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PRIVILÉGIOS

Ferdinand tem uma expressão pouco amigável quando chego no andar da reunião. Meu coração ainda bate descompassado pela corrida até aqui, por ter sido imprudente o bastante de quase ser atropelado e pelo meu encontro repentino com Marjorie. Ainda estou processando esse último, perguntando-me que tipo de pegadinha o Universo está me pregando. Sinceramente, uma vida convivendo tão perto dela e é dessa maneira que a mulher finalmente repara na minha existência?

Tudo bem, não estou reclamando. O episódio me deu uma oportunidade de falar com ela, de me apresentar, de até pagar um café para ela. Se eu não estivesse tão malditamente atrasado para essa reunião com certeza teria prolongado nossa conversa, até contado que já a conheço porque trabalho com o pai dela. Mas não vou me preocupar com isso no momento. É só questão de tempo até que me veja de novo e me reconheça. Talvez haja uma chance.

— Está atrasado, Adrien — Ferdinand me adverte, trazendo-me para o mundo real.

Por um segundo, sinto toda a oportunidade de uma vida escapar pelos meus dedos, por causa de uma imprudência idiota. Nota mental: se eu não fracassar hoje e se Chevalier não desistir de mim, devo sair de casa sempre com duas horas de antecedência para evitar esse tipo de coisa.

Désolé — me desculpo. — Eu saí no horário, mas peguei um trânsito horrível que me atrasou por completo. Não vai voltar acontecer — garanto.

O homem maneia a cabeça em positivo, sua expressão mais suavizada agora. Só então reparo que, ao seu lado, Adam faz companhia. Ele me olha com seu ar de superioridade e descontentamento, balançando a cabeça de um lado a outro.

— Tudo bem. Para sua sorte, o voo de Juan também atrasou. Ele chega em dez minutos. Vá se preparar, você está horrível.

Olho para mim mesmo, notando meu blazer amassado, e busco pelo meu reflexo no vidro de uma das salas logo ali ao lado. Meu cabelo está bagunçado e meu rosto está meio sujo, talvez por causa da minha queda vergonhosa minutos atrás.

Peço licença e me retiro, caminhando rapidamente até o banheiro masculino. Deixo o tubo telescópio sobre a bancada da pia, retiro o paletó, arregaço as mangas da camisa e lavo as mãos antes de jogar um pouco de água no rosto e umedecer os cabelos, o que facilita penteá-los com meus dedos. Encaro meu reflexo no espelho e inspiro fundo, expirando lentamente. Ajusto a roupa no corpo e bato o pó das calças. Dou um passo atrás, tentando me avaliar de corpo inteiro.

— Não sei como você espera conseguir uma promoção sem um pingo de comprometimento, Bourdieu — Adam diz, surgindo no banheiro.

Ele me olha através do espelho e se aproxima, mostrando um sorriso pouco amigável e bastante falso. Sinceramente, não sei porque essa maldita necessidade dele em me desprezar. Nunca fui um concorrente à altura. Sempre fui apenas a droga do motorista. Ao contrário dele que trabalha na sua área de formação desde sempre. Esse privilegiado metido a besta, que nunca deve ter passado um perrengue na vida, conseguiu uma vaga na Chevalier Arch. porque seu papaizinho é muito amigo de Ferdinand, além de ter sido, até cinco anos atrás, um dos sócios da empresa.

— Imprevistos acontecem — justifico, me aproximando da pia e lavando minha mão pela segunda vez. — Como eu disse, saí com antecedência, mas o transporte público não colaborou.

O homem fica ao meu lado e também abre a torneira, molhando as mãos.

— Então agora você sabe como é andar de transporte público — debocha, e sei a que se refere.

Não tenho minha própria condução, mas Ferdinand sempre permitiu que eu ficasse com um dos seus carros porque nunca tem hora ou dia para precisar de mim. É claro que, por conta disso, nunca fiz o trajeto até o trabalho de condução pública e, admito, já usei o veículo para assuntos pessoais, o que nunca foi um problema para ele, uma vez que o próprio Ferdinand me disse que poderia usar quando precisasse.

— Qual é o seu problema comigo, afinal? — pergunto, cansado desse tipo de desdém dele.

Adam se vira para mim, cruzando os braços na frente do tórax, empinando o nariz.

— O meu problema é você ter tantos privilégios com o patrão quando tem gente dentro dessa empresa, em funções de muito mais responsabilidade, que não ganha o que você ganha, nem recebe tanta bonificação. Me perdoe se acho injusto o motorista receber mais do que a maioria dos arquitetos profissionais da minha equipe.

Balanço a cabeça em negativo, não querendo dar continuidade a essa conversa sem fundamento.

