Capítulo 7
Na manhã seguinte, acordo mais cedo que minha amiga para preparar seu café da manhã preferido. Ela está dormindo profundamente na minha cama e eu tento sair do quarto fazendo o menor barulho possível. Encontro minha mãe na cozinha cantando enquanto faz café.
- Bom dia, mãezinha.
Ela olha surpresa para mim.
- Bom dia, Mila. Caiu da cama? Você sempre dorme até tarde de domingo.
Me sento no balcão que separa a cozinha da sala.
- Eu sei mas Jô precisa de mim - falo baixinho - o quase namorado dela a traiu ontem. Ela está devastada.
Minha mãe me entrega uma xícara de café e se apoia no balcão.
- Coitadinha, ela não merece passar por isso.
- Não mesmo, por isso, vim aqui fazer um café da manhã para ver se anima um pouco ela. Você me ajuda?
- Claro, meu anjo. Vamos tornar o dia da Jô o mais feliz possível.
Vinte minutos depois eu volto para meu quarto com o café com leite do jeito que minha amiga gosta, ovo mexido, panqueca e uma salada de frutas. Encontro ela acordada mas ainda deitada na cama.
- Um café da manhã digno de princesa para você - digo e coloco a bandeja na sua frente enquanto ela se senta. Ela dá um sorriso fraco.
- Obrigada, amiga. De verdade.
- Não precisa agradecer, fico feliz de poder ajudar - ela começa a comer com vontade - Você quer conversar agora?
Jô assente e respira fundo.
- João foi me buscar em casa, tudo estava perfeito, Mila até que ele começou a beber. A beber muito. Eu disse para ele parar de beber tanto mas ele foi agressivo comigo e me disse que eu não era dona dele e que ele ia fazer o que bem entendia. Eu fiquei magoada porém pensei que fosse a bebida falando por ele, então fui até a cozinha pegar um copo de água para ver se ele melhorava - ela começa a chorar e eu seguro sua mão - Quando eu voltei ele estava beijando uma menina. Eu fui tirar satisfação e foi quando ele me disse coisas horríveis. Falou que eu sou uma careta, que ele nunca iria querer namorar realmente comigo e muitas outras coisas.
- Eu sinto muito, Jô - eu a abraço e ela chora ainda mais no meu ombro.
- Eu pensei que ele sentisse o mesmo que eu...eu estava me apaixonando - ela sai do meu abraço e soluça - Por que a vida não pode ser como nossos seus romances?
Coloco uma mecha ruiva atrás de sua orelha.
- Eu também queria que isso fosse possível.
Naquele dia, eu e Jô ficamos juntas, fazendo coisas de melhores amigas. Pintamos as unhas, usamos máscaras faciais, assistimos filmes e no final do dia, Joana já parece melhor. Nos três dias seguintes, eu passo quase o tempo todo com ela. Na hora do almoço nós sempre comíamos no jardim para que ela não corresse o risco de trombar com João. Ir para cantina é certeza que você encontrará todo mundo da escola. Por causa disso, eu e Tomás quase não passávamos tempo juntos. Eu chamei ele para almoçar conosco no jardim mas ele afirmou que Jô precisava de mim, nesse momento e não dele. Na quinta feira, Jô me diz que está cansada de me ver esperando Tomás me mandar mensagem e me manda "buscar meu homem". Por isso, planejo levá-lo para um lugar surpresa. Mando mensagem para ele logo quando chego na minha casa depois da escola.
Quero te levar para um lugar surpresa. Topa?
Ele me responde rapidamente:
Com toda certeza, eu topo. Que horas eu passo te pegar?
Meu coração salta de felicidade e respondo:
Daqui uma hora eu passo te pegar na sua casa
Ele logo responde:
Já estou ansioso
O lugar onde irei levar Tomás pede uma roupa confortável, por isso coloco uma calça folgada, um body preto de alcinha e uma sandália. Deixo meus cabelos longos soltos caindo em cascata pelas minhas costas. Mando mensagem para minha mãe avisando que vou sair, já que ela está trabalhando e se chegar e eu não estiver em casa, vai surtar por eu sair sem avisar. Meus pais são dentistas e tem dias que eles chegam mais cedo mas também tem dias que chegam bem tarde. Fico pronta rapidamente e vou até o carro para dirigir até a casa de Tomás. Eu sei que ele mora em um bairro rico. Na verdade, a família de Diego e Tomás são ricos mas eu não imaginava que sua casa seria tão linda.
