39. Gabriel
Gabriel partiu decidido para enfrentar aquele demônio, mesmo sabendo que pela presença que sentiu, possivelmente ele era quase tão poderoso quanto Abigor, e saber que Raphael tinha ido para o hospital, e a uma hora dessa já estaria trabalhando na cura de Nick, o deixou um pouco mais tranquilo.
Ele não poderia ignorar as pessoas que viu se aproximando de onde o demônio estava, porquê se queriam reconstruir o mundo, cada vida contava.
Pousando a alguns quarteirões de onde o demônio estava, ele decidiu seguir andando e recolhendo suas asas, ocultou também o seu espírito, afinal do mesmo jeito que ele sentiu a presença do demônio, talvez o mesmo também possa sentir a sua, e não podia correr o risco de perder o fator surpresa.
A presença estava cada vez mais forte à medida que ele atravessava alguns becos cortando caminho e ao mesmo tempo se escondendo, afinal não poderia arriscar ser pego de surpresa, pois como estava sozinho ali, um ataque em massa de demônios poderia ser fatal.
Chegando à parte de trás do galpão onde o demônio estava, ele se concentrou em sentir a outra presença, mas se incomodou ao não ter sucesso, pois poderia significar que aqueles humanos foram para longe dali, ou que estavam mortos.
_ Droga! _ Ele pensou enquanto seguia até os fundos do galpão. _ Será que eu cheguei tarde?
Concentrando-se, ele ativou sua visão e pôde ver o interior do galpão. Um homem de meia idade elegantemente vestido em um terno preto, estava parado em frente a um barril e recitava palavras em uma língua estranha, como nos rituais que já vira em filmes. Desviando o olhar do homem, ele avistou corpos estraçalhados e em decomposição pelo galpão, mas sabia que não foi aquele demônio que os matou, aquele massacre era obra de Ukobach enquanto possuía o corpo do senhor Ben.
_ O senhor Ben teve de presenciar essa barbárie! _ Ele pensou, imaginando todo o terror que o pastor passou e assimilou sem transparecer. _ Ele é realmente um grande homem!
Voltando a atenção para o demônio, viu uma fumaça escura sair do barril à sua frente e começar a percorrer todo o galpão, enquanto imagens se formavam. Gabriel logo deduziu que o demônio estava fazendo uma reconstituição do ritual que Ukobach havia feito ali. Mas quem era ele, e porque estava seguindo os passos de Ukobach, sendo que aquele ritual havia sido feito para contactar Abigor?
O jovem decidiu trabalhar com duas hipóteses. A primeira era de que os outros demônios perderam contato com Abigor e estavam o procurando para enviar reforços, e a segunda era de que esse demônio não era um aliado de Abigor, e estava refazendo seus passos para caçá-lo, talvez à procura da placa também. A certeza que ele tinha era de que em ambas as hipóteses, não podia confiar em um demônio, sabendo que eles eram sempre mentirosos e traiçoeiros.
Nas imagens que surgiram, Gabriel viu quando o que parecia ser sangue, transbordou do barriu e escorreu até a parede de frente do altar que também havia aparecido na imagem, subindo por ela e se espalhando até tomar a forma de um espelho antigo. No vidro no centro do espelho que se formou, começou a surgir a imagem de Abigor, e usando o corpo do pastor, Ukobach começou a passar informações para ele, mas não pode ouvir o que eles diziam.
Assim que as imagens se dissiparam o demônio caminhou para a saída do galpão e Gabriel teve o impulso de seguí-lo, mas não quis usar seu poder de atravessar paredes, para não correr o risco de sua presença ser sentida, então correu para dar a volta por um beco e se escondeu assim que ouviu algumas vozes, sendo uma delas feminina. Entrando por uma porta lateral, o jovem se viu em uma oficina e se aproximando da porta que dava para a rua de onde as vozes vinham, ativou sua visão usando o mínimo de poder possível e começou a ouvir o que eles diziam.
