15° verso
Acordar sem eles na cama ainda era uma coisa para se acostumar, tinha se apegado rápido demais a chan e jisung, ainda tinha a sensação quente em seu corpo por dormir abraçado com eles de uma forma um tanto estranha, devo citar.
Seu humor estava impecável daquela manhã, tomou um bom banho antes de tudo e deixou que seu cabelo secasse por si só, optando por apenas uma camisa de mangas curtas simples de chan e um shorts preto. Sabia que seu amado não se importaria com ele vestido alguma de suas roupas e particularmente o cheiro do perfume levemente forte e másculo do bang o deixava seguro. Ainda se sentia meio inquieto por estar fora da sua zona de conforto, tinha passado muito tempo repreendendo aquele sentimento de incômodo quando precisava sair da sua cidade, toda aquela confusão do passado tinha deixado uma marca profunda em sua carne, tão profunda que às vezes quando a ferida se abria por algum gatilho chegava a doer.
Deixou esses pensamentos importunos de lado, descendo rapidamente pela longa escada. A casa deles era tão grande e silenciosa. Com os ombros encolhidos caminhou com mais calma até a cozinha, preparou um café amargo e algumas torradas, se serviu e comeu ali mesmo sentado em cima da ilha da cozinha, caçou seu celular dentro do bolso do shorts e uma faísca de lembrança lhe atingiu. Seungmin! Precisava ligar urgentemente para seu amigo e avisá-lo que estava bem, sabia o tanto que o rapaz era paranóico, com certeza tinha soltado os cachorros para todos os lados quando percebeu seu sumiço.
— minnie? — soou mais hesitado do que deveria. Do outro lado escutou seungmin suspirar fundo. Não era um bom sinal, preparou seus ouvidos.
— seo changbin, eu juro que vou arrancar esse seu pau de merda e fazer você comer, seu desgraçado! Como você some de uma hora pra outra e me deixa sem notícias dessa forma!? Eu juro que quando você aparecer na minha frente vou enfiar esse seu cabeção numa privada até entalar, vou te cortar que nem uma cebolinha e te dar para os cachorros comer, seu traste! Nossa, eu tô com tanta raiva de voc- hyunjin, me devolve isso! — de repente a voz do hwang invadiu a linha, deixando changbin até tranquilo. — oi, hyung.
— oi, jinnie. — soltou uma risadinha sem graça, ainda podia escutar em alto e bom som o kim xingá-lo por tudo que é nome possível. — desculpa pelo sumiço, juro que não foi intencional esquecer de avisar vocês. Me desculpa mesmo.
— tudo bem, só não faz isso de novo porque tive que aguentar o seungmin chorando a noite toda preocupado com você, e você sabe que eu odeio ver meu bebê assim. — ao longe o rapaz gritou que era tudo mentira. Changbin sabia que aquela cara amarrada do castanho era só uma fachada, por isso sentiu seu coração se inundar de culpa. Não queria deixá-los preocupados dessa forma.
— me desculpa mesmo, gente. — fez um biquinho culposo, colocando mais uma torrada na boca para não chorar por se sentir patético.
— vou devolver o celular pro minnie antes que ele me morda de novo. Fica bem, binnie hyung. — riu fraco da imagem do rapaz mordendo o hwang. Seungmin era imprevisível mesmo. — já pode ir dizendo onde você tá, seu velhote! E acho bom não mentir pra mim se não eu te castro!
— promete não ficar bravo?
— eu já tô bravo, seu imbecil cabeçudo!
— tá, tá. Tô em Seul com o chan e o jisung. — afastou o celular da orelha pelo grito estridente do kim. Por deus, quase ficou surdo.
— você tá de brincadeira com a minha cara, não é? Diz que é pegadinha.
— é sério. — ambos ficaram em silêncio por alguns segundos. — eu não tava bem e precisava deles… me desculpa, eu sei que sou fraco demais e que tô fazendo tudo que disse que não ia fazer, mas eles apareceram e colocaram minha vida de cabeça pra baixo de novo, eu tô tão perdido que só aceitei sem pensar nas consequências. Eu… me desculpa mesmo.
