Capítulo 19 parte 1
Olá,
Adiantei o capítulo porque hoje é dia Nacional do Livro!
LEGENDA PARA QUEM NÃO FOR LER A PARTE ERÓTICA:
HOT INÍCIO***** e HOT FIM*****
Tenham uma boa leitura ;)
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(Ainda dentro as lembranças de Heloísa)
HELOÍSA
Sem precisar de me identificar, passei pelo portão do prédio onde meus tios moravam. Era assim desde sempre; todos me conheciam, me cumprimentavam e quando dava, batíamos um papo descontraído.
Não me lembrava do motivo específico para estar ali, mas sabia que era para me encontrar com Lise.
Dentro do apartamento fui recebida pela funcionária da casa que já estava no final de seu expediente. Ela disse que minha prima tinha saído e que logo voltaria. Resolvi esperar por Lise em seu quarto. Lá eu leria algum livro e aproveitaria o ar-condicionado. Apesar de estarmos no outono, o dia estava quente e com o céu aberto.
Escolhi um livro de culinária que se chamava "As Melhores Receitas com Chocolate – Da Cozinha Para a Cama".
– Fofinha fanfarrona... – falei, rindo e achando aquele título ridículo.
Antes de iniciar a minha leitura, me livrei das sandálias que eu calçava e fui ao banheiro para jogar água fria em meu rosto. Mas quando me acomodei na cama, um barulho distante chamou a minha atenção. Pensei que vinha da cozinha. Talvez Lise estivesse chegando. Eu não tinha certeza. Foi então que resolvi procurar por alguém. No corredor segui o som e quando dei por mim, estava em frente a porta de entreaberta do quarto de Hans.
Ouvi gemidos de vozes diferentes.
Não! Não! Não! Não é possível que ele esteja acompanhado!
Desacreditada, dei mais um passo me colocando entre a fresta. Eu ainda não via nada, mas comecei a perceber que os sons pareciam uma gravação.
Menos mau – pensei, com muita vontade de tirar a prova do que realmente acontecia. Não que eu fosse adepta ao voyeurismo. Não era isso. Era só uma questão de curiosidade mesmo.
Entrei de vez no quarto e me deparei com algo que eu realmente esperava ver.
HOT INÍCIO*****
Hans estava sentado sobre a cama com as costas apoiadas na cabeceira. Ele acariciava seu membro diante de um notebook. Seus olhos estavam vidrados na tela e eu achei aquilo muito interessante.
Excitante em nível elevado.
Mas... desde quando flagrar um homem se masturbando enquanto assiste pornografia é excitante?
Mulheres ficam excitadas com isso?
Eu não sabia me responder. Mas o fato era que o homem em si não era qualquer um. Aquele era o meu Hans, se permitindo e se aliviando de suas tensões.
– Caralho, Heloísa. – ele disse, porém sem se exacerbar. Prova disso era a sua mão ainda segurando o pênis.
– Bota caralho nisso... – sussurrei, apreciando tudo o que via.
– Como você entra no quarto de alguém desse jeito? – falou baixo e rouco.
– Fiquei preocupada quando escutei... bem, quando escutei... gemidos? - a última palavra saiu com um pouco de insegurança.
Ele travou a mandíbula e fechou os olhos. Mas, quando mostrou a intenção de subir a bermuda, me manifestei:
– Não! Não pare por minha causa. Eu quero... – pigarreei. – Quero... me deixa participar!
Enquanto o filme adulto rodava, ele abriu os olhos e me olhou dos pés à cabeça. Eu o conhecia, sabia que seu desejo e sua razão se enfrentavam. Por isso, não esperei por sua resposta.
Abri o botão da minha minissaia jeans e deixei que ela escorregasse até o chão. Eu não estava preparada para a ocasião, minha calcinha lilás era infantil e adornada babados. Mas Hans, sendo ele mesmo, não parecia se incomodar com isso, pois voltou a se masturbar lentamente com olhar pesado de desejo.
Caminhei com lentidão até me sentar ao seu lado e de frente para o notebook. Na tela, duas mulheres e um homem faziam uma posição tradicional de sexo a três. Ele deitado penetrava uma delas, enquanto a outra se sentava sobre o rosto do homem e recebia um oral. As mulheres, que estava de uma de frente para a outra, trocavam carícias e beijos entre si. Eu não tinha atração por pessoas do mesmo sexo, mas precisei reconhecer que aquele trio fazia um belo trabalho.
