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Capítulo 10 parte 1

Heloísa

– Quer dizer que além de alfabetizar, você ajuda as crianças a usarem o banheiro? – eu empurrava o carrinho de Helena pelo jardim da minha casa e enchia minha amiga Laila de perguntas sobre sua profissão. Até então eu só sabia que ela era professora, mas não conhecia os detalhes. – Uma criança de seis anos de idade não consegue se limpar sozinha?

– A maioria consegue. – Laila respondeu com paciência.

– Entendi. Mas sempre tem aquela porcentagem que depende da ajuda de um adulto para limpar o bumbum. 

– É uma porcentagem mínima.

– Mesmo assim, é uma responsabilidade muito grande! – falei, ainda chocada com a informação. Laila sorriu.

– Não é pra tanto, Helô. São só crianças.

– Crianças que já comem comida de verdade! – exclamei alto.

Laila deu uma risada e suas bochechas chegaram a ficar rosadas, contrastando com sua pele alva. Mas eu continuei a falar:

– A Helena só toma leite e o resultado na fralda não é nada agradável. Agora, não quero nem imaginar o que deve sair de dentro dessas crianças que comem comidas sólidas!

Seu cabelo castanho liso balançava com facilidade à medida que ria ainda mais dos absurdos que eu dizia. Além de sua aparência delicada, minha amiga era meiga e gentil o tempo inteiro. Eu não sabia de onde vinha tanta benevolência e isso me fez sentir a vontade de mudar o rumo da nossa conversa, pois Laila parecia confiável.

– Passei a noite no apartamento do Hans. – falei rápido.

– Sim. Fiquei sabendo. – ela disse, ainda sorrindo. – Vocês tiveram que dormir lá por causa da tempestade de ontem.

– Helena dormiu. Eu e Hans fizemos sexo. – soltei de uma vez. Laila parou de sorrir, mas continuou andando e olhando para frente.

O silêncio durou alguns minutos. Sei que ela refletia sobre a bomba que eu tinha acabado de soltar. De repente, sem perder a mansidão, ela perguntou:

– Como um assunto que era sobre a minha carreira pedagógica se transforma na sua noite com Hans? 

– Achei melhor não ficar falando do seu trabalho. Você está de férias e pensei que seria legal te contar uma novidade – falei muito rápido. – Não é isso que amigas fazem? Compartilham coisas que os outros não sabem?

Laila continuou andado, ficou quieta e reflexiva novamente. Uma hora ela encheu o pulmão de ar pelo nariz e soltou pela boca.

– Então vocês fizeram sexo. – concluiu.

– Na verdade, fizemos vários sexos.

– Sexos? No plural? – a voz de Laila saiu fraca.

– Três vezes na madrugada e uma vez de manhã. Quatro no total.

– Quatro? – a voz saiu ainda mais fraca e aguda.

– É que... – sua reação me deixou sem graça. Mas resolvi ser sincera e continuar me explicando. – Foi tão bom na primeira vez que eu acabei pensando "Só mais uma vez, Heloísa. Será a última dessa noite." Mas a última sempre era melhor que a penúltima e assim passamos a noite, batendo o nosso próprio recorde.

– Meu Deus. – ela sussurrou.

– Você que acha foi um erro?

– Essa é uma pergunta difícil de responder, Helô. – ela silenciou por alguns segundos. – Por anos eu tive raiva de Hans. Vocês viviam um relacionamento inconstante e às escondidas. Era horrível te ver se iludindo toda vez que ia para a cama com ele.

– Então você acha que foi um erro. – constatei.

– No passado foi errado, mas aos poucos foi se tornando certo. Muitas coisas aconteceram com o tempo.

–Minha mãe disse que em Nova Iorque fomos livres para viver do jeito que sempre desejamos.

– Não sei quanto a Hans, mas você viveu o seu sonho. Eu estava a par de tudo porque conversávamos com frequência. Nos últimos meses nos Estados Unidos, ele até chegou a dizer que quando voltassem ao Brasil, assumiriam a relação para a família. Mas algo deu errado. Hans voltou para o Brasil três semanas antes e quando você voltou, mal se falavam.

– E nunca te contei o que deu errado?

– Não. Foi a primeira vez que você não estava otimista. Foi a primeira vez que desistiu de verdade do Hans. Não falava mais dele, não o procurava e nem o queria por perto.

– Então foi depois disso que eu devo ter conhecido o homem que me engravidou. Não foi? 

