Capítulo 6: Desvios
"Maravilhosa graça, quão doce o som
Que salvou um miserável como eu"
Hillsong worship
No preciso momento tudo parece suceder em câmara lenta - sobretudo as elevadas batidas de meu coração, a respiração ofegante e os meus olhos que apertam-se a cada milésima de segundo - até sentir um par de peitos ampararem o meu corpo ao passo que uns braços predem-me firmemente.
Minha fisionomia geme descontroladamente, incrédula de que a pancada pela qual eu tivera-me preparado não tenha ocorrido, ou então o impacto fora tão forte que me leva a delirar. Inicio a desprender as pálpebras vagarosamente e visualizo um pescoço branco, ergo os olhos para cima e desconsigo decifrar o sentimento presente em meu peito. Eu não acredito que ele esteja aqui.
- Will... - Falo com a voz tremula - Como chegou aqui?
Avalio os seus olhos marinhos e percebo o pavor escondido neles. Também noto as gotículas lacrimais caírem em sua face.
Rapidamente meu físico é atraído em um abraço forte bastante emotivo, como se estivera cético de que eu esteja aqui. Inacreditavelmente testifico a figura durona de meu marido a se esvaecer e ser substituída pela de um rapaz vulnerável, chorando de tal maneira que denunciara o medo de perder alguém amada por ele.
Ao relembrar do que aconteceria se o carro atravessasse em mim e ver Willian arrasado devido ao enorme pânico, acompanho-o no choro, inundando seus ombros com o líquido que caí de meus olhos.
No interior não paro de agradecer a Deus por me livrar do hipotético acidente, usando nada mais nem menos do que - meu próprio marido. Um ruído uníssono surge, tal ato nos leva a olharmos ao nosso redor onde enxergamos várias pessoas a nossa volta, que aplaudem continuamente. Sem conter a emoção aumento o choro.
- Tesouro, está tudo bem agora. - Levanta o meu queixo para o fitar - Já passou, ok? - Aceno com a cabeça e ele beija o topo dela - Agora vamos sair daqui, vou leva-la para casa. - Assinto novamente, pois minha boca desconsegue se abrir através do meu ser ainda em choque.
Desaproxima os nossos corpos, não muito, continuando a me abrigar. Podendo assim me ajudar a caminhar. Mas antes de darmos mais um passo, ele teve de pedir a multidão para que nos deixassem passar.
Enquanto andamos, pressinto flashes direcionados a nós por conta das fotos e vídeos, captados por celulares, provenientes do aglomerado de gente ao redor.
Me afundo sobre a banheira de hidromassagem, enquanto a água morna cobrira todo o meu corpo. A medida que meus olhos passeiam sobre o teto da cor da neve - iluminado pelas luzes brancas - o misto de memórias sobre a pessoa que eu avistara e o meu suposto acidente, vagueiam por minha mente. Mas sinceramente, acredito que um atropelamento não seria pior do que enfrentar um passado mal resolvido.
Depois de finalizar o banho, forro-me com um roupão marrom e seco os fios dos meus cabelos. A atenção de meu marido pregara-se em mim, assim que eu deslizara a porta do banheiro para adentrar ao dormitório.
- Se sente melhor, meu bem?
Desliga algum tipo de programação que ele acompanhara pela TV, com seu corpo assentado sobre a cama e as mãos apoiadas a nuca, usando uma calça moletom cinza e t-shirt em um tom de cor idêntico. Em resposta a sua questão, apenas nego com a cabeça. Ele gesticula com as mãos sobre a cama, para que eu me deite ao seu lado.
Conduzo-me a king size enfeitada por roupas brancas e beges e deito-me sobre ela, recostando a minha cabeça no colo de meu marido que começara a acarinhar os meus cabelos. Fecho os olhos, querendo desfrutar somente de seu afeto junto a um silêncio harmonioso que preside em nosso meio por certos minutos.
- Como conseguiu me desviar do carro? - Rompo o silêncio - Não devia estar no seu trabalho, naquele momento? - Concluo sem ainda desfechar os olhos.
- Larguei mais cedo e ao vir para casa avistei-a no meio da rua, mas parecia incomodada com alguma coisa. - Meu estômago revira ao ouvir isso.
"Será que ele reagirá bem ao saber o real motivo daquilo?" - Indago-me em meu raciocínio.
- Fiquei preocupado e parei o carro para ir ter com você, mas quando eu desci percebi que uma viatura vinha em sua direção. Apavorado, apenas corri até lhe alcançar e aparta-la do automóvel. - Não escondo um leve sorriso em deduzir que eu tenho um super herói comigo. - Porquê parecia aflita, viu algo que a incomodou? - Sinto preocupação em sua voz.
