Capítulo 21: Ela se foi
Eu estou cansado, estou desgastado
Meu coração está pesado do trabalho que faz para continuar respirando
Eu cometi erros, eu deixei a minha esperança acabar
Minha alma se sente quebrada pelo peso deste mundo
Worn - Tenth Avenue North (Mídia acima)
San Francisco - Califórnia - Estados Unidos da América
Por Willian
Nada mais restou, senão o grande vazio que ela deixara em minha alma. Nada mais restou, a não ser uma dor agonizante que estilhaça o débil coração. Nada mais restou, senão a saudade de ouvir sua voz e suas risadas ecoando em meus ouvidos. Nada mais restou, a não ser o anseio de novamente encarar seu rosto, cujo os traços bem definidos combinam com o incomporável sorriso que era a minha calmaria. Nada mais restou, senão uma vida sombria, sem o amor da minha vida!
Há ínfimos meses atrás eu vivi expectante para saber qual seria o término da minha história de amor, uhm ridículo né? O fato divertido é que agora o mundo ironiza do ser vazio que tornara-me. Eu mal construira uma vida com ela e o universo roubou ela de mim, a maldita lei da natureza teve de toma-la prematuramente.
Meu mundo colidiu e ficou destruído, as pequenas partículas que sobejaram dele estão afundandas em amargura. A minha amaldiçoada história de amor finalizou pelo meio, pois a mulher da minha vida está morta! Triste? Deixa eu acrescentar algo mais deprimente, ela estava grávida e o fruto do nosso amor foi-se juntamente com ela. Nem um rastro do nosso amor ficou, todos os vestígios voltarão ao pó da terra.
Ainda lembro do instante em que isso
sucedeu, na verdade é inevitável apaga-lo da mente. Num momento estava ansioso preparando o quarto de nosso filho, expectante em contar isso para ela que sairia do sono demorado em poucas horas. Do nada, ouço que invadiram o hospital e ela, junto a quatro mulheres, se fora com os assaltantes que as assassinaram enquanto fujiam devido o efeito narcótico, infiltrado no organismo de um dos criminosos.
Miséria! Isso não faz nenhum sentido, absolutamente nenhum! Não posso crer que Jasmin esteja... Porquê? Nada tem lógica, está tudo distorcido. Sinto-me afundando dentro de um universo paralelo, e ninguém pode-me tirar de lá. Pois fora eu que me colocara dentro dele, se não fosse o acidente que Jas tivera, originado por mim, ela ainda estaria em casa segura. Contudo, nem uma mera segurança pude oferecer a ela, se Deus fosse tão justo seria eu a morrer, tinha de ser um arruinado como eu e jamais ela.
Esperança: a dois dias ela havia florescido em mim. Agora está esmagada juntamente com toda a minha fé. O C.S.I descobrira os cadáveres desfeitos pelas chamas de fogo que um dos homens atirara neles. Irreconhecíveis, os corpos queimados passaram por autópsias, lá se descobriu que nenhum deles pertencera a minha mulher.
As identidades das quatro mulheres foram anunciadas, porém o corpo de minha esposa ainda estivera desaparecido.
— Não queremos dar falsas esperanças, mas talvez sua esposa conseguiu escapar deles, e ainda esteja viva. — As palavras ditas pela equipe de investigação criminal cativaram minha fé.
Eu realmente cria com todas as forças que ela estivera em vida, inclusive roguei a Deus, em jejum e oração, que a guardasse e a trouxesse para mim. Eu confiei em Deus, eu acreditei em sua omnipotência, eu sabia que Ele seria capaz de traze-la de volta para recomeçarmos. Eu prometi ser um esposo melhor e um pai exemplar.
Mas em contrapartida, Deus não a guardou. Ele permitiu que ela e o nosso filho se fossem! Perdi as duas coisas mais importantes que eu tinha, eles se foram. Eram duas da manhã quando o telefone apitou, o detetive alegou terem encontrado o homem que havia raptado as mulheres. O criminoso confessou ter levado elas, a fim de mantê-las em cativo e libera-las com uma generosa quantia de seis dígitos por cada uma.
