Capítulo 5
"Mizpá (s.f)
Vínculo emocional entre pessoas que estão separadas fisicamente ou pela morte"
Camila
Não faço a mínima ideia do que eu tinha na cabeça quando topei vir para esse lugar.
Eu e Alissa passamos o dia conhecendo a universidade com Jean. Conhecemos toda a imensa extensão do campus e principalmente pessoas de todos os cursos, afinal, o garoto conhece praticamente todo mundo. Ele está no segundo ano de Artes Cênicas e é a pessoa mais informada e popular da faculdade. Por isso, é convidado para todo tipo de evento e quando estávamos em nossa tour, o convidaram para toda essa festança e ele nos arrastou para cá junto.
Eu achei que seria legal ir em pelo menos uma festa e que a primeira do semestre poderia ser leve.
Doce ilusão.
Estou sentada sozinha no sofá da sala da casa de sabe-se-lá-quem tomando um pouco de cerveja. Não sou fã de bebida mas quis me aventurar a tomar algo diferente. Afinal, nova fase, novas experiências.
Alissa e Jean estão próximos de mim, porém dançando no ritmo de uma música sensual do The Weekend que está tocando.
- Mila - Ali grita meu nome mais alto que a música e olho para ela - Venha dançar!
- Ah não - balanço a cabeça veemente - Estou bem aqui.
Tomo mais um gole da minha bebida e me encosto no sofá. Olho através das portas que vidro que direcionam para a varanda e várias pessoas na frente de uma mesa de madeira competindo quem toma mais vodka. Olho novamente para pista de dança e observo algumas pessoas dançando, outras se agarrando e eu sentada com meu copo de cerveja.
Uma vez careta, sempre careta, penso comigo mesma e dou um suspiro.
Alissa aparece na minha frente e balança um shot na minha frente. Franzo a testa para a bebida.
- O que é isso? - pergunto.
- Experimenta - ela pede - Confia em mim.
Observo o líquido com os olhos cerrados.
- Não sei... - começo.
Minha colega de quarto se agacha na minha frente e olha nos meus olhos.
- Mila, você veio até aqui. Vamos nos divertir?
Relutante, pego o copo de sua mão e tomo em um só gole. A bebida desce quente por minha garganta.
- O que é? - pergunto olhando para o copo vazio.
- Surpresa - ela me puxa para cima no momento em que minha música favorita começa, Don't Start Now da Dua Lipa - Vamos?
Endireito a coluna e ergo a cabeça decidida.
- Vamos.
Pego sua mão e a puxo até onde Jean está. Começo a dançar e me entregar ao ritmo da música. Eu e meus novos amigos começamos nos divertir cada vez mais. Tomo mais alguns shots da bebida que Ali me deu e fico cada vez mais animada.
Certo momento (sem fazer a mínima ideia como), eu estou entre as pessoas que estão competindo quem toma mais shots e todos gritam quando eu ganho de um cara que nunca vi na minha vida.
Eu me sinto invensível como nunca me senti antes.
Estou eu realmente bêbada?, penso comigo mesma.
Sim, pateta, você está, eu mesma respondo.
Começo a rir igual uma idiota e sinto um enjoo. Respiro fundo e vou até a entrada da casa, me sentar nos degraus para tomar um ar. Pego meu celular para ver as horas e vejo minha foto com Tomás na tela de bloqueio.
Por que não ligar para ele?, minha consciência tosca de uma embreagada me trás essa ideia igualmente tosca.
Vou até os meus contatos e aperto em seu nome. Ele demora um tempo para atender e quando atende, sua voz é tão baixa que preciso tampar o outro ouvido para conseguir ouvir.
- Mila? Aconteceu alguma coisa? São...3 horas da manhã.
- Tomás! - minha voz sai enrolada e começo a rir - Estava com saudades.
- Camila? Você está bêbada? - sua voz fica mais alta e mais séria.
- Se eu falar que sim, você vai ficar bravo? - pergunto dando uma risadinha.
Deus, não consigo parar de rir.
- Depende - responde simplesmente.
- Então, não estou.
- Camila? Onde você está?
- Em uma festa, na casa de alguém com Alissa e Jean.
- Quem é Jean?
- Ele... - começo.
- Oi, princesa, precisa de ajuda? - diz uma voz atrás de mim.
Levo um susto tão grande que derrubo meu celular no chão. Levanto o mais rápido que uma pessoa afetada pelo álcool consegue e pego ele no chão, contudo, ao tentar ligar o celular, noto que acabou a bateria.
- Droga - falo alto demais.
- Quebrou? - menino pergunta.
Olho para ele pela primeira vez e fico boquiaberta com sua beleza. O garoto tem olhos cinzas, seus cabelos são castanhos, curto, jogado para trás, além de ser magro e estar usando uma regata branca colada no corpo em que deixa seus braços tatuados a mostra. Para esconder o constrangimento de ter olhado tanto para suas tatuagens, meu cérebro desnorteado me faz começar a brigar com ele.
- Olha isso - coloco meu celular na cara dele - Se não tivesse me assustado, meu celular não estaria sem bateria!
Ele solta uma gargalhada irritante.
- O quê?
- É isso mesmo. Quem você pensa que é?
- Hã...O dono da casa?
- Ah... - Sinto meu rosto ficar vermelho - Preciso encontrar meus amigos. Passar bem.
- Espera - ele segura meu braço?
- Deus, por que todo mundo fica pegando no meu braço? - pergunto para ninguém em específico.
- O quê? - pergunta rindo de novo.
- Nada - solto meu braço - O que você quer?
- Saber seu nome.
- Pois vai ficar querendo - viro-me e vou começo a andar de volta para a casa com o resquício de dignidade que me sobrou.
- Mila? - uma voz familiar me chama.
Me viro e encontro Joana entrando no gramado na frente da casa. Saio correndo, ou melhor, cambaleando até ela, mas nada sai como o previsto e eu levo o mais vergonhoso tombo que já levei em toda minha vida. Jô corre para me ajudar e pela minha visão periférica, vejo o menino- dono-da-casa vir em minha direção também.
Tento me levantar, entretanto, tudo começa a rodar e não consigo mais controlar o enjoo que sobe por meu estômago e vomito tudo que comi no dia.
- Camila.
É a última coisa que ouço antes de tudo ficar preto e eu não ver mais nada.
O que acharam da Camila bêbada? Foi o capítulo que mais me diverti escrevendo hahahaha.
Quem vocês acham que é o menino que queria ajudar nossa Mila? Será que ele terá importância?
Até a próxima 🖤
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