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Capítulo 11

Ainda naquela semana, estou sentada em nossa mesa costumeira na cantina da escola lendo Dom Casmurro enquanto Tomás vai comprar um lanche para ele na lanchonete e Jô não saiu de sua aula de ballet ainda. Estou tão concentrada que tomo um susto quando alguém arranca o livro da minha mão.

- Dom Casmurro? - pergunta Diego ao sentar na minha frente e ficar analisando o meu livro - Não é aquele livro que a mulher trai o marido? - Pego de volta meu livro.

- Primeiramente, você não foi suspenso? E segundo, não, Capitu não traiu o Bentinho! - digo com convicção, eu sou uma grande fã da obra de Machado de Assis.

Diego revira os olhos. Como alguém é capaz de revirar o olho para Dom Casmurro? O livro é incrível.

- Eu estou suspenso de vir às aulas mas não de vir até a escola almoçar com meus amigos.

Coloco meu livro na mesa, cruzo os braços e o olho com os olhos semicerrados.

- Conta outra, Diego - ele passa a mão no cabelo e dá um sorrisinho.

- Tudo bem, tudo bem. Você venceu. Vim convidar vocês para irmos ao karaokê no final de semana.

- Karaokê? - pergunto com uma sobrancelha levantada. Eu nunca imaginei ele frequentando um lugar assim, por mais divertido que pareça ser.

Se alguém me dissesse que Diego e Tomás Ferraz iriam almoçar comigo e com Joana todos os dias, eu riria da cara dessa pessoa e a chamaria de louca.

- É claro, Cami. É divertido - ele sorri.

- Sobre o que estão falando? - Jô se senta conosco e joga seu cabelo para o lado, o ajeitando. Observo discretamente Diego a observando enquanto ela está distraída procurando algo em sua bolsa. Até parece que ele veio até à escola só para nos convidar para ir em um karaokê.

- Diego quer nos levar ao karaokê - conto.

Joana pega seu celular na bolsa, a fecha e olha para o badboy com um olhar provocativo.

- Não sabia que você fazia algo além de ficar se admirando no espelho.

Diego se aproxima dela e eu vejo minha amiga manter seu olhar desafiador com dificuldade.

- Eu sei fazer muitas coisas, ruivinha. Eu posso ser uma caixinha de surpresas.

- O que eu perdi? - Tomás se senta ao meu lado e o clima entre minha amiga e o irmão gêmeo de meu namorado se dissolve. Diego limpa a garganta e volta com seu sorrisinho de sempre.

- Karaokê no sábado. Tom, me ajuda a convencer essas damas que precisamos ir ao karaokê.

Tomás dá uma mordida em seu lanche e encosta na cadeira.

- Eu topo - diz calmamente.

- Isso não é justo, você canta bem. Aliás, por que eu nunca te ouvi cantar? - cutuco o peito de meu namorado, ele segura minha mão.

- Faz anos que não vejo o Tom cantar - comenta Diego sem seu sorriso costumeiro.

- Por que...? - pergunto mas Tomás apenas balança a cabeça e beija minha testa ao passar os braços por meus ombros. Algo me diz ter algo a ver com Luna.

- Eu topo ir, vai ser divertido, Mila - ele aponta para Jô - e você também sabe cantar, deveria estar animada para ir também.

- Eu nunca estou animada para sair com essa criatura irritante - minha amiga aponta Diego com a cabeça - mas eu topo.

- Não se preocupe, ruivinha. Nós podemos fazer um dueto - Jô revira os olhos mas posso ver como ela está gostando de provocar e ser provocada. Olho para meu namorado, que olha para mim de volta com carinho, dou-lhe um selinho e aproveito para roubar seu lanche. Ele me olha com um ressentimento fingido.

- Isso é maldade.

- Eu posso ser bem maldosa - e dou uma mordida generosa em seu lanche.

🌸

Os meninos ficaram de passar pegar Jô e a mim na minha casa. Minha amiga aparece impecável com seus cabelos ruivos ondulados perfeitamente hidratados, um vestido longo de renda e maquiagem impecável.

- Uau! - exclamo quando ela aparece no meu quarto - Você está fantástica.

Ela sorri abertamente e dá um giro mas arregala os olhos ao ver como estou me maquiando.

- Camila, parece que você levou um soco - ela caminha até mim e pega o pincel da minha mão - Deixa comigo.

Me sento na minha cama e minha amiga começa a tirar a maquiagem que eu tinha feito. Não sou tão habilidosa com as mãos como Jô. Na verdade, é difícil encontrar algo em que ela não é boa.

- Então - começo - e você e Diego? Vão ficar nesse chove e não molha?

- Não existe eu e Diego, Mila - ela diz enquanto passa a sombra nos meus olhos.

- E ele sabe disso?

- Eu não quero falar sobre isso - diz simplesmente.

Fico quieta, respeitando o espaço dela. Todos esse anos ela me aguentou falando sobre Diego, mesmo sabendo que eu estava sendo a mais iludida possível, Jô me ouvia e sempre me apoiou. Por isso eu farei isso por ela agora.

- Pronto! - anuncia.

- Já? - me levanto, vou até meu espelho e arquejo - Jô, ficou incrível!

Minha amiga havia feito um gatinho perfeito, colocado cílios postiço e um batom rosinha. Olho o conjunto da obra: estou usando um vestido florido e uma jaqueta jeans por cima, meus cabelos estão presos em um coque e a maquiagem realça meus olhos escuros. Eu estou linda, quase nem me reconheço. Jô aparece atrás de mim e solta meu cabelo do coque. Meus longos cabelos loiros caem em ondas por minha costas.

- Você está linda, Mila.

Sorrio e a abraço.

- Obrigada, por tudo - ela me abraça forte mas logo me solta.

- Tudo bem, tudo bem. Nada de chororô.

Nessa hora ouvimos uma busina. Pegamos nossas bolsas e descemos para sair.

- Estou indo, mãe - grito para que ela ouça da área de serviço.

- Tudo bem, filha, divirtam-se - ela responde.

Saímos para o ar fresquinho de final de verão. Diego desce do banco do carona, deixando a porta aberta para mim e para do lado da porta de trás. Ele coloca as mãos nos bolsos da calça jeans e observa Joana caminhar do meu lado mas ela nem percebe. Antes de encontrar no carro, Diego levanta a mão para que eu bata nela, acho que esse virou nosso comprimento oficial.

- E aí, Cami - me dá uma piscadela porém logo vira para Jô - Boa noite, senhorita.

- Oi - ela diz timidamente enquanto ele abre a porta para ela entrar.

Sorrio, entro no carro e prendo a respiração ao ver meu Tomás tão lindo. Ele está com uma blusa de botão cor de chocolate que combina perfeitamente com seus olhos e uma calça jeans preta. Ao me ver, abre seu sorriso encantador e eu me inclino para beijá-lo nos lábios. Era pra ser um beijo rápido mas Tomás segura meu rosto e aprofunda nosso beijo até que alguém limpa a garganta.

- Nós vamos ou vocês vão ficar se pegando? - pergunta Diego - Porque se forem ficar se agarrando, eu e Jô podemos também.

Ouço Jô lhe dar um tapa.

- Para de gracinha - cochicha irritada porém sei que ela está adorando.

- Já estamos indo - diz Tomás, sorrindo e ainda me olhando - Karaokê lá vamos nós.

Ele dá a partida, sai com o carro e sorri quando começo a acariciar seus cabelos castanhos. Sonhei muito em acariciar o cabelo castanho de Diego mas nunca imaginei em estar acariciando o de Tomás e sinceramente, não poderia ser alguém melhor. Tomás é dono de meu coração e nada pode mudar isso. Nem na minha melhor história eu consegui expressar o sentimento que sinto por esse homem.

O que acharam do capítulo? Já adianto que o próximo será divertido e vou postar ainda essa semana.

O que estão achando desse casal inesperado que é o Diego e Jô?

Até a próxima <3

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