— Não tem que reclamar isso comigo, Adam. Se Ferdinand me dá tantos privilégios, vá reclamar com ele, mas não jogue toda essa sua raiva sobre mim.

— Não vale meu tempo, Adrien. Você é só mesmo o motorista.

Odeio como ele me despreza dessa maneira.

— O motorista que tem a merda de um título de doutor, coisa que ninguém da sua equipe têm, inclusive você — rebato, passando por ele e puxando alguns papéis-toalhas para secar a mão.

Ele parece atingido por um segundo. Não é uma coisa que gosto de me gabar. Eu não me sinto superior a ninguém porque tenho mais estudo, mas se ele pode desvalorizar o meu trabalho, posso esfregar na sua cara o título que conquistei com muito suor.

— Não precisava de um doutorado para passar marcha, Bourdieu — rebate.

— Escuta aqui, Adam — digo, já perdendo a paciência, apontando um dedo na sua cara —, não me desmereça dessa maneira. Você pode achar que sou cheio de privilégios com Ferdinand, mas não sou. Sou a droga de um funcionário como qualquer um aqui dentro, com conta para pagar e cartão para bater.

— Ah, claro, porque todos os funcionários dessa empresa ganharam um apartamento do patrão.

Pour l'amour de Dieu! — protesto. — Se você tivesse se atentado mais ao meu holerite quando foi bisbilhotar o meu salário, saberia que ele desconta um valor bastante considerável para pagar aquele apartamento.

Adam pisca duas vezes, de repente quieto demais, os braços ainda cruzados na frente do tórax.

— Você acredita mesmo que Ferdinand fica com aquele dinheiro? — indaga, e o seu tom de voz me deixa meio confuso.

A sua postura arrogante foi embora e no lugar ficou um Adam que está de fato surpreso com a informação que dei.

— Do que está falando? — retruco, ainda mais confuso que ele.

Adam move a mão no ar.

— Esqueça — diz e já está se retirando muito rapidamente. Eu o impeço, segurando-o pelos punhos. O homem reage de uma maneira completamente exagerada, dando um pulo para o lado, como se eu tivesse o eletrocutado, e praticamente grita: — Não toca em mim!

Ergo as mãos, assustado com sua reação.

Pardon — peço. — Só me diz que história é essa de Ferdinand não ficar com o dinheiro que desconta do meu salário.

Adam engole em seco e inspira fundo.

— Olha, não comenta nada com ele, está bem? Ou Ferdinand vai comer meu fígado, comigo vivo. — Abano a cabeça em positivo, concordando. — Eu descobri um tempo atrás, mas achei que você soubesse e que o desconto no seu holerite era mera formalidade.

— Fala de uma vez — apresso-o.

— Esse dinheiro vai para um fundo fiduciário no seu nome. Está todo lá. Desde a primeira parcela que ele descontou.

Pisco um par de vezes, assimilando o que Adam acabou de me dizer. Por que raios Ferdinand criaria um fundo fiduciário para mim? Não faz sentido algum. Estou para abrir a boca e pedir que ele me explique melhor essa história quando um bater na porta me interrompe. Chevalier surge entre a porta e o batente, nos apressando. Juan já chegou.

Adam atende o chamado do patrão prontamente e se retira. Afasto os pensamentos da cabeça, pego meu tubo telescópio e vou para a sala de reuniões. A equipe já está toda aqui, acomodada em torno da mesa de vidro, Ferdinand numa ponta, o cliente na outra. Plessis prepara o projetor enquanto uma assistente entrega a Gonzalez o esboço do projeto da equipe impresso em sulfite. Eu me acomodo em uma das cadeiras e me sirvo com um pouco de água disponibilizada sobre a mesa. Inspiro fundo e tento manter a calma.

A reunião começa com Adam liderando. No projetor, exibe o conceito criado em imagens 3D e animadas. Ele vai explicando, mostrando, listando os pontos positivos do projeto criado pela sua equipe. Depois, ele mostra a planta do hotel e das suas diversas áreas, tudo feito digitalmente. Para o conceito, utilizei os programas nos computadores da empresa para criar, mas a planta preferi fazer a mão, porque é algo que realmente gosto.

Me concentro na minha própria apresentação e tento não pensar que o que eu criei está um desastre.

Enrolo meu esboço novamente, depois da minha apresentação. Não foi tão desastroso quanto pensei que seria. Juan ainda não fez uma escolha, pediu alguns dias para tomar uma decisão de qual projeto é o mais ideal para a sua rede de hotéis. Não vou dizer que não estou ansioso, porque estou. Ferdinand me disse que só ganho essa promoção se Juan escolher a minha ideia.

— Garoto — Chevalier me chama quando estou guardando o desenho no tubo telescópio. Ergo os olhos na sua direção e abro um sorriso pequeno. — Fez uma boa apresentação. Boa sorte — diz.

