vir para cá a menina não tem família. E depois do que se passou e de ver o amor que existe entre as partes...a minha decisão perante o juiz será favorável à guarda definitiva por vossa parte.
- Obrigado, muito obrigado. Vamos tratar da Ella primeiro Christian, mais tarde o teu pai resolve o que fazer em relação a tudo isto.
Apesar de querer aquele animal atrás das grades, eu sei que no fundo a minha mãe tem razão. Temos que nos concentrar em fazer Ella e a minha filha felizes. Elas sofreram demais, precisam de sentir que existe quem lhes dê o que todas as crianças merecem: Amor, carinho, segurança...uma familia que as ame de verdade. Quando damos conta Ella está a acordar, ela mexe-se e olha para nós, a médica e a assistente social já tinham saído.
- Tio eu dormi...- diz ela surpresa.
- Sim meu amor, a Tia Kate deu um remédio para dormires um pouco, até já fizemos o exame que tinhas que fazer, então que tal irmos conhecer a tua nova casa?- Ella logo se anima um pouco e aninha-se ao meu colo. Saímos e encontramos Mia com Malu ao colo, a minha menininha estava a dormir.
Quando chegámos a casa, Gail e Nora estavam à nossa espera. Malu ainda dormia ao colo de Mia, que não largava a sobrinha por nada deste mundo. Já Ella vinha de mão dada com a minha mãe. Eu apenas a observava, era tão bom ver a alegria e o seu olhar de espanto, naquele momento eu soube que tinha feito o correto ao evitar que Bob e Leila a levassem de novo para aquela vida...vida não, para o pesadelo que era a sua existência com aqueles dois monstros.
- Ella, esta é Gail...e esta é a Nora. Elas trabalham cá em casa, sempre que precise de alguma coisa pode pedir a elas. Ah! Ainda tem a Luciana, filha da Gail que deve estar a chegar...- e neste momento eis que a outra loira da casa entra.
- Boa Tarde. Mia, trouxe os trabalhos de casa que passaram para você...- diz Luh para Mia, que apenas a fuzila com o olhar.
- Podia se ter esquecido não é Luh.- diz Mia ainda com Malu no colo...- Que droga...
- Mia. Pode começar a subir as escadas e ir fazer os seus trabalhos de casa, já não foi hoje á escola agradeça por isso.
- Passa-me a minha filha Mia, e vai fazer os trabalhos. Amanhã não há gazeta...- olho para a minha mãe...- E por falar nisso temos que colocar a Ella na escola.
- Eu nunca fui numa escola. Eu sempre estudei lá no orfanato, ia um professor lá. Mas não aprendíamos muito não, só o básico. Ler, escrever, algumas contas...
- Não te preocupes com isso agora. Depois vemos isso, agora vamos vou mostrar o seu quarto.- diz a minha mãe a Ella.
E assim subimos, Mia e Luciana foram para o quarto da minha irmã, eu fui deitar Malu no berço que tinha no meu quarto desde ontem. E a minha mãe foi com Ella para um dos quartos de hospede que logo, logo viraria o novo quarto de Princesa. Assim que ajeitei a minha menina no berço fui ter com elas ao quarto.
- Ei...eu sei que é meio sem graça para uma princesa igual a ti, mas que tal irmos ao escritório e encontrarmos o seu quarto dos sonhos.
- Eu não quero mais nada. Eu já tenho tudo o que sempre sonhei: uma casa e uma família. Eu não quero mais nada, este quarto é lindo a sério.
Esta menina, que mais dia menos dia iria se tornar a minha mais nova princesa, não parava de me surpreender. Toda a menina na sua situação iria querer muito mais, iria querer tudo o que nunca teve. Claro que o amor, o carinho, a segurança de uma família e uma casa eram o sonho de qualquer órfão, mas ter um quarto de princesa, ter o que nunca teve materialmente faria qualquer um se sentir muito mais feliz. Mas Ella apenas queria uma família, tudo o mais era prescindível.
- Nem pensar. Vamos aproveitar que a Malu está a dormir e vamos escolher o teu e o dela. Ajudas-me a escolher o quarto dela?
- Sim...- Ella anima-se com a ideia de escolher um quarto para a minha filha, e assim descemos e vamos para o escritório, ligo o computador e começamos a nosso busca...- A Malu adora brincar às princesas...e uma vez a Leila nos deixou ir ao jardim e a Malu adorou andar de escorrega.
- Muito bem, então temos princesas e escorregas...- e ficamos a ver algumas fotos, Ella estava entusiasmada por poder ser ela a escolher. Depois de termos escolhido tudo para o quarto da minha princesinha, chegou a vez do seu...- Bem então e agora tu? Como gostava que fosse o teu quarto?
- Eu não sei...eu gosto de qualquer coisa. Mas eu amo Borboletas e...eu gosto de Princesas, mas não digas a ninguém por favor, eu já sou muito crescida para gostar de princesas...
- Ei! Se gostas de Princesas vamos fazer um quarto digno de uma Princesa mais crescida. Ella não tens de ter vergonha de gostar de Princesas, queres saber um segredo...- ela olha para mim curiosa...- Acho que a Mia e a Luh também amam Princesas.
- A sério?! Vou perguntar-lhes...- e lá vai a minha mais nova sapeca a correr, a minha mãe entra no escritório e logo eu lhe mostro o que quero para os quartos das nossas Princesas.
Depois de ficar de novo sozinho, fico a pensar como a vida é engraçada. A minha mãe sempre me disse que sempre aprendeu muito com as crianças que foi atendendo na sua profissão como Pediatra, e realmente nós aprendemos bastante com as elas, e hoje foi a minha vez. Ella me ensinou a ser mais forte, porque o importante não é quando, nem como alcançamos os nossos sonhos, mas saber que nunca devemos desistir de os alcançar. Porque difícil não é lutar pelo que se quer, mas sim desistir do que se ama, Ella lutou com todas as suas garras pela minha filha nunca deixando que nenhum daqueles dois monstros lhe fizesse mal. Porém, nunca desistiu de acreditar, de lutar, de conquistar e de alguma forma nunca desistiu de sonhar em ser feliz.
Hoje sei que não posso desistir de ser feliz, que não posso desistir de ter Ana comigo. Porque a minha felicidade está onde Ana está, o meu coração está com ela desde aquele beijo que trocamos no elevador, e eu não vou desistir de ter o seu...Eu e Ana, nós dois merecemos esta chance, a chance de sermos felizes.
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