Capítulo 6 parte 1
HELOÍSA
Se sábado foi revelador, o almoço de domingo foi difícil de digerir.
Hans chegou quando todos conversavam na sala da casa de nossos avós. Para meu azar, ele estava lindo, vestindo jeans e jaqueta de couro. Seu jeito autoconfiante era ofensivo demais para mim. Imediatamente, me lembrei do que tínhamos feito, ou quase feito, há algumas horas. Meu ventre se contorceu, ansioso para reviver tal sensação. Me sentir assim não era nada bom diante das minhas frágeis estruturas emocionais. Estava certa que meus impasses com meu primo só serviriam para me abalar e confundir ainda mais.
Por isso, decidi ignorá-lo e, se possível, nem mesmo olhar para ele. Era a melhor forma de seguir em frente. Então, tudo ao meu redor se tornou objeto de análise. Foquei minha atenção no copo de suco em minhas mãos, depois em minhas botas, nos detalhes das estampas do tapete e até mesmo nos enfeites da mesa de centro. Porém, eu não esperava que sentaríamos frente a frente durante o almoço. Novamente foquei na salada caprese, no talharim e no rosbife. Me entupi de comida enquanto ouvia todos papearem felizes.
Na hora da sobremesa, vó Margarida não me deu a chance de escolher qual seria minha opção. Entre mousse de goiabada com queijo, cocadas de forno e pavlova*, recebi um pote cheio de algo esbranquiçado, polvilhado com coco ralado. Disseram que cuscuz de tapioca era uma das minhas comidas preferidas. Mas ao levar uma colherada à boca, duvidei do grau de conhecimento que minha família tinha sobre minha pessoa.
– Vó Margarida, tem certeza que gosto dessa coisa? – perguntei, sentido o sabor insosso, enquanto Lise quase revirava os olhos ao morder sua pavlova.
– Claro, Helô. Tem alguma coisa errada com o sabor?
– Está com pouco açúcar.
– Querida, o açúcar do cuscuz de tapioca está concentrado no leite condensado. Misture os ingredientes com o talher e prove de novo. – tia Cris interferiu.
Resolvi dar mais uma chance para a iguaria nordestina, mas novamente o sabor não agradou meu paladar.
– Acho que por hoje tive o bastante de tapioca. – afastei a tigela um pouco sem jeito.
– Quer experimentar outra sobremesa? – minha avó perguntou e gesticulei um sim com a cabeça. Ela pegou um prato e colocou duas minis pavlovas. Sem importar com boas maneiras, peguei uma delas com as mãos. A combinação de suspiro, creme e os pedaços de morangos me fez salivar. Dei a primeira mordida apreciando a sensação boa que tive dentro da boca.
– Gostou dessa sobremesa? – minha mãe perguntou. Mais uma vez gesticulei um sim com a cabeça e dei outra mordida.
O ocorrido não foi muito alarmante, pois outras conversas paralelas aconteciam durante meu impasse com as sobremesas. Mas não pude deixar de ouvir o que Lise cochichou para Hans:
– Sempre suspeitei que ela dizia gostar do cuscuz por sua causa.
A fala de minha prima não tinha maldade, era apenas uma afirmação. Mas me revoltei ao constatar que minha paixão por Hans influenciava meus gostos e minhas vontades. Isso foi demais para mim. Eu não poderia acreditar que meus parentes eram coniventes com a situação.
– O que você disse, Lise? – parei com a pavlova no caminho até minha boca. Minha prima ficou vermelha ao ser pega em flagrante. – A amnésia não atingiu minha audição. Será que você pode me explicar o que acabou de dizer? – as conversas ao redor da mesa cessaram, mas eu mantive meu olhar fixo em meus primos. – Vamos, fale logo!
– Heloísa, por favor. Não se altere. – ouvi a voz de meu pai à minha esquerda.
– Estou calma até demais diante de tudo que ando vivendo. Só que cansei de respostas paliativas. – ainda olhava para Lise enquanto falava para meu pai. – Lise, preciso que me explique o que disse sobre eu gostar de algo porque seu irmão também gosta.
