34° verso
Changbin realmente achou que eles acabariam em alguma pousada ou até mesmo em um motel de novo, mas não esperava que fosse levado até a casa dos pais do han que era bem do lado da cidade onde seus amigos estavam morando.
Não sabia como se comportar na situação atual, a residência dos han era pequena e simples, tinha uma modéstia naquela casinha que fez o menor se sentir aconchegado mesmo sem ter entrado. Jisung sorriu para o moreno antes de segurar firme na sua mão, o levando até a porta, ele usou a chave que estava no bolso para abrir e empurrou para dentro, espichando os olhos para checar se tinha alguém acordado.
— mãe? pai? bbama?
O corredor de entrada estava escuro e vazio, jisung estranhou de primeira mas ao ouvir o som da televisão ligada, deduziu que poderia ser o han mais velho.
— abaixa o som dessa televisão pai, alguém entra aqui e o senhor nem percebe. — ele disse já na sala com o menor ao seu lado. O homem olhou para jisung com tédio.
— eu escutei você chamando, mas não quis responder.
— mamãe precisa de um marido melhor.
— e você precisa calar a sua boca.
Changbin olhou para aquela situação sem saber o que dizer. Eles iriam brigar? Nunca pensou que o comportamento de pai e filho deveria ser daquele jeito. Ficou com medo do que poderia vir a seguir.
— senta aí vocês dois, vão ficar aqui me olhando? Que desconfortável. Os pirralhos de hoje em dia são um bando de mal educados. — o han de cabelos grisalhos e barba rala resmungou, ainda meio deitado na poltrona reclinável com um pequeno cachorro de pelagem branca no colo.
— não liga pra ele, esse velhote é amargurado. — sussurrou para changbin, que balançou a cabeça ainda sem reação.
Eles se sentaram no sofá de três lugares que ficava de frente para a televisão presa na parede. O moreno ficou receoso mais uma vez, se sentia estranho com tudo e não sabia o que falar. Deveria se apresentar? Estava com medo do pai do han, ele parecia um daqueles velhos resmungões que lêem jornal no café da manhã. A aparência do homem mais velho era de alguém muito maduro e sério, não parecia do tipo que estava sempre sorrindo e sendo carismático, sua voz era ríspida e nem um pouco calma, changbin se assustou quando ele falou pela primeira vez.
— que barulheira. — uma mulher surgiu pela entrada do que o moreno deduzia ser a cozinha, ela parecia bastante jovem levando em conta as marcas profundas de olheiras e dos anos perdidos, ela tinha curtos cabelos castanhos e parecia muito com jisung, desde os olhos até o formato do rosto. Eles eram quase idênticos. — sabia que era você, esse velho só abre a bico para reclamar quando você está em casa. Senti saudades, filhote. — ela puxou o han pelo braço e o abraçou de forma carinhosa, balançando de leve o rapaz para os lados. — quem é o bonitinho?
— changbin, meu namorado. — ele olhou sorrindo para o baixinho, que retribuiu meio acanhado.
— oh, então você é o changbin. — ela também puxou o menor pela mão, o forçando a ficar de pé. O moreno se sentiu constrangido pelo olhar que ela pôs em seu corpo, como se estivesse analisando cada fibra que compunha seus músculos e pele. — nossa, ele é bem forte e bonito. — o moreno corou até a pontinha do dedo, não estava acostumado a receber elogios tão descaradamente. — tô começando a achar que você tem tara por caras fortões.
— mãe!
— tenho que concordar com ela. — o homem sentado na poltrona dissera, ainda de olho na televisão.
— pai! — changbin teve que segurar a vontade de rir por ver o castanho tão tímido. — vocês estão me envergonhando na frente dele!
— deixa de besteira garoto, pelo menos você não se casou com um velho nerd que vive o dia todo na frente da televisão assistindo desenho. — ela espichou os olhos na direção do han mais velho, e ele deu de ombros, voltando sua atenção até o desenho típico japonês que passava na televisão. — enfim, eu sou han yu-min, e aquele velho ali é han eun-tae, e no colo dele é o bbama, nossa outro filho. Seja bem vindo a família, changbin. — ela sorriu de forma amorosa.
O moreno sorriu pequeno ainda tímido, balançando a cabeça. De repente, ela o abraçou, e changbin descobriu de onde o han aprendeu a ser tão carismático.
— ele é tão fofo! — exclamou, ainda agarrado ao moreno. — como alguém tão cheio de músculos pode ser tão adorável? Podemos ficar com ele? — yu-min olhou para o de fios grisalhos, como se estivesse pedindo.
