Capítulo 10
Nunca, em toda minha vida escolar meus pais foram chamados pela diretora para discutir sobre meu comportamento, muito menos por ter dado um soco em alguém. Nesse momento eu e meus pais estamos saindo da sala da diretora. Eles ainda não me disseram nada mas prevejo que teremos uma conversa séria mais tarde. João e Diego levaram uma suspensão de dois dias por terem batido um no outro e por não ser a primeira vez que isso acontece. Já eu, Tomás e Joana nos livramos de qualquer punição por sermos alunos exemplares.
Eu fui a primeira a ser dispensada, eu queria esperar Joana e Tomás mas preferi obedecer meus pais. Contudo, não consigo parar de pensar sobre o que João disse: "Ora ora ora, se não é a história de repetindo", "Não contaram pra ela sobre a Luna?". Quem é Luna? E por que a história está se repetindo?
- Camila - alguém me chama.
Me viro para trás e vejo Tomás correndo no corredor até mim. Olho para meus pais, minha mãe dá um sorrisinho tímido.
- Nós vamos te esperar no carro, querida.
- Obrigada, mãe.
Olho para meu namorado que está com uma expressão tensa. Quero perguntar de Luna, entretanto, não quero parecer invasiva.
- Você está bem? - pergunta, acariciando meu rosto.
Sorrio com sua preocupação.
- Eu estou e você?
- Se você está bem, eu estou também - ele coça a cabeça parecendo nervoso - Olha, eu preciso te falar uma coisa.
- É sobre Luna? - ele apenas assente tristemente e dá um passo a frente, segurando meu rosto entre suas mãos.
- Eu preciso que você confie em mim - diz suavemente - Eu vou te contar tudo, eu prometo mas quando chegar a hora certa. E eu preciso que você não duvide dos meus sentimentos por você. Eu amo você, Mila.
Ele me beija intensamente, como se para provar a veracidade de suas palavras e eu acredito em cada uma delas. Mergulho minhas mão em seus cabelos, não deixando que ele se afaste. Tomás acaricia minhas costas.
- Tomás - uma voz o chama no fim do corredor.
Nos separamos e percebo que quem o chamou foi seu pai e não parece nada feliz. Meu namorado me olha, beija minha testa e se vira para seguir pelo corredor mas eu seguro sua mão, ele me olha, curioso.
- Eu também amo você - digo baixinho.
Tomás abre um sorriso encantador, pega minha mão e a beija antes de se virar e ir de encontro com seu pai. Sigo para fora da escola com um sorriso bobo no rosto.
🌸
- Mas você sabe que nós não concordamos com o fato de você ter dado um soco em alguém, certo? - diz meu pai seriamente depois que lhes conto o que aconteceu.
- Mesmo que concordemos que ele mereceu - solta minha mãe, fazendo meu pai lhe enviar um olhar reprovador. Tento esconder um sorriso que se forma em meu rosto.
Meu pai limpa a garganta e franze a testa.
- E aquele menino que te chamou? Quem é ele?
- É o Tomás, ele é meu...namorado.
Meu pai que estava tomando café engasga de forma que minha mãe precisa bater em suas costas.
- Querido, você não tem um paciente agendado para daqui a pouco?
- Sim...sim, eu preciso ir - meu pai se levanta atrapalhado, anda até a porta onde pega sua pasta preta mas olha para nós novamente - Nós conversamos mais tarde, Mila.
Ele sai e minha mãe olha para mim com um sorriso gigantesco enquanto vem saltitando para sentar ao meu lado.
- Minha filhinha namorando, eu não consigo acreditar - ela pega minhas mãos e não consegue se conter de alegria - quanto tempo vocês estão namorando?
- Hã... Faz nem um dia - caímos na gargalhada.
Naquela tarde eu passo o dia com minha mãe, ela faz pipoca para nós assistimos a um filme de romance juntas. Escolho "O Amor Não Tira Férias" e minha mãe fica encantada. Depois do filme ajudo ela a fazer a janta e eu conto tudo sobre eu e Tomás. Eu amo como minha mãe torna coisas simples nas mais divertidas possíveis.