– Ela não precisa explicar nada. – Hans se manifestou. – Nossa avó sempre faz cuscuz de tapioca para nós dois, pois somos os únicos que gostam dessa sobremesa.
– Então acho que nossa avó terá que diminuir a receita, porque eu me recuso experimentar de novo. – cruzei os braços, de queixo levantado, sem deixar de encarar Hans.
– Heloísa, respeita sua avó! – mais uma vez meu pai falou, o que me deixou bastante irritada. Antônio não conseguia me dar um mínimo de carinho, apenas me repreendia quando se sentia incomodado. Fechei os olhos, respirei fundo e direcionei uma pergunta a minha avó:
– Vó Margarida, a senhora está ofendida por eu não querer mais cuscuz?
– Nenhum pouco.
– Que bom! – olhei para Lise. – E você Anelise, está chateada comigo? – ela negou com um sorriso tímido. Depois olhei para meu primo. – Hans? Por acaso se sente ofendido por não compartilharmos mais a mesma sobremesa?
Ele me fuzilou com o olhar, esperou alguns segundos e disse:
– Você continua petulante.
– Não perguntei quais eram minhas características, mas tudo bem. Entendo que deve ser duro não ter mais a prima ninfeta alimentando seu ego. – falei e voltei a dar atenção ao doce em minha mão. Viktor começou a rir, Maurício engasgou com a cocada e meu pai me repreendeu mais uma vez.
– Heloísa, tenha modos a mesa!
– Homens... – bufei, ignorando meu pai. – São tão previsíveis. A gente corre atrás, faz de tudo para ser notada, muda o cabelo, emagrece, compra roupas e até ingere comida que a gente não gosta. Mas quando desistimos e caímos fora, eles sentem falta e começam a cercar a gente que nem... que nem... putz, esqueci a palavra.
– Cercar que nem urubu. – meu avô respondeu ao mesmo tempo em que sua mão trêmula tentava acertar uma colherada para dentro da boca.
– Isso! Urubu! Obrigada, vô.
– De nada. Mas como você descobriu que sempre foi apaixonada por Hans? – Vô José perguntou depois de engolir seu mousse.
– Foi o Viktor. – apontei para meu outro primo.
– Vik, por que você fez isso? – tia Cris perguntou com repreensão.
– Ah, qual é? – interferi antes de Viktor responder. – Se ele não me contasse, eu descobriria de qualquer jeito. Meu escritório é quase um santuário ao Hans. Bastou abrir algumas caixas e remexer gavetas para juntar as peças do quebra-cabeça.
– Mas o escritório estava trancado. – disse tia Cris.
– Encontrei as chaves. – foi a justificativa que eu dei, mas a verdade é que tinha roubado o molho de chaves de Julieta.
– E como você se sente diante dessa descoberta? – tio Soren se manifestou pela primeira vez. Sua voz carregada de sotaque e tão complacente me fizeram baixar a guarda. Hans era muito parecido com ele, mas sua atitude era muito mais dócil.
– Sinto que sou enganada por mim mesma o tempo todo. Corpo e mente estão em constante combate. – preferi dar uma resposta geral. – Posso dizer que não ajuda quando todos estão decididos a me darem meia-respostas. Isso me deixa ainda mais frustrada, mais triste e mais cansada. Ao invés de me sentir familiar, sinto que estou vivendo uma vida que não me pertence.
– Talvez seja hora de sermos mais sinceros com você. – minha mãe respondeu e sorriu para meu pai. Nessa hora, Helena, que estava dentro do carrinho, começou a chorar.
– Façam isso, por favor. Com licença. – levantei, mas antes olhei para vó Margarida e disse: – Obrigada pelo almoço, vó Margarida.
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Depois de uma alteração brusca no humor, nenhuma pessoa acometida por qualquer tipo de transtorno se sente leve por ter desabafado seus incômodos. No meu caso, por exemplo, a prostração vinha com tudo. E por mais que todos ao redor esquecessem o ocorrido, eu não esquecia. O desgaste de uma sanidade frágil resultava em sentimentos ruins.
Eu não gritei e nem quebrei coisas, mas ainda sim me alterei. Uma situação que eu poderia ter resolvido de outro jeito.
