4º verso
- eu fui tão descuidado por não conferir onde eles estariam essa semana. - resmungou para Seungmin pelo celular.
- até que enfim isso aconteceu. - Changbin fez uma careta. - me pergunto até quando você ficaria se escondendo deles como um gatinho assustado.
- até quando pudesse.
- sério, você é idiota.
- pensei que você fosse me ajudar.
- e eu estou? - Changbin riu sem humor. - olha bin, o que você pode fazer agora é agir como um adulto que você é e conversar com eles. Deixar tudo em panos limpos e esclarecer seus motivos. Se eles quiserem acreditar, isso só depende deles. - Changbin bufou, bagunçado o cabelo. - onde você tá?
- esperando senhor jaebeom pra entregar a chave da loja.
- é pra ir direto para casa, entendeu? Eu sei que você quer fugir disso.
- e como eu quero.
- aja como um adulto pelo menos uma vez na vida, seu velhote.
- eu vou desligar na sua cara. - resmungou.
- e eu vou bater na sua se você fugir dessa conversa.
O Seo viu de longe seu chefe vindo, avisou que iria mesmo desligar dessa vez ao Kim e guardou o celular no bolso da jaqueta, andando apressadamente até o Lim, entregou a chave ao homem e o dinheiro que acumulou no dia.
Saiu do shopping e olhou ao redor. Seria uma boa ideia ir pelo caminho mais longo? Pensou, mas desistiu ao lembrar das palavras do seu amigo. Sabia da capacidade do Kim e não duvidaria que poderia ganhar umas boas tapas do mais novo se não enfrentasse aquilo. Na verdade, Changbin estava agarrado ao um pequeno fio de esperança que os dois perdessem o papel ou que não fossem mesmo atrás dele.
Se encolheu dentro da jaqueta e caminhou até o ponto de ônibus mais próximo.
(...)
Chegou em casa depois de algumas horas, a viagem do shopping até sua residência era longa e demorada, nunca tinha ficado tão feliz em demorar para chegar até seu apartamento.
Adentrou ao prédio cumprimentando o porteiro e subiu pelas escadas, uma vez que o elevador estava novamente quebrado. Nem lembrava da última vez que tinha entrado naquele troço e ele estava realmente funcionando. Chegou em seu andar e entrou no apartamento, acedendo as luzes do cômodo, deixou seus sapatos perto do tapete da porta, tirando a jaqueta quando se sentou no sofá, olhando ao redor enquanto se perguntado o que faria naquela noite.
Quando se levantou para ir no quarto pegar a toalha para tomar um banho, o interfone tocou. Meio desconfiado ele foi atender, pois não recebia visitas e seus únicos amigos moravam ao lado.
- dois homens estão aqui querendo vê-lo, posso deixá-los subir? - ah, ele tinha esquecido daquele detalhe.
Permitiu a entrada deles e correu até o quarto para se trocar. Na verdade, Changbin queria tomar um banho, mas não dava tempo, então apenas tirou a camisa se atrapalhando todo, vestiu outra de cor vinho e tirou as calças e colocou uma bermuda folgadinha. Calçou os chinelos e voltou para sala arrumamos o cabelo enquanto a campainha foi tocada três vezes.
Fechou os olhos ao respirar fundo, e abriu a porta dando de cara com Jisung e Christopher, ambos lado a lado.
Changbin nunca se sentiu tão pequenos perante os olhos de alguém.
Não disse nada, apenas deu espaço para eles entrarem.
O moreno foi para sala sem saber o que fazer. Deveria oferecer uma água? Um café? Não, melhor deixar o café para lá, não sabia fazer café. Como deveria agir? Ele estava tão fora de si que nem lembrava que precisava respirar para viver.
Tentou se acalmar para não ter uma crise ali mesmo.
- fiquem à vontade. - tentou soar normal, apontando na direção do sofá para que os visitantes pudessem se acomodar.
Chan puxou Jisung para se sentar, já que o garoto não parava de olhar para Changbin. O Seo engoliu seco e se sentou na poltrona ao lado. Não sabia como iniciar aquela conversa.
- olha Changbin, espero que você possa nos dizer do por que ter sumido sem deixar nada esclarecido. - chan foi quem disse.
- vou dizer tudo. - abaixou a cabeça.
O silêncio voltou por alguns instantes, até Changbin erguer o rosto e limpar a garganta.