Merci — agradeço. — Vai precisar de mim para alguma coisa?

— Vim aqui exatamente te dizer para tirar o restante do dia de folga. Amanhã você volta até termos uma resposta de Juan. Tudo bem?

Assinto e ajusto a alça no ombro. Despeço-me dele e caminho para fora do prédio. Tomo um ônibus até a casa dos Chevalier porque quero ver minha mãe. Faço a viagem com meus pensamentos entre o momento com Marjorie e a reunião com Juan. Quando chego, minha mãe está na lavanderia, terminando de instruir uma funcionária, que me parece nova, sobre o modo correto de passar uma fronha de travesseiro. Ela me vê e sorri, vindo até mim e me recebendo com um abraço.

— Como foi? — indaga, me levando para fora da lavanderia.

— Ainda não tivemos uma resposta do Juan — informo.

Caminhamos até a dependência onde mamãe mora, ela me encaminhando até a cozinha. Me sento em torno da mesa enquanto deixo o tubo telescópio sobre o tampo, e Madeline diz que vai preparar um café.

— Tenho certeza que você vai conseguir essa promoção, chéri — fala, toda confiante, colocando uma água para esquentar.

Minha mãe não para um segundo. Enquanto conversa comigo, dizendo que confia que fiz um ótimo trabalho com o projeto de Gonzalez, espera a água ferver e lava um pouco de louça na pia. Percebo que ela está com um pouco de dificuldade para escoar a água, então me prontifico para dar uma olhada.

— Já tem uns dias que está entupida.

— Deveria ter me avisado — repreendo-a, suavemente, tirando o paletó e arregaçando as mangas.

— Você estava concentrado no seu projeto, Adrien. Não quis tirar o seu foco.

Balanço a cabeça em negativo e corro pegar algumas ferramentas. Enquanto faço a manutenção do encanamento, minha mãe passa o café e prepara alguns crepes. Ela conta algumas coisas, fala de uma visita que fez a Julie esses dias e de como Valentin parece que cresceu muito desde a última vez que o viu.

— Mãe — chamo-a, conseguindo tirar todo o encanamento para desobstrui-lo. — Você sabia que o seu Ferdinand criou um fundo fiduciário no meu nome? — pergunto, direcionando um olhar rápido para ela.

Na mesa, terminando de rosquear a garrafa térmica, ela para por um instante o que está fazendo. Então termina o que começou e, sem me responder nada por alguns segundos, apenas começa a ajeitar tudo para comermos.

— Você sabia — digo, com um suspiro. Por que ela tinha conhecimento disso e nunca me disse nada?

Oui, chéri.

Fico magoado. Minha mãe o tempo todo sabia disso e nunca me contou. Termino de consertar a pia, em silêncio, remoendo minhas mágoas. As únicas coisas que escondi de Madeline foram os sites pornográficos que acessei na minha adolescência. De resto, sempre contei tudo para ela. O primeiro beijo, a primeira transa, a primeira paixão, minhas notas baixas na escola, a vez em que quebrei um dos seus vasos favoritos, ou quando queimei a televisão porque estava trovejando e não atendi seus conselhos. Até assuntos que para outros garotos os deixariam envergonhados, eu confidenciei com ela. Por que então me escondeu algo assim?

— Foi ele quem pediu, Adrien — diz, apoiando uma mão no meu ombro enquanto lavo minhas mãos. — Ferdinand não queria que você soubesse desse fundo.

Viro-me na sua direção, encostando o quadril na borda da pia.

— Por quê?

— Porque você ia negar o dinheiro, o apartamento de presente, a ajuda que estava te dando.

Movo a cabeça em positivo. Eu ia mesmo. Não porque sou mal-agradecido, mas porque queria evitar exatamente comentários como o de Adam hoje mais cedo. Não quero ser visto como o funcionário queridinho que tem privilégios com o patrão.

— Por que ele me ajuda assim? — indago. Suspiro e deslizo até a mesa, sentando-me de novo e me servindo com um pouco de café.

— Porque Ferdinand te considera muito, querido. Você mora aqui desde os treze anos. É natural que tenha criado um vínculo com você.

Penso em discordar, mas não o faço. Chevalier sempre manteve um limite bem delimitado entre nós. Eu sei que ele e minha mãe são bons amigos desde muito antes de eu nascer e chegaram a trabalhar juntos em outra ocasião, mas a linha patrão-empregado sempre existiu e sempre foi respeitada. Comigo, não houve exceção. Ferdinand me concede esses pequenos privilégios, mas não me trata como se eu realmente fosse da família, alguém por quem estima muito. Em datas comemorativas, ele vinha, trazia alguma lembrança, desejava que passássemos bem aquele momento, e voltava para sua casa, sua esposa e sua filha. Então, acredito que essa história de criar vínculo comigo para justificar isso que está fazendo por mim é só pretexto. Nunca houve de fato um vínculo forte ou profundo entre nós dois.