A casa possui dois andares com uma sacada enorme que aparentemente liga dois quartos, com a fachada toda branca e possui várias janelas de vidro. Na garagem da frente, há apenas o carro de Tomás estacionado. Respiro fundo, nervosa. Estaciono na frente e vou até a porta dupla da frente. Toco a campainha e espero ansiosamente alguém atender. Um homem atende a porta e por estar de uniforme suponho ser mordomo. Ele sorri gentilmente para mim.
- Em que posso ajudar?
- Olá, eu me chamo Camila, o Tomás está?
- Estou aqui - Tomás chega colocando o tênis no pé - Obrigada, Jorge.
O mordomo bate a mão no ombro dele e sai com um sorriso no rosto. Tomás está lindo com uma calça preta e uma camiseta justa vermelha que contrasta com seus cabelos negros e bagunçados. Ele sorri para mim.
- Vamos? - pergunta.
- Claro claro - eu digo meio envergonhada por ter ficado tanto tempo lhe encarando.
Vamos até meu carro. Sinto os olhos de Tomás em mim enquanto eu saio com o carro.
- Não vai me dar nem uma dica?
- Não, espere e verá.
Ele finge indignação e encosta a cabeça no banco.
- Você está bonita - Tomás diz do nada.
Olho surpresa para ele e sorrio.
- Obrigada.
Chegamos rapidamente no destino. Tomás olha para o lugar e franze a testa. Sorrio e explico:
- Uma coisa que você não sabe sobre mim: eu sou muito boa com patins. Por isso, bem vindo ao Pista de Patins da Paty.
Ele solta uma gargalhada com o nome, todo mundo sempre tem essa reação.
- Isso é um trava língua, é?
- Vamos lá - digo rindo de sua reação.
Eu venho nesse lugar desde nova com meus pais. Com o tempo e prática consegui ficar muito boa e até dar piruetas. A Pista de Patins da Paty é um galpão enorme com diversas pistas. Tem a pista para iniciantes, para os profissionais, a pista de gelo para iniciantes, profissionais e até as pistas com obstáculos. É um paraíso.
- Hã...Mila - olho para Tomás que está com a expressão desesperada - Eu nunca andei de patins.
Pego a mão dele e o puxo para o lugar que pegamos os patins.
- Por isso que estamos aqui, eu vou te ensinar.
Pegamos nossos patins e vamos para as pistas. Na verdade, eu quase carrego Tomás pois ele não consegue parar em pé. Rimos muito até conseguirmos chegar até a pista dos iniciantes. Apoio ele no muro entorno da pista para que consiga ficar em pé.
- Ok, eu vou mostrar como funciona, observe meu pé - ele assente.
Eu começo a patinar e sou tomada por uma nostalgia gigantesca. Faz muito tempo que eu não patino e agora percebo o quanto eu senti falta. Quando eu termino, olho para Tomás e o vejo me observando intensamente.
- Era pra você observar meu pé - dou um tapinha em seu braço.
- Desculpa, algo lindo me chamou atenção - ele dá um sorriso e pega minhas duas mãos - Vamos começar a treinar.
Ele consegue andar um pouco antes de quase cair no chão.
- Isso é muito difícil - reclama e eu rio.
Tentamos algumas vezes até que Tomás consegue ficar de pé e eu consigo soltar sua mão. Ele para em pé com os braços esticados mas logo perde o equilíbrio e cai nos meus braços. Nossos rostos ficam tão próximos que consigo me ver refletida em seus olhos. Ele me olha fixamente e depois encara meus lábios. Antes que nosso lábios se encostem, Tomás escorrega e me puxa com ele para o chão. Ele cai de costas no chão e eu em cima dele.
- Ai - reclama mas começa a rir - Você está bem?
Assinto sem conseguir falar de tanto rir, saio de cima dele e deito no chão ao seu lado, ainda rindo. Continuamos rindo sem parar enquanto toda Pista de Patins da Paty nos encara.
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