11° verso
- até quando você vai ficar com essa cara de enterro? - Seungmin colocou a caneca de café com alguns pingos de adoçante em cima da mesa, de frente para o moreno.
- me deixa no meu canto. - com cuidado pegou o objeto em mãos e assoprou antes de beber um bom gole.
- é sério hyung, já faz três semanas. - suspirou ao encarar o mais velho. - você mal tá saindo de casa, não está indo trabalhar e nem pra ir lá no bar encher a cara como antes você vai.
- eu só não tô com cabeça pra isso. - não encarou o mais novo, mantinha seus olhos presos ao café em sua mãos.
- e seu emprego, changbin?
- falei com jaebeom, ele disse que está tudo bem e que segunda eu estarei de volta. - ergueu o rosto até o maior. - não faz essa cara de preocupado, eu tô tentando ficar bem.
- como você não quer que eu me preocupe? Olha para si mesmo, você está horrível, bin! Seus olhos estavam opacos, está emagrecendo e com o rosto abatido e isso tudo por causa de dois caras. Será que eu vou ter que te levar pra fazer terapia de novo?
- você não está nem louco! Aquele cara tentou me abusar, eu não piso naquele lugar de novo nem morto. - Seungmin se calou. - eu tô bem, tá legal? Jisung e o Chan não tem nada a ver com isso, são só meus problemas. Eu sei lidar com isso. - terminou de beber o café que o maior tinha feito e ficou de pé. - obrigado pelo café.
Saiu do apartamento do casal e foi para seu, trancou a porta e jogou as chaves em cima do sofá, indo para o quarto a fim de se deitar. Seu corpo tremia levemente pelo frio que fizera, estava mais uma vez chovendo e aquele clima só contribuía mais para seu humor deprimente. Se enterrou nos lençóis grossos e suspirou, em seu mão estava o celular. Ele ainda esperava por uma ligação do Han ou até mesmo de Chan, mas nada, literalmente nada durante semanas.
Eles tinham ido embora e mal pôde se despedir direito, a promessa que ligariam para o moreno era como se nunca tivesse existido. Nem uma ligação tinha sido feita e nem retornada, era inquietante para o Seo. Suspirou deixando uma lágrima solitária descer por seu rosto pálido. Por que aquilo estava acabando consigo? Sentou na cama e enxugou a lágrima, não queria chorar de novo. Olhou ao redor, era tudo tão sem cor, era como se algo faltasse dali, algo faltasse nele. Passou as mãos pelos cabelos ressecados e deixou o celular de lado, voltando a se deitar e tentar dormir.
Conhecia aquele sentimento, não queria voltar a ser daquele jeito.
(...)
Abraçado com o edredom o moreno foi para a sala, seus pés descalços tocando na madeira fria e seus olhos vagando por aquele pequeno espaço, adentrou a cozinha e colocou água para ferver para fazer mais uma xícara de café, sentia a abstinência do cigarro aparecendo, mas não iria cair novamente, café sempre resolvia aquele problema. Era como combater vício com vício.
Enquanto esperava a água ferver, vasculhou a geladeira atrás de algo para acompanhar, mas nada ali chamava sua atenção. Não tinha fome. Fechou a geladeira e desligou o fogão, pegou uma xícara no armário e colocou a água quente e o pó do de, como de costume pingou algumas gotas de adoçante e foi para o sofá com o xícara quente na mãos. Se sentou encolhendo as pernas no estofado macio, ligando a televisão em um canal qualquer.
Podia jurar ter ouvido seu celular tocar, mas como o volume da televisão estava alto não soube identificar se era seu aparelho ou não. Continuou sentado e ao terminar seu café, ficou de pé para levar a xícara até a pia, ao passar em frente ao corredor desta vez teve certeza absoluta que era seu celular, largou o edredom pelo chão e correu até a cozinha para deixar a xícara.
Seu coração parecia querer sair pela boca, seu corpo pequeno tremia de ansiedade, chegou no quarto e buscou o celular entre os amontoados de lençóis, logo o achando embaixo do travesseiro. Um sorriso enorme brotou em seus lábios salientes ao ver que era christopher, atendeu sem pensar duas vezes.
- oi, binnie. - sua voz era baixa e rouca, changbin tremeu pelo tom.