– Eu não sei. – ela suspirou. O assunto era mais complicado do que eu imaginava. – Eu te acompanhei em algumas consultas na obstetra. Contei as semanas da sua gestação. Você engravidou quando ainda morava nos Estados Unidos. 

– Você acha que Helena e Hans são...

– Eu a questionei diversas vezes sobre isso. – Laila me interrompeu. – Eu tinha quase certeza que Hans era o pai de Helena. Mas aí um dia você falou algo que derrubou as minhas suspeitas.

– O que eu falei? 

– Me disse que se seu primo fosse o pai da sua bebê, você não perderia a oportunidade de fazê-lo ser seu de uma vez por todas. Seria um grande pretexto para ele te assumir.

– Isso quer dizer que fui infiel ao homem que amei a vida inteira. – me senti desapontada comigo mesma. – Pelo menos preferi ser sincera a aplicar o velho golpe da barriga.

– Seria um belo golpe da barriga.

– Existe a chance de eu ter mentido?

– Mentir nunca foi o seu forte, Heloísa. Mas isso pode ter acontecido.

– Mas aí não sei o que é pior; ser uma traidora ou uma mentirosa. – encarei os olhos de minha filha. Ela mordia a sua mãozinha alheia a nossa conversa. – Helena não se parece comigo e, na verdade é loira e grandona como o Hans. 

– Amiga, não querendo te desapontar, mas na lista de homens que passaram por sua vida constam muitos loiros. Você tem uma queda por esse tipo.

– Hum, se eu sou uma infiel, espero ao menos ter traído o Hans com o Dolph Lundgren.

– Quem?

– Ninguém, Laila. Só estava pensando em voz alta.

Quando a noite chegou, minha amiga foi embora. Fiquei pensando o que fazer com essa nova peça de quebra-cabeça da minha vida que Laila havia me dado. Eu ainda precisava desvendar muitas coisas, mas a prioridade passou a ser descobrir o que tinha dado de errado em Nova Iorque.

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Meu pai era a pessoa mais próxima de mim na manhã seguinte. Era só eu o procurar pela casa e dizer o que estava acontecendo. Mas não era com ele que eu queria compartilhar o turbilhão de emoções que eu estava vivendo.

Peguei meu telefone e procurei o nome de Hans na lista de contatos. Ele sempre dizia que eu deveria ligar quando precisasse.

Naquela hora seu plantão estava no fim e eu desejava muito ouvir a sua voz.

– Helô? Está tudo bem? – ele atendeu, surpreso com minha ligação.

– Hans, você pode vir aqui? – tentei disfarçar minha angústia.

– Claro. Mas aconteceu alguma coisa?

– Eu... – segurei o choro. – Eu só preciso de você.

– Tudo bem. Já estou indo.

Coloquei Helena no carrinho e a levei para o hall. Me sentei ao pé da escada fria de mármore. Aquele local foi um dos cenários da minha primeira lembrança.

Fiquei por lá aguardando a chegada de meu primo.

Tudo começou uma hora antes, após eu colocar minha filha para tirar seu cochilo matinal.

Diante do espelho do meu banheiro, comecei a trançar meu cabelo de lado. Foi automático, como se eu fizesse isso todas as manhãs. Ao finalizar a trança meu cérebro recebeu uma enxurrada cenas.

Eu tinha apenas oito anos de idade, mas as imagens ainda estavam vivas dentro da minha cabeça. Uma Heloísa criança se arrumava para ir à escola. Eu fazia a mesma trança, simples e de lado, com o caimento para o ombro direito. O melhor penteado que eu conseguia fazer.

O batom rosa choque combinava com minhas unhas. A blusa do uniforme estava por dentro da saia. Eu quase sempre usava a calça com a logomarca da escola, mas aquele dia era especial. A ocasião pedia saia e meias três quartos.

Com a mochila nas costas, desci as escadas pronta para ir à aula. Mas à medida em que me aproximava do andar debaixo, eu ouvia com mais nitidez o que estava acontecendo.

Meus pais discutiam, algo bem comum naquela época. Toda vez que minha mãe vinha nos visitar, ela se hospedava em nossa casa. Meu pai fingia que estava tudo bem. Ambos fingiam que eram maduros para viverem alguns dias debaixo do mesmo teto. Mas bastava um pequeno contratempo, uma contrariedade qualquer, para que eles perdessem a cordialidade.

Eu não entendia o motivo dos dois se submeterem a isso, já que Maurício e eu aceitávamos muito bem o divórcio. Seria muito mais saudável para nossa família se minha mãe pudesse se hospedar em outro lugar quando viesse nos visitar.