Contudo, duas delas perderam a calma e o ameaçavam enquanto estavam algemadas nas traseiras da caminhonete. O sujeito, terrivelmente dopado, retirou todas elas do veículo e as empurrou até o chão depositando gasolina e seguidamente fogo em cada, após isso as jogou num vale.
Meu sangue esquentava e pela primeira vez na vida cogitava matar uma pessoa, com toda a ira e ódio que tivera, tenho dúvidas de que alguém tão podre de sentimentos seja considerado como humano. Mas nesse interrogatório houve uma surpresa.
Quando mostraram a foto de Jasmin questionando o que ele havia feito com ela, o homem assegurou por horas que jamais a vira e não a tinha capturado. Até eles o torturarem e admitir que ela conseguiu escapar por minutos daquele culto de terror, mas quando a alcançou, sem pensar baleou-a por três vezes no coração, e jogara seu corpo no oceano para a polícia nunca ter de encontrá-lo. Ele sabia que a pena de cinco homicídios seria drástica, por isso confessara apenas os quatro.
Assim, me foi tirado o maior tesouro que eu tive. E dei as boas vindas a uma vida tenebrosa, vazia, nostálgica e sem um pingo de harmonia! Paz; é uma palavra que fora enterrada. Angústia, remorso e o extremo da dor na alma, que nenhuma palavra é capaz de descrever, é tudo o que meu ser abraçara. Quem acredita no inferno pós morte, eu diria que está gravemente errado, pois eu estou com sinais vitais e estou a viver o derradeiro inferno. Meu coração ainda bate, mas meu espírito já está morto.
O céu enegrecido emite trovões e relâmpagos. O chão é preenchido pelas gotas da chuva que também escorregam pelos vidros do carro que desliza vagarosamente pela estrada umedecida. Até a natureza revela tristeza, como se quisera demostrar como eu esteja-me sentindo por dentro, totalmente caótico e sombrio.
— Já chegamos, filho. Precisamos descer agora para não nos atrasamos. — A voz do meu tio faz-me abrir os olhos, no instante em que para o veículo.
Assim que pisamos o cemitério sombroso, meu tio cobre-me com seu enorme guarda-chuvas, que protege-nos dos aguaceiros. As pessoas vestidas de preto também chegam com suas sombrinhas, aproximando-se da sepultura.
— Seja forte Willian. Sinto muito por sua perca! Pode contar sempre connosco.
Essas são as palavras familiares vindas das pessoas que cá se encontram.
Alguns batem em meus ombros dando-me os pêsames dizendo:
— Lamento muito por isso Willian, imagino como esteja sendo difícil. Nossas orações estarão a seu favor.
Educadamente assinto com a cabeça, em agradecimento. Já minha boca mal se move. Por mais verdadeiro que pareçam, isso não me conforta.
Usualmente os jazigos contêm cadáveres, mas o de minha esposa estará vazio. Nem sequer seu corpo será enterrado como devera ser. Até um enterro digno também desconsigo oferecer à ela. Somente há escritas com seu nome e dizendo o quão amada ela fora por nós, mas seu corpo não está presente. Eu nem posso despedir-me dela pela última vez. É como se ela nunca tivesse existido.
Observo cada pessoa sentada ordenadamente nos assentos a beira do túmulo, gravado com nome de minha esposa, e parece tão utópico. Mas infelizmente é real o suficiente para eu admitir que não é uma fantasia. Os homens vestem ternos pretos e camisas da mesma cor, tal como eu, as mulheres usam vestidos escuros, tal como sua mãe.
Ah, sua mãe — a mesma só descobrira que seria avó no instante em que sua filha estava morta, como será capaz de suportar isso? Jasmin era tudo para ela, e agora se foi justamente por minha culpa. Desde que a infeliz notícia da perca de minha mulher chegara, ainda nunca confrontei sua mãe, não consigo. Mas é óbvio que ela culpa-me por tudo, e não a posso contrariar.
