Playboy.

Rodei a vista pra caralho, quase uma hora depois que eu cheguei e não achei o maluco. Bianca tava suave comendo tudo que via pela frente, mas eu já tava incomodado pra caralho vendo menor de um lado pro outro encarando a gente, sabia que já tava rolando alguma coisa e tava achando vacilo expor a Bianca assim.

Playboy: Bora.- Falei apertando a cintura dela.

Ela me olhou com a boca cheia de farofa do churrasquinho e eu soltei uma risada de lado, puxando ela comigo. Olhei pra trás e já fiquei na atividade, os moleques tavam atrás da gente, tentei disfarçar e fui arrastando ela pra fora, quando a gente saiu da multidão e eu fui pegar meu celular, senti um empurrão na minha mão e meu celular caiu.

Olhei pro meu celular no chão e subi o olhar, o dono do jacarezinho tava na minha frente me encarando e eu olhei serinho pra ele, sentindo a Bianca segurar minha mão e me puxar pra trás, mas eu não me movi.

— Tá procurando o que aqui? - Falou me encarando, os moleques que tavam de olho na gente chegaram cercando a gente e eu neguei.

Playboy: Minha coroa mora aqui, aproveitei pra conhecer o baile.- Falei serinho.

— Tá achando que tá falando com otario, moleque? - Falou alto, vindo pra cima de mim.

Playboy: Faltei com respeito em algum bagulho, menor? Tava na minha, com a minha mulher! Não arrumei b.o com ninguém.- Ele negou e apontou com a cabeça.

— Bora trocar uma ideia.- Passou por mim e eu encarei os moleques que tavam me esperando andar.

Olhei pra Bianca vendo que ela me encarava no puro ódio, tava pronta pra me bater ali na frente de todo mundo. A mão dela tava em cima da barriga e eu desci o olhar pra barriga dela, sabendo que eu tinha vacilado pra caralho.

— A mina tá grávida, chefe.- Um moleque falou e o cara olhou pra trás, Bianca encarou o moleque na mesma cara de ódio que tava me encarando.

O cara voltou pra perto da gente e olhou pra Bianca, a garota tava viajando pra caralho e continuou olhando feio pra todo mundo, e eu já subi a mão pra cintura.

— Não vou fazer porra nenhuma, eu só to mandando vocês subirem.- Falou encarando a Bianca.

Entrei na frente deles dois e esperei o maluco andar, ele começou a subir as escadarias de novo e eu puxei a Bianca, tentei beijar a cabeça dela mas ela se afastou e cruzou os braços, soltando minha mão. Fui andando com eles na atividade, tava cansadão de andar quando a gente parou numa casinha e eu percebi que era a boca de fumo ali.

— Deixa a garota aí com os moleques.- Falou apontando com a cabeça pra mim.

Playboy: Não. Ela vai comigo pra qualquer lugar.- Bianca tossiu, fazendo uns moleques dali soltarem uma risadinha, ele negou com a cabeça e voltou a entrar numa salinha.

— Tu tá ligado quem sou eu né?! Veio aqui pra me matar.- Falou me encarando e fechou a porta.- Fala aí pô, qual os motivos?!

Playboy: Nenhum menor, sei nem o que tu tá falando. Já falei, vim ver minha coroa e subi pro baile.- Encostei na parede.

— Aí filho, tu não botou a cara aqui igual homem? Fala a verdade igual homem, caralho! Tu tá sendo vigiado desde que chegou aqui, tu acha que não perceberam tua intenção?! Tu acha que eu não tô ligado que tu é mandado do Fogueteiro e do Cabeça? Se liga, porra.

Playboy: E tu quer o que?! Quer cobrança, pô? - Apontei e ele negou.

— Quero tu trabalhando pra mim. Quero que tu me entregue a cabeça do Fogueteiro, do mermo jeito que ele ta querendo a minha.

Bianca: Por que? - Olhei de lado e ele olhou pra ela também.- Por que ele quer a sua cabeça?

Playboy: Ou...- Falei encarando ela, Bianca desviou o olhar encostando em mim e negou.

Bianca: Desculpa.- Falou baixo.

— Fogueteiro sempre quis tomar o comando do jacarezinho, já matou a minha prima que eu considerava irmã. Já mandou vários menorzinho atrás de mim, mas não teve coragem de botar a cara atrás de mim.