- Não estou com vontade de falar acerca disso. - Argumento sincera - Prometo te contar em outra circunstância.
"Querendo ou não, terei de o fazer."
- Tudo bem. - Deixa um beijo no topo da minha cabeça - Eu te amo demais, meu tesouro. Não quero imaginar como eu viveria sem você. - Sorrio novamente com essa declaração.
Levanto-me de seu regaço, aproximando os nossos corpos até ao ponto de sentir seu imenso calor corpóreo, sua respiração ofegante, seu aroma envolvente e ser arrebatada na colisão do seu olhar contra o meu.
Seus braços levam-me a sentar em seu colo ao passo que minhas mãos deslizam por sua nuca, enquanto selamos os lábios em um beijo cheio de afago, e então nos amamos com todo o amor englobado em nossas almas.
●●●●
Uma brisa suave arrepia os meus ombros e quando tentara-me afundar entre as cobertas, o bisbilhotar do sol acaba chantageando os meus olhos, incitando-os a desprenderem-se cautelosamente.
Os cortinados de tom bege tampam somente as laterais das janelas, deixando a parte do meio exposta, logo a claridade invade os espaços do quarto, por impulso reviro-me para o outro lado da cama e noto que está vazio.
Mas avisto um bilhete acima do travesseiro branco - que ainda tem o perfume de meu marido gravado nele - o pedaço de papel é preenchido por uma caligrafia suspeita, o bastante, para arrancar um sorriso de meus lábios. Tomo-o em minhas mãos e leio.
"Bom dia, minha musa. Espero que tenha tido uma ótima noite, porque eu tive."
Sorrio vergonhosa, umedecendo o lábio inferior ao ler as últimas palavras.
"Tive de sair mais cedo, por conta de uma reunião que terei hoje. Fica tão angelical quando dorme que não fui capaz de acorda-la para me despedir. De noite irei leva-la para sair, vista algo que realce ainda mais a sua beleza. Quando eu chegar quero a encontrar pronta.
PS... Já deixei seu café pronto, quero que coma tudo, porque ontem não quis jantar. Enquanto eu estiver vivo, jamais permitirei minha mulher morrer de fome. Por favor, tome cuidado ao sair para a rua. Te amo."
- Eu também te amo, meu amor. - Falo com um sorriso de ponta.
Sinto as queridinhas borboletas esvoaçarem pela minha barriga, ao admirar o quão cuidadoso e protetor Will tem sido comigo. Realmente meus sogros não brincavam, quando afirmavam que ele tomaria conta de mim da melhor maneira possível. Reergo-me da cama, para me assentar depois de vestir um robe carmesim.
Quando me apercebo, um cheiro espantosamente saboroso e convidativo, invade o meu olfato por completo. Volto o olhar para a frente e visualizo uma bandeja, que fora deixada sobre o recamier, sua aparência testifica que o desjejum esteja caprichado. Enlaço as pernas, apoiando o tabuleiro de comidas acima delas. Meu apetite duplica assim que fito o convidativo american breakfast.
Saboreio cada porção em silêncio, ao compasso que assistira o desenho do Mr. Bean pela tevê. Esgotei a conta de vezes que Willian implicara comigo, por crer que eu seja velha demais para esse tipo de séries. Mas eu nem me ofendo por querer preservar o meu lado infantil, ao contrário dele que o apanhei vendo o mesmo seriado, pelas escondidas, mais de dez vezes. Porque convenhamos, todos se divertem ao ver o Mr. Bean.
Depois de terminar com a refeição matinal, desço da cama rumo a cabine de banho. Agilizo minha higiene e após de finalizada, trajo-me com um fato moletom que sincroniza com o rabo-de-cavalo alto em meus cabelos. Um facto sobre mim - Eu sou 0% atlética - mas devido o stress plantando no meu sistema nervoso, não descarto a ideia de correr pelo parque, vizinho de casa, a fim de desanuviar.
Os phones presentes em meus ouvidos reproduzem a minha playlist no aleatório - num alto e bom som - enquanto caminho com velocidade nas trilhas do espaço preenchido por uma diversidade de árvores. Persistira nisso durante alguns minutos, até minha estrutura física implorar por descanso. Enxergo um banco, a uma distância mínima, e conduzo-me nele.
Meus olhos seguem as aves que circundam acima dos arvoredos de grande porte, cujas poucas folhas coloridas caem a cada segundo, sem pararem de fazer contraste com o céu acinzentado. Embora com todo o cansaço, valera a pena exercitar o corpo, pois minha mente sente-se mais relaxada e livre de dramas passados. Recosto as costas entre a parede do assento de madeira e engulo a água reservada na garrafa de 1 litro.