O pastor começara com o seu sermão sobre a certeza de que ela ainda vive, mas em um lugar melhor. Eu não quero que esteja em um sítio melhor, eu quero-a aqui comigo. Nada do que disserem me ajudará. Vejo seus familiares e amigos chorarem arrasadamente, não foi justo ela ir tão cedo e eu ficar vendo as pessoas sofrendo por algo que eu poderia evitar. Custa-me crer que isso esteja a acontecer, não consigo mais ver isso.
Levanto-me completamente tonto, vendo tudo girando as voltas, sentindo o oxigénio desaparecer dos pulmões, mas não paro de caminhar enquanto as lágrimas se misturam com os líquidos provenientes da chuva forte. Ela não pode estar morta, não pode ser verdade, isso só pode ser um pesadelo.
Apresso os passos o mais rápido que posso, mesmo mancando pela ausência de forças causada pela agonia da alma. Sou incapaz de assistir seu funeral. Preferia ser electrocutado ao envez de encarar tudo isso, nada é pior do que ver sua vida passar diante de seus olhos, Jasmin era a minha vida, e eu morri juntamente com ela. Nada mais importa.
— Willian! Por favor pare. — A voz de meu tio ecoa de longe.
Porém, ignoro-o e continuo a avançar.
— Willia...
Ele silência não terminando sua fala. Deve ter percebido que eu preciso ficar sozinho e falar comigo será como falar ao vento — inútil.
Acelero o carro após de trancar a porta, sem usar o cinto de segurança. A estrada permanece escorregadia, um pequeno descuido pode ser faltal, talvez seja o cenário ideal para mim. Enquanto atravesso cada rua, um filme da minha vida com Jas inunda-me a mente.
— Eu te amo, Jasmin Brown. Prometo cuida-la e protege-la até meus últimos dias.
— Eu prometo ama-lo até o final dos nossos dias, Willian Brown.
Sorrimos e beijei-a apaixonadanente. Aquela fora nossa primeira noite como marido e mulher. Lembro de cada detalhe, cada ocorrido, fora simplesmente inesquecível.
— Nunca amei ninguém como eu amo você, meu amuleto. — Ela descansou a cabeça nos meus ombros observando as estrelas a partir da varanda do nosso quarto.
Beijei sua testa e ela fechou os olhos. Aquele momento parecia eterno.
— Eu tenho a certeza que jamais amarei alguém como você, meu tesouro. Se eu podesse casaria novamente contigo.
Jasmin sorriu com os olhos ainda tampados.
— Você é o meu grande amor, Will.
— Eu te darei tudo de mim, tudo o que eu tenho e o meu extremo, inclusive entregar a minha vida por amor a ti.
Aquela fora uma das mais justas juras de amor feitas a ela, contudo nosso último momento juntos eu falhei com ela.
— Pode voltar para o seu amante Jasmin, ele deve ser tão baixo quanto você. — Senti minha alma ser arrancada junto àquelas palavras. Eu não queria dizer aquilo.
Levemente ela virou-se para mim, Deus como eu me martirizara por não abraça-la naquele momento, meu coração se despedaçava ao vê-la tão vulnerável como nunca a vira antes. Meu interior quebrava-se a cada milésima de segundos.
— Eu odeio você. — Contestou com a voz rouca.
As lágrimas cobrem os olhos inchados, embasando a visão. A cada lembrança é um extremo corte na alma, quanto mais elas surgem mais minha alma sangra. Infelizmente não existe cura para ela, então está condenada. Não coordeno o volante e continuo a disparar a velocidade, até o veículo perder o controle, tudo ocorre velozmente negando-me a chance de intervir, o que é excelente, finalmente a natureza acertará em algo — me exterminar desse mundo. Então o automóvel embate contra um muro.
#Não esqueça de deixar seu voto, sobretudo você leitor fantasma, é muito importante para divulgação do livro. É só clicar na estrela por um segundo. E já agora, espero que goste da mini maratona de dois capítulos... Até breve amores.
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