- Será que papai vai se opor ao meu namoro? - pergunto ao cortar alguns legumes para refogar.
- Que nada, seu pai ficou morrendo de ciúmes - ela para de mexer na panela e olha para mim - Sabe, querida, é muito difícil para nós, pais, ver nossos bebês crescendo e saindo debaixo de nossa asa. Ele vai compreender e se ele for resistente a isso, eu vou faze-lo entender. Não se preocupe.
- Obrigada, mãe. Por tudo.
Ela sorri.
- Não precisa agradecer, eu tenho muito orgulho de você, Mila.
- O vovô foi resistente quando você começou a namorar papai? - minha mãe sorri com a lembrança.
- Seu pai morria de medo do meu, a primeira vez que o apresentei para minha família, meu pai o fez mostrar a identidade e até o RA da faculdade para se certificar que ele tinha a idade que disse e se fazia mesmo faculdade.
- O quê? - exclamo com os olhos arregalados mas logo solto uma gargalhada - Que loucura, mãe!
- Eu quase morri de vergonha mas de certa forma, se ele ficou comigo, foi porque realmente é apaixonado por mim.
- É verdade, mãe - sorrio com a história de meus pais. Meu pai pode ser duro as vezes mas quando se trata de minha mãe, ele é uma manteiga derretida.
Nesse momento a campainha toca.
- Eu atendo.
Caminho até a porta da frente, abro e encontro Joana com um sorrisinho, vestindo uma jardineira fofa e seus cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo e segurando uma sacola de mercado.
- Surpresa! - exclama, o que me faz rir.
- Eu estou realmente surpresa - digo enquanto deixo ela entrar.
- Jô! - minha mãe exclama quando a vê.
- Cecília! - minha amiga corre para abraçar minha mãe. Elas são super próximas, as vezes agem como se fossem melhores amigas - Posso roubar a Mila um pouquinho?
- O quanto quiser, querida. Fique para o jantar também.
- Pode deixar - ela responde ao caminhar até mim, pegar minha mão e me arrastar para fora.
Nos sentamos nos degraus na frente de minha casa. A noite está linda com o céu cheio de estrelas, aquele típico céu que inspira os poetas.
- Como foi com seus pais? - pergunto cuidadosamente.
Os pais de minha amiga são muito rigorosos, por isso que é raro os momentos que eu durmo ou fico muito tempo na casa dela. O pai dela é policial e pode justificar a postura sempre séria e dura. Já sua mãe é médica e por mais que seja mais maleável, ela não aceita notas baixas e mal comportamento de Jô. Quando fomos para a diretoria, ela pediu que não chamasse seus pais, contudo a diretora não a ouviu.
- Não foi tão complicado como achei que seria. Eu contei tudo que aconteceu e minha mãe percebeu que não foi minha culpa. Meu pai foi mais resistente mas acabou aceitando que tem uma filha perfeita - ela sorri e eu não consigo evitar de sorrir também - Agora, me conta, sobre o que João estava falando? Quem é Luna?
Suspiro fundo antes de responder. Eu não sabia o que pensar sobre isso mesmo que eu não duvidasse dos sentimentos de Tomás por mim.
- Tomás disse que vai me contar tudo no momento certo e que eu preciso confiar nele.
- Que suspense - minha amiga franze a testa - você já experimentou procurar ela no Facebook?
- Eu não sei o sobrenome dela, Jô e Tomás me pediu pra confiar nele.
- Mas você não está curiosa?
- Claro que estou mas eu vou esperar - Joana revira os olhos porém, felizmente, não diz nada.
- Meninas, o jantar está pronto - grita minha mãe.
Me levanto e puxo minha amiga.
- Vamos, ruiva, hora de jantar.
Olho uma última vez para o céu para gravar bem aquela imagem linda antes de entrar em casa.
O que acharam desse capítulo? Espero que tenham gostado.
Preferi escrever um capítulo mais família para vocês verem a relação da Mila com os pais.
Já adianto que os próximos capítulos vão ser animados.
Até a próxima, amores ❤️
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