27° verso
Com a data do casamento de seungmin cada vez mais perto, changbin se viu cada vez mais entrosado nos preparativos. Ainda achava muito estranho as atuais feições do rapaz, ele parecia apreensivo com algo e mesmo quando o moreno ia perguntá-lo o que estava acontecendo, ele apenas mudava de assunto ou somente dizia que não era nada de mais. No entanto, lá no fundo, o menor sabia que tinha algo acontecendo, só não sabia dizer se era bom ou não.
Enquanto dividia sua vida entre ajudar o casal de noivos na festa do casamento e trabalhar poucos dias da semana, seu relacionamento mantinha o mesmo ritmo fraco. Recebia ligações dos músicos uma ou duas vezes no dia, mas sempre era quando ele estava ocupado ou prestes a dormir, então trocava pouquíssimas palavras. Os tais boatos sobre o bang ainda era um assunto comentado, e mesmo com o australiano dizendo para changbin não se importar com aquilo, o rapaz ficava preocupado com até onde aquele assunto ia dar. Chan era um dos caras mais limpos que já conheceu junto com jisung, achava toda aquela história dele ser um dependente químico a coisa mais surreal que já tinha escutado.
Pela primeira vez, changbin teve que ir sozinho em sua terapia, ambos mais novos estavam ocupados com seus próprios assuntos e o moreno não queria desperdiçar o tempo deles. Optou por ir de transporte público para economizar, não tinha boas memórias quando se tratava de carros de aplicativo, já perdeu a conta de quantas vezes já foi assaltado ou foi deixado no meio do caminho porque o cara simplesmente não queria levá-lo até seu destino. Changbin às vezes achava que deus estava o castigando por seus pecados na vida passada.
Como sempre, falou sobre sua semana com sunmi, recebendo conselhos e mais conselhos. Na verdade, não queria ter ido, não tinha acontecido nada muito empolgante na sua vida naqueles últimos dois dias, mas seungmin surtaria se soubesse que ele faltando a terapia por pura preguiça. Então reprimiu sua vontade de sair daquele consultório até o final, às vezes apenas ficando quieto e calado por não ter mais nada para expor. A mulher insistia sutilmente em querer saber sobre sua infância, mas aquele era um ponto em que moreno não queria falar por enquanto, então ele sempre desconversava ou ia para outro assunto.
Quando voltou para casa, o céu estava mais escuro que o normal, ainda era cedo e pesadas nuvens de chuva se formavam no horizonte. Changbin recolheu suas coisas e saiu correndo em direção ao ponto de ônibus. Os respingos na parte superior do ônibus causavam uma calma em seu interior, a brisa fria que entrava pela janelinha ao seu lado deixava seu nariz coçando mas ainda assim estava confortável. A chuva estava mais espessa que o normal. Quando desceu em casa após entrar em mais dois transportes públicos, acabou pegando um pouco da chuva que ainda caia sem nenhum sinal que iria parar naquele dia. Educadamente, ele saudou o porteiro e correu dando pulinhos para espantar as gotas acumuladas em sua jaqueta, a tirando já dentro do elevador para chacoalhar a camisa preta que usava por dentro, se abanando um pouco enquanto a caixa metálica subia devagar até seu andar.
Estava feliz em chegar em casa após tanto tempo fora, sua ansiedade por estar na rua se dissipou, ficando contente em não ter nenhuma intromissão em sua rápida estadia em Seul. Foi um longo dia. Antes que pudesse chegar em seu apartamento, avistou hyunjin parado de cabeça baixa ao lado da sua porta. No mesmo instante, uma preocupação se instalou em seu peito, ele andou depressa até o rosado e tocou em seu ombro, o vendo erguer o queixo com uma expressão nem um pouco boa.
Tinha algo de muito errado acontecendo.
— ah, oi, hyung. — o hwang sorriu pequeno, se afastando da parede em um curto passo. Toda sua postura estava estranha, changbin não conseguia reprimir o sentimento de angústia que crescia com aquilo.
— aconteceu alguma coisa? O minnie brigou com você?
— não, não, não aconteceu nada. — ele riu balançando a mão. No entanto, hyunjin sempre foi um péssimo mentiroso e todo seu corpo expressava ao contrário. Changbin fechou a cara, como se somente aquilo pudesse arrancar a verdade do garoto mais alto. — eu só queria saber se você estava bem.
— eu tô bem.
— ah, isso é ótimo.
— você não vai mesmo me falar o que aconteceu? — ele apertou as mãos em punho, abaixando a cabeça antes de abraçar o seo de repente. O corpo do menor recuou um passo, enquanto as mãos grandes de hyunjin tatearam suas costas e apertaram. Changbin o acolheu, dando tapinhas de leve em seu ombro para confortá-lo. — você tá me deixando preocupado.
— não é nada. — ele fungou se afastando. — me desculpa, eu não sei o que deu em mim. Bom, você deve tá cansado, então tenha uma boa noite, binnie, se você precisar de algo não hesite em falar comigo. Sei que você sempre procura o seungmin quando tá passando por algum problema, mas quero que saiba que eu também tô aqui por você e que você nunca vai ficar sozinho. — ele esfregou o nariz e sorriu choroso, dando espaço para o seo entrar em casa.