Como se não bastasse meu constrangimento, a estadia na casa de meus avós se prolongou. Todos permaneceram para um café no pós-almoço, que virou um longo bate papo que se estendeu até o lanche da tarde.
Tudo que eu queria era ir embora, mas não tive coragem de pedir isso aos meus pais. Então aproveitei que minha filha dormia em um dos quartos e fui até a varanda. Uns minutos de silêncio poderia me fazer bem.
Permaneci em pé olhando as flores do jardim da minha vó. Tudo era bonito e bem cuidado, mas não se comparava ao lugar que eu tinha em casa. Tive que admitir que meu pai tinha um excelente gosto.
Foi perdida nessas comparações que Hans apareceu e estendeu sua mão para mim.
– Vem dar uma volta comigo. – disse manso, mas sem perder o semblante sério. Percebi que ele segurava seu capacete na outra mão.
– Na sua moto? – perguntei e ele sinalizou que sim. – Eu já andei com você outras vezes? – mais uma vez, ele afirmou com a cabeça.
Algo em mim me mandava rejeitar sua oferta. Mas com sua mão estendida e seu olhar mobilizador eu seria capaz de ir a qualquer lugar com ele.
Elevei minhas mãos e nossos dedos se entrelaçaram. Me sentia uma imbecil por ser tão fácil. Mas era bom sentir nossas peles juntas.
Quando dei por mim, estávamos em frente à sua moto enquanto ele ajustava seu capacete em minha cabeça.
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– Que lugar é esse? – entreguei o capacete para Hans e sacudi meu cabelo.
– Uma praça. – respondeu, com seu típico jeito de ser.
– Eu sei que é uma praça, mas esse lugar significa algo para mim? – não estávamos muito longe da casa de nossos avós.
– Acho que não. Só quis te tirar de lá. Estavam te sufocando.
– E pensou que eu ficaria mais calma perto de você? – minha pergunta o fez sorrir. Era bom arrancar um sorriso de seu rosto.
Dei as costas e olhei para o topo das árvores, o verde tampando o azul do céu. O frescor e a calmaria de domingo estavam me fazendo bem.
Comecei a andar, sabendo que meu primo me seguia atrás.
– Gosto de plantas. É legal observar as tonalidades do verde.
– Eu sei. Você gosta de correr ao ar livre.
– Eu corro? – girei meu corpo e fiquei de frente para ele, que afirmou com a cabeça. – Você também corre?
– Prefiro correr na esteira – como sempre, Hans foi econômico em suas palavras. Mas contrariando sua natureza, seu rosto estava sereno.
– Hum, deu pra perceber que faz o tipo que vai a academia por pura diversão. – sorri involuntariamente. Hans não perdeu tempo e encurtou nossa distância. Tive que curvar meu pescoço para trás para não perder nosso contato visual.
Eu deveria dizer não àquela aproximação, mas tive curiosidade quanto ao que ele pretendia fazer. Sua mão acariciou meu rosto e seus dedos se prenderam em minha nuca. Fechei os olhos aceitando seu toque, que me fazia tão bem. Mas quando me dei conta, estávamos nos beijando.
Diferente dos beijos da noite anterior, esse foi calmo. A lentidão de nossos lábios me fazia apreciar o sabor de nossa mistura. Seu cheiro entranhava por todo meu corpo, enfraquecendo-me a tal ponto que cheguei a segurar na gola de sua jaqueta.
Eu não me via querendo me afastar de seus braços, que me rodearam e levantaram-me do chão de uma maneira familiar. Tive convicção que era assim que beijávamos no passado. Era nosso jeito de se encaixar um no outro.
Meus braços ficaram por cima de seus ombros. Pude deslizar as mãos em sua cabeça e sentir seus fios extremamente curtos. Não tive receio em aprofundar minha língua em sua boca. A ousadia vinha de modo natural. Era a antiga Heloísa se mostrando.
Hans respondeu minha investida ao sussurrar nos meus lábios:
– Vamos para meu apartamento.
