29° verso
Sua cabeça estava uma bagunça quando despertou de tarde. Tomou um baita susto com seu celular tocando embaixo do travesseiro, vendo mais de vinte mensagens de jisung e oito ligações perdidas de chan. Changbin ainda estava tentando raciocinar o que estava acontecendo quando sentou na cama para tentar responder alguma coisa ou retornar as ligações desesperadas dos seus namorados, mas a bateria do celular acabou justamente no momento que ele iria abrir as mensagem, xingando a si mesmo por não ter colocado para carregar antes de dormir.
Sua garganta estava arranhando quando ele decidiu ficar de pé meio desorientado e ir beber água. O céu já estava totalmente claro, então deduziu que já devia ser tarde. Passou pelo sofá e se espantou ao ver o terno que ele e seungmin tinham comprado em cima do encosto do estofado. Ele caminhou hesitado até a roupa e pegou o post it amarelo grudado no plástico que protegia a vestimenta. "Apareça pelo menos na festa, por favor". Nitidamente era a caligrafia do kim ali. Changbin olhou para o terno novamente, o deixando lá enquanto ia até a cozinha.
Batucou os dedos no mármore da pia enquanto encarava o terno de longe. Provavelmente tinha perdido o casamento do kim por estar dormindo, então não seria estranho ele chegar na festa, certo? O ruivo mesmo tinha pedido. Ponderou por mais um tempo em silêncio, em uma mão o copo vazio e próximo aos dentes ele mordiscava a unha mediana do polegar. Precisava se desculpar por ter surtado, não apenas para afastar de uma vez o sentimento de culpa, mas para ter a certeza que seungmin não o odiava. Não era certo querer pensar em si mesmo naquele momento, era felicidade dos seus amigos, e ele não era nenhuma criança. Independente do que acontecer, sabia que o jovem casal não o abandonaria. Seungmin era super protetor demais para tal coisa.
Decidiu tomar um banho e se arrumar enquanto seu celular carregava. Tentou lavar o cabelo da melhor forma possível, evitando esfregar com tanta força por conta dos machucados em seus dedos. Pensou se deveria passar alguma coisa no rosto, seus olhos pareciam fundos e sua pele estava pálida. No fim, se limitou a enxugar os cabelos e sair do banheiro apenas de toalha. Não podia dizer que estava cem por cento livre da gripe que a chuva iria trazer, sua garganta arranhava vez ou outra e os espirros eram constantes, mas ele tomou outro remédio que o kim tinha deixado enquanto degustava do rápido café da manhã barra almoço que fez.
Enquanto se vestia, sua cabeça trabalhava ao máximo para criar situação na qual o menor seria o ponto alto. Ponderou se seria uma boa ideia ir mesmo, ainda não estava com o melhor humor que já possuiu mas diria que estava tolerável. No entanto, ainda estava cabisbaixo e deprimido, muito deprimido. Queria deitar novamente e esquecer que dia era hoje, mas não seria justo com seungmin que tanto fez por ele durante todos aqueles anos, então juntou coragem e vestiu aquele paletó sem graça e quente, optando por deixar aberto os botões do colete. A gravata o moreno fingiria que aquela peça nunca foi comprada. Afinal, ele nem mesmo sabia dar um nó naquilo.
Com seu cabelo perfeitamente arrumado, ele pegou as chaves do apartamento e o celular meio morto no quarto, saindo em disparada por notar o quão atrasado estava. Não chovia naquele fim de dia, mas as ruas estavam encharcadas e o moreno não tinha tempo de ser cuidadoso com o sapato caro que o ruivo tinha comprado para ele. No primeiro táxi que apareceu, changbin entrou imediatamente, indicando o espaço onde estaria ocorrendo a festa de casamento. Se sentia ansioso, suas mãos soavam em abundância, seu pé direito não parava um segundo de balançar próximo ao chão do automóvel. No banco de trás, ele tentou checar suas mensagens, lendo uma ou outra e respondendo as que pareciam ser importantes. As mensagens de jisung não faziam o menor sentido, tudo estava embaralhado e com a caligrafia errante, como se ele estivesse escrito com pressa. Enquanto chan só tinha mandado mensagem para saber o que tinha acontecido e porquê ele não atendia o telefone. Changbin os respondeu o mais breve possível, afirmando que estava tudo bem e mais tarde ligaria para explicar o que tinha acontecido.
