08 - Primeira guerra (I)
O que parecia ser o desfecho da história estarreceu Daniel, o garoto estava inconformado e questiona:
— Esse foi o seu fim?
— Eu tinha aceitado meu destino ali, mas a história escreveu-se diferente, aquele não foi meu fim. — Zaki desviou o olhar, relutou em falar, mesmo se contrariando prosseguiu. — Quando eu acordei estava acorrentado, juntos de vários escravos, logo verifiquei e sim meu sonho ainda era meu, o cristal não tinha sido encontrado e estava em minhas vestes, durante a viagem fui constantemente afrontado, um escravizador disse que eu não tinha mais o direito de decidir sobre a minha vida a partir daquele momento. A viagem foi longa as condições foram cruéis, mas consegui chegar vivo ao destino final daquela viagem, e foi assim que eu vim parar aqui.
Respondendo a um dos principais questionamentos de Daniel, a resposta de como Zaki veio ao Brasil deixou o garoto frustrado, não era bem a grande aventura que ele esperava, Zaki estava resguardado tentava conter seus sentimentos, mas era impossível manter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, amargurado relata sua chegada:
— Assim que desembarquei do navio negreiro, já era tratado como uma ferramenta qualquer de trabalho, sempre cedendo aos caprichos dos escravizadores. Fui vendido a um fazendeiro, para trabalhar em canaviais, aquela vida não era nada do que eu sonhava par mim.
Daniel conseguia sentir toda a dor de Zaki naquele momento, a conexão entre eles torna-se consistente, o garoto consegue sentir todos os abusos pelos quais Zaki havia passado isso entristece Daniel, então Zaki torna a relatar:
— Todas as noites na senzala eu olhava para o que restava do meu sonho, o cristal havia me levado até aqueles confins, eu nem sentia mais o desejo de posse daquela joia, mas continuava guardando como uma lembrança de tudo que eu imaginei para minha vida, não conseguia abandonar aquelas memórias, numa dessas noites eu observava o cristal e viajava nas minhas memórias, pela carcerária da senzala visava o eclipse lunar, nada de especial apenas mais uma noite da minha vida que eu gostaria de esquecer, mas eu não pude desmemória um acontecimento que me marcou, aos poucos o cristal foi se desfazendo em minhas mãos diante dos meus olhos, formando uma luz azulada cristalina que ficou rodeando meu corpo por alguns segundos, impressionado com aquele fenômeno estranho fique extasiado. Quando volto à consciência, não há paradeiro do cristal, e a mim resta o sentimento de perda, então me entrego àquela vida miserável.
Aquela experiência para Daniel era como um compartilhamento de memórias e sentimentos, que sincronizavam entre ele e Zaki, essa transmissão continua:
— Para mim tudo se resumia a trabalho, passei alguns dias sem pronunciar nem uma palavra se quer nada me cativava. Num fim de tarde quando voltava do canavial, me deparei com o que parecia ser uma assombração, Taú estava na minha frente, arregalei os olhos e passei as mãos limpando a visão várias vezes para ter certeza de não estar enxergando errado, quando Taú falou que havia me seguido até ali atrás do tesouro dele, logo expliquei que havia o deixado na gruta em que nos os encontramos, Taú confirmou que o achou, mas sugeriu que eu tinha o enganado colocando um cristal falso, pois o mesmo havia se desfeito diante de seus olhos, contei que ocorreu o mesmo comigo. Taú estava com uma faca de caça nas mãos, com o gume prateado altamente afiada, enraivecido ele gritava, que eu havia o enganado. Explicou que tinha negociado o cristal com um mercador, e finalmente poderia realizar seu sonho de sair daquela tribo, estava pronto para partir pelo mundo, mas com o sumiço do cristal a negociação foi anulada, em seguida lincharam-no como um mentiroso, depois desse episódio traumático, Taú ficou sozinho, não aguentando a solidão se juntou aos caçadores de escravos e realizou essa função por um longo tempo, escravizar seu povo foi muito difícil para ele, disse ter conseguido fazer isso com o objetivo de algum dia concretizar sua vingança contra quem o levou até aquela situação, afirmava que esse dia finalmente havia chegou.
Tentando compreender tal raciocínio, Daniel interrompe questionando a respeito das palavras de Taú:
— Ele o culpava? Isso não tem lógica!
— Realmente, ele estava totalmente cego por vingança. — Depois de discutir o comentário, Zaki prosseguiu. — Eu não tive reação aquelas palavras me destruíram, só imaginava que uma jornada atrás de um sonho acabou destruindo nossas vidas, e me questionava se ainda tinha algo que valia a pena na vida, Taú e eu estávamos calados, uma brisa fria me causou um calafrio, então Taú caminhou na minha direção, quando levanto à cabeça a faca já estava em meu peito, mesmo com o movimento para trás que eu executei aquilo me tirou sangue. Levantei as mãos para demonstrar rendição, mas não adiantou Taú sequenciou vários golpes com a arma afiada em minha direção, com muito esforço eu tentei desviar sem grande sucesso, pois sofri alguns cortes, esperando uma brecha segurei o braço que Taú usava a faca, sob relutância a arma caiu, então partimos para um combate corporal. Tau fazia movimentos ritmados com as pernas, ele relembrou a nossa luta anterior e insinuou que eu não era capaz de vencê-lo, isso me deixou furioso parti para golpeá-lo com um chute de média altura, estava descrente no sucesso daquele movimento, por mais incrível que parecesse o golpe encaixou atingindo o tronco de Táu, até perceber que era uma armadilha, habilmente minha perna foi agarrada, observando o campo em volta Taú me lançou pela perna, com a queda bati a cabeça e as costas deixando a minha recuperação lenta, me lançou naquela direção com um propósito, buscava a recuperação de sua arma, antes que eu me levantasse Táu já estava com a ela na mão e a fincou no meu abdômen, me encarou com ódio aquele olhar não refletia em nada o grande amigo que um dia ele tinha sido, isso me entristeceu, vi meu sangue derramar e escorrer, para acelerar minha morte, Táu me apunhalou várias vezes seguidas; e isso foi até onde o meu sonho me levou a morte.
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