— ele não é um bichinho de estimação, mãe. — jisung puxou changbin dos braços da mulher, escondendo ele atrás das costas. — e vocês já tem o bbama, deixa o bin em paz.
Ele se sentiu um bichinho de pelúcia sendo puxado pra lá e pra cá, mas no meio dessa bagunça toda começou a ficar acolhido. Eles não o odiaram como sempre pensou que seria conhecer os pais de alguém que namoraria, talvez o pai do han ainda seja um pouco assustador, mas não dava pra levar ele muito a sério vendo aquele desenho.
— você é tão egoísta. — a mulher exprimiu, parecendo chateada. — deve ter aprendido isso com seu pai.
— ai mulher, para de falar de mim.
— por que a senhora não vai fazer um lanchinho pro seu amado filho e seu genro, hein? Tô morrendo de fome e o bin também, a gente vai ficar lá no meu quarto esperando, okay? — o han sorriu, empurrando o moreno até o corredor pequeno.
— quero a porta aberta.
— mãe, eu tenho vinte e sete anos!
— minha casa, minhas regras, han jisung!
O han balançou os ombros e deu uns pulinhos nada maduros de chateação, entrando no quarto com changbin, deixando a porta meio aberta. O moreno riu da carinha de aborrecimento do mais novo, acariciando seu cabelo para acalmá-lo. Olhando melhor agora, o quarto que estavam era um pouco pequeno, mas não desconfortável, tinha uma janela enorme ao lado da cama de casal, uma escrivaninha grudada no guarda roupa pequeno com portas de vidro, fora os posters de banda grudado nas paredes e várias figurinhas de super heróis na cabeceira da cama, porta-retratos em cima da escrivaninha junto com alguns livros e polaroides pelas paredes. Aquilo era um típico quarto de um jovem adulto, e mesmo que changbin não soubesse que era o han quem dormia ali, poderia distinguir facilmente a personalidade do garoto em cada cantinho. Até mesmo o verde escuro das paredes combinava com ele.
— não presta atenção na bagunça. — ele apanhou algumas roupas que estavam no chão, juntando tudo em cima da cadeira da escrivaninha. Changbin andou pelo cômodo, rindo de uma foto ou outra de quando o garoto era mais novo junto com pessoas que ele não conhecia. — não olha isso, eu era feio. — jisung se enfiou na frente do rapaz, escondendo os porta-retratos dentro das gavetas.
— você era fofo de óculos. Por que não usa mais?
— quando eu era adolescente me zoavam por isso então comecei a usar lente. — ele explicou ainda guardando as coisas, dando um jeitinho na desordem. — eu uso as vezes, mas só quando tô em casa. As lentes incomodam.
— a sua mãe é bem legal. — tentou mudar de tópico, vendo que aquele assunto era algo sensível para o garoto. — ela me lembra você.
— aquela mulher é completamente louca, e a gente não se parece. — ele olhou para changbin, parecendo menos incomodado com o assunto anterior. — você ficou desconfortável quando eu disse que você era meu namorado? Eu devia ter perguntado antes se tava tudo bem ou algo assim.
— sendo sincero, se você tivesse me apresentado como amigo eu teria ficado bem irritado. — eles tiram.
— eu falava bastante de você antes e do chris também, sabe, antes da gente se conhecer e eu ir morar sozinho em Seul. Seu estilo de música sempre me cativou, então eu era meio que um fanboy seu. — changbin o puxou para perto, se sentando na borda da cama com o han de pé entre suas coxas. Ele enlaçou a cintura do castanho e ergueu o rosto, usando sua barriga como apoio para o queixo. — eu gostava pra caralho das suas músicas.
— e o que mais?
— gostava do seu estilo, das suas abordagens, do seu jeito no palco. Era excitante. — changbin riu envergonhado. — "eu preciso dar ou comer esse cara um dia", era isso que eu pensava.
— acho que realizei o seu sonho.
— e como realizou.
Jisung abaixou o rosto, pincelando um beijinho na testa do menor, por cima dos fios pretos. Eles trocaram mais alguns selinhos antes da mãe do han aparecer carregando uma bandeja simples com dois sanduíches e sucos, colocando tudo em cima da cama espaçosa e se retirando, não sem antes olhar para jisung como se soubesse todos os seus pecados.
— eu e seu pai vamos nos recolher, se forem fazer barulho, tenham decência e façam baixo.
— vai dormir! — jisung exclamou de forma constrangida.