Do outro lado da parede, encostados no capô de um carro, os jovens que havia visto lá do alto do edifício antes de se despedir dos outros, estavam conversando com o demônio, mas o poder que emanava do jovem e que agora sentia novamente, não era demoníaco. Muito pelo contrário, era um poder livre de maldade e obscuridade, que contrastava com o do demônio á sua frente.
_ Ukobach passou para Abigor a localização da placa. _ O demônio disse aos jovens, como se reportasse a eles e o respeito com que falava fazia Gabriel pensar que era aquele rapaz que estava no controle ali. _ Mas agora Abigor já foi até lá e já deve estar com o objeto.
_ O que sugere então Balthazard? _ O jovem disse cruzando os braços. _ Se Abigor estiver com a placa, nós teremos que enfrentá-lo, e se quase não conseguimos resistir aos ataques da Lilith, será que vamos conseguir enfrentar o senhor dos exércitos de Lúcifer?
_ Eu não sei, Uriel! _ O demônio chamado Balthazard respondeu. _ Se eu bem me lembro dos três demônios de elite, os dois se equiparam em poder, mas Abigor tem mais habilidades de batalha. Ainda assim, não sei se dá para restreá-lo.
_ E se vocês deixassem essa placa pra lá _ A jovem se pronunciou pela primeira vez. _ Sei lá, a gente procura um lugar para construir uma base, e começa a usar o poder de vocês para ajudar outras pessoas, como vocês me ajudaram.
_ Temo que não seja tão simples assim, Thalia. _ Uriel disse, coçando a nuca como se estivesse pensando. _ A placa nas mãos dos Cavaleiros da Nova Terra já seria perigoso demais, mas eu acho que Abigor não pretende entregá-la a eles, e nas mãos dos demônios pode ser ainda mais perigosa.
Aquela conversa esclareceu algumas dúvidas de Gabriel, que agora sabia que eles eram inimigos de Abigor e dos demônios, o que poderia torná-los aliados. Estava inclinado a sair do esconderijo e se apresentar, mas sentiu algumas presenças demoníacas se aproximando, e preferiu esperar.
_ Quanto tempo, irmãozinho! _ Uma voz masculina fez todos olharem na direção de onde ela vinha, inclusive Gabriel. _ Lilith me disse que você tinha virado o cachorrinho de um humano, mas eu não acreditei, precisava ver isso com meus próprios olhos.
_ Quem é ele Balthazard? _ O jovem chamado Uriel perguntou.
_ Você não falou de mim para ele, Balth?_ O recém chegado disse, fazendo uma expressão de mágoa. _ Então pode deixar que eu mesmo me apresento. Sou Beleth, um dos dez reis do inferno, e você deve ser o grande general Uriel, apesar de não parecer tão grandioso assim pessoalmente!
_ Não ouse zombar do general, Beleth! _ Balthazard explodiu. _ Não achei que eles chegariam a usar a aglutinação espiritual para invocar você, mas Isso prova o quanto eles estão desesperados.
_ Ele é um demônio então? _ Uriel perguntou. _ Eu vou adorar acabar com ele, mas o que é essa tal aglutinação espiritual?
_ É uma possessão onde o espírito demoníaco se mescla e se funde ao espírito do hospedeiro humano. _ Balthazard explicou. _ É a única forma em que um corpo humano consegue suportar um demônio como Beleth.
_ Então quer dizer que ele não é um demônio qualquer? _ Uriel questionou.
_ Como ele disse, ele é um dos reis do inferno. _ Balthazard respondeu. _ Um dos demônios originais que caíram junto com Lúcifer.
_ Seja quem for, vamos acabar com ele logo. _ Uriel disse, enquanto estalava os dedos e caminhava para o centro da rua. _ Vamos ver se essa arrogância permanece aí depois que eu acabar com você.