- channie. - murmurou. - por que demoraram tanto para me ligar? Eu estava preocupado...
- me desculpe, esses poucos dias foram muitos movimentados e eu acabei ficando sem tempo. - um suspirou foi ouvido do outro lado da linha. - jisung tinha uma apresentação para fazer mas acabou torcendo o tornozelo, além das promoções de alguns cantores solos da minha empresa e um monte de outras coisas.
- Jisung tá bem? - ficou apreensivo pela notícia que seu amado estava machucado.
- sim, ele está. Eu acabei de levar ele no hospital e ele foi medicado e engessaram sua perna, agora ele está dormindo.
- queria falar com ele. - fiz bico ao encolher suas pernas para cima da cama.
- ele também queria falar com você. - murmurou. - nesses últimos dias o jisung andou meio paranóico, como se algo tivesse incomodado ele. Ele chegou a me dizer que poderia ser relacionado a você, mas você está bem, certo?
- sim. - sua voz saiu baixa, mas não soube bem o porquê.
- de verdade?
- sim, hyung. - tentou soar mais convincente.
- changbin, lembra do que a gente conversou? Você tem que dizer o que está passando para que eu e o sunggie possamos te ajudar.
- eu só fiquei pensando que vocês tinham esquecido de mim. - se sentia constrangido a falar aquilo, puxava os fios do lençol que estava sobre seu colo, cobrindo suas pernas.
- nós não esquecemos de você, todos os dias pensamos em você e tentávamos achar uma forma de te ligar, mas foi tantas coisas acontecendo em um curto espaço de tempo que não deu. Desculpa mesmo, amor.
— tudo bem, channie.
— eu tô te achando tão estranho... — o loiro ficará em silêncio por alguns instantes. — binnie, você não está escondendo nada de mim e nem do hannie, não é? Sabe que pode contar o que quiser para mim, eu tô aqui por você.
— minha vontade de fumar voltou e eu tô tentando não me render ao vício. — começou a dizer baixo, estava tentando parar com o costume de guardar tudo para si mesmo. Talvez dizer o que está acontecendo pudesse fazer ele se sentir melhor, não é? — eu não tô indo trabalhar porque não estou me sentindo bem, não consigo dormir direito e me sinto mais deprimido a cada dia. Eu não quero ficar aqui sozinho, Chris, eu não estou bem. — sentia seus olhos encherem de lágrimas.
— por favor, não chore. — changbin fungou passando as mangas do moletom no nariz. — eu vou te trazer pra cá.
— mas chan-
— changbin, eu não vou ficar bem sabendo que você está aí sozinho. E vou te buscar e você pode ficar na minha casa, ninguém vai saber que tem alguém lá, o condomínio é fechado.
— mas eu tenho trabalho, channie.
— seu bem estar é mais importante, e enquanto você estiver aqui eu arco com os custos. Só faça o que estou pedindo. — changbin suspirou mordendo o cantinho do lábio. — binnie, por favor.
— tudo bem...
— amanhã estarei aí logo de manhã cedo. Aviso antes de sair. — um silêncio se predominou por alguns instantes. — eu te amo, changbin, e sinto muito a sua falta.
— eu também te amo, Chris. — seu coração se aqueceu dentro do peito. — também sinto a sua falta e a do hannie.
— aposto que ele ficaria desesperado sabendo que você não está bem. — ambos riram baixo pela imagem do mais novo gritando de preocupação.
— posso te pedir uma coisa, hyung?
— claro.
— fica conversando comigo até dormir. — abraçou seu próprio corpo em timidez. — se não for te incomodar.
— não vai me incomodar, neném.
Changbin pediu para Chan esperar enquanto ele ia apagar as luzes do corredor e logo voltou para cama correndo, ajeitou o celular no viva-voz ao lado do seu rosto e em cima do travesseiro, puxou o coberto grande para seu corpo e suspirou pela voz calma do loiro do outro lado da linha.
— você está coberto? — changbin murmurou em concordância. — está frio hoje, se mantenha aquecido pra não pegar um resfriado. — Chan suspirou alto pensando em algo para contar ao menor. — aconteceu algumas coisas engraçadas com jisung, preciso te contar para amanhã você rir da cara dele.
— tudo bem. — riu baixinho, fechando os olhos.
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