Sua voz grave me convidava a ir além. Mas ao invés de dar uma afirmativa, interrompi nosso beijo para encará-lo. Hans ainda me mantinha suspensa igualando nossas alturas. Pelo seu olhar, vi que aguardava meu consentimento. Não poderia negar que nós dois envoltos em intimidade era o que meu interior desejava desde o dia em que abri meus olhos no hospital. Mas eu tinha uma pequena noção que nosso passado era conturbado e ferido, mesmo que não me lembrasse de nada, eu ainda tinha bom senso para ler as entrelinhas. Além disso, seu convite me acordou para a realidade. Nosso relacionamento era errado não por sermos parentes, e sim porque eu não tinha condições emocionais para estar com alguém.
– Me coloca no chão. – ordenei com calma. Ele me obedeceu. – Pode me levar de volta para casa de nossos avós?
– Fica mais um pouco. – ele pediu e vi pequenos sinais de desapontamento em seu rosto. Mas ele ainda insistiu: – Vamos tomar sorvete.
– Não quero sorvete. Acabei de comer sobremesa.
– Vamos lá. Você nunca rejeitou sorvete. – tentou sorrir e forçar gentileza. Percebi que esse era seu modo de se desculpar pela ousadia em me convidar para ir ao seu apartamento.
Mas, como eu era uma desmemoriada, tinha o cruel e frequente sintoma de ir de um extremo ao outro, por motivos pequenos. Mais uma vez, eu estava perdendo o controle do meu humor e isso era horrível. Em poucos segundos, me peguei sentindo uma raiva descabida. Eu queria estapear meu primo.
– Mas agora rejeito – abracei meu próprio corpo, segurando a vontade de gritar. – Me leva embora.
– Será só um sorvete. Você adora o de abacaxi. – Hans disse um pouco mais sério. Ele também não era tão tolerante.
– É impressionante como todo mundo adora mostrar o quanto sabem sobre mim, mas são incapazes de me deixar em paz. – dei as costas para ele e comecei a andar.
– Onde você pensa que vai? – sua voz soou a minhas costas, mas ignorei. – Volta aqui, sua moleca! Eu te trouxe para tomar sorvete e é isso que vamos fazer. – continuei andando até sentir sua mão puxar meu braço e me virar para sua direção. – a senhorita deve ter percebido que não sou um cara muito paciente. Então me obedece, se não vai ser pior para você.
– Vai ser pior? – bradei sem me importar com os poucos transeuntes. Meu domínio próprio desapareceu com sua ameaça. – Eu não tenho memórias, sou mãe solteira e tenho uma relação incestuosa com meu primo. O que pode ser pior, Hans?
– Incesto? Não fala merda, Heloísa!
– Se não é incesto, é pelo menos um relacionamento estranho!
– Inacreditável. – ele desviou o olhar para longe, colocou as mãos na cintura e negou com a cabeça.
– Bota inacreditável nisso.
– Você quer saber a verdade, não quer? É isso que você anda pedindo, então é isso que terá.
Você é uma peste. Ainda criança colocou na cabeça que ficaríamos juntos. Era pegajosa, louca e carente. Me fez assistir aqueles malditos filmes de princesas, fui em todos seus recitais de balé, piano e outras bobagens. Como percebi que você não largaria do meu pé assim tão fácil, resolvi que não custava nada ser legal com minha prima mais nova. Então te inseri em meu mundo. Te apresentei a luta, te levei para estádios de futebol, te ensinei a andar de bicicleta e te apresentei os melhores filmes de ação. Até aí tudo estava indo bem. Mas à medida que crescia, sua paixão ficava mais irracional. Você infernizou a vida de todas as namoradas que tive e insistia na loucura que éramos feitos um para o outro. Incontáveis vezes zombei sem piedade desses seus delírios. Repudiei suas atitudes como qualquer homem sensato. Mas você ficou bonita, ficou cada vez melhor nas artimanhas de sedução e meus amigos começaram a dar em cima de você. Fiquei ensandecido de ciúmes. Tivemos um caso, depois me senti um merda. Te dispensei e tentei seguir com minha vida. Tivemos outra recaída, novamente me senti um merda e te dispensei. Ficamos nesse ciclo por anos até um dia tudo entre nós finalmente acabar e cada um seguiu com sua vida.