- vai parecer egoísmo meu, e eu tenho certeza que vocês vão achar isso também. - encarou os outros dois rapazes que estavam sentados ao seu lado. - eu fui trainee da YG por longos anos e foram os piores que já tive, mesmo depois de debutar eu ainda era a ovelha negra da empresa. Eu era quem mais os professores pegavam no pé, eu era quem mais recebia críticas, já que eles não achavam meu modo de fazer rap apropriado e nem bom ao nível da empresa. - deixou seu olhar vagar por alguma instantes antes de voltar a encarar Jisung e chan de modo rígido. - minha saúde mental estava gasta por tudo que já passei naquele lugar além da minha ficha estar suja lá. Porque digamos que eu nunca fui de cumprir as regras da empresa e também nunca liguei em ter me policiar no que falava.
Changbin ficou meio bobão ao ver o sorriso contido de Jisung. Talvez ele estivesse lembrando de algo que já tinham vivido.
- bem antes de vocês tirem entrado na minha vida eu quis abandonar a empresa. Eu estava exausto daquele vida. Eu não queria mais aquilo pra mim.
- por que não contou pra gente que estava sofrendo dentro daquele inferno? - chan questionou, ajeitando sua postura ao encarar o baixinho.
Changbin ficou quieto.
- a gente sempre estava disposto a te ajudar, Changbin. Você sabia disso, mas mesmo assim você sumiu, nós deixou para trás. Tem noção do quanto aquilo machucou a gente? Tem noção do quanto ficamos preocupados com você? Eu pensei em mil possibilidades de você ter ido embora por conta de algo que eu fiz. - Jisung tinha lágrimas persistentes nos olhos, ele mordeu o lábios quando encarou o Seo. - eu me culpei pelo seu sumiço quando fui mandado para Malásia. Lá eu não conseguia parar de pensar em você. Na gente. Em nós três. - fungou. - já imaginou de como seria diferente se você não tivesse agido assim e deixado que a gente cuidasse de você? Em como a gente poderia ter te ajudado? Eu estava disposto de arriscar tudo por você e pelo Chan! - passou as mãos nos olhos.
O coração de Changbin quebrou em mil pedaços. Ele já tinha imaginado como seria se ele tivesse ficado e enfrentado tudo junto a eles, mas foi nessas imaginações que ele percebeu o quanto era uma pedra no sapato dos dois. Changbin tinha muitos problemas, e preferia guardar tudo para ele. Ele aguentaria. Ele sempre aguentou tudo sozinho, não conseguia mudar isso. Esse era ele.
- me desculpem. - disse baixo, encarando as mãos sobre seu colo que tremiam.
- você nunca nos disse nada, sempre dizia que estava bem mesmo quando não parecia. - chan foi quem se pronunciou naquele momento. Tinha mágoa em sua voz e aquilo só deixava Changbin pior do que já estava.
Chan parecia que queria falar algo, mas estava preso em sua garganta, então apenas abraçou o han pelos ombros, o confortando.
- me desculpem. - Changbin deixou pequenas gotículas de lágrimas descerem por seus olhos pequenos. - me desculpem mesmo, de verdade. - fungou, tentando parar de chorar. - eu não queria deixar vocês para trás, eu não queria. Mas eu estava tão cansado e exausto de tudo que não vi que aquilo podia machucar tanto vocês. Me perdoem. - se deixou levar pelo choro que o atingiu com força.
Chorava sem se importa se parecia fraco, porque ele era mesmo um fraco.
Se sentia patético.
Eles apenas ouviram o choro baixo de Changbin, que tremia pela intensidade das lágrimas. Chan e Jisung não sabia o que fazer, estavam tão confusos e profundamente tristes com tudo aquilo. Não era uma ferida fácil de curar, não era algo que passaria com o tempo. O sentimento que eles três tinham era algo inexplicável, às vezes até confuso para eles mesmo.
- vão embora, por favor. - Changbin ergueu o rosto.
- mas Changbin! - Jisung exclamou. Ele podia estar muito magoado ainda com tudo que tinha acontecido, mas ainda amava Changbin. Num nível absurdo e às vezes assustador.
- vocês queriam a verdade, não é? - fungou, ficando de pé ainda tremendo. - vocês agora tem, então vão embora. - caminhou até a porta, abrindo para que eles saíssem.
O Seo viu chan dizer algo no ouvido de Jisung e logo se encaminharam até a porta. Jisung saiu primeiro, de cabeça baixa e as mãos fechadas. Parecia querer fazer algo, talvez voltar atrás. Chan foi o último a sair, e antes de pisar seus pés fora do apartamento do ex rapper, parou na sua frente, colocando a mão no ombro do menor.
- nossa conversa ainda não acabou. - disse baixo, rente ao ouvido do homem.
Enfim os dois saíram e Changbin fechou a porta, a trancando. Sentou ali mesmo no chão e chorou até sua cabeça começar a doer.
- eu não quero ver vocês nunca mais. - sussurrou para si mesmo, entrelaçando seus dedos nos próprios fios. - eu não quero amar vocês.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro