Tomás me leva para uma sala de música gigantesca com um piano no meio. Em todo o ambiente há sofás e poltronas, dando a sensação de aconchego como o resto da casa. Meu namorado me leva até uma poltrona próxima do piano e me dá um beijo na testa. Já começo a me arrepender da minha atitude infantil. Percebo o quanto Tomás parece tenso ao ver sua postura rígida e isso me faz querer abraçá-lo e dizer que está tudo bem mas eu me controlo. 

Tomás vai até o piano, se senta no banco e passa a mão nas teclas como se estivesse as acariciando. Respira fundo, fecha os olhos e começa a tocar uma música que eu logo reconheço: All I Want de Kodaline. Ele começa a cantá-la e fico hipnotizada por sua voz linda e afinada. Sinto sua emoção e sofrimento em cada palavra. Mesmo claramente emocionado, ele consegue manter a afinação. 

All I want is
And all I need is
To find somebody
I'll find somebody
Like you, oh

Quando termina a canção, lágrimas escorrem por suas bochechas. Corro até ele e o abraço fortemente. Tomás se agarra a mim e chora no meu ombro. Eu começo a chorar junto por vê-lo tão abalado. Ficamos agarrados um ao outro até que a dor se torne suportável novamente.

- Luna foi meu primeiro amor. Eu achava que nada podia nos separar – diz ele em certo momento ao se acalmar, eu acaricio seu rosto e ele segura minha mão contra seu rosto – Até que ela ficou doente...

- Você não precisa contar se não quiser – digo suavemente.

- Não, Mila. Eu preciso falar – assinto e ele continua – Nós nos conhecíamos desde criança, nossos pais sempre foram próximos. Como tínhamos a mesma idade, crescemos juntos, eu, Diego e Luna. Mas, com o tempo, eu me apaixonei por ela e Diego também. Eu e meu irmão começamos a brigar muito até que certo dia, Luna se declarou para mim, Dig ficou desnorteado ao saber disso, a convivência entre nós dois ficou insuportável mas eu e Luna sempre tentamos ao máximo não nos separar.

- Ela parecia ser realmente especial - digo e ele entrelaça nossas mãos.

- Ela era incrível, Mila. Mas, nem as melhores pessoas conseguem fugir de destinos trágicos. Perto do aniversário de 14 anos dela, descobriu o câncer, leucemia. Eu não perdi as esperanças em nenhum momento, fiz exames para ver se eu era compatível com ela mas eu não era. Ela lutou bravamente por 6 meses, porém, não resistiu.

Sinto um aperto no coração. Aquela menina linda da foto, tão cheia de vida...

- Isso aconteceu há dois anos mas eu ainda sinto muita falta dela e acredito que eu vá sentir isso pelo resto de meus dias.

- Eu sinto muito, Tomás - digo com a voz embargada e ele olha fixamente em meus olhos.

- Escute, o dia que eu conheci Luna foi o melhor dia da minha vida, porém quando a perdi, minha vida ruiu. Eu parei de tocar piano, entrei em depressão. Um ano atrás, eu renasci novamente com ajuda da terapia e da música. E quero que você saiba que o dia que eu te conheci de verdade, foi o melhor dia da minha vida depois da minha recuperação. Eu sempre vou amar Luna mas isso não quer dizer que eu não posso te amar também. Mila, eu estou completamente apaixonado por você, eu nunca pensei que ia me sentir tão vivo de novo e com você eu me sinto como nunca mais me senti depois de perder Luna. Ela foi meu amor do passado e você é do meu presente e futuro.

Uma lágrima escorre pela minha bochecha. Eu amo tanto esse menino, meu coração parece prestes a explodir.

- Me desculpe por ter sido tão infantil agora a pouco, eu não deveria ter agido daquela forma.

- Eu deveria ter te contado sobre a Luna antes. É minha culpa você ter tirado conclusões erradas.

Acaricio seu rosto macio e encaro seus olhos castanhos e brilhantes.

- Eu amo você, Tomás, com todo meu coração, você me faz tão feliz e eu espero fazer o mesmo por você.

Ele encosta a testa na minha.

- Você já me faz uma pessoa feliz - diz suavemente antes de beijar meus lábios rapidamente e se afastar o suficiente para me olhar nos olhos - Posso me pedir uma coisa?

- Qualquer coisa.

- Fica comigo está noite?

- Sempre - digo sem pensar duas vezes.

🌸

Tomás me leva de volta para seu quarto e me entrega uma camiseta dele para que eu use como pijama.

- Vou avisar meus pais que você vai dormir aqui - ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - Melhor você ligar para o seus pais também.

Assinto e ele deixa o quarto. Pego meu celular e disco o número de minha mãe. Não demora muito para que eu ouça a voz de minha mãe do outro lado da linha.

- Oi, Mila. Como está sendo o jantar?

- Oi, mãezinha. Está tudo ótimo mas eu estou ligando para outra coisa... - paro de falar, constrangida.

- O quê, querida?

- Eu posso dormir na casa de Tomás hoje?

Minha mãe fica em silêncio por tempo que parece uma eternidade.

- Claro que pode mas faremos o seguinte: falarei para seu pai que você vai dormir na casa da Jô, não precisamos ter que lidar com seu pai tendo uma crise de ciúmes, certo? - ela diz baixinho, provavelmente para meu pai não ouvir.

Sorrio para o telefone mesmo sabendo que ela não pode ver.

- Você é a melhor, mãe. Obrigada.

- Boa noite, meu anjo.

- Boa noite, mãe.

Desligamos e eu olho para a camisa que Tomás me entregou. Respiro fundo e vou até o banheiro de seu quarto. Olho meu reflexo no espelho e moto minha maquiagem borrada por ter chorado.

Vamos dar um jeito nisso, penso comigo.

Tiro o máximo que consigo de minha maquiagem com água, tiro meu vestido e visto a camisa de meu namorado, ela bate na altura das minhas coxas. Percebo com supresa que eu fiquei...Sexy. Observo no espelho meu rosto ficar corado. Respiro fundo mais uma vez e saio do banheiro antes que eu perca minha coragem.

Tomás está usando apenas uma bermuda de pijama. Tento não ficar observando seu peito nu e lindo. Ele sorri ao me ver e se deita na cama embaixo das cobertas. Faço o mesmo que ele e nos deitamos encarando um ao outro.

- Fico feliz de te ter comigo está noite - ele diz baixinho - Você é linda.

Abro um sorriso largo.

- Eu amo você.

- Eu também amo você, Mila - ele sorri e fecha os olhos, cansado - Eu estou tão cansado.

Acaricio seu rosto, dou beijinhos nele enquanto meu namorado sorri, feliz.

- Durma, eu estarei aqui quando acordar.

Ele abre um pouco os olhos, me dá um selinho e entrelaça nossas mãos.

- Boa noite, meu amor - meu coração dá uma cambalhota no peito.

- Boa noite.

Continuo acariciando seu rosto até que sua respiração se torne regular e caia em um sono profundo e pacífico.

Espero que tenham gostado do capítulo, escrevi com muito amor e carinho. Além disso, já adianto que o próximo capítulo será um especial de natal.

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Até a próxima 🖤