— Como você soube? — Madeline quer saber.

Me recordo das palavras de Adam. Apesar de merecer uma bronca, não vou deixar isso acontecer. Não vou dedurá-lo.

— Por acaso — respondo, evasivo.

Mama apenas sorri e se senta ao meu lado, também se servindo com café e crepe. Mudamos de assunto, minha mãe contando sobre um pretendente que conheceu por esses dias. Fico feliz por ela, embora ligeiramente enciumado, mas a ouço contar sobre esse homem. Quero comentar sobre Marjorie e o que aconteceu mais cedo, mas ela está tão feliz falando desse sujeito que decido não estragar o momento.

— Julie, acorda! — sussurro, agachado de frente para a cama dela. O relógio do criado-mudo marca uma da manhã.

Vim para cuidar de Valentin para que ela e o marido saíssem para jantar e se divertir um pouco. Eles chegaram tem pouco mais de uma hora, e como estava bastante tarde, fiquei para dormir no sofá. A apresentação mais cedo, depois minha visita a mãe e posteriormente os cuidados com meu priminho não permitiram que eu conferisse minhas redes sociais. Quando consegui fazê-lo, exatamente um minuto atrás, eu vi. E foi quando me lembrei, também, que não tinha falado com Juliette sobre hoje mais cedo.

— O que aconteceu? — ela pergunta, coçando os olhos e se ajeitando na cama.

— Chega pra lá — sussurro.

Ela olha para o lado, onde Pierre dorme, cutuca-o e murmura alguma coisa. O marido reclama um pouco, mas se afasta para que ela possa fazer o mesmo e abrir espaço para eu me deitar na cama.

— Isso me lembra Grey's Anatomy — brinca, enquanto me acomodo ao seu lado.

Rio um pouco, precisando concordar. Finalmente acomodado, mostro a tela do celular para ela. Julie fecha os olhos com força, por causa da luz excessiva da tela. Me apresso para baixar o brilho e torno a mostrar. Leva dois ou três segundos para ver a solicitação de amizade de Marjorie.

— É mesmo o perfil dela? — pergunta, levemente animada.

— Acredito que sim — respondo.

— Por que ainda não aceitou, seu tapado?

Ponho a mão na boca, evitando uma risada maior.

— Vim te mostrar pra saber se não sou eu delirando.

— Aceita logo e me conte a história por trás disso daí.

Inspiro fundo e clico em confirmer. Só então conto tudo sobre o que aconteceu hoje à tarde.

— E você aí o tempo todo com medo de chegar nela.

Reviro os olhos porque cansei de dizer que não era medo, e sim falta de oportunidade. Só que esse súbito interesse de Marjorie em mim traz outra questão que não pensei até agora. Não é a primeira vez que ela me vê. Cansei de levá-la para cima e para baixo quando Ferdinand precisava. Um tempo atrás, inclusive, nós conversamos. Mesmo com o esbarrão de hoje, ela pareceu não se lembrar de mim, ou me reconhecer. Eu sei que, provavelmente, na próxima vez que a vir, vai se recordar de que salvou minha vida. E será nesse momento, também, que a garota vai saber que trabalho com o pai dela. Não sei o quanto ter conhecimento desse fato pode realmente interferir no seu interesse por mim.

— Estou feliz por você — Julie murmura diante meu silêncio. — Isso é um sinal de que você ainda vai conquistar o coração daquela mulher.

Abro um sorriso pequeno e beijo sua testa, escolhendo não falar sobre minha insegurança idiota sobre Marjorie.

— Queria te contar a novidade. Agora vou deixar você dormir — sussurro, saindo do seu lado.

— Não deixa essa oportunidade escapar, Adrien — diz, quando já estou alcançando a porta.

Aceno em positivo.

— Pode deixar.

Na sala, acomodado no sofá, vasculho o perfil dela, vendo as fotos, as publicações, compartilhamentos. Ela postou uma foto recentemente. Uma mala e o passaporte, com a legenda "Última parada: Milão". Curto a foto e deixo um sorriso nascer em mim. Não é a primeira vez que acesso as mídias dela, mas é a primeira vez que faço isso sem que eu seja um completo estranho para Marjorie.

Talvez Juliette esteja certa. Talvez seja mesmo um sinal de que posso conquistar aquela garota. 

Olá, xuxus, como vocês estão? Espero que tenham gostado do capítulo de hoje. <3

Não se esqueçam de deixa estrelinhas, caso estejam curtindo a história, e comentar. 

Beijos no core e até semana que vem! :*

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