Beleth permaneceu onde estava, mas ao seu lado surgiram mais quatro figuras sendo duas se posicionando de cada lado dele. Elas tinham a forma humanóide, mas eram apenas negras como se fossem sombras. Seus rostos não tinham expressão, apenas olhos vermelhos e brilhantes, que demonstravam ódio e maldade.
Gabriel sentiu um poder incrível vindo de todos eles, não eram fracos como a garotinha monstro na delegacia ou Ukobach e os zumbis no cemitério, era uma presença quase sufocante. O poder dos quatro demônios não chegavam perto de Abigor ou de Balthazard, mas Beleth sem manifestar seu poder já se aproximava deles. Com certeza essa batalha seria difícil de ser vencida por Balthazard. E Uriel tinha uma presença forte, mas escondia algo e não dava para saber se poderia lutar também, então teria que se envolver.
Aguardando o momento certo, ele viu quando dois demônios partiram para cima de Uriel, e Beleth e os outros dois ficaram apenas observando. Balthazard apenas puxou Thalia para o seu lado, colocando-a atrás de si como que para protegê-la, e Gabriel deduziu que se ele não entrou na batalha, era porque acreditava que o jovem tinha poder para encará-los sozinho.
Uriel se movia com extrema habilidade, defendendo o golpe dos demônios, e atacando com força e destreza. Um dos demônios que estavam parados veio na direção de Balthazard, que se afastou de Thalia para enfrentá-lo, dando início a outra batalha. Olhando na direção de Beleth, viu que o quarto demônio não estava mais próximo a ele e olhando para o outro lado, viu que o mesmo estava vindo por trás prestes a atacar Thalia pelas costas e então não teve mais escolha e precisava agir.
A jovem gritou ao ver o demônio se aproximando, enquanto os outros demônios atacavam implacavelmente Balthazard e Uriel, não permitindo que os mesmos viessem ao seu auxílio.
_ Mate ela de uma vez, Furcas! _ Beleth ordenou, enquanto o demônio se aproximava de Thalia que se protegia encostada na parede da oficina mantendo o carro entre ela e o monstro.
Gabriel viu o momento em que as mãos do demônio Furcas se transformaram em longas garras bem afiadas, e o mesmo partiu em uma investida fatal contra a jovem que não teria nenhuma chance, e então, ativando o seu poder de atravessar objetos sólidos, ele se lançou através da parede e do corpo de Thalia, ficando sólido a tempo de golpear o demônio com força, lançando-o violentamente para longe, fazendo-o parar caído aos pés de Beleth.
_ Você está bem? _ Gabriel perguntou para Thalia, que estava assustada e sem entender de onde ele havia surgido, mas respondeu afirmativamente com a cabeça. _ Pode ficar tranquila, não vou deixar nada acontecer a você.
A chegada repentina de Gabriel fez com que os demônios se afastassem da batalha, e Uriel e Balthazard se aproximaram dele e da jovem.
_ Meu nome é Gabriel. _ Ele disse com tom firme, vendo que os dois o olhavam curiosos para saber quem ele era. _ Teremos tempo de nos apresentar melhor depois, por hora eu decidi que somos aliados e vou lutar ao lado de vocês, depois vemos como irá ficar. O que acham?
_ Como quiser! _ Uriel disse com um sorriso. _ E obrigado por proteger a Thalia!
_ Me agradeça depois. _ Gabriel disse. _ Vamos resolver essa batalha primeiro.
Os três se alinharam para começar a batalha, e por um instante os demônios apenas os encararam ainda parecendo estar perplexos com a aparição de Gabriel. Beleth parecia pensativo olhando para ele, como se tentasse se lembrar de onde o conhecia.
_ Eu ouvi você dizer que seu nome é Gabriel._ Beleth disse dando um passo à frente dos outros demônios. _ E vi você atravessar a parede e a garota com uma luz azulada em volta do seu corpo.