Minha mão direita passou por dentro da barra da minha calcinha. Meus dedos encontraram lábios úmidos, prontos para começar a minha solitária busca pelo prazer. Havia muito tempo que eu não me tocava. A depressão tirava a minha libido. Mas, com Hans, as coisas eram diferentes. Eu sempre estava pronta para ele.
Rodeei o meu clitóris e depois o pressionei como se fosse um botão. Os gemidos do filme contribuíam para que eu ficasse ainda mais excitada. Comecei a esfregar os dedos por toda a minha intimidade. Para cima e para baixo, com a velocidade aumentando gradualmente. Aquilo estava gostoso demais. Me tocar me fazia bem, me trazia confiança.
Quando virei o pescoço para o lado, vi Hans me encarando sem parar de se tocar. Sorri com malícia e disse num sussurro ofegante:
– A tela não é aqui.
Ele não disse nada, apenas continuou se masturbando com o olhar fixo em mim. Por isso, voltei a falar:
– Você está perdendo o filme, querido.
– O que eu vejo é mais interessante. – disse rouco e com a face vermelha de tanto tesão.
– Puta que pariu. – xinguei baixinho ao me sentir ainda mais molhada com o que tinha acabado de ouvir. Com toda certeza, eu era o tipo de pessoa que apreciava palavrões nesses momentos íntimos.
– Põe seu dedo na minha boca. Quero sentir o seu gosto.
Não hesitei e fiz o que ele pediu. Meus dedos brilhantes de lubrificação foram sugados com avidez. A quentura de sua língua intensificava o meu estado de atordoamento.
Me toquei com a mão livre. Mas tudo que eu queria era chutar aquele computador para fora da cama e transar feito louca com o homem que eu amava.
Eu quase agi desse modo. Era provável que eu conseguisse saciar esse meu desejo sem dificuldades, porque Hans já estava totalmente entregue.
Quando tirei meus dedos de sua boca, ele fez um novo pedido:
– Me beija.
Se eu o beijasse, deixaríamos de lado a nossa masturbação a dois para ter uma foda deliciosamente saudosa. Era fato que isso acontecesse. Além disso, estava óbvio que voltar a transar com Hans seria uma questão de tempo. Contudo não me custava nada bancar a difícil, seria interessante entrar num jogo de sedução de médio a longo prazo.
– Não. – neguei com vontade de rir.
– Por quê?
– Eu só quero me aliviar. Nada mais do que isso.
– Me beija, porra! – ordenou, entredentes.
– Shhhh... quero assistir ao filme.
Voltei a olhar para a tela. Hans grunhiu e eu sabia que seus olhos ainda estavam sobre mim. Não demorou para que meu orgasmo viesse. Uma explosão em toda a região do meu ventre alastrava calor por todo o meu corpo. Foi tão gostoso que tive de morder meu lábio inferior para conter os gemidos.
– Caralho, você é muito gostosa, menina! – ele falou.
Virei a tempo de vê-lo gozar numa porção de lenços de papéis amassados em sua mão. Seu gestual mostrava que prática não lhe faltava. Hans era um homem sexualmente seguro.
HOT FIM*****
Fiquei em estado de graça. Admirei cada detalhe que ele me presenteava até perceber que eu precisava voltar à realidade. Logo, alguém poderia chegar e nos pegar naquela situação.
Num movimento rápido, me levantei da cama e fui até o banheiro. Lá eu molhei o rosto e a nuca para me refrescar. Voltei para o quarto sabendo que Hans estava atento a mim.
Vesti a minha saia, que estava jogada no chão. Enquanto eu subia o zíper, ergui a cabeça para encará-lo. A bermuda já estava vestida, mas o botão descasado revelava a cueca branca. Ele ainda segurava os lenços de papel numa das mãos. Como de costume, estava sério e respirando profundamente.
Eu o tinha afetado.
E poderia afetá-lo ainda mais.
Sorri encarnando a pretensiosa e disse:
– Passou da hora de você se mudar daqui. – dei as costas e caminhei até a saída, não sem antes olhar para trás e o provocar mais um pouco: – Ou, pelo menos, tranque a porta do seu quarto.