Changbin enrugou a testa e olhou atentamente para o garoto, ele sorria abobalhado como sempre e o moreno não sabia identificar o que tinha de errado. Ele balançou a cabeça e entrou em casa, fechando a porta devagar enquanto observava hyunjin ainda parado ali. Changbin nunca tinha achado o hwang tão esquisito como agora. Ele decidiu deixar aquilo para lá e continuar com sua rotina.
A noite, quando recebeu uma ligação de jisung, estava trabalhando em seu notebook, ainda assim, o rapaz baixinho deixou seus assuntos de lado para atender a chamada de vídeo.
O sorriso caloroso que o castanho deu ao ver changbin podia deixar o menor cego: ele parecia radiante, não tinha nenhum traço de maquiagem em seu rosto, ele apenas usava uma regata preta e seus cabelos estavam molhados, uma toalha rodeava seu pescoço enquanto ele sorria contente.
— o que você tava fazendo, neném? — jisung indagou, tão empolgado em falar com o menor que não conseguia parar quieto. Changbin olhou para o notebook aberto e voltou sua atenção para o castanho.
— apenas tentando fazer um design diferente pro banner da loja que trabalho, meu chefe pediu.
— você sabe fazer essas coisas? — ele parecia bem surpreso, suas mãos agiam ligeiras para enxugar os fios castanhos ensopados com a toalha. Jisung tinha encostado o celular em algum canto enquanto ocupava uma cadeira no que changbin deduziu ser o quarto dele e de chan.
— mais ou menos. — coçou a nuca. — quer dizer, não é tão difícil e não tá ficando tão ruim.
— eu quero ver!
— ah, não. — jisung encolheu os ombros e fez bico. — se quiser ver como ficou, vai ter que vir aqui pessoalmente.
— você é bem espertinho, né? — ele se encostou na cadeira, olhando para changbin com os olhos brilhando e os cabelos bagunçados, sendo possível para o moreno visualizar bem os traços fortes do seu corpo: como as linhas bonitas que suas clavículas marcavam, ou como seu pescoço parecia atraente com o pomo de adão evidente. A boca do seo salivou, o obrigando a piscar algumas vezes e focar nos olhos do garoto.
— cadê o chan? — indagou.
— trabalhando. — jisung revirou os olhos, exausto com aquilo. Ele a toalha molhada em algum ponto não visível para o menor, se ajeitando na cadeira. — ele tá estressado por causa da empresa e se enfurnou no estúdio que tem nessa casa já faz uns dois dias, só sai pra comer e tomar banho, nem dormindo comigo tá mais.
— já tentou obrigar ele a sair de lá?
— de todas as maneiras possíveis, hyung. Até ameacei jogar água no notebook dele, mas ele só me olhou com a cara feia e trancou a porta. — changbin coçou o queixo pensando em algo. — falei pra ele que ia te ligar mas nem isso ele deu atenção. — notou a perceptível tristeza em seu tom. O castanho parecia tão magoado com aquilo que sentiu vontade de xingar chan até sua próxima geração.
— você quer que eu ligue pra ele?
— não sei se vai adiantar, ele parecia bem chateado com as coisas da empresa, e eu não o culpo por estar assim, eu também tô triste com o que tá acontecendo, e é por isso que eu queria ele por perto. Já basta você longe, agora ele também. — ele suspirou, deitando a testa na escrivaninha, os fios castanhos embaçaram a visão do seo que não sabia como consolar o garoto. — eu quero vocês dois comigo. — ele choramingou, e changbin quis pegar o primeiro voo pra Austrália apenas para acolhê-lo em seus braços e distribuir beijos por todo seu rosto cansado.
— ei, amor. — jisung ergueu a cabeça, mirando os olhos grandes e marejados em changbin. O peito do seo se apertou, ele queria esticar as mãos e tocar no rosto do han, apertá-lo contra seus dígitos e sussurrar em seu ouvido que tudo ficaria bem. — eu vou ligar pro chan, então fica aí quietinho que vai ser rápido, okay?
— mas binnie…
— confia em mim, não posso resolver os problemas da sua empresa, mas eu conheço o chan e posso te garantir que ele vai aparecer.
— não briguem.
— prometo nada. — jisung riu baixinho e assentiu, desligando a chamada.
Changbin apenas caçou o número do mais velho no celular e esperou ansiosamente até que ele atendesse. A primeira tentativa não deu certo, mas ele estava muito determinado para desistir. Ligou mais duas vezes até o australiano atender. Pretendia encurtar a ligação o máximo que podia, então seria direto.
— acho bom você parar seja lá o que você estiver fazendo e ir até o jisung. — mandou antes que chan tivesse a oportunidade de falar primeiro.
— eu tô ocupado, changbin.
