2º verso
Era bom poder caminhar livramento e em paz pelas ruas, sem precisar se esconder ou sempre tentar manter uma imagem. Changbin não precisava mais se preocupa com isso.
Com as mãos nos bolsos da calça skinny que vestia, ele adentrou ao bar que tocava e cantava as vezes como hobby, sorriu pequeno para o dono que consequentemente também era seu melhor amigo.
- bom dia, seungminnie. - o seo sentou sobre os banquinhos giratórias que ficavam em frente ao balcão, pegando algo aleatório sobre a superfície lisa para se distrair.
- bom dia? Já é de tarde, seu vagabundo. - o mais novo porém mais alto disse, encarando o moreno de alguns fios tingidos de vermelho com desdém.
- quanto mal humor, credo.
Seungmin bufou.
- não sei como você namora com todo esse mal humor e ignorância.
- pelo menos eu namoro, ne? - sorriu de canto, fazendo Changbin encará-lo com os olhos apertados, descrente do que tinha acabado de ouvir. - ja você, um velho de quase trinta anos na cara e nem namora ainda. Vai morrer sozinho.
- primeiro que eu vou fazer vinte e nove ainda. - ergueu um dedo. - segundo que eu não namoro porque não quero. - ergueu o segundo e Seungmin já caia na gargalhada. - eu vou contar para o hyunjin que você tá tratando mal a única coisa que traz pessoas pra esse barzinho mixuruca.
- do que você chamou o meu bar? - era possível ver pequenas faíscas saindo pelos olhos do garoto de cabelos cinzas. - repete, changbin. - ele parecia calma. Bem, só parecia.
A briga que iria acontecer foi interrompida por hyunjin, este que exibia o mais belo sorriso. O hwang cumprimentou changbin e deixou um selar na bochecha do kim, este que ainda parecia bastante irritado com a fala anterior do baixinho, mas logo sua defesa foi desmontada quando o loiro o abraçou por trás e colocou o queixo em seu ombro.
- sobre o que estão conversando?
- nada. - responderam em uníssono. O hwang riu.
- estavam brigando de novo, não foi?
- não. - novamente falaram juntos, trocando olhares de desgosto.
- mais tarde irá tocar aqui, certo hyung? - Hyunjin direcionou seu olhar para o Seo, este que deu de ombros, mas assentiu.
- claro.
- claro. - Seungmin imitou, fazendo uma careta e alguns gestos estranhos.
- seu namorado precisa de terapia, hyun. - o menor disse.
- é a forma que ele tem de dizer que está grato por você sempre vir aqui tocar para nós, não é nenê? - hyunjin esfregou seu nariz sobre a pele alva da bochecha do namorado.
- não mesmo. - respondeu sério.
- Seungmin, você me ama que eu sei.
- vai sonhando, tampinha.
(...)
A noite caia aos poucos, changbin tinha passado boa parte da tarde no bar com seus amigos. Seu passatempo predileto era irritar Seungmin, adorava ver o garoto doidinho para espancá-lo. Era engraçado, tinha que admitir.
Voltou para casa a fim de jantar e se arrumar para seu "show". Mesmo tendo abandonado a música, ainda tinha alma de um músico, ainda escrevia, tocava e cantava. Seu caderno antigo de músicas estava muito bem guardado, era seu bem mais valioso.
Depois de um banho relaxante, vestiu uma camisa de uma banda de rock qualquer que tinha comprado apenas por achar bonita, optou por uma calça jeans preta aleatória e calçou o tênis. Chegou a comer as sobras do almoço e logo saiu, sem antes pegar seu violão, o qual sempre levava para suas apresentações.
Caminhou por um certo tempo, minutos na verdade. O apartamento onde o seo mora era próximo ao bar de seus amigos. Sorriu pequeno para algumas pessoas que estavam ali e marchou com passos firmes até o pequeno palco, deixando seu violão ali para ajeitar a caixa de som. Terminou o que tinha que ser feito e foi até o balcão, viu hyunjin preparando um drink para algum cliente, sorriu para o loiro, tendo a garrafa de água mineral entregue por ele.
- o que vai cantar hoje? - Hyunjin perguntou depois que atendeu uma pessoa, direcionou seu olhar para o mais velho, que abria a garrafa de água e dava um grande gole no fluído transparente.
- Lovely, Untitled e Instagram. - disse, fechando a garrafa, logo após encarou Hyunjin que assentiu. - eu ja posso começar?