— para de pedir desculpa, seu idiota. — mais uma vez uma risada fraca saiu entre seus lábios sujos de farelos de torrada. — você ama eles e entendo que queira eles por perto sempre, e como eu entendo. Mas eu me preocupo com sua saúde, você ficou tanto tempo sofrendo pra tentar esquecer esses caras e agora tudo voltou à estaca zero, só me confirme que as intenções deles agora são as melhores, por favor. Você é um cara incrível, changbin, nenhum pecado do seu passado pode apagar isso. Você merece pessoas que te protejam não que te façam sofrer.
— eles vão me proteger, minnie, sei que vão. Somos maduros o suficiente agora, não é como anos atrás. Tudo mudou. Eu vou ficar bem, vou voltar pra casa em breve e prometo te manter informado de tudo.
— se você diz. — não conseguia parar de sorrir pela forma carinhosa e repentina que o kim lhe tratou. — só tome cuidado, seu velhote, volte logo pra casa o jinnie está com saudade.
— só ele?
— vá a merda, seo. — com uma risada alta de sua parte, a ligação foi desligada por seungmin.
Ainda ficou segurando o aparelho por alguns segundos, o olhando feliz, uma sensação de alívio o invadiu suavemente, seungmin não o odiava por seu sumiço e falta de responsabilidade. Estava tudo bem.
Ao terminar de comer lavou a louça que ainda estava sobre a pia, aproveitando também para limpar o fogão e o restante do balcão. Tinha o dia livre, então decidiu limpar toda a cozinha e explorar a casa do loiro logo após.
Com seu trabalho na cozinha acabado, se encaminhou animado até a sala, olhou ao redor, era tudo tão grande e espaçoso, janelas enormes de vidro por todos os lados e móveis caros. Entrou nas portas que tinha pelo corredor da sala para os fundos da casa, explorando até mesmo o quintal fechado com piscina e uma área aberta para churrasco. Entrou novamente e subiu as escadas apressado, tinha cerca de cinco portas, uma delas sendo a suíte onde dormiu com eles na noite anterior. Decidiu seguir pela ordem das portas, da primeira à última. Na primeira era um banheiro tão grande e espaçoso quanto o da suíte do australiano, não ficou tanto tempo ali pois queria ver o que tinha nas outras. Na segunda era o escritório que provavelmente era do bang, não imaginava que aquele ambiente pudesse ser do han, não fazia seu estilo. Caminhou pelo cômodo amplo, tinha alguns porta retratos sobre a grande mesa de madeira bem organizada, os pegou e sorriu fascinado pelas fotos de ambos em diversos lugares, ficando encantado por seus rostos felizes e brilhantes. Eles pareciam tão alegres.
Naquele momento não sentia nada além de uma grande satisfação ao vê-los tão bem, não era como na noite passada, não se sentia um intruso nem nada do tipo, estava genuinamente extasiado por um sentimento quente e confortável em vê-los daquela forma. Estava começando a aceitar que eles tiveram uma história, mas estavam dispostos a construir uma consigo, onde os três pudessem ser felizes juntos como naquelas fotos.
Coloco o retrato no lugar, saindo devagarinho fechando a porta, respirou fundo e seguiu em frente, na terceira porta era um estúdio, não ficou nem um pouco surpreso, sabia que aqueles dois eram obcecados por música. Um dia também foi, mas sentia que atualmente não precisava tanto dela como precisava antigamente, conseguia viver normalmente nos bastidores. Na última porta não tinha nada de interessante, apenas um quarto pequeno com algumas coisas velhas, o cheiro de poeira que aquele lugar estava fez seu nariz coçar. Com sua exploração finalizada, voltou para sala afim de deitar no sofá, não estava cansado nem nada do tipo, apenas sonolento e com uma nuvem de preguiça o forçando a ficar quietinho em um lugar por algumas — ou várias — horas.
Ligou a televisão e colocou em um canal de filmes, se acomodando para prestar atenção no que passava na tela, encolheu suas pernas e abraçou uma almofada grande.
Perdeu a noção do tempo e apenas reparou que tinha escurecido quando, por algum motivo, olhou para as janelas, o céu estava um breu completo e eles ainda não tinham chegado. No mesmo instante que pegou o telefone para ligar para jisung, escutou o barulho de um carro entrando na garagem. Descalço correu até a porta, abrindo com cuidado a porta para checar se era eles mesmo, viu jisung saindo do carro com auxílio do bang e caminhando com a ajuda das muletas até a poeta, voltou para a sala tropeçando, se jogando no sofá tentando controlar sua respiração.
