Eu estou sentada na escada na frente de minha casa com minhas coisas para o acampamento planejado por Diego quando Joana aparece com uma mala de rodinha gigantesca rosa e brilhante. 

- Você sabe que vai dividir a barraca comigo e que essa mala vai ocupar todo pouco espaço que temos? - digo com as sobrancelhas levantadas.

- Ah, Camila, deixa de ser ranzinza - ela se senta do meu lado e me cutuca com o cotovelo - Vai ser divertido.

Olho para ela com um sorrisinho.

- Você está bem animada para alguém que detesta mato.

- Ei, eu amo a natureza, ainda mais quando a paisagem é Diego Ferraz.

Solto uma gargalhada.

- Você não tem jeito mesmo. 

Nesse momento, o jeep de Tomás estaciona na frente de casa e os gêmeos saltam dele antes de caminharem em nossa direção.

- Bom dia, senhoritas - diz Diego para nós mas sem tirar os olhos de minha amiga.

- Bom dia - ela responde cantarolando. 

Olho para meu namorado com a sobrancelha levantada, mostrando surpresa pela evidente intimidade de ambos. Tomás sorri, estende a mão e me puxa para ficar de pé. 

- Pronta? 

- Sempre - respondo sorrindo. Olho para o casal que estão quase se engolindo com o olhar e continuo - Vamos, pombinhos? 

O caminho até o camping não foi muito longo mas demorou o suficiente para que cantássemos loucamente as músicas que tocavam na rádio e para Joana e Diego brigarem 4 vezes. O camping é no topo de uma montanha com a visão para a cidade abaixo. Há uma clareira para as barracas mas também há um banheiro de verdade. Agradeço silenciosamente por não precisar recorrer ao matinho para minhas necessidades fisiológicas. 

Tomás estaciona no estacionamento que está deserto. Um homem baixinho de aproximadamente 60 anos sai de uma casa grande próxima do lugar onde ficará o carro e vem em nossa direção com um sorriso. Descemos todos do carro, Tomás entrelaça sua mão na minha na mesma hora que toco o chão e me dá uma piscadela. Diego anda até o senhor e o abraça como se fossem melhores amigos e Jô me olha surpresa com sua atitude.

- Seu José, como o senhor está? - pergunta Dig.

- Eu estou bem, meu filho, é muito bom vê-lo - o senhorzinho dá uma risada engraçada e bate no braço de Diego.

O badboy olha para gente e aponta para cada um de nós.

- Seu José, esta é Joana, Camila e meu irmão gêmeo, Tomás. Pessoal, este é Seu José, dono do camping e meu parceiro. 

- É um prazer finalmente conhecê-lo, Seu José - diz Tomás, cortês como sempre.

José dá um sorriso simpático. 

- É um prazer conhecê-los - se volta para Dig - Ei, Diego, seu irmão é mais bonito e simpático que você. 

Todos nós caímos na gargalhada. 

- Eu concordo em gênero, número e grau, Seu José - provoca Jô.

Diego olha para ela de modo desafiador antes de se voltar para o dono do camping

- Obrigada por reservar o camping só para nós.

- Só para nós? - pergunto, chocada.

- Sim, espero que se divirtam - diz o senhor, dá um soquinho no braço de Diego e continua - Se comporte, garanhão.

- Sempre - ele dá um sorriso malicioso. 

Seu José volta para sua casa e nós começamos a trabalhar. Levamos metade do dia para conseguir montar nossas barracas, apenas depois de 5 tentativas que conseguimos montá-las e organizar tudo. Preparo minha cama e de Jô enquanto ela brinca com Diego. Quando o crepúsculo já está chegando, Tomás coloca a cabeça dentro da barraca. 

- O céu está prestes a ficar lindo - ele estende a mão - vamos? 

Sorrio e aceito sua mão. O céu está realmente ficando lindo com um tom meio alaranjado enquanto o tom do azul escurece, sem contar na visão de tirar o fôlego da cidade abaixo. Jô e Diego também observam com sorriso no rosto. Sinto uma mão quente no meu ombro e olho para Tomás que está me encarando com os olhos brilhando. Coloco a mão em seu pescoço e o puxo para um beijo. Eu não me canso de beijá-lo, olhá-lo e cariciá-lo. Seus braço me abraçam firmemente e esqueço tudo a minha volta, o crepúsculo, meus amigos nos olhando, tudo que me importa é Tomás. 

🌸

Os gêmeos acendem a fogueira para assarmos nossa comida enquanto eu e Jô nos sentamos em um dos dois troncos envolta da fogueira. 

- E aquele beijão, hein? - minha amiga cutuca meu braço com o cotovelo. 

- Só você pode dar beijões em público? - sorrio quando ela arregala os olhos com minha resposta e depois abre um sorriso.