Foi deixado em frente ao salão alugado para a festividade, pagando ao homem e agradecendo educadamente. O lugar era parcialmente grande e espaçoso, a entrada era um caminho verde até o imóvel fechado, havia arbustos em formato circular na entrada e um arco decorativo na porta de entrada, a movimentação de pessoas era constante, uma música qualquer tocava como ambiente mas o falatório das pessoas praticamente calava os músicos que estavam lá dentro. Changbin engoliu em seco e caminhou nervoso, passando pelo caminho de pedras e grama sintética, atravessando o arco branco, dentro do local havia mesas espalhadas e um pequeno palco. Dentro não estava tão cheio, porém o moreno demorou um pouco até achar o casal de recém casados. Perambulou entre as mesas de aperitivo e perto do bolo de casamento, aquele ambiente sendo mais decorado que tudo ao redor, luzes enfeitavam a mesa e havia pétalas de flores para todos os lados. Tudo invenção do hwang, seungmin era muito desajeitado para aquilo. Quando enfim os achou, sua garganta secou e ele quis desesperadamente estar com um pouco de álcool em suas veias para ter coragem de ir até eles.
Contudo, não foi preciso que ele desse mais um passo, seungmin parecia procurá-lo tão angustiado quanto ele. O sorriso que o Kim deu ao vê-lo fez todo seu corpo fraquejar. Ele não parecia bravo, na verdade, nenhum dos dois pareciam estar irritados com sua ação imatura na noite anterior. Eles pediram licença das pessoas com quem estavam conversando e praticamente correram até o seo, cada um vestia um terno elegante, ambos optando por um terno escuro, mesmo que hyunjin insistisse em querer usar o tradicional branco, mas seungmin era mais teimoso e persistente que ele. No final, ambos ficaram com os ternos iguais. Hyunjin tinha os cabelos rosados num lindo penteado, os fios recentemente pintados estavam hidratados e bonitos, ele sorria tão abobalhado que foi impossível para changbin não retribuir. Seungmin tinha o cabelo rubro aberto no meio de uma forma bonita, seu rosto levemente pincelado por maquiagem. Eles pareciam um verdadeiro casal de modelos. Changbin estava tão feliz em vê-los daquela forma.
- você veio! - seungmin o abraçou. Changbin nunca se acostumaria com aquilo, mas gostava. - eu fiquei com tanto medo que você não viesse. - ele assumiu, ainda com os braços ao redor do corpo pequeno e másculo. O moreno o acolheu, abraçando ele na mesma intensidade.
- me desculpa por ontem. - pediu ainda o abraçando.
- tá tudo bem. - seungmin deu algumas tapinhas em seus ombros. - eu tô tão feliz que você tá aqui. - afastou o mais velho para olhá-lo, mirando em cada detalhe no rosto do menor. - nossa, você tá realmente horrível.
- não seja ingrato, eu tô aqui pelo menos.
- estou feliz que você veio, hyung. - hyunjin chamou sua atenção. - minnie tava quase saindo daqui correndo pra ir atrás de você.
- se ele não tivesse casado com você, apostaria que tava afim de mim.
- eca. - seungmin recolheu as mãos, dando um passo para trás, até suas costas baterem levemente contra o tórax de hyunjin. - se enxerga, tampinha.
- não foi isso que você disse ontem na minha cama, baby. - sorriu de uma forma estranha para o garoto, este que fingiu estar com ânsia. Hyunjin riu alto, trazendo atenção de algumas pessoas para eles.
O casal conduziu changbin até uma mesa, pedindo para os garçons que trabalhavam servir o mais velho e evitar dar bebidas alcoólicas para ele.
- nem um champanhe? - indagou descrente para seungmin.
- só suco e água. - changbin bufou exagerado. - não pense que eu esqueci que você fumou ontem.
- desculpa, pai. - seungmin revirou os olhos.
- ah, e antes que eu esqueça. - ele deu meia volta antes que pudesse sumir para ir atender mais convidados que estavam chegando, abaixando rente ao ouvido do seo. - tem uma surpresa esperando por você lá fora em trinta minutos, no máximo.
Changbin franziu as sobrancelhas confuso, apenas vendo o kim ser engolido pela multidão, nem mesmo deixando espaço para o menor indagar o que era essa tal surpresa. Esqueceu aquilo rapidamente quando o garçom com sua comida chegou, depositando o prato na sua frente. Viu toda a festa acontecer sentado numa mesa afastada, viu pessoas saindo e entrando, diversos rostos desconhecidos e mais gente estranha. Changbin não conhecia nenhum amigo de hyunjin, a não ser felix. Mas era demais dizer que eles eram amigos hoje em dia depois de tudo que aconteceu. Mesmo que não quisesse, ficou nervoso pela ideia do lee aparecer, mas esqueceu aquilo também depois de uma hora sentado sem ter o que fazer, apenas ouvindo cochichos por todos os lados sobre sua presença. Algumas pessoas o reconheciam e falavam seu nome artístico alto, chamando atenção de mais outras, no entanto nenhuma tinha coragem de se aproximar do rapaz.