— e por acaso eu perguntei? — ele esperou por uma resposta, mas o loiro se manteve calado do outro lado da linha. — olha, eu sei que você tá super estressado com tudo que tá acontecendo, eu e o jisung também estamos, mas se isolar só vai acabar piorando sua ansiedade, e eu não quero te ver passando mal por causa dessa merda toda. Então, por favor hyung, vai ficar com o sung e sai um pouco desse estúdio.
— por que você tem que ser tão bom com as palavras?
— não sou bom com as palavras, você que é meu cachorrinho. — a risada de chan preencheu toda aquela lacuna vazia em seu peito, trazendo um conforto indescritível para sua mente. — já saiu do estúdio, cachorrinho?
— já tô saindo, meu amado dono.
— ótimo, vou desligar, te vejo já já.
Retornou a ligação para jisung, o vendo sentado no mesmo lugar que antes. O castanho ainda parecia cabisbaixo quando viu changbin pela tela do celular, ele mordiscava a unha grandinha do seu polegar e balançava para trás e para frente a cadeira por estar entediado.
— não deu certo, né? Eu disse. — ele parou de morder a unha pelo susto da porta se abrindo de repente. Todo seu rosto foi iluminado por ver chan entrando todo sem jeito. — porra, você conseguiu! — ele olhou sorrindo para changbin antes de ficar de pé para abraçar o bang.
— eu sei, eu sei, sou incrível. — se gabou, jogando o cabelo longo imaginário para os lados.
O han pegou o celular e puxou chan com a outra mão, pulando na cama num solavanco que assustou o moreno. Ambos músicos se aninharam lado a lado, usando o espelho da cama como encosto, o celular foi pego por chris, sendo ele a segurar enquanto jisung puxava o cobertor e abraçava o rapaz de lado, tão feliz e risonho que todo seu rosto parecia uma grande estrela cintilante. Changbin amava vê-lo desse jeito.
— está feliz agora, amor? — o castanho balançou a cabeça várias vezes.
— ele me chama de amor e você não. — mostrou a língua pro australiano, este riu e beijou o lábio superior do menino.
— tá mas ele te chama de cachorrinho? — jisung franziu o cenho confuso.
— vocês são tão idiotas. — não conseguiu evitar o sorriso por vê-los tão bem.
— tem alguma novidade pra contar pra gente? — indagou o bang.
— vocês me lembraram de algo! — ele ficou de pé e vasculhou a gaveta ao lado da cama. — aqui, olha. — ele encostou o celular no travesseiro e tirou o convite de dentro do envelope bege, aproximando da câmera para eles lerem melhor. — seungmin vai casar e pediu pra chamar vocês. Tem nosso nome do convite, não é legal? — após eles verem, o moreno trouxe de volta, lendo ele mesmo seu nome junto com a dupla. Changbin que tinha feito o design dos convites, e em sua modesta parte tinha ficado ótimo. — eu sei que vocês não vão poder vir, mas pelo menos o convite tá feito. — ele guardou o convite e pegou o celular.
— nós realmente queríamos, mas tem tanta coisa acontecendo e a data tá próxima também, então acho que a gente vai acabar não indo. — changbin tentou esconder sua chateação com aquilo. Os entendia, então não deveria ficar triste. Não tinha o direito.
— bebê, não fica assim. — o moreno tentou sorrir para desfazer o clima, mas foi impossível. — a gente vai dar um jeito. — chan prometeu. — binnie, não fica triste, por favor.
— eu não tô triste. — exprimiu virando o rosto. — eu entendo que vocês não podem, só é frustrante, porque eu queria vocês aqui. — ele deixou o celular de qualquer jeito sobre o colchão para esfregar os olhos, tentando acalmar sua respiração. — merda, eu tô sendo egoísta de novo, me desculpa.
— você não tá sendo egoísta, binnie, não peça desculpa por isso. Nós também te queremos aqui, na verdade, não tem um segundo que eu não pense em jogar tudo pro ar e ir até você. É tão irritante não te ter com a gente, não te ver bravo de manhã por causa da claridade, não te ver com as bochechas cheias de comida no almoço e não te ver fazendo aquela dancinha estranha depois de tomar banho que deixa o chris todo desconcertado de vergonha. — chan o repreendeu por conta daquilo, arrancando risadas do menor que ainda não tinha pegado o celular, ele se encolheu no cantinho da cama e apenas observava de longe o vislumbre de ambos rapazes pela tela do aparelho. Estava com o rosto úmido e não queria ser visto chorando. — a gente te quer, changbin. Eu te quero agora. Aqui. Eu faria qualquer coisa pra te trazer pra cá.
— eu… também quero vocês dois. — depois de enxugar o rosto incontáveis vezes usando a manga do casaco, ele pegou o celular. Sabia que seus olhos estavam inchados e vermelhos, mas eles o olhavam com tanta paixão que changbin sabia que não tinha um rastro de pena em seus semblantes.
— vamos dar um jeito de te ver o mais rápido possível. — chan garantiu.
— tudo bem. — ele fungou ainda encolhido.
— nós te amamos, binnie.
— eu também amo vocês.
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