- Anda aprendendo algo comigo, que orgulho. 

Rimos juntas e observo a ruiva enquanto penso em como é bom ter Joana como minha melhor amiga. Os meninos se sentam no outro tronco e nos passa os marshmallows em um palito.

- Você se lembra de quando acampamos no quintal de nossa casa, Dig? - relembra Tomás com um sorriso nostálgico. Diego solta uma gargalhada. 

- A gente tentou acender uma fogueira sozinhos - ele explica - tínhamos 9 anos e quase botamos fogo no quintal todo. 

- E vocês acham isso engraçado? - pergunta Jô. 

- No momento, ficamos desesperados, nossos pais quase nos mataram - diz Tomás ainda com um sorriso e passando a mão no cabelo - ficamos de castigo por meses.

- Mesmo assim eu não me arrependo, fazer essas coisas é ter história para contar. 

- Claro, porque vocês quase botaram fogo na casa de vocês para ter história para contar - digo, cética. 

Diego joga as mãos para cima.

- Estou falando, Cami. 

Tomás ri e balança a cabeça.

- Preciso ir ao banheiro - ele se levanta. 

- Eu também vou - Jô levanta em um salto - preciso de alguém para me salvar se encontrar uma cobra gigantesca no banheiro. 

- Que exagero, ruivinha - desdém Dig.

- Ah, cale a boca, Diego. 

Minha amiga e meu namorado vão para o banheiro e deixam eu e Diego sozinhos. Ficamos em silêncio por um tempo até que ele quebra o silêncio:

- Eu me lembro.

- Do quê? - pergunto, distraída. 

- Do acampamento de final de semana 3 anos atrás.

Olho para ele chocada e constrangida. 

- Do que exatamente você se lembra? 

Diego olha para mim, finalmente.

- Do beijo, Cami, eu me lembro do beijo. 

- Ah - digo, sem conseguir disfarçar meu constrangimento de falar sobre isso. 

- Aquele foi meu primeiro beijo, sabia? 

- O QUÊ? - exclamo mais alto do que gostaria e ele ri. 

- É sério, você foi a primeira pessoa que beijei.

Olho para o céu tentando absorver essa informação.

Universo, eu sou uma piada para você?, penso comigo mesma.

- Eu achava você uma gracinha mas nessa mesma época que te beijei, comecei a ver Luna com outros olhos. Acho que depois de beijar pela primeira vez, fiquei mais confiante, não sei, então, comecei a me apaixonar por ela. Você sabe o resto da história - ele dá de ombros e passa a mão no cabelo preto. 

- Sei sim - digo, já recomposta pela revelação - aquele também foi meu primeiro beijo. 

Ele sorri para a fogueira. 

- Não é doido? Meu primeiro beijo ter sido com você e você namorar meu irmão? Mas, tem uma coisa que você não sabe - olho para ele - Aquele dia na escola, quando você apareceu no meu armário procurando meu irmão, eu fiquei encantado com você e estava determinado a conhecê-la realmente até que eu te vi com o Tom na festa. Eu soube naquele momento que eu não ficaria no meio de vocês, a felicidade do meu irmão é a coisa mais importante no mundo pra mim.

- Eu...Eu...- gaguejo - não sei o que falar. Eu nunca imaginei que você olharia para mim.

- Você é linda, Cami e é uma amiga incrível.

- Obrigada - murmuro, tímida

- Sabe, eu tenho que te agradecer - diz ele seriamente.

- Pelo quê? - franzo a testa, com medo de mais alguma revelação bombástica.

- Por fazer meu irmão tão feliz. Obrigada, Cami - nunca o vi soando tão sincero e tão vulnerável.

Sorrio.

- O prazer é todo meu.

Nesse momento, Tomás e Joana voltam. Meu namorado beija minha cabeça e cobre minhas costas com uma manta antes de se sentar. 

- Está esfriando - explica - Aliás, sobre o que estavam conversando? 

- Sobre como você é a metade da minha laranja - digo me acomodando em seus braços. 

Jô cerra os olhos para mim, sabendo que estava escondendo alguma coisa. Diego passa um braço pelos ombros dela.

- Sou obrigado a concordar - diz meu namorado me dando um beijo na bochecha. 

Ficamos todos em silêncio apreciando a vista para a cidade. O silêncio de estar próximo da floresta e longe da cidade é inspirador e revigorante. Olho para Tomás e ele devolve meu olhar na mesma intensidade. Observo seu olhar tão brilhantes quanto as estrelas e agradeço silenciosamente por tê-lo em minha vida. 

Finalmente Camila e Diego conversaram sobre o beijo. 

O que acharam do capítulo? Me contem tudo.

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Até a próxima <3