- Oi, bom dia. - Uma voz rouba a mina atenção.
Rodo o meu pescoço para um dos lados e observo uma mulher de estatura média, com cabelos escuros longos que fazem realçar a pele branca. Percebo que suas mãos agarram um carrinho de bebê.
- Olá, bom dia. - Sorrio, procurando desvendar o rostinho da criança.
- Pode ficar com o meu bebê por instantes? - Suplica com os olhos negros - Preciso falar com aquele moço, - Indica para um homem vestido por roupas pretas - e não o quero perto do meu filho. - Conclui minimizando a tonalidade.
Arqueio as sobrancelhas, meio perdida, sem assimilar o porquê de não o querer perto do filho, mas querer dá-lo a uma estranha, para olhar por ele. Apercebendo-se de minha insegurança ela completa:
- Por favor, será algo rápido.
- Tudo bem. - Dou de ombros, a fim de ignorar minhas questões - Como ele se chama? - Sorrio para a criatura angelical depois de perceber que é um menino.
- Muito obrigada. - Une as mãos em agradecimento, antes de aproximar o transporte, do pequeno homem, ao meu lado - Volto logo, ele chama-se James. - Finaliza saindo de meu campo de visão.
Volto a minha atenção para a criança, e encanto-me ao avaliar o rostinho rendondo, preenchido por alguns fios de cabelos escuros em sua cabecinha e um intenso brilho dos olhos prateados. Seu corpinho rechonchudo é tão delicado que provocara alguma vontade de aperta-lo.
- Olá, James. - Falo babada, produzindo festinhas em torno de sua barriga e ele solta um sorriso brando realçando as covinhas de sua bochecha, deixando-me mais derretida - Own, como você é lindo.
Enquanto os minutos do relógio correm, entretenho-me com o bebê que parecera perceber as coisas que digo ao exibir seus sorrisinhos e agitando os bracinhos com suas gargalhadas finas e cheias de entusiasmos que facilmente arrancam risadas de mim. Tudo principia afrouxar quando ele resmunga inquieto.
- Ah, meu amor. Porque está assim? - Ele forma um bico de choro, que aumenta a cada segundo - Por favor, não chora. - Murmuro aflita.
Obviamente, minha tentativa fora frustrada, ouvindo os choros delgado do menino a minha frente. Meu coração agita em vê-lo assim. Busco vários métodos para acalma-lo mas nada modifica. Decido destrancar o cinto que prendera seu corpo a fim de tomar o pequeno em meus braços.
Presumo que talvez esteja com fome, mas ao dar-lhe a mamadeira farta de leite, ele rejeita acrescentando o choro. Agora passo a compreender o porquê de muita gente entrar em desespero quando não acha mecanismos de aquietar uma criança.
- O que você tem, James?
Amparo-o entre os meus ombros, embalando seu corpo. Observo ao redor, a fim de localizar sua mãe, mas ela encontra-se longe de nosso alcance. No próprio instante indago-me acerca do que faria se fosse o meu filho nessa situação? Um dia serei mãe e necessitarei tranquilizar a circunstância em que meu bebê estiver assim.
Concentro-me e busco entender o que podera incomoda-lo. Repouso-o sobre meu colo e noto que o fecho do casaco envolvera o seu pescoço por completo.
- Ah, meu Deus. Isso deve estar a sufoca-lo. - Compadeço-me do homenzinho inconsolável.
Não perco mais tempo e destranco o zíper do vestuário de malha e instantaneamente os gritos começam a se amenizar.
- Tudo bem anjo, já passou.
Torno a balança-lo em meu braços, com leveza, e brandamente seus olhos prendem-se até adormecer. Tornara-se inevitável não deslumbrar-se em ver o ser sensível descansado com toda a serenidade que alguém conseguira oferecer. Sorrio distintamente e penso como será perfeito quando eu estiver assim com o fruto do meu amor e do Willian.
- Se controla, Jasmin. Sabe que ele não é a favor de ter um filho agora. - Repreendo a mim mesma.
Pouco tempo se passara, para a mãe de James voltar. Ao que parece aquele homem é um ex inconformado e tem vindo a importunar seu atual relacionamento de oito anos. Conversamos um pouco mais e pude velar como ela é apaixonada pela maternidade, além do pequeno de sete meses também é mãe de um menino de 5 anos.
- Há quanto tempo está cada? - Ela questiona.
- A caminho de três semanas, sou ainda uma caloira. - Brinco, ela ri.
- Mas essa fase é uma das melhores. Podem desfrutar do casamento a vontade, sem nenhum filho para estabelecer limites. Eu só engravidei depois de dois anos de casada.