Aquela situação durou horas, até a festa chegar em seu ato final. Changbin já estava cansado de ficar parado e calado em um só lugar, se levando para achar a dupla apenas para se despedir. Queria voltar logo pra casa, sentia que iria estragar o clima de comemoração com seu mal humor tangível.
- eu já tô indo pra casa, acho que vou ficar gripado. - falou assim que teve a atenção do casal somente para si, em um lugar mais recluso. Seungmin assentiu, checando a hora em seu relógio de pulso. - bom, tenham uma ótima lua de mel, me tragam presente quando voltarem e não aceito nada que seja comestível, quero algo que dure, tipo um chaveiro. Vocês sabem que eu gosto de chaveiros, tragam um pra mim.
- vamos trazer sim, hyung. - hyunjin garantiu, abraçando o menor.
- caso a gripe piore, nos ligue. - changbin assentiu, já entrando no meio da multidão com as mãos no bolsos. Ele acenou para o casal antes de sumir entre as pessoas.
Quando ele estava longe de seungmin o suficiente para ele não ver mais que suas costas, desfez o sorriso e apertou o passo. Estava exausto por aguentar tanta gente e fingir estar bem. Cumprimentou desconhecidos por pura educação e quando chegou ao arco da entrada, pensou que enfim teria um pouco de paz, mas assim que pisou o pé fora do salão, seu braço foi brutalmente puxando e ele foi empurrado até o beco pequeno que tinha ao lado da construção, suas costas batendo contra a parede do local. Changbin ficou estático e com os olhos fechados, suas pernas tremiam pelo susto e ele não conseguia se mexer direito.
- te assustei, coelhinho?
Antes mesmo de abrir os olhos ou respirar com mais calma, ele bateu em chan, dando um soco fraco em sua barriga, mas ele nem mesmo tremeu, mantendo o sorrisinho irritante nos lábios bonitos. O corpo de changbin fraquejou pelo susto e ele teve que se apoiar no bang a contragosto.
- seu idiota estúpido. - o xingou, erguendo devagar o rosto que estava apoiado no ombro largo do mais velho. - você quase me matou do coração.
- você demorou demais lá dentro, veja isso como um castigo. - o moreno tomou postura, se encostando na parede, descendo seu olhar sobre christopher, ele naturalmente estava vestido de preto dos pés a cabeça, com a única diferença na formalidade em suas vestes.
- você merece apanhar, sabia?
- não fale como se eu não fosse gostar. - a risada que changbin iria dar foi silenciada pelos lábios do maior.
Changbin rodeou o pescoço do australiano com os braços, sentindo o corpo arder como brasa por cada lugarzinho que o maior tocava ou impulsionava. Ele agarrou em sua cintura, puxando seu quadril para frente para roçar no seu, friccionando ambos corpos. O beijo era separado por selinhos, chan desceu sua boca pelo rosto do menor, lambendo impiedosamente o lábio inferior e pequeno do moreno, arrancando um arfar trêmulo dele. Teve todo seu corpo presando contra a parede com força, sentindo uma bagunça enorme se formando em seu interior. Somente os beijos e chupões de chris em seu pescoço e boca eram o suficiente para derreter toda sua pose, se sentia como um idiota que perdeu o rumo e acabou indo parar perto do sol. Queimava por dentro e aquela roupa apertada apenas piorava tudo.
- vamos pro carro. - ele sussurrou em seu ouvido. Changbin tremeu. - jisung está nos esperando.
Ele apenas assentiu e se deixou ser arrastado até o automóvel do bang que estava estacionado um pouco distante de onde estavam. Changbin não reparou em nada ao seu redor, apenas no aperto firme da mão do australiano ao redor do seu pulso, tão forte e involuntário que poderia deixar a marca perfeita, e o moreno adoraria caso realmente ficasse. Chan deu algumas batidas no vidro do carro e a porta de trás foi aberta, changbin entrou de bom grado e percebeu jisung sentado ali no canto do banco de trás ao seu lado. O produtor tomou o volante e ligou os motores, sorrindo cúmplice para jisung enquanto acelerava pelo asfalto.
- considere isso um sequestrado, baby. - jisung disse sorrindo.
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prometo que a partir do capítulo 30 as coisas vão melhorar consideravelmente 🤠
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