— fala baixo moleque, eu ainda posso te dar umas palmadas! — o rapaz bufou descontente, sentando emburrado ao lado de changbin na cama. O moreno apenas observou a situação, segurando com muita força de vontade a risada. De longe, aquela era a melhor noite da sua vida. — boa noite changbinnnie, se precisar de alguma coisa, não hesite em pedir. — ela de repente mudou sua expressão, sorrindo aprazente e meiga.
— durma bem, senhora yu-min.
— você também, querido. — ela se afastou do meio do cômodo, indo até a porta. — aprenda a ser um pouco educado como ele, seu pirralho. — mirou em jisung antes de sair, recebendo apenas um dar de ombros e um bico emburrado.
Quando finalmente ficaram a sós, changbin pode aliviar toda a vontade de rir. A crise demorou muito a passar, uma vez que jisung começou a resmungar e imitar a mulher mais velha como uma criança malcriada, as caras e bocas que o rapaz fazia não combinava nem um pouco com sua idade ou seu corpo maduro. Ele parecia novamente aquele han jisung de três anos atrás que parecia uma criança arteira pronta para conquistar o mundo.
— tá vendo? Ela é completamente louca! — ele subiu na cama ainda resmungando. — doida, biruta, maluca, alucinada. — ele mordeu um dos pães que residia na bandeja, as bochechas ficando grandes e redondas em instantes. Ele olhou para changbin que ria e torceu um bico ainda de boca cheia. — para de rir!
— okay, okay, me dá um segundo. — ele tentou juntar fôlego, degustando do suco de laranja que tinha em um dos copos de vidro. O moreno bebeu um bom gole e respirou fundo, olhando para o han com os olhos marejados de tanto rir. — vocês dois são realmente idênticos.
— já disse que não somos!
— tá bom amor, vocês não se parecem nem um pouquinho. — ele se aproximou do castanho, beijando uma de suas bochechas inchadas de comida. — nem o carisma estranho. — ele depositou mais um selar na outra bochecha. — nem o costume de falar gritando. — beijou desta vez o queixo redondinho e bonito. — e nem a mania de fazer bico quando fica chateado. — ele olhou ligeiramente pro han antes de dar um longo selinho em seus lábios espremidos, tomando postura para começar a comer também.
— idiota. — ele murmurou, virando o rosto meio corado.
Eles degustaram do seu pequeno e simples jantar em silêncio, às vezes jisung falava uma ou outra coisa relacionado aos acontecimentos anteriores, mas nunca citando sobre os paparazzi ou a discussão com o bang, eles pareciam ter entrado num consenso mudo que aquelas assuntos — pelo menos por agora — não deveriam ser trazido à tona.
Após o han levar a louça suja até a cozinha, eles tomaram banho separadamente e se organizaram para dormir, já era tarde o suficiente para não ter ninguém na rua vagando por aí sem um motivo grandioso, e cedo o suficiente para o moreno não ter um pingo de sono. Ele deitou com jisung e ambos ficaram quietos, as luzes apagadas e a pouca iluminação que entrava pela janela deixava o ambiente plácido, algo que com certeza não era ruim. O dia tinha sido cheio, e changbin queria mesmo ter a capacidade de deitar e dormir instantaneamente, mas parecia uma missão muito impossível.
O castanho ao seu lado também parecia inquieto com a insônia que vinha assombrar sua noite. Ele olhou de soslaio para o menor, o vendo virado na direção da janela, suas costas largas fazendo uma sombra boa da luz do poste que ficava pertinho dali. Jisung deslizou pelo colchão e abraçou o moreno, passando sua perna por cima da cintura do seo e se agarrando nele como um bicho preguiça. Ele era sempre tão quente e confortável, como um grande marshmallow recém posto numa fogueira, macio e com um cheiro agradável. Jisung realmente gostava de deitar abraçado com ele e divagar sobre seus pensamentos, porque era seguro ficar assim e ele gostava da proteção que changbin proporcionava.
— no que você tanto pensa, binnie? — indagou com a voz mansa, meio mole de sono mas não o suficiente para dormir.
— não é nada importante. — se virou na direção do mais novo, puxando a coxa do menino mais para cima. Ele colocou uma mecha do cabelo amendoado do han atrás da sua orelha e assoprou seu rosto, o vendo enrugar o nariz e fechar os olhos. — você é tão bonito, sabia?
— você tá querendo me enrolar, seo changbin?
— tá funcionando? — recebeu um beliscão na bochecha. Um ruído saiu entre seus lábios pela dor passageira. — eu falei sério, eu realmente te acho bonito. Seu cabelo, seus olhos, seu corpo, seu sorriso. Você é muita pra mim.
— você tá me enrolando pra não falar o que tá pensando, e não vai funcionar.
— o que custa você acreditar no seu namorado?