_ Francamente, eles não me disseram que teriam arcanjos aqui! _ O demônio continuou, após pensar um pouco. _ Acho que mesmo nessa prisão de carne e osso você ainda é poderoso Gavri'el, terei que levar essa luta mais a sério.
_ Você não é o primeiro demônio que parece que me conhece, Beleth! _ Gabriel disse, confiante. _ E nem é o primeiro que eu enfrento em uma batalha. E se eu estou aqui, você já imagina quem venceu, não é?
_ Gostei da confiança, rapaz! _ Beleth soltou uma gargalhada. _ Mas nenhum dos demônios que você enfrentou era eu!
_ Malphas, Halphas, Furcas, Andras, vamos ver quanto de poder eles suportam então! _ Beleth ordenou, e os quatro demônios se colocaram à sua frente, posicionados paralelamente uns aos outros, e estendendo as mãos na direção deles começaram a recitar palavras em uma linguagem estranha, enquanto uma esfera de energia negra surgia no ar no meio deles e crescia à medida em que as palavras eram repetidas.
_ Isso não é nada bom, general! _ Balthazard disse para Uriel. _ É uma concentração de poder demoníaco, eles são demônios de terceira classe e um poder combinado pode ser avassalador!
_ Leve a Thalia daqui e a proteja, Balthazard! _ Uriel ordenou, após trocar um olhar com Gabriel e entender que era o melhor a se fazer. _ Lutaremos melhor, sabendo que ela está em segurança!
_ Sim senhor! _ Balthazard respondeu e imediatamente partiu até a jovem com uma velocidade impressionante, e pegando-a no colo a levou para longe dali.
_ Pelo visto você tem um poder igual ao meu, Gabriel. _ Uriel disse, se aproximando dele. _ Eu senti você se aproximar, mas não me preocupei porque não senti ameaça. Você sabe de onde vem esse nosso poder?
_ Tem outros como nós. _ Gabriel respondeu. _ Mas ainda não sabemos muito sobre isso. A placa que vocês procuram está com meus amigos em um lugar seguro.
_ Vocês destruíram o Abigor, então? _ Uriel perguntou, parecendo surpreso com o que ouviu.
_ Infelizmente ele fugiu! _ Gabriel disse. _ Sem o auxílio da placa não seríamos capazes de vencer!
_ Não sei o que tanto falam rapazes. _ Beleth gritou, chamando a atenção dos dois que olharam na direção dos demônios para verem que a esfera negra agora havia tomado dimensões assustadoras e já praticamente os impedia de ver os quatro demônios. _ Mas vocês acham mesmo que só vocês dois poderão suportar esse ataque?
Olhando um para o outro, os jovens sorriram e ambos elevaram seus espíritos ao mesmo tempo causando um belo contraste entre a luz azul celeste de Gabriel e a luz vermelha de Uriel, e assumindo uma posição defensiva eles apenas esperaram pelo ataque.
Quando a esfera negra dos demônios já possuía o diâmetro da rua, tocando as fachadas das lojas de ambos os lados e também o asfalto, uma grande explosão de poder se originou dela, e se lançou em direção aos dois destruindo tudo em seu caminho consumindo as paredes e vidraças, bem como o asfalto à medida que avançava.
Era como uma onda ou uma avalanche negra, que ia de encontro a eles com força e velocidade impressionantes, e eles apenas esperaram o impacto, e abrindo suas asas bloquearam aquele poder sentindo os calcanhares arrastando pelo asfalto, mostrando que estavam sendo vencidos.
_ Uriel! _ Gabriel gritou. _ Nosso poder parece ser contrário ao deles, como se tivéssemos uma carga positiva e eles uma carga negativa. Vamos tentar elevar as nossas chamas até igualar o poder deles em quantidade. Se eu estiver correto, os poderes irão se anular.
_ Entendido! _ Uriel disse, e imediatamente suas chamas se expandiram e juntamente com as chamas de Gabriel, começaram a envolver a esfera negra que os atacava até que os poderes se dissiparam.
Após a grande esfera negra se dissipar, eles puderam ver todo o estrago que ela causou. Eles tinham sido arrastados por uns dez metros, e tanto o asfalto quanto a fachada das lojas que a onda de poder tocou, tinham sido praticamente desintegradas.
Os jovens tinham usado uma grande quantidade de poder e estavam ofegantes e trêmulos, enquanto os demônios não demonstravam sequer estarem cansados.
A situação era crítica, Beleth que certamente era mais poderoso que os outros quatro, ainda nem tinha entrado na batalha enquanto eles já estavam exaustos. Em uma batalha corpo a corpo, talvez levassem a melhor, mas os demônios estavam dispostos a manter a distância e já se posicionavam para lançar mais um tsunami demoníaco.
_ Será que aguentamos mais uma dessas, Gabriel? _ Uriel perguntou com uma voz ofegante, olhando para ele com uma aparência cansada.
_ Acho que não. _ Gabriel respondeu sinceramente, enquanto via os demônios recitando as palavras e a esfera de poder aumentando de tamanho como da outra vez, mas agora ela parecia crescer mais lentamente. _ Acho que teremos que atacá-los antes que a esfera esteja completa. Eu vi que você é incrível lutando corpo a corpo, e eles não tem tanta agilidade.
Concordando com a cabeça, Uriel avançou e praticamente ao mesmo tempo Gabriel também o fez, mas foram interceptados no meio do caminho por Beleth que agora tinha asas negras pendendo de suas costas e bloqueava a passagem deles.
_ Aonde vão com tanta pressa, rapazes? _ O demônio disse com uma voz monstruosa, seus olhos estavam completamente negros e a expressão de seu rosto já não era mais humana.
Sem responder, os jovens começaram a atacar ao mesmo tempo e o demônio se defendia com maestria e destreza de todos os golpes, enquanto gargalhava.
Aquela sequência de golpes durou longos minutos e eles sequer conseguiram acertá-lo, enquanto o monstro parecia se divertir com a batalha. Era como se Beleth acreditasse que poderia vencer a qualquer momento.
Parecendo lembrar-se de algo, Gabriel segurou o peito de Uriel e o arrastou para longe novamente, vendo que Beleth fez o mesmo e se posicionou atrás dos quatro demônios que não paravam de recitar aquelas palavras enquanto a esfera crescia lentamente.
_ Por que você recuou? _ Uriel perguntou, confuso. _ Eles estão preparando outro ataque daqueles, e você mesmo disse que a nossa melhor chance era a luta direta.
_ Beleth não nos deixará chegar perto dos demônios dele. _ Gabriel disse, agora pegando o outro jovem de surpresa com um diálogo telepático. _ E ele é tão bom em luta corpo a corpo quanto você.
_ Então a estratégia dele é nos fazer gastar nosso poder com a esfera e nos matar na batalha, ou nos cansar na batalha para não conseguirmos nos defender da esfera? _ Uriel questionou também telepaticamente. _ Então de todo jeito nós perdemos?
_ Sim e não! _ Gabriel respondeu. _ Ele está confiante demais na própria estratégia para nos atacar, e a esfera está crescendo bem lentamente. Podemos usar o tempo que temos até completarem a esfera para descansarmos. E se a minha intuição estiver correta, nós teremos poder suficiente para suportar o próximo ataque da esfera e vencer essa batalha.
_ Algo me diz que eu devo confiar na sua intuição, Gabriel. _ Uriel disse, recolhendo as asas e apagando completamente suas chamas, enquanto Gabriel fazia o mesmo. _ Ainda porque ela parece ser a nossa única esperança.
_ Me lembrei dessas chamas vermelhas também general! _ Beleth gritou, e se fez ouvir em bom som mesmo àquela distância que era de uns vinte metros. _ Quem diria que um arcanjo iria liderar as hordas demoníacas!
_ Por que ele está dizendo que somos arcanjos? _ Uriel perguntou, olhando para ele com um olhar desconfiado.
_ Eu também não sei. _ Gabriel respondeu. _ Mas imagino que a placa poderá nos esclarecer tudo.
_ E o porque ele te chamou de general? _ Gabriel perguntou.
_ É uma história longa. _ Uriel respondeu. _ Se a sua intuição estiver correta, e nós sobrevivermos, eu te contarei tudo.
Por um tempo ficaram ali observando a esfera de poder aumentar gradativamente, enquanto escutavam provocações de Beleth. A esfera já estava quase pronta depois de quinze minutos que foram suficientes para se recuperarem ao menos um pouco e enquanto os demônios se prepararam para lança-la, os dois elevaram novamente seus espíritos e abriram suas asas.
Eles viram a explosão novamente, e se prepararam para o impacto enquanto o tsunami demoníaco vinha na direção deles consumindo tudo o que tocava. Desta vez eles projetaram as suas chamas à frente, para diminuir o impacto e viram a grande esfera negra consumir suas chamas aos poucos. Mais uma vez tentaram aumentar as suas chamas para anular o outro poder, mas dessa vez não obtiveram sucesso, e ao invés disso a escuridão começou a envolvê-los.
_ Vocês chegaram bem na hora! _ Gabriel gritou, e deu um sorriso que pegou Uriel de surpresa.
E antes que Uriel pudesse perguntar de quem ele estava falando, duas outras chamas de cores diferentes se juntaram ao poder deles, e a esfera negra começou a recuar. As cores azul celeste, vermelho, violeta e verde se mesclaram como se fossem uma só e começaram a cobrir toda a esfera, enquanto Raguel e Mikael se juntaram a eles.
Tocando a esfera que agora era coberta por um misto de cores, os quatro jovens pareciam conectados em uma mesma frequência e ao comando mental de Gabriel, lançaram a esfera na direção dos demônios que nem puderam reagir tamanha a força e velocidade da mesma.
Ao atingir os cinco demônios, a esfera os envolveu e os consumiu completamente sem lhes dar qualquer chance.
_ Uriel, esses são Raguel e Mikael! _ Gabriel disse, após verificar que não havia mais presença demoníaca. _ E amigos, esse é Uriel, e como puderam ver, ele também tem um poder parecido com o nosso.
Após as apresentações os jovens se reuniram com Balthazard e Thalia, e Uriel explicou que o demônio era seu familiar, portanto poderiam confiar nele. Eles decidiram voltar ao hospital e após explicar para Uriel que eles podiam voar, todos partiam voando para se juntar aos outros, enquanto Balthazard seguiu por terra, sendo que sua ligação com Uriel, lhe permitia encontrá-lo onde quer que estivesse.
_ Gabriel. _ Uriel chamou telepaticamente, enquanto voavam em direção ao hospital, sabendo que com exceção de Thalia, que não tinha poderes e estava sendo carregada por Raguel, todos estavam ouvindo. _ Eu gostaria de saber como você sabia que eles chegariam a tempo.
_ Na verdade eu não sabia. _ Gabriel respondeu divertidamente. _ Mas quando eu percebi que o Beleth só nos atacaria com a esfera dos demônios, eu calculei o tempo aproximado que ela gastaria para ficar pronta, e de acordo com a velocidade que ela nos atacou na primeira vez eu te levei até a distância que precisaríamos estar deles para que ela demorasse para nos atingir o tempo que eles gastariam voando do hospital até lá. E imaginei que eles demorariam um pouco para saírem do hospital, devido ao reencontro de Mikael e Raphael, então trabalhei com uma margem de erro.
_ Imagino que você deve escutar isso o tempo todo, cara! _ Uriel disse visivelmente espantado com o poder de raciocínio dele. _ Mas você é fodidamente brilhante!
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