— neném? — jisung indagou, e como um cachorrinho changbin se levantou, indo até ele para ajudá-lo a andar. — como foi seu dia? — sorriu para o seo enquanto o mesmo pousada suas mãos suavemente sobre seu ombro e quadril, o levando com calma até o sofá.
— entediante, mas deu pra aguentar. — sentou ao seu lado.
— sinto muito por te deixar sozinho o dia todo, mas amanhã não preciso ir trabalhar, então vou ficar contigo o dia todinho! — jisung exclamou feliz.
— você ainda tem que trabalhar, seu danadinho, nem pense em fugir de suas obrigações. — chan proferiu, abrindo os primeiros botões de sua camisa social e deixando a mochila com seu notebook em uma poltrona, indo se juntar a eles no sofá. Estranhamente tímido, changbin abaixou o rosto para a pequena mão do han que fazia uma leve massagem em sua perna despida.
— você é todo sem graça. — mostrou a língua para o mais velho, este que retribuiu. O moreno riu baixo de suas infantilidades, achando fofo o bico que o mais novo entre eles fazia por estar chateado pelo bang ter acabado com seu entusiasmo.
— como você está, amor? — ainda não estava acostumado com todos aqueles apelidos carinhosos que repentinamente tinha começado a receber, se sentia um idiota tímido por meras palavras, mas ainda assim agraciado por uma boa dose de serotonina.
— bem, eu acho. — ergueu seu olhar, mas ficou constrangido por receber tanta atenção dos dois que o encarava seriamente. — sério, por que vocês ficam me encarando com essa cara? Parem com isso.
— que cara? — jisung indagou risonho, se aproximando do moreninho e deitando seu rosto no ombro dele.
— de idiota.
— você tem uma boquinha muito suja, sabia? — chan quis manter o rosto sério, mas despencou de amor ao ver jisung segurar no rosto do seo com calma e beijá-lo devagarinho. Cruzou as pernas para evitar qualquer incômodo e tentou não olhar tanto para o jeito que changbin ficou entregue por apenas um tocar de lábios simples. Ele era tão simplório e encantador, o australiano sentia que poderia enlouquecer com aqueles dois.
Jisung se afastou tão devagar tanto quanto o beijo tinha acontecido, deixando changbin levemente desorientado, piscando várias vezes para se colocar de volta nos eixos.
— que tal panqueca para o jantar? — propôs o mais novo, encarando os dois com um sorriso.
— isso não é jantar. — novamente chan cortou seu barato.
— mas eu também não posso fazer nada nessa merda! — cruzou os braços irritadiço, inflando suas grandes bochechas de quokka.
— eu posso fazer panqueca pra gente. — changbin passou por cima da fala do bang. O rosto do outro moreno se iluminou em um sorriso gigantesco, pulando em cima do menor para abraçá-lo.
— por isso você é meu hyung preferido de todo o mundo! — disse em alto e bom som, enchendo o rosto rechonchudo de beijos e carinhos.
— eu ainda tô aqui, sabe. — chan se pronunciou, fingindo estar chateado. — ainda não ganhei nem um beijo, nem um abraço, muito menos carinho. — listou as coisas enquanto contava nos dedos. — vocês me odeiam, né? Pode dizer, eu aguento. — ambos mais novos caíram na risada pela cara de cachorro que caiu da mudança que o loiro estava fazendo.
— tadinho dele, sung, tão sofredor o pobre coitado. — mordia o lábio para não rir mais e manter o teatrinho.
— não é, binnie. Dá até pena. — entrou na brincadeira do moreno.
— vocês são horríveis. Eu vou embora daqui. — ameaçou se levantar mas foi puxado pela camisa por jisung, voltando a se sentar onde estava.
— deixa de ser besta. — changbin foi se sentar do seu lado direito, enquanto jisung beijava sua bochecha pálida entre uma risada gostosa pelo drama do loiro.