– Por que não pede a Julieta? Ela pode levar a Heloísa de táxi. – Mônica dizia.

– Hoje é o primeiro dia de férias da Julieta.

– Não tem outro funcionário que pode levar ela pra escola?

– A casa está vazia, Mônica. Todos estão ocupados com seus afazeres. O certo seria você adiar esse seu compromisso.

– Antônio, eu já disse que não posso cancelar uma reunião com o diretor do Theatro Municipal. Seria uma desfeita muito grande. Eu dependo da minha vida social para continuar recebendo convites para cantar. Por que você não leva a menina? A clínica fica no caminho.

– Combinamos que você a levaria enquanto estivesse aqui.

– É só hoje, Antônio. Por favor.

Nessa hora eu cheguei na porta da biblioteca. Antônio estava sentado diante de mesa de trabalho e Mônica estava em pé, de costas para o lugar onde eu estava.

– Esse favor vai me atrasar e eu não posso faltar com os meus pacientes. – ele respondeu e eu sabia que não cederia.

– Mas a escola é totalmente fora do meu caminho.

– Você a levará e não discutiremos mais.

– Você acha que sou idiota? Eu sei que não tem pacientes te esperando na clínica. Se esse fosse o caso, não estaria aí sentado. Eu te conheço, Antônio. Você não quer me fazer esse favor por implicância.

– Não começa, Mônica! Eu dispensei o motorista esse mês porque você disse que ficaria exclusivamente com seus filhos, principalmente com a Heloísa.

– E é isso que estou fazendo! – Mônica falou mais alto. – Estou com eles o tempo todo! Eu só preciso de algumas horas, nada mais do que isso!

– Leve a sua filha para a escola, depois disso terá muito tempo livre.

– Quer saber de uma coisa? Eu vou para reunião! Passei anos vivendo em função de seus sonhos, atrasando a minha própria vida e prometi a mim mesma que você nunca mais seria a causa do meu fracasso.

Mônica falou com mágoa, deu as costas para Antônio e caminhou alguns passos, mas estagnou ao me ver na soleira.

– Ninguém pode me levar para a escola? – me manifestei.

– Sua mãe te levará. – Antônio levantou e pegou sua maleta.

– Não posso te levar, minha filha. – Mônica disse quase o mesmo tempo que ele. Mas sua voz soou lamentosa e muito mais paciente do que a dele.

– Então, olha que coisa boa, você ficará o dia inteiro em casa. Não precisa ir à escola. – Antônio disse, resolvendo o problema. Caminhou e tentou passar por mim. Eu abri os braços no vão da porta, impedindo a sua passagem.

– Mas preciso ir hoje! Eu disse que era importante porque...

– Você vai ficar em casa. – ele me interrompeu.

– Não! – gritei e firmei o meu corpo como uma barreira.

– Não teste minha paciência, Heloísa. Agora me deixa passar.

– Não! Eu disse que hoje era um dia importante! Eu preciso ir pra escola. – continuei gritando, mas me segurando para não chorar.

– Você não está na semana de provas. Poderá faltar, minha filha. – disse Mônica. – Quando eu voltar da reunião, podemos ir ao cinema. O que acha?

– Eu não quero ir para o cinema!

– Heloísa, pare de gritar e saia do meu caminho agora. – Antônio falou, grave e intimidador.

Levantei o pescoço para encarar os adultos na minha frente. Era só acatar a ordem e aproveitar a folga que eles me davam. Não seria uma má ideia ficar em casa.

Mas eu tinha uma grande expectativa para aquele dia. Eu esperava ser o motivo de orgulho de meus pais e finalmente ficar um pouco livre do sentimento de culpa que me rondava.

Eu sabia eu era fruto de uma gravidez inesperada e o estopim da separação de meus pais. O pior de tudo era continuar sendo motivo de suas brigas. Tentava ser o mais independente possível e, dentro das limitações de uma menina de oito anos, eu já sabia fazer muitas coisas para aliviar a carga de meus genitores.

Olhei para Antônio. Sempre cansado e triste. Não desfrutava da vida que ele tanto trabalhava para ter. Depois olhei para Mônica. Minha mãe era divertida e parecia estar sempre feliz. Mas ela também parecia estar em busca de uma realização que eu desconhecida.

Foi naquele instante que percebi que alguém tinha que ceder. Alguém deveria ser o mártir pela paz daquele lar. Os adultos eram orgulhosos demais para tal feito. Então eu disse:

– Tudo bem. – abri espaço e deixei que eles passassem.