- sim, sim. - ergueu o punho fechado na direção do seo enquanto sorria grande. - boa sorte, hyung.
Changbin assentiu, voltando para o pequeno palco. Em silêncio, o menor se sentou sobre o banco que estava no centro, tirou seu violão da capa e o apoiou sobre suas coxas. As pessoas que bebiam logo notaram o moreno, já que de certa forma ele era conhecido por sempre tocar naquele bar. Sua fama de Spearb não era tão conhecida por aquela região, desde que tinha jogado tudo para o ar, se mudou para a cidade natal de seus avós, longe da capital.
Umedeceu os lábios e segurou o microfone que estava preso ao pedestal, respirando fundo em seguida.
- boa noite a todos. - sorriu, erguendo um pouco a perna para ajeitar o violão. - me chamo changbin e hoje eu vim dar um pouco de entretenimento para sua noite. Espero que gostem do meu pequeno show. - se indireto sobre o banco e mexeu um pouco os ombros, liberando a tensão que estava tendo.
Seus dedos dedilharam sobre as cordas do violão, aos poucos a melodia de Lovely da cantora Billie Eilish saia do instrumento, sua voz harmonisava bem com a música que tocava. Tinha treinado bastante, e ficava feliz por estar acertando as notas. Era possível apenas ouvir a voz do Seo acolhendo todo ambiente bem iluminado do bar, os olhos das pessoas presos ao baixinho de vocal suave, diferente da sua voz grave costumeira.
Era um tom no qual Changbin se sentia confortável em cantar, e quando a música teve seu fim, as pessoas aplaudiram e assobiaram. As bochechas do seo tinham uma coloração meio rosada pela timidez, se inclinou em sinal de respeito, ajeitando a franja do seu cabelo ao se erguer novamente.
- obrigado. - disse, ainda sorrindo. - vamos seguir com o show, certo? - as pessoas concordaram em eufóricas.
(...)
E assim que terminou de tocar Untitled do G-Dragon, saio um pouco do palco para beber algo e beliscar algum petisco de graça. Vantagens de ser amigos dos donos e também tocar de graça. Uma troca de favores, como Seungmin gostava de dizer.
- você foi bem, Changbin. - Seungmin disse, tendo Changbin sentado sobre os banquinhos giratórias.
- ai garoto, por que você não me chama de hyung? - fez uma expressão sofrida.
- o que quer beber? - trocou de assunto, pois sabia que o moreno apenas queria uma brecha para iniciar uma discussão, como sempre costumava fazer.
- hm, não sei. - colocou a mão sobre o queixo, pensativo. - ainda tenho que tocar mais uma musica, então não posso beber algo forte.
- uma batida de morango, que tal? - sugeriu o mais alto.
- pode ser. - comprimiu os lábios e deu de ombros.
Enquanto sua bebida era preparada pelo Kim, Changbin vagou seu olhar pelo bar. Percebia o olhar de outros caras sobre ele e até de algumas mulheres, mas nada do que chamasse sua atenção. Já havia tentando ficar com outras pessoas, de vários tipos e estilos, mas nada do que o prendia em um relacionamento ou que fizesse sentir que aquilo era pra valer. Era algo de momento, e já estava de certa forma velho para ter casinhos, queria algo sério, alguém que o fizesse se sentir protegido e que seu amor fosse valorizado. Mas não conseguia, com ninguém.
Sempre que pensava em assumir alguém, seu coração e mente o traiam, lembranças de Jisung e chan eram postas em sua cabeça e seu coração era o primeiro a dar sinais que ele não podia tentar com mais ninguém. Como se ele fosse prometido a seus ex parceiros e aquilo era um saco. Sua coração ainda batia dolorosamente toda vez que ouvia falar dos rapazes, suas pernas perdiam as forças apenas por ouvir suas vozes pela televisão. Era algo tão forte e intenso que mesmo depois de anos seu coração ainda pertencia a eles.
Cansado, Changbin pegou sua bebida que foi disposta sobre um papel no balcão, bebericou o líquido rosado, sentindo o gosto de álcool que era muito bem escondido pelo sabor marcante do morango. Bebeu enquanto jogava conversar fora com Seungmin e às vezes hyunjin, ja que o casal trocava de tarefas. Às vezes um fazia as bebidas enquanto o outro pegava os pedidos.