- Meu marido e eu décimos, também, ser pais depois de no mínimo dois anos.
- E fizeram muito bem. - Cobre o bebê com uma manta azul, depois de devolve-lo no carrinho - Quando chegar o tempo, não duvido que será uma ótima mãe. Observei-a de longe e vi como é ótima com crianças.
"Ai não, agora que falou isso sou capaz de querer engravidar ainda hoje."
●●●●
- Wau... - Uma voz grave excita a minha atenção.
Avisto, pelo espelho, meu marido atrás de mim, apoiado entre a porta do closet mantendo as mãos dentro dos bolsos da calça, com um sorriso meloso. Mesmo contra a minha vontade, um arrepio percorre em minha pele, pois é extremamente sensacional e lindo verificar a forma maravilhosa que ele olha para mim. Me sinto verdadeiramente como uma relíquia valiosa diante dele.
- Acertei?
Dou uma volta para que analise o vestido midi de mangas compridas, que desenha as curvas de meu corpo, não exageradamente, cujo a cor preta assemelha-se com a do scarpin que aloja os meus pés. Ele aproxima-se sem subtrair o sorriso de sua fase.
- Esse vestido ficou perfeito em você. - Enlaça uma das mãos a minha cintura - Estava errado ao pensar que seria impossível ficares mais incrível do que já es.
- Como eu tive tanta sorte de te conseguir? - Comprimo o lábio inferior, envolvendo as mãos em seu pescoço.
- É o que me pergunto diariamente. - Argumenta convencido, eu não evito o riso - Mas sabe o que eu descobri?
- O quê?
- Eu poderia percorrer pelos confins do mundo, nunca encontraria alguém que me suportasse e me preenchesse tal como você o faz, então nesse caso; o único sortudo é apenas eu. - Meus olhos brilham e um sorriso se alarga em meu rosto.
- É por isso que nunca me cansarei de dizer o quanto te amo.
Sua boca rosada direciona-se a minha, fazendo-me engolir em seco. Sei que poderá parecer descabido, mas eu ainda fico nervosa sempre que ele pensa em beijar-me.
Aperto os olhos, e sem importando-me com o fato de borrar o batom vermelho que demorara um tempo para aperfeiçoá-lo, deixo seus lábios quentes e macios invadiram aos meus e beijamo-nos intensamente. Somente paramos depois de faltar certo ar.
- Nossa, eu realmente senti saudades disso. - Fala com um sorriso lateral. - Agora temos de ir.
- Não antes de limpar isso. - Ele arqueia uma das sobrancelhas, rio baixinho - Eu tenho uma reputação a manter, não sairei assim contigo. - O provoco com uma expressão horrorizada, e me divirto ao vê-lo mais confuso.
Aponto para a imagem refletida pela parede de espelho, ele alonga uma careta, bastante engraçada, ao notar sua boca borrada pelo cosmético. Fora preciso controlar-me, o suficiente, para não rir enquanto o ajudara a tirar as manchas.
Pegamos os casacos e saímos de casa. Preciso admitir que sentira-me atraída vendo a maneira como Willian está apresentado. A calça jeans escura e a camisa de gola alta casara fielmente com os calçados de cabedal, que compõem a sofisticação do visual, juntamente com o sobretudo cinza do tamanho do joelho.
Sem querer ser modesta, talvez um pouquinho só, não me julguem, ele assemelha-se muito com um modelo masculino de propagandas. Podem me chamar de exgerada e descordar comigo a vontade, mas para mim - meu marido é o homem mais lindo e maravilhoso do mundo, os outros homens ao lado dele se tornam invisíveis, diante de meus olhos.
Porém, seu encanto está além de seu sorriso atrativo, seus olhos claros como o mar, seu rosto esbelto ou seu físico tonificado - mas em seu amor pelo Senhor e sua delicadeza para comigo - eu não duvido de que ele será um excelente pai.
Porquê fui pensar logo nisso? Eu sei exatamente sua posição concretamente a paternidade. Bom, a não ser que eu o convença a mudar de ideias.
- Boneca, em que está pensado? - Sua voz trazera-me a realidade - É a terceira vez que a chamo.
- Amor...
Chamo receosa, ao idealizar sua suposta reação. Mas creio que esse é o momento de partilhar essa inquietação. Eu sou amplamente transparente com ele, desconsigo ocultar algo para Willian e mesmo que tente ele apercebe-se sempre, por isso decido-me abrir.
- Oi...
Responde sem retirar a atenção do asfalto, enquanto coordena o veículo que percorre a uma velocidade branda na autoestrada, iluminada pelos faróis dos carros e os postes em torno da calçada.
- Eu quero engravidar!
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