Caminhei até o hall de entrada vendo cada um seguir o seu caminho. Julieta e o motorista estavam de férias, Maurício tinha saído, a outra empregada fazia compras no supermercado e o vigia na guarita não poderia sair de sua função. Eu passaria o dia inteiro em casa sozinha, como a maioria das vezes. Odiava não ter com quem conversar.

Me sentei no primeiro degrau da escada e coloquei minha mochila entre as pernas. Pensei em chamar um táxi, mas o vigia não permitiria minha saída. No fundo eu ainda tinha esperança de que daria um jeito de ir ao colégio. De um jeito bem patético, eu pensava em diversas maneiras de fugir para a escola.

Prostrada e perdida em meus pensamentos, escutei um barulho de carro vindo do jardim. Logo, um Hans jovem atravessou a porta e me viu. Ele soltou um sorriso discreto e disse:

– Ei moleca, não está atrasada para a escola?

– Maurício não está. – não respondi sua pergunta e já adiantei o que ele procurava. Ele estreitou os olhos à medida que se aproximava. Abaixei a cabeça, eu não queria que ele visse o meu abatimento.

– Está tudo bem? – ele agachou ficando de frente para mim. – O que aconteceu, Helô? Por que você não está na escola?

Permaneci em silencio mesmo sabendo que Hans não desistiria de ter suas respostas. Ele se sentou ao meu lado e continuou a falar:

– Ficarei aqui até que me conte tudo.

Eu não queria me explicar com palavras, pois se eu as proferisse eu choraria toda a minha mágoa. Então, abri minha mochila e de lá tirei um duas folhas; um texto feito por mim e um bilhete destinado aos meus pais.

Entreguei para Hans o meu texto que foi imediatamente lido. Depois entreguei o bilhete que me parabenizava e convidava minha família para a entrega do prêmio de melhor redação do ensino fundamental. Eu a leria na confraternização das famílias dos alunos que aconteceria no final daquela tarde.

Eu tinha avisado com antecedência aos meus pais e eles haviam confirmado a presença. Omiti que eu tinha conseguido o primeiro lugar do concurso. Eu queria surpreendê-los e que sentissem orgulho de mim.

– Droga. – meu primo praguejou baixo ao terminar de ler. – Onde está o motorista e a Julieta?

– De férias.

– E seus pais?

– Trabalhando. – eu respondia da maneira mais econômica possível.

– Eu posso te levar para a escola.

– É sério? – olhei para meu primo, sentindo misto de animação e vontade de chorar.

– Mas não poderei ir a entrega do seu prêmio. Tenho aula no final da tarde.

– Não se preocupe. Não é algo tão importante.

Hans me encarou pensativo, mas após alguns segundos de silêncio, disse:

– Você conseguiu algo muito importante. Parabéns!

– É só uma redação idiota.

– É a melhor redação do ensino fundamental. Conseguiu ultrapassar até os mais velhos. Eu sempre fui muito ruim em português. Você conseguiu algo que deve ser comemorado.

Abaixei a cabeça, me sentindo constrangida com suas palavras. Duas lágrimas caíram do meu rosto. Minha mãe me fazia elogios, mas meu pai estava sempre exigindo de mim coisas inalcançáveis e nunca comemorava os meus feitos.

– Levanta a cabeça e olha pra mim, Helô. – ele pediu e eu neguei, cabisbaixa. – Olha pra mim, moleca.

– Não. – minha voz saiu engasgada de choro. Eu me odiei por estar emotiva diante da pessoa que eu mais amava em todo o mundo.

Hans levantou meu queixo e disse:

– Me prometa que comemorará todas as suas conquistas, independente da reação das outras pessoas.

– Eu prometo.

– Ótimo.

Ele começou a colocar os papéis dentro da minha mochila. 

– Eu vou nessa confraternização. Estou curioso quanto a sua leitura diante de uma plateia.

– Mas e sua aula na faculdade?

– Eu posso repor depois. – disse, se colocando de pé. – Agora se levanta, vá lavar o rosto e repassar esse batom colorido.

Eu me levantei, mas antes de fazer o que ele pediu, eu o abracei.

– Obrigada, Hans. – falei de olhos fechados.

– Agora vá se arrumar, baixinha. Estamos atrasados. – ele disse, dando tapinhas em minhas costas. Esse era seu modo de cortar o excesso de pieguice.

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A segunda parte do capítulo será postada dia 31/07 (quarta-feira).

Lembrando que semana que vem algum leitor ganhará brindes. Então estejam com a leitura em dia ;)

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