– Então por que você não aproveitou minha amnésia para apagar nosso passado de vez? – saí da sua frente e me sentei no banco mais próximo. Olhei para o perfil de Hans, que mantinha suas mãos na cintura e o pescoço prostrado. – Se você continuar por perto, as chances de eu voltar a ser uma peste em sua vida serão grandes. Fique longe, Hans, por favor.
Ele levantou a cabeça e soltou uma risada nervosa olhando para frente. Mas depois veio sentar no banco. Lado a lado olhávamos para rua.
– Estava conversando com minha mãe e disse que essa semana participarei da sua escala de horários. – disse mudando o assunto. – Amanhã nós vamos fazer uma caminhada no Parque Ibirapuera.
– Não vou mesmo. – respondi na mesma hora.
– Vai sim. Você precisa voltar com sua rotina de exercícios. Isso vai ajudar sua cabeça, vai ficar mais relaxada e além disso vai ajudar a perder o peso que ganhou na gestação.
– Uau! Como o senhor é sutil! – virei o corpo para o seu lado e percebi que ele me olhava com seu jeito sério. – Ontem insinuou que eu era feia, há alguns minutos disse que sou uma peste e agora me chama de gorda. Não sei como eu era apaixonada por você, pois isso é um comportamento autodestrutivo.
– Não fala bobagem. Você me entendeu.
– É verdade, eu entendi. – sorri porque, apesar da fúria repentina que me acometeu, Hans conseguiu abafar minha explosão com sua sinceridade rude. – Olha só, prometo tratar melhor suas namoradas e não ser uma peste se me responder algumas perguntas. Me responde?
– Chega de perguntas.
– Veja bem o que estou te oferecendo, Hans! Se você responder, prometo tratar melhor a sua próxima namorada.
– Vai começar com chantagem, Heloísa?
– Uma troca justa. – dei de ombros.
– Que perguntas são essas? – meu primo levantou as sobrancelhas.
– O que fez a gente terminar de vez nosso relacionamento? Quem deu o fora em quem?
– Você terá suas respostas, mas hoje não. Já tem informação demais dentro da sua cabeça. Processe-as que depois te conto o resto.
– Como você é frustrante. – falei, e ele continuou indiferente. – Pelo jeito, eu fiz uma grande merda, não foi? Basta olhar para você e ver desapontamento no seu semblante.
– Vamos embora. – Hans levantou do banco. – Preciso te levar de volta.
– Não. Eu quero a minha resposta.
– Acontece que não quero responder. – ele começou a andar em direção à moto e eu fui atrás.
– Por que não?
– É uma longa história. Além disso, já disse que tem o bastante para pensar. Vamos embora.
– E o meu sorvete?
– Desisti. Você está acima do peso.
– Cretino. – resmunguei, vendo-o tirar o capacete do guidão.
– Me chame do que quiser. – jogou meus cabelos por trás dos ombros e começou a colocar o capacete em minha cabeça. – Prefiro a senhorita me xingando desse jeito, mas bem calminha, do que me amando e surtando por aí.
– Quem falou de amor? Como esse cara é convencido, meu!
– Calada, Heloísa, e fique com boca fechada para não engolir moscas no caminho. – Hans subiu na moto para dar ignição. Fizemos o caminho de volta. Quando chegamos, desci da moto e entreguei o capacete praticamente atirando-o nele. Mais uma vez eu estava nervosa, digerindo o que ele havia dito sobre surtar e amar. Esse negócio de ficar depressiva, beijar Hans, ficar excitada, logo em seguida irritada, depois reflexiva, e irritada novamente, em menos de uma hora já tinha me cansado. O dia estava encerrado para mim. Eu queria um banho e minha cama.
Meu primo avisou que não entraria na casa de nossos avós. Disse que precisava ir embora. Dei as costas, mas ainda pude escutar ele dizer:
– Esteja pronta amanhã às sete horas.
Continuei subindo os degraus, ignorando sua ordenança. Eu não estava disposta a abrir mão da melhor hora do meu sono após o horário de cólica de Helena.
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*pavlova é uma sobremesa de suspiro, creme e frutas.
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Próxima postagem será dia 12/06, no dia dos namorados. Então teremos uma de cena hot ;)
Aguardem...
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