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O entardecer não aliviava o calor do dia. Fora isso, gozar me deixava sedenta, faminta, cansada e ridiculamente bem-humorada.
Eu estava na cozinha dos meus tios. Tentava não sorrir feito uma idiota enquanto tomava a grandes goles um copo d'água. Encarei um bolo recém-feito exposto sobre a bancada e pensei seriamente em devorá-lo.
– Você acha que não quero me mudar? – Hans apareceu descalço e descabelado.
Lindo de morrer!
– Parece que não. – escondi o meu sorriso e fingi que agia naturalmente. – Em alguns meses fará trinta anos e até agora não moveu uma palha para isso acontecer.
– Não é tão simples assim. – ele abriu a geladeira e retirou uma jarra de suco.
– Como não é simples? É só procurar um lugar e se mandar daqui!
– Ainda não tenho o suficiente para bancar um apartamento legal.
– Você está falando de dinheiro? – peguei dois pratos e comecei a partir o bolo.
– Sobre o que mais seria?
– Seu pai é um empresário rico, sócio de uma rede lojas de brinquedos que estão espalhadas por todo o país! Essa é uma preocupação a menos na sua vida.
– Não quero abusar dele. – disse, se sentando no banco alto da cozinha.
– Mas ele trabalhou a vida inteira justamente para que você não se preocupasse com coisas que ele teve que preocupar. – falei, entregando um prato para ele. – Se eu tivesse um filho, seria um prazer dar todo o conforto para ele. Não acho que o tio Soren pensa diferente de mim.
– É... ele não pensa diferente. – Hans concordou.
– Então? Mesmo assim continuará morando aqui? – perguntei lhe entregando um garfo.
– Eu sou homem...
– Nossa! Que interessante! E eu sou mulher!
– Engraçadinha. – falou, mas estava sério. – Quero dizer que sinto a necessidade de conquistar algo.
– E você não conquistou? – sentei ao seu lado. – Você se formou em medicina, tem mestrado, continua estudando e trabalha feito um condenado! Pelo seu esforço, deveria pedir uma fazenda de presente para o tio!
Ele soltou uma risada discreta antes de dizer:
– Não quero ficar dependendo do meu pai. Coisa de homem...
– Coisa de homem machista que está prestes a fazer trinta e ainda mora com a mamãe! Interessante o jeito como você vê a vida! – debochei.
– Estou me preparando para fazer o doutorado e o trabalho no hospital está puxado. – falou, enchendo meu copo vazio com suco.
– Viktor tem uma rotina semelhante à sua e não mora aqui há um bom tempo.
– Não sei cozinhar e nem lavar roupa.
– Deliveries e lavanderias foram inventados para pessoas como você. – retruquei, colocando um pedaço de bolo na boca.
– Você faria isso, não é? Aceitaria a ajuda de seu pai para sair da casa dele.
– É claro! – concordei imediatamente. – O homem só trabalha e nunca está presente em minha vida! Dar coisas materiais é o mínimo que ele faz por mim! E tem mais; ninguém leva dinheiro pro túmulo. O que é dele, é também meu e do Maurício!
Por um momento, Hans me lançou um olhar avaliativo. Aquela era uma das raras vezes que eu demonstrava insatisfação quanto ao jeito frio de meu pai.
– Viktor mora de aluguel. Prefiro comprar.
– Então compre. – falei e beberiquei meu suco.
Ele suspirou e começou a comer sua fatia de bolo. Mas depois de um tempo em silêncio, perguntou:
– Se eu começar a ver alguns apartamentos, você gostaria de ir comigo?
– Eu? – olhei para o lado e o encarei.
– Você é mulher. Consegue ver detalhes que eu não vejo.
– Sei. Detalhes tipo acabamento, infiltrações e luminosidade.
– Sim, essas coisas.
– Pede para sua mãe ou para as suas irmãs. Elas também são mulheres!
– É que eu confio em você.
Estagnei, pensando em muitas coisas. A primeira era o fato de ele confiar em mim. Isso era algo bom. Afinal eu nunca tinha dado com língua nos dentes sobre o nosso passado. Eu o preservava e ele parecia reconhecer isso.