Playboy: E se eu não quiser fazer esse bagulho pra tu? - Dei os ombros.

— Aí tu vai embora sem nenhuma pô, mas se qualquer menor meu te ver por perto, ou tu pisar aqui, eu estouro tua cabeça e mando de presente.- Apontou da Bianca.

Playboy: Tu quer que eu acredite que tu vai me deixar sair daqui tranquilo? - Falei debochando e ele deu os ombros.

— Se eu quisesse fazer algum bagulho contigo, tinha feito desde o começo. Papo de homem, pega a visão.- Fiquei calado encarando ele.- Te dou cinquenta mil se tu me entregar a cabeça dele, te dou proteção e patrocínio pro teu moleque...

Olhei pra Bianca que me olhou e eu neguei com a cabeça, sabendo nem o que pensar disso!

Playboy: E o Cabeça? Tu quer que eu faça o que com ele? - O maluco deu os ombros.

— Quero o Fogueteiro, outros papos é contigo.

Olhei pra Bianca que encarava tudo calada, eu passei o olhar pela barriga dela, sabia que se eu agisse contra o Fogueteiro, pode ser que lá na frente eu tivesse fudido, mas a grana que o maluco tava oferecendo era da hora, muito mais que o Fogueteiro pensou e eu ainda ia ter uma garantia pro meu filho.

E papo, eu tava nesse mundão hoje em dia por causa da Bianca, tudo que eu pudesse fazer de melhor pra ela, ia fazer. No momento, o melhor bagulho é pensar numa garantia dela e do meu filho, apenas isso! Eu não confiava nesse cara totalmente, mas só pelo fato do maluco não ter me matado, ou feito algum maldade mermo sabendo que eu vim aqui atrás dele, me deixa mais suave.

Playboy: Qual teu vulgo? - Apontei com a cabeça.

— Jacaré.- Bianca soltou uma risada e ele olhou pra ela.- Hã qual foi?

Bianca: Adorei a ligação entre o morro e você, fiel demais aos nomes.- Falou soltando uma risada e deitou a cabeça no meu ombro.

Encarei o homem que soltou uma risada negando com a cabeça e eu olhei pra mão dele, tinha alcançava ali que brilhava igual o sol.

Playboy: Eu vou fazer tua missão. Mas preciso de um tempo aí, tenho que me ligar nos meus passos. Fogueteiro não é muito maneiro pro meu lado, tenho que ir no sapatinho.

Jacaré: O prazo que eu te dou é até o final do ano, fora isso, tá contigo o bagulho.- A gente ainda tava em março, tinha tempo pra caralho.- Amanhã cola aqui com tua dona, os moleques vão com vocês atrás de uma goma aqui.

Bianca: Por que? - Ele negou com a cabeça.

Jacaré: Quer ficar no alemão depois de matar o chefe de lá?! - Bianca deu os ombros e o cara abriu a gaveta, eu passei o braço pela cintura da Bianca e beijei a cabeça dela, vendo ele tirar um bolo de nota.- Pega aí pô, um incentivo.

Encarei o dinheiro em cima da mesa e me estiquei pra pegar, ele esticou a mão pra mim e eu apertei, colocando o dinheiro no bolso. Bianca deu tchau pra ele e eu saí da sala vendo geral olhando pra gente, fui subindo pra pegar minha moto enquanto eu marolava em altos bagulhos.

Bianca: Você sabe que pra matar o fogueteiro, ou leva o Cabeça junto, ou é nada, né?! - Falou parando de andar.- O jacaré parece ser da hora, mas não confio.

Playboy: O papo é que ele podia ter feito qualquer bagulho com a gente, ele sabia das minhas intenções aqui. O cara me ofereceu dinheiro pra caralho, não confio também pô, mas vou arriscar. Ele nem conhece minha história e ofereceu papo de o triplo que o Fogueteiro quis me dar.

Bianca: E você vai unir o fato de não gostar do fogueteiro ao agradável.- Soltou um sorriso fraco.

Playboy: E vou te dar uma vida de princesa.- Pisquei pra ela.

Bianca sorriu fraco beijando minha bochecha e me abraçou, arrastei ela pra moto e saí dali, mas antes fui lanchar algum bagulho com ela. Eu tava desconfiando de tudo, mas tava preparando a mente pra qualquer bagulho que acontecesse.