— me beija que eu penso no caso. — segurou em seu queixo com apenas o dedo indicador, erguendo seu rosto com cuidado e selando os lábios úmidos, deslizando suavemente pela carne macia, fechando seus olhos lentamente em prazer.
Seguiram com as carícias até chan ditar que precisavam comer algo, já que a noite caia aos poucos e ainda estava cheio de trabalho para finalizar. Como dito antes pelo seo, as tão almejadas panquecas do moreno saíram com a ajuda do bang. Tiveram um jantar normal, apesar do caos que jisung fazia por basicamente nada, seu jeitinho atacado ainda permanecia. Changbin não podia dizer o quanto sentia falta da presença deles, das suas manias engraçadas e seus costumes estranhos. Se sentia bem naquela noite como não se sentia em anos.
Mais para as dez horas o trio já tinha terminado de comer e assistido um pouco de televisão, jisung parecia exausto e chan nem podia se comparar. Primeiro changbin levou o mais novo para a cama, em seu colo ele cochilava e ressonava baixinho, o deixou com cuidado na cama e desceu para chamar o bang.
— hm, chan. — hesitou ao chamá-lo. Ele dormia todo sem jeito encostado no braço no sofá. Abaixou-se para acariciar seu cabelo loiro. — ei, acorda. — sussurrou rente a seu ouvido, este que apenas balançou a cabeça para os lados ainda dormindo e virou o rosto. — não faz isso comigo, vamos dormir na cama, aqui você vai ficar desconfortável.
— eu ainda tenho que fazer umas coisas, bebê. — murmurou rouco e baixo, piscando os olhos lentamente para acordar. Changbin engoliu em seco pelo tom de sua voz.
— você pode fazer amanhã, hoje você tá muito cansado. — Chan virou seu rosto na direção do de changbin, seus olhos nem estavam abertos ainda mas seu bico era enorme. — não seja teimoso, vamos dormir.
— vá primeiro, prometo só demora alguns minutinhos. — aquele ainda era o mesmo christopher de alguns anos atrás. Changbin pensou inconformado.
— tá, você quem sabe. — se levantou desistente, ignorando a carinha perdida do bang e seguindo rumo até a suíte onde jisung já dormia.
Mesmo deitado e coberto por uma camada quente de cobertas, não era a mesma coisa sem chan ali na ponta para sussurrar palavras baixinho em seu ouvido para ajudá-lo a dormir. Estava com insônia mais uma vez e preocupado com a demora do outro, jisung tinha caído como uma pedra, dormindo agarrado a seu braço, como se o seo fosse um grande urso de pelúcia. Suspirou pela lentidão do mais velho em aparecer, sabia exatamente onde ele podia estar e estava se coçando para ir buscá-lo, mas parece que o citado leu sua mente e apareceu no mesmo instante que arrumava um jeito de desgrudar a pequena bolinha bochechuda do seu braço.
— demorei muito? — indagou o mais velho, entrando de baixo da coberta, colando seu peitoral nas costas do baixinho que lhe ignorava por puro descontentamento com sua atitude. — ei, não fique irritado. — passou suas mãos pela cintura do seo, as arrastando pela extensão do seu peito até seus dedos longos tocarem levemente seu pomo de adão, enquanto a outra descia perigosamente por sua barriga em linha reta.
— para. — grunhiu baixo, engolindo em seco pela sensação quente que tomava seu ventre. — jisung tá dormindo, para com isso. — tentou virar o rosto para encará-lo mas a mão do bang fechou levemente em seu pescoço, não apertava, apenas a mantinha lá, seus dedos faziam um leve carinho pela pele macia. — o que você tá fazendo, christopher?
— apenas tocando no que é meu.
— não tem graça, o hannie tá dormindo.
— eu sei, por isso é divertido. — sussurrou em sua orelha, aos poucos soltando sua coxa do forte aperto que estava dando. Changbin se contorceu parcialmente para trás, mas o corpo robusto de chan o impediu. — a ideia de ter vocês dois dormindo agarrados aqui não me deixou finalizar nenhuma das minhas faixas, tenha isso em mente. — soltou seu pescoço e apenas o abraçou por trás com força. — boa noite, binnie.
Changbin apertou os olhos para se manter lúcido. Sentia que quem acabaria louco ali era ele.
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