Segunda coisa, eu tinha a noção que dentro de sua cabeça existia uma nítida barreira que separava "coisas de homens" e "coisas de mulheres".
Isso quase me ofendia.
Quase.
Seria tolice me magoar facilmente por causa de um conflito geracional. Eu não poderia esquecer que onze anos nos separavam. E mesmo que os sociólogos nos nomeassem igualmente, éramos intrigantes como qualquer outro millennial. Ambos atravessávamos uma era de sobrecarga de informação que muitas vezes nos confundiam. Novas ideias e comportamentos eram-nos apresentados a todo instante. Vivíamos na encruzilhada: manter velhos costumes ou fazer o que era realmente certo.
Mas Hans, apesar de parecer um homem durão, era um ser recuperável. Exista algo vantajoso em seu caráter: humildade para mudar. Tudo era uma questão de tempo, não demoraria para que ele abandonasse pensamentos ultrapassados.
Seu pedido para acompanhá-lo na escolha de um lugar para morar foi sincero. Eu sabia o quanto ele era discreto. Nunca gostou de se expor e evitava falar sobre si mesmo aos outros.
Por essas qualidades, suspirei e fiz um sim com a cabeça.
– Tudo bem. Pode contar comigo.
Ele ensaiou um sorriso, mas a voz que ouvimos nos pegou de surpresa.
– Pode contar com o que? – Lise apareceu carregando uma sacola de sua confeitaria favorita. – Pra que você precisa da Helô, Hans?
– Pra discutir com Viktor que o Corinthians só tem dois mundiais e o São Paulo tem três. – respondi rapidamente.
– Ah, é? – nos olhou desconfiada.
– É. – falei logo desviei do assunto. – O que você trouxe de bom?
– Bombas de chocolate. – ela disse, mas ainda estava cismada.
– Oba! Eu quero! Tô com muita uma fome!
Lise tirou da sacola pequenas caixas retangulares e as colocou sobre a bancada. Tomei a liberdade de abrir uma. Com o doce nas mãos, dei uma generosa mordida saboreando o recheio de brigadeiro.
– Preciso ir. Tenho que chegar mais cedo no hospital. – Hans disse se levantando.
– Não vai querer uma bomba? – Lise ofereceu.
– Não. Façam bom proveito. – ele me olhou mais uma vez e riu. Provavelmente meus lábios estavam sujos de chocolate.
Quando ele se retirou, Lise foi logo perguntando:
– O que está acontecendo entre vocês?
– Entre a gente? Nada. – me fiz de sonsa e dei outra mordida no doce.
– Não acredito.
– Bem, você tá no direito de não acreditar. – retruquei dando de ombros.
– Heloísa... – ela sentou e pegou uma caixinha. – Tenha cuidado. Se envolver com Hans de novo só vai te fazer mal. Você custou a se reerguer...
Ela falou colocando um pedaço do doce na boca.
Apesar de nunca ter dito para ninguém o que tinha acontecido entre Hans e eu, minha prima era muito esperta. Sabia ler nas entrelinhas.
O lado ruim disso era que ela associava a minha fase depressiva ao meu breve envolvimento com seu irmão. Contudo, ela não sabia que meu problema era muito mais profundo e muito mais difícil de resolver.
Hans não era o causador do meu mal.
– Estávamos falando sobre futebol. Não crie minhocas na cabeça. - retruquei querendo encerrar o assunto.
– Por que será que continuo não acreditando em você?
– Sei lá! Vai ver é porque você é uma pessoa problemática!
- Hum. – resmungou me olhando com as pálpebras semicerradas.
Sua atitude "adultinha entendida da vida" me irritou. Quando percebi, já estava apelando com ela:
- Anelise Nielsen, por que não come o seu docinho, hein? Te fará bem um punhado de açúcar na corrente sanguínea! – falei de um jeito bruto para encerrar aquela conversa o mais rápido possível. – Que coisa chata você na minha cola, meu!
Por eu ser naturalmente brigona e Lise ser tímida, ela era fácil de intimidar e fazer calar.
Me sentia mal por não contar a verdade a ela, que me havia me ajudado bastante nos últimos meses. Não fazia parte de mim mentir facilmente. Mas, por outro lado, eu sabia que Hans contava com meu sigilo a respeito de sua possível mudança.
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Até breve,
Naty
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