Voltou ao palco um pouco mais tarde apenas para tocar Instagram do Dean, agradeceu pela atenção das pessoas e logo voltou para o balcão e assim pode começar a beber de verdade.
Como era fraco para bebidas, depois de algum a goles de uma certa bebida colorida e com alto teor de álcool o seo ja estava tonto, e por incrível que pareça quieto num canto. Seu dedo fazia círculos pela boca do copo, sua cabeça estava nublada, não tinha pensamentos concretos e certos, era apenas um borrão preto.
Deixou um suspiro alto sair entre seus lábios cheinhos e pequenos quando teve hyunjin sentado ao seu lado. O bar estava para fechar, na verdade só tinha eles três ali. Seungmin terminava de arrumar as mesas enquanto o hwang ajudava Changbin a ficar de pé. Como eram vizinhos, o casal tomou a responsabilidade de levar o mais velho para casa, pegaram suas coisas e fecharam o bar.
Changbin ia calado ao lado de hyunjin, às vezes sendo segurado pelo hwang, ja que estava tonto demais para acertas os passos. Seungmin levava a capa com o violão do mais velho e a chave do apartamento do moreno.
Logo estavam no prédio que moravam, o kim abriu a porta do apartamento de Changbin, o ajudando a entrar.
- você está se sentindo bem, hyung? - Changbin sentou de qualquer jeito no sofá. Sua barriga estava embrulhada e seus pensamentos confusos.
O moreno apenas assentiu, não queria preocupar seus amigos. Estava bem, de certa forma.
- a gente já vai, tá certo binnie? - Seungmin foi quem disse. - se cuida, idiota. - assim o casal se foi.
Changbin nem sabia o que estava fazendo, se levantou e cambaleando foi em direção ao seu quarto, se apoiando nas paredes para chegar até o cômodo. Abriu a porta do quarto e caminhou até a cama, se sentou sobre o colchão macio e respirou fundo. Estava passando mal e estava sozinho, ótimo.
Toda a bebida voltou e ele correu para o banheiro ao lado do quarto. Depois de passar minutos ali, saiu de lá de banho tomado. Apenas com a toalha ao redor da cintura, ele foi para o quarto: uma calça de pijama folgada e confortável e uma camisa grande qualquer era o suficiente, estava um pouco sóbrio, sem fome e solitário. Como em todas as outras noites. Suspirou deitado na cama, olhando para o teto branco, sua cabeça doía, mesmo já tendo tomado o remédio devido para dores. Estava exausto de todas formas possíveis.
Se pegou pensando novamente em Jisung e chan, e pelos deuses, como ele sentia falta dos abraços de chan e dos carinhos do han, sentia até falta de ser um grande implicante com o Bang. Era a única coisa que se arrependia, de ter ido embora sem deixar nada esclarecido para eles. Sabia que nunca seria perdoado pelos dois e também nunca queria que esse dia chegasse, preferia continuar evitando qualquer que fosse o reencontro que eles pudessem ter.
Era melhor assim. Era melhor para os três.
Saiu da cama e se sentou no chão frio, puxou a caixa de sapato de baixo da cama a colocou sobre as coxas, abriu o objeto com receio, abandonou a tampa de lado e pegou seu antigo caderno de composição, abrindo o mesmo em uma certa pagina marcada por uma pulseira fina que tinha ganhado de Jisung. Era algo pequeno, mas tinha um valor significativo enorme para o Seo.
Na página que abriu, a letra de chan estava escrita em tinta preta, aquela caligrafia bonita que dava inveja a Changbin, já que sua letra era o próprio carrasco, era quase impossível ler o que ele escrevia. O que tinha escrito naquela página era algo que deu forças para ele enfrentar seus medos e se libertar de casa.
"Você preencheu o vazio em mim
Você preenche o vazio em mim
Só a sua presença ao meu lado
Me ajuda muito."
Aquelas palavras tinham sido escritas por Christopher, na vez que tinha deixado seu precioso caderno nas mãos do produtor. Só veio descobrir aquilo depois de ter ido embora e ainda sentia o peso daquelas palavras em seu peito.
Logo as lágrimas se formavam em seus pequenos olhos. Se permitiu chorar, afinal, ele não tinha que se mostrar forte a mais ninguém. Chorou como uma criança que tinha sido deixado por seus pais, chorou de soluçar e talvez o que ele precisasse naquele momento mesmo era chorar, colocar sua dor para fora de alguma forma.
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