— eu acredito nele, mas o conheço o suficiente pra saber que ele é um péssimo mentiroso que guarda o que tá sentindo pra si mesmo, e depois transborda e some. — changbin suspirou fraco contra os lábios do castanho, encostando sua testa na dele. — não quero te forçar sempre a me dizer o que tá pensando, mas quero que você saiba que eu vou sempre te ouvir e ficar do seu lado.
— eu sei disso príncipe, eu sei. — acariciou os fios castanhos da sua nuca, pincelando um beijo gasto na boca do menino. — mas eu ainda te acho bonito.
— para de repetir isso, tá me deixando com vergonha.
— você é tão bonito e talentoso, apesar de ser um grande bagunceiro.
— cala a boca, seo.
— e fica gostoso irritado. — deslizou a mão até a cintura do han, invadindo sua roupa com os dedos afoitos, apertando e massageando área como um explorar faminto. Jisung comprimiu os lábios sem conseguir conter os arrepios que subiram por seu corpo.
— não quero ficar excitado na casa dos meus pais, é estranho.
— seria uma boa experiência.
— você tá parecendo o chan hyung falando assim. O que aquele tarado fez com você?
— nada comparado ao que eu quero fazer com você aqui.
Changbin se sobrepôs ao corpo do castanho, ficando por cima dele, o moreno apoio os cotovelos ao redor dos ombros de jisung e o beijou com força, do jeito que não era habitual dele, era ardente e forte, com direito a puxões e mordidas. O castanho estremeceu e tentou acompanhar o ritmo do mais velho, mas ele parecia desesperado por um pouco de atenção, clamando por um contato físico mais violento. No entanto, jisung não conseguia fazer aquilo por ele, assim os beijos demoraram menos e changbin parecia cada vez mais necessitado.
— hyung… calma. — pediu quase sem espaço para falar.
— tô indo rápido demais? — o rapaz que estava por baixo balançou a cabeça, enlaçando o pescoço do moreno e o abraçando para se acalmar. — desculpa.
— tá tudo bem. — disse num murmúrio. — acho que não consigo acompanhar o mesmo ritmo que você. — changbin riu baixinho, se deitando em cima do rapaz com cuidado. — eu não consigo parar de pensar no chan. — jisung iniciou, acariciando o cabelo macio e cheiroso do menor.
— espero que ele esteja bem.
— a gente costuma brigar às vezes, na verdade, a gente briga mais do que você possa imaginar. — ele soltou um suspiro, parecendo cansado. — e o pior é que na maior parte das vezes nós dois somos os errados, mas o chris é muito orgulhoso e eu só peço desculpa se ele pedir primeiro, então acaba que a gente fica nessa e no outro dia fingimos que nada aconteceu. Não gosto quando isso acontece, mas acho que a gente não é capaz de sentar e conversar sobre sem iniciar mais uma briga. As coisas só se acalmam quando você tá por perto, mas quando é só nós dois é tão difícil. Eu amo o chan mas ele é tão cabeça dura às vezes, e isso é tão cansativo.
— entendo como se sente bebê, mas eu tô aqui e a gente pode resolver isso. Falar sobre mágoas e essas coisas é bom às vezes, vocês me ensinaram isso, se você tá tendo um problema com o chris, vamos nos três sentar e conversar sobre como pessoas normais, sem brigas ou discussões, tá bom? Não pense muito nisso agora, assim você não vai conseguir dormir. — saiu de cima dele, rolando para um lado da cama. — o hyung tá aqui. — jisung fez um bico característico de choro, escondendo o rosto no peito do menor, como aquilo pudesse sumir com todo o problema que vinha arrumando com o bang.
Pelo menos por enquanto ele não queria pensar em nada, mesmo que o nome do bang estivesse gravado na sua mente e volta e meia ele reaparecia em sua cabeça, um medo surreal de perdê-lo tomando a razão vez ou outra. Tinha tanto medo que ele se cansasse e fosse embora, e pior seria se changbin também fosse. Não queria ficar sozinho como ficou na Malásia.
— espero que ele ligue amanhã. — murmurou brincando com a correntinha que o menor sempre usava.
— ele provavelmente já deve ter ligado várias vezes, mas nosso celular tá sem bateria. — tentou tranquilizar o menor. — vai ficar tudo bem hannie, acredite em mim.
— eu acredito, hyung. — se espichou para cima, esfregando seu nariz no do menor como forma de se consolar. Changbin riu pelo contato engraçado, um beijinho singelo de esquimó nascendo sem jeito. — eu te amo tanto, seo changbin.
